09 agosto 2012

O Gray, explicado muito devagarinho

Eu continuo a pensar que a coisa se iniciou no tempo das cavernas, o homem lá tratava da caça dos bisontes e de dar uma coça a quem lhe quisesse roubar a mulher ou a melhor peça de bisonte assado e os mais fortes ficavam com as mulheres mais capazes e com as melhores partes do bisonte e as melhores partes do bisonte alimentavam-no melhor que aos outros e o homem acabava por ser ainda mais forte, derivado da alimentação, e caçava ainda melhores bisontes que os anteriores e ficava com mulheres ainda mais capazes e, isto é que é a parte bonita, as mulheres aprenderam a saber escolher os homens melhorzinhos, aqueles com mais préstimo, chamaram-lhes machos alfa e as mulheres convenceram-se que, em tendo descendência daqueles homens, os filhos seriam mais fortes e mais capazes e todos seriam felizes porque aquilo seria uma estirpe forte e sadia e haveria sempre bisontes assados à farta e a coisa passava-se exactamente desta maneira que vos estou a contar.

O Grey, descontando ter um Audi daqueles SUV e não ter grande jeito para escolher vinhos, isto para além de ser dado a telemóveis Blackberry, tudo coisas que não o favorecem enquanto macho alfa do cimo da pirâmide do machoalfismo mas também não deslustram da sua condição de descendente de caçadores de bisontes, ilustra bem a coisa para os dias de hoje e é por isso que as mulheres suspiram por ele, pelo menos até à parte daquelas coisas lá dele, das algemas e assim, mas isso é a vida pessoal das pessoas e mulher que é mulher acredita sempre que é capaz de o mudar e que ele, mais cedo ou mais tarde, lhe responderá às mensagens fofinhas enviadas pelo telemóvel, as mulheres suspiram pelo Grey como suspiravam pelo Dr House ou por aquele tipo que era publicitário nos anos sessenta e que agora não me lembra o nome, nem é preciso que o tipo seja bonito, basta que tenha personalidade, que é uma forma engraçada de dizer "basta que mande e, já agora, que tenha dinheiro suficiente para eu não ter que me aborrecer com coisas e com situações", as mulheres que apreciam o Grey apreciam-no porque, lá no fundo, gostam de quem diga que as coisas terão de ser como são e que assim será porque são eles quem manda, o resto, a personalidade e o carisma e o magnetismo e o encanto, derivam dessa condição de quem pode dar ordens e efectivamente as dá porque pode e porque sempre assim foi.

28 comentários:

  1. E eu que pensava que a atração era porque ele era um deus do sexo! :) Se a história fosse igualzinha mas sem as cenas de sexo duvido que a coisa estivesse nos tops! E cenas de sexo como as mulheres gostam... ela queria, ele fez, e tiveram imenso prazer e inúmeros orgasmos!

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    1. ~Miranda, o sucesso da coisa não está no sexo. De todo.

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  2. Eu penso que na minha opinião um dia hadem descobrir que é derivado da alimentação, sobretudo ao nível dos túbaros de bisonte, mas a gente nunca vamos ter a certeza, não pois é?

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    1. São João, derivado de a menina ainda não estar familizarizada com os códigos e idiossincrasias aqui da coisa, em verdade lhe digo que as coisas são como são. Maneiras que é assim.

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  3. "O Grey, descontando ter um Audi daqueles SUV e não ter grande jeito para escolher vinhos, isto para além de ser dado a telemóveis Blackberry, tudo coisas que não o favorecem enquanto macho alfa do cimo da pirâmide do machoalfismo mas também não deslustram da sua condição de descendente de caçadores de bisontes" - AHAHAHAH Muito bom! Aquele sex appeal à moda de um bom homem das cavernas, portanto! ;)

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  4. Senhor Pipoco, tenho de lhe dizer que fiquei assim um bocado para o confundida, só memorizei mesmo, as palavras bisonte e personalidade e não sei porquê mas estas duas palavras juntas não me soam lá muito bem...

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    1. Maria, tentando ajudá-la, as palavras-chave eram "poder" e "caverna". Soa melhor, certo?

