São as camisas imaculadamente brancas, o nó de gravata perfeito, o final da gravata milimetricamente alinhado com o cinto, os sapatos bem engraxados, é o ar grave a falar ao telemóvel, olhos fixos no horizonte, as mãos a acompanhar o discurso imperativo, é o ritual de escolher o vinho, primeiro os iguais que prescindem de lhes caber em sorte a escolha, depois o escanção que se aproxima e mostra o rótulo, o ano de colheita que é confirmado com um aceno de cabeça, o líquido que escorre pelas paredes do copo, o copo que se segura pelo pé e se roda, a cor do vinho, o suave aroma, o sinal de "pode servir" enquanto se aguarda ser o último a ser servido, o jazz tranquilo que sai das colunas Bose do carro alemão preto quando já passa das oito da noite, a ópera italiana ouvida de manhã, o andar apressado a caminho das reuniões importantes, o tempo mostrado no relógio suiço a comandar o cumprimento dos horários como se de uma religião se tratasse, o sussuro da assistente que apenas pergunta "quantas pessoas, senhor engenheiro?" sem precisar de mencionar o nome do restaurante, o nunca ter ninguém à espera no aeroporto, o sorriso indecifrável quando se pressente estar perto de ganhar um jogo de xadrez.
Somos ridículos, bem sei.
O tio Pipoco passa a vida a sonhar...
ResponderEliminarE quase apostaria que gosta mais de subir montanhas, apesar de não conseguir compreender esse seu gosto, eu prefiro descê-las, modéstia à parte, é coisa que faço bem.
ResponderEliminartens muita lábia... és um gajo interessante
ResponderEliminarPipoco, conte-me lá, alguma vez foi a um jantar vínico no The Yeatman, com o Chef Ricardo Costa(duas estrelinhas Michelin)?
ResponderEliminarM
M., nunca fui.
ResponderEliminar(uma estrela Michelin...)
Pipoco, duas! O Ricardo tem duas estrelas.
ResponderEliminarO The Yeatman tem uma.
Então tem de ir...
M