04 junho 2012

Por outro lado

E se afinal eu fosse um tipo que prefere transportes públicos a carros alemães? E se afinal eu fosse um tipo que prefere cerveja bebida pela garrafa a vinho de Bordéus servido à temperatura certa? E se afinal eu fosse um tipo que aprecia mulheres que calçam ténis All Star em vez das que calçam sapatos com sola vermelha? E se afinal eu fosse um tipo que prefere caminhar nos Açores a ópera em Milão? E se afinal eu fosse um tipo que na maioria dos dias vê sempre o mesmo da sua janela? E se afinal eu preferisse frases curtas em vez de um único parágrafo com as vírgulas onde eu acho que elas pertencem? E se eu passasse a usar isto como um diário de bordo onde contasse a minha vidinha em vez de isto ser como é?

Ficava aqui a falar sozinho, não era?

15 comentários:

  1. Mas tu não estás já a falar sozinho?

    ResponderEliminar
  2. ainda não, Anouc. Enquanto a souber por aí, sorvendo con sofreguidão a minha palavra, sei que não estou só.

    ResponderEliminar
  3. Era um Ruben Patrick recauchutado. Para melhor.
    Mas a caminhar sozinho nos trilhos de S. Miguel.
    Praia - Lagoa do Fogo?

    ResponderEliminar
  4. Acho que não ficava sozinho... se calhar depois encontrávamos alguém do outro lado que se identificava connosco. Ainda que ache que o facto de gostar de ir à ópera não invalide de gostar de fazer trilhos nos Açores...
    E nem por isso implicava que perdesse o sentido de humor!!

    ResponderEliminar
  5. faith in humanity: restored!

    :D

    ResponderEliminar
  6. Estás dividido, confessa.

    ResponderEliminar
  7. Sozinho não, os leitores é que não seriam os mesmos.
    Mas se pudesse rever isso das vírgulas, eu agradecia ( é coisa que me faz comichão, confesso).

    ResponderEliminar
  8. Anónimo4.6.12

    há gostos para tudo. Os seguidores talvez fossem mais feios!

    (vou ser apedrejada já sei)

    ResponderEliminar
  9. pássaro viajeiro4.6.12

    Ora bem. Este post, que muito ao invés do que numa primeira e descuidada análise possa parecer displicente, na verdade não o é e muito ao contrário é de uma terrível e dramática profundidade.
    Sejamos metódicos e precisos que a dramatização do texto exige que se lhe não faça uma ligeira análise conducente a comentários superficiais alicerçados numa precipitada opinião tomada sobre o joelho. Assim, vejamos.
    Se fosse um tipo que preferisse transportes públicos a carros alemães, o caso nem o chegava a ser e o assunto estaria resolvido num ápice. Aconselha-lo-ia a não esquecer que agora no Verão o Sol faz os seus efeitos, mas nada de relevante. Dois ou três dias com a cabeça protegida que os miolos arrefecem e tudo volta à normalidade.
    Por aí estamos conversados.
    Beber cerveja pela garrafa em detrimento de vinho de Bordéus. Bem... comprova que o Sol lá pelos seus lados bate rijo, mas também não muito preocupante. Mais dois dias de cabeça protegida e depois nunca mais se lembra do assunto.
    Apreciar a talvez mais bela anatomia feminina preferindo para deleite dessa sublime visão, os ténis em detrimento dos louboutin, está mal, muito mal, pior do que eu pensava e já não chega a protecção solar e acho que internamento urgente precisa-se.
    De resto tudo bem e aprovo.
    Se contar a sua vidinha nos moldes de um desgraçadinho, tipo; abdicar da compra dos sapatos de 400 euros com os quais se preparava para fazer um figurão e deslumbrar a periquita, a favor de meias-solas que, vá lá, se não esquecer de manter sempre as solas bem firmes no terreno, também remedeiam; tudo na melhor e os comentários vão cair em catadupa com todas as benevolentes alminhas consolando-o e prestando-lhe a suas solidárias condolências.
    Se ao invés, mandar as desgraças às urtigas e dissertar alto e em bom som que um look seu nunca fica por menos de 2000 dele, que o volvo na garagem debita 350 cavalos, mas que por vezes dá uma de modesto e usa o BMW que só debita 300, que lhe aconselhem restaurantes de 6 estrelas porque os de 5 já os conhece todos, enfim, que conte a sua vidinha como alguém que não limpa o cu a um caco, os comentários também vão inundar o estaminé com: metade a concordar e a colocarem-se ao mesmo nível, e a outra metade a insurgirem-se contra tipos que vivem às nossas custas, pois se vive à grande só pode ser ladrão ou explorador dos trabalhadores.
    Em qualquer dos casos, para um bom desenvolvimento dum blog, contar a vidinha é muito aconselhável.
    Logo, o ficar a falar sozinho está fora de questão e nem hipoteticamente se conjectura tão terrível probabilidade.
    Et voilà...

    ResponderEliminar
  10. sorry?! frases curtas e contar a vidinha? então isto é o quê?!

    ResponderEliminar
  11. Anónimo4.6.12

    Não, não ficava! Teria-nos cá ainda assim, a falar a verdade. Ahah...os Açores

    ResponderEliminar
  12. Oh desilusão. Prada a Louboutin se não for um grande incómodo.
    E há momentos para tudo como vossemecê muito bem sabe.
    (esqueça lá isso dos transportes públicos que também não há necessidade de tanta mistura)

    ResponderEliminar
  13. Talvez então ainda houvesse esperança na regeneração do snob-chiquismo para a vidinha do poveco, que vai-se a ver e também há quem seja feliz a beber minis pela garrafa, a andar de metro e autocarro, a sorver caracóis na tasca da esquina. É que a felicidade parece que está nas coisas simples, Pipoco. Já a procurei em carros alemães mas os saltos magoam-me os pés e percebi que a felicidade está mais perto dos pés descalços e jeans desbotados. ;)

    ResponderEliminar
  14. marina4.6.12

    sim, tio pipoco, ficarias a falar sozinho. ou pelo menos, não falarias para nós.

    ResponderEliminar
  15. tio
    conta a tua vidinha que eu venho cá todos os dias, eu juro

    ResponderEliminar