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  5. Anónimo9.8.12

    Tem dias que eu fico
    Pensando na vida
    E sinceramente
    Não vejo saída
    Como é, por exemplo
    Que dá pra entender
    A gente mal nasce
    Começa a morrer
    Depois da chegada
    Vem sempre a partida
    Porque não há nada
    Sem separação
    Sei lá, sei lá
    A vida é uma grande ilusão
    Sei lá, sei lá
    Só sei que ela está com a razão
    Ninguém nunca sabe
    Que males se apronta
    Fazendo de conta
    Fingindo esquecer
    Que nada renasce
    Antes que se acabe
    E o sol que desponta
    Tem que anoitecer
    De nada adianta
    Ficar-se de fora
    A hora do sim
    É um descuido do não
    Sei lá, sei lá
    Só sei que é preciso paixão
    Sei lá, sei lá
    A vida tem sempre razão
    Sei lá
    Sei não

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    1. Música do Brasil, não é? (francamente, não é a minha preferência)

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  6. Matilde10.8.12

    A Atracção que um homem provoca numa mulher, aumenta exponencialmente na proporção que a sua carteira emagrece para lhe satisfazer os caprichos.
    Admira-me muito que não saiba o básico.

    Matilde

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    1. Matilde, creio que tem aqui uma ideia mal explicada. Veja lá isso.

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    2. Matilde10.8.12

      Pipoco.
      Isto é só um blog, não é? :)

      Matilde.

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    3. Só um blog, Matilde. Nada mais que um blog.

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  7. marina10.8.12

    Vês? voltaste ao gray e olha os comentários... não falha!

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    1. Ainda bem que lhe dei ouvidos, marina. Ainda bem...

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  8. As mulheres que pensam por si mesmas nunca irão gostar do Grey.

    Mas há outro factor para o sucesso do Grey que me ocorreu enquanto lia um livro. É a história de uma rapariga que toca violino em estações de metro. Um dia uns bêbedos estragam-lhe o violino e um homem rico oferece-se para lhe comprar outro, em troca ela tem de tocar nua para ele.
    O livro é uma viagem ao mundo do sadomasoquismo que a rapariga começa a explorar por causa do tal homem; acaba por ser aquilo que muitos julgam que será as cinquenta sombras de Grey, mas não é, porque no Grey fica-se um bocado à porta do assunto.
    Mas o livro em questão vem etiquetado com: se gostou das cinquenta sombras de grey vai gostar deste.
    Por curiosidade, estive a ler uns comentários e a maioria não tinha gostado e tinha apreciado as cinquenta sombras de grey.
    o livro de que falo não tem romance, os protagonistas estão apenas interessados em encontros para sexo, parece-me que a história de amor acaba por ser o que atrai a maioria das mulheres, porque vincula mais uma vez a ideia de um homem poderoso e bonito, que podia ter qualquer uma escolhe uma rapariga normal.
    É uma ideia poderosa e que apela às mulheres adoram ser escolhidas e por isso tb muitas gostam de roubar namorados ou maridos precisamente por serem escolhidas e isso as fazer sentir especiais.
    não vi isto quando li o livro porque o meu ódio pelo Grey impediu de fazer uma análise mais fria ao assunto.
    resumindo e concluindo, não importa que o gajo seja um abusador, não respeite ninguém, queira tudo à sua maneira, o que importa é que um gajo bom gosta da rapariga normal.

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    1. Madrigal, é um bom ponto, a da mulher do vídeo do Dancing in the Dark, do Bruce Springsteen, que é escolhida para dançar com ele no palco, quando podia ter sido outra qualquer. Em minha opinião, essa é uma das (muitas) fragilidades da história, em vida real os Grey nunca escolhem uma qualquer, nunca se interessam pela girl next door.

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    2. claro que não. uma vez numa conversa dizia algo parecido sobre um outro personagem de um outro livro e a ideia não foi nada bem aceite. Muita gente parece não distinguir a realidade ou veracidade que está na ficção daquilo que é pura ficção.

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  9. E sobre as mulheres alfa, Pipoco, o que tem a dizer?

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  10. Ana, direi o mesmo que diria se me perguntasse sobre o monstro do Loch Ness.

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    1. Anónimo10.8.12

      Ia fazer a mesma pergunta da Ana...
      Devo então inferir que mulher alfa é coisa que não existe?
      Significa que não ha mulheres no topo da pirâmide "alimentar"?
      Joana

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    2. Joana quer fazer a honras e refutar esta ideia do nosso caro Pipoco?

