16 janeiro 2011

Disso, de as coisas serem como são

O tipo que faleceu lá no tal hotel de Nova Iorque estava para a sociedade como os tipos dos blogs desagradáveis estão para a blogosfera, há ali um padrão de uma solidão desesperada que se alimenta das coisas menores para fazer de conta que também se tem alguma coisa para dizer, há ali um padrão de ir às festas e, em vez de aproveitar o champanhe e o ar frequinho da varanda, perder tempo a reparar se o vestido da anfitriã jogava bem com os sapatos, a rapaziada a dançar e eles ali num canto, a tomar notas, algumas almas mais frágeis acabavam por ir lá ter com ele, não fosse o tipo que faleceu deturpar aquilo que os seus olhitos achavam que viam, as coisas são como são, não há volta a dar, haverá sempre os que são capazes de socializar, de abraçar pessoas, de rir a sério, haverá sempre os que ficam ali à coca, por detrás das moitas, os que vão para casa sozinhos, os que não percebem que a vida está a passar depressa e eles não passam daquilo, de tipos que teimam em ficar atrás das moitas com um bloco de notas.

19 comentários:

  1. Anónimo16.1.11

    Eu a pensar que acabaram os post verdadeiramente profundos aqui no estaminé.
    A vida está a passar depressa...por isso é que o Pipoco devia ser realizador de cinema.

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  2. Anónimo16.1.11

    Aplaudo de pé..Muito bem, sempre a surpreender-me! Pela positiva, claro..
    Susana

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  3. Haverá sempre também aqueles que vivem uma vida mediocre e que além de não terem mais nada, vivem os seus pseudo-sucessos laborais e sociais e "não passam mesmo disso" (como diz), mas ainda sim acham lindamente falar disso e espesinhar os outros. Valores como amor, felicidade, familia, bem estar, amigos, ... será que sabem que existe? Parece-me que não.
    Desejo-lhe um excelente Domingo Pipoco. ;)

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  4. ops ... Correcção espezinhar e não espesinhar.

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  5. Anónimo16.1.11

    falecer??

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  6. Anónimo16.1.11

    Concordo tanto.Existem sempre pessoas a viver a vida dos outros.

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  7. Eu não gostava do tipo que faleceu porque o achava um tonto! Um assassinato choca-me, quase sempre, independentemente da identidade da vítima. Mas de resto quero lá saber das histórias sórdidas que são agora esmiuçadas em praça pública. Se houve motivo, se não houve, se o rapaz até era um bom rapaz. Credo! Na verdade e, sendo um bocado cabra (a falta de laços com qualquer dos intervenientes, permite-o), o senhor que faleceu até teve uma morte quase perfeita, não fosse a alteração de um pequeno vocábulo: Morreu na cidade onde se diz que queria morrer. Tivesse ele morrido nos braços do amante e poder-se-ia considerar uma morte gloriosa. Mas não, morreu pelos braços do amante o que torna a coisa, vá, macabra.

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  8. Muito bem, ou mal para os habitantes das moitas, que por vezes se esquecem que por ali se luta com catanas ou...saca-rolhas conforme a latitude.

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  9. Não posso deixar de concordar em grande parte. Mas não me sinto confortável a falar sