20 abril 2012

Já fui feliz em Bilbao

Talvez tenhas lido muitos livros de mulheres definitivas, daquele tipo de mulheres que diz o que lhe vai na alma e ficamos entendidos, ainda há pouco li um assim, era o do Auster, a pequena e frágil Cécile diz ao enorme Walker o que Maomé nunca disse do toucinho, cospe-lhe na cara e diz-lhe que nunca mais o quer ver, e assim foi, claro que terá ajudado que o Walker tivesse sido deportado nesse mesmo dia para Nova Iorque, mais um que nunca dirá com ar nostálgico que teremos sempre Paris, o problema é que te falta conhecer a ciência da leitura das entrelinhas, o saber ler a expressão corporal das mulheres definitivas, enquanto inclinam a cabeça para trás, enquanto te dizem coisas com voz baixa e pausada, para que aprecies na sua plenitude a raiva exclusiva que te dedicam, enquanto os olhos chispam, há ali uma janela de oportunidade, assim a saibas usar, as mulheres que acham que pertencem à tribo das definitivas são como as que começam a conversa com um "vou ser muito breve" e depois ficam a dizer-te coisas durante o tempo que tu lhes queiras dedicar, há ali uma brecha que podes usar, em querendo saber eu faço-te saber tudo o que há para saber sobre mulheres definitivas.

7 comentários:

  1. "e depois ficam a dizer-te coisas pelo tempo que lhes quiseres dar...". É isso tudo! Clap, clap, clap. Belo texto.

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  2. belo texto! é isso, elas nunca são (tão) breves, chegam a marcar... as definitivas.

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  3. gosto tanto das expressões: "em querendo", "em me apetecendo"...

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  4. Anónimo21.4.12

    Excelente texto!"...a raiva exclusiva que te dedicam..." Fantástico.

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  5. Sábado - Feira # 03 - disponível
    http://apontamento-bernardo.blogspot.pt/2012/04/sabado-feira-03.html

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  6. (bernardo, meu bom rapaz, não é assim que se faz...)

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  7. Conheço um que precisava desses seus ensinamentos, Tio Pipoco.

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