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  11. Anónimo11.8.12

    Concordo consigo Pipoco,apesar de achar o livro débil em demasiados aspectos,a verdade é que o terminei antes da maior parte dos livros que costumo ler. A autora está de parabéns,se capacidade literária lhe falta, não se pode dizer o mesmo de conhecimento antropológico do mulherio.
    O herói é lindo, é rico, é adoptado mas de boas famílias(a mãe pediatra acorda qualquer relógio biológico). Além disso é um deus do sexo,que apesar de ter a sua perturbaçãozita sadomazo sabe dar um orgasmo a uma mulher e convenhamos,isso não é coisa que se menospreze. Por último, é um homem que sabe o que quer e o que ele quer é aquela mulher para lhe dar prazer(não para amar que isso é o que ela ainda vai ter que conseguir pra justificar a sequela). Nem era preciso tanto,a meu ver o erro da autora está no exagero,isto já não é um macho alfa,é um macho bosão de Higgs.
    Se há mulheres alfa?Claro que não. Mas machos do género Grey também ainda não me foram apresentados. Por isso é que as coisas são como são e nós suspiramos por eles e eles suspiram por mulheres com copas alfa.

    Sara

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  12. Anónimo12.8.12

    Não tenho qualquer intenção de ir ler uma página que seja desse livro que já enjoa de tanto que se fala nele. Nem por mera curiosidade! Parece-me até ridículo o tempo despendido e protagonismo que se criou em algo com péssima qualidade, mas isso sou eu que até sei como funciona a "propaganda".
    O publicitário de que fala, na série é o Don Draper, sim, giro que se farta!Até parece que não sabe o nome, Pipoco!? E olhe Pipoco, que o piqueno em questão mudou muito. Não querendo estar aqui a lançar 'spoilers' se não viu a última série, mas além de se ter tornado num menino bem comportadinho, quem manda lá em casa agora é a piquena. E toda a gente sabe, Pipoco, que as mulheres é que controlam...Que idade é que tem mesmo o Pipoco?

    M

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  13. Anónimo12.8.12

    Acho que tem idade para saber provocar e rir-se.
    Lol...

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  14. Quanto mais poderosa uma mulher, quanto mais ela saiba pensar, mais ela quer um homem que a "desobrigue" de tais tarefas e, literalmente, pense e seja poderoso por ela. Mas, ela tem de confiar e saber que fica bem entregue no seu estado sem poder e sem pensamento - não funciona a toque de dicas. Ou funciona e é, ou não é (mas isso não impede que as mulheres tentem incutir tais ensinamentos e posturas mais "macho alfa" nos seus exemplares... causando frustração e, admitamos, birras de todo o tamanho).
    E sim, vem do tempo das cavernas. Estes modernismos do "I'm my own Woman" caem por terra assim que olharem à volta após mais um dia cheio de poder e de fortes pensamentos e perceberem que o terão de continuar a fazer pois o preguiçoso mental que poderão ter ao lado precisa que lhe dêem indicações até para ir para a mesa comer o "bisonte" que o poder e pensamento da fêmea angariaram, quanto mais para decidir o resto, as coisas mais importantes.
    Mulheres a sério, daquelas seguras de si e, (talvez acima de tudo), seguras da escolha que fizeram no Macho Alfa, permitindo-se serem a escolha dele, entregam-se exactamente porque ela sabe que o futuro será risonha, desde que ela não interfira muito na coisa e lhe permita fazer o que ela o escolheu para fazer - ter o poder e pensar, decidir, ter a última palavra e não aceitar não como resposta. Quem não assim é, questiona tudo, duvida de tudo, pedincha sentimentos e deturpa emoções.
    E só para melhor me explicar, que apareça uma mulher que seja que nunca desejou, do fundo (e com a devida dose de vergonha em certos casos) de si, ser verdadeiramente possuída por um homem, sendo atirada contra uma parede, contra uma cama ou contra o chão (contra algo... vá), que um homem a possua, no verdadeiro sentido da palavra, sem ela pedir ou reclamar, sem ela sequer ter que se dar ao trabalho de pensar no assunto pois a vontade dele, soberana, reduz-a ao que, nem que seja por momentos, realmente deseja ser... possuída. E isso, infelizmente, é para poucas e poucos. Histórias de amor? Não são para aqui chamadas. Criações do imaginário romântico de todos nós.
    Posse. Por um homem que saiba possuir. Em todos os sentidos da palavra. Mulheres a sério sabem-no. E homens a sério, também.
    (Ou seja, concordo, Pipoco. Concordo).

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  15. PS: E não querendo ferir susceptibilidades, mas ferindo-as, a boa aceitação aqui do Pipoco é bom exemplo de muita coisa...

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  16. Anónimo15.8.12

    Ooohhh
    E em 1950 tudo mudou...
    Agora vou ali pensar 'o que é que vou fazer para o jantar'.

    M

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