19 julho 2012

Em verdade vos digo

De vez em quando há temas da moda aqui por isto dos blogs, esta é a semana em que se fala do livro que acompanhará os banhos de mar, o não sei quê de Gray, ou lá como se chama aquilo e é tiro certo, haverá quem escreva sobre o tema e haverá quem vá dizendo que o livro é fácil, e tal, que é leve e que aquilo é só sexo, como se isso fosse coisa ruim, afinal o livro ser só sexo foi o que fez com que a desiludida leitora o comprasse (o género masculino prefere outra literatura de férias, uma coisa em bom, a ser sobre temática sexual que seja um Miller, vá lá, um Nabokov) e será o que levará quem lê o post a comprá-lo também.

Para mim, tenho que ler um mau livro é sempre melhor que não ler livro nenhum, como escrever um mau blog é sempre melhor que não escrever blog nenhum, acredito que quem começa por maus livros, ainda que seja já em idade de estar a ler os russos mais complicados, acabará por ler mais uns maus livros, cansar-se, exigir mais e, nos casos mais felizes, acabar a ler livros de média dificuldade, um Saramago, um Pamuk, talvez um Sepulveda.

21 comentários:

  1. Mas que livro é esse do Gray não sei das quantas?
    eu não acho que Sepulveda seja de média dificuldade...
    Quanto aos russos complicados ou simples ainda não consegui gostar deles...

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  2. Anónimo19.7.12

    concordo ctg...antes ler um mau livro que nao ler livro nenhum
    Tenho novos posts no blog...passem por lá

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  3. Concordo em absoluto :)

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  4. A minha avó também acha que quando uma pessoa experimenta drogas leves acaba sempre por ir parar às drogas duras. Mas ela não lê livros, só a TV7dias e os rodapés do Gouxa.

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  5. pássaro viajeiro19.7.12

    Não concordo: Entre ler um mau livro e não ler nenhum, é mais salutar, tanto para o espírito como para o desenvolvimento cultural/intelectual, não ler nenhum.
    Particularmente, não é o nome de um autor que me influencia na aquisição de escolha. Já li obras-primas de literatura de autores pouco ou nada conhecidos, e também já me deparei com a vulgaridade de autores de renome.
    Li, recentemente, um livro que pode ser catalogado de romance, de um autor; neste caso autora, que simplesmente o assina como "Anónimo". Trata-se da obra "A Noiva Despida" publicado pela ASA.
    Comprei-o pelo que a dedicatória a quem era dirigido, me sugeriu."Para o meu marido. Para todos os maridos"
    Na última página, e permita-me transcrevê-la, a autora elucida os leitores do por quê do anonimato.

    “Caro leitor.
    Provavelmente está a interrogar-se por que é que decidi escrever este livro anonimamente. A Noiva Despida é um livro profundamente íntimo e eu tinha motivos pessoais para não querer o meu nome vinculado a ele. Não quer dizer que se trate de um livro autobiográfico; é muitas coisas, ficção e não-ficção, fantasia e facto, uma manta de retalhos feita não só das minhas próprias histórias, mas também das das minhas amigas. A questão é que eu queria escrever um relato absolutamente honesto sobre a vida secreta de uma mulher e só me senti à vontade para o fazer ocultando o meu nome”

    Provavelmente o caro Pipoco, e leitores seus que concordem consigo, nunca comprariam este livro dado ser um anónimo a escrevê-lo.
    Eu comprei, li e surpreendi-me sobremaneira.
    Aconselho vivamente!

    (obs) Não sou funcionário da ASA nem tenho quaisquer interesses no Grupo Leya. Como autor, se tivesse que referenciar uma editora para fins publicitários, seria a minha.

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  6. Eu por acaso também não estou nada convencida de que seja melhor ler um mau livro a não ler de todo (e já tenho a minha dose de trampas). Mas na verdade, o que eu queria mesmo dizer, é que acho um pouco simplicista afirmar que Nabokov escreve sobre sexo. Suponho que se esteja a referir a Lolita, livro que tenho alguma dificuldade em categorizar, fala de sexo, como de psicologia, de amor e até mistura bocadinho de policial. Das melhores obras que me passaram pelas mãos.

    (e não pense que não se nota a nota, passo o pleonasmo, de machismo latente e nada subliminar)

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  7. (bem haja. stilletto, por ter relevado a essência do post)

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  8. Eu vim aqui protestar pela forma como o Nabokov foi tratado neste post.
    pronto.

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  9. Leitora19.7.12

    Já eu venho aqui concordar com o pássaro viajante.
    Conheço o "Noiva Despida" e não podia concordar mais com ele.
    Como ficar indiferente a tanta literatura de qualidade?
    Vejam, meditem e julguem este pequenino extracto.

    * Uma lua-de-mel. Uma terra estrangeira.
    Eis-te, a sucumbir ao ritual sexual e a recordares o dia em que, com sete anos, descobriste a água. Nunca tinhas estado numa piscina, não havia piscinas no lugar em que foste criada. Lembras-te de uma férias de Verão e de uma piscina com água a subir-te pela barriga, à medida em que ias entrando a passos cautelosos, e do lento rastejar do frio na tua pele e o ar preso num nó no teu estômago e a tua mãe sempre à tua frente, a sorrir e a incentivar-te, de mãos esticadas para ti, a recuar cada vez mais. Depois, de repente, perdes o pé e estás a flutuar e a água ampara a tua barriga e pernas como se feita de corda, vigorosa, balsâmica e sedosa, e a recordação tem a imensidade de um primeiro beijo.
    Quanto à primeira vez que fodeste, bom, lembras-te do som, enquanto ele te preparava com os dedos entre as tuas pernas, e pouco mais. Nem sequer o nome recordas.*

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  10. não estou convencida que exista essa evolução porque se ela existisse estes livros não continuariam a vender como paezinhos quentes.
    O problema do livro em questão não é estar cheio de sexo, é ser mesmo muito mal escrito até um romance da Harlequin que compra nos quiosques consegue estar mais bem escrito :) Há claro um fraco desenrolar de acontecimentos, personagens desinteressantes e até mesmo incoerencias, mas isso até seriam pormenores se fosse bem escrito. Há quem escreva bem e quem saiba contar uma história e há quem faça as duas coisas e aí temos um génio.

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  11. Ora bolas, um mau livro melhor que livro nenhum; um mau blog melhor que blog nenhum?!?!? E eu que pensava que o Pipoco valorizava a qualidade acima de todas as coisas, e eu o pensava um verdadeiro apreciador do Bom e Superior, afinal... O Pipoco desculpe, mas muito melhor não ler livro nenhum do que ler um reles; muito melhor não ter blog, do que ter um miserável... muito melhor só que mal acompanhado, a esta idade, já devia saber!! Inclusivamente porque más coisas a distorcer e embrutecer um povo, já há que chegue...não é preciso ainda má literatura e maus blogs, se me permite meu caro.

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  12. A Stiletto desculpe, mas o machismo latente é mote costumeiro por estas páginas do Pipoco!!

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  13. Anónimo19.7.12

    Já que estamos neste pé, o Miller também não é sobre sexo. O Miller é sobre circo, planícies, felicidade, desgostos, vida, morte...
    Anda a ler os livros errados, Pipoco.
    sc

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  14. pássaro viajeiro19.7.12

    Viajeiro, Leitora; viajeiro.

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  15. Morena Singular, por acaso não é. Mas de vez em quando ele gosta de ar o ar de sua graça, umas vezes sorrindo, outras rindo à gargalhada.

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  16. Leitora19.7.12

    Pássaro viajeiro: ou isso.;)

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  17. Morena Singular, Stiletto?!?!? Quem é essa?! Não leu o Eça?? Ai ai...
    Mas é bonito defender assim o seu cavaleiro!

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  18. Querido Pipoco, folgo em encontrá-lo bem e mais ainda lhe digo que concordo totalmente com a sua afirmação "escrever um mau blog é sempre melhor que não escrever blog nenhum"... por isso ao fim de alguns anos de coma literário voltei a escrever! :)

    Sobre o tal Grey, atiçou-me a curiosidade, sou capaz de o ler apesar das críticas terríveis que tenho visto por aí (mas fiquei curiosa sobre o que classificam de "mommy porn") e mais ainda sobre esta ideia que ter mau sexo é sempre melhor que não ter nenhum!

    Beijos caro amigo!
    Miranda (ex-Arlinda)

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  19. Leitora20.7.12

    Meninas...então!?
    Mantenham o nível, não percam o look.:)
    Decoro, meninas, decoro.

    ( Desculpe o plágio, "Quase nos entas")

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  20. Anónimo21.7.12

    Olhe que não Pipoco, olhe que não!
    Eu cá não tenho nenhum blog (ainda bem), seria um daqueles péssimos!
    Quanto aos livrinhos, é preciso ter muito tempo livre nesta vida para 'maus livros'!

    M

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  21. De acordo! algum livro é melhor que livro nenhum! E um livro sobre sexo não é de deitar fora, principalmente quando ainda existe tanta vergonha em lidar com a sexualidade. Que as mulheres o estejam a ler é de glorificar (muita gente a corar no metro por estes dias)!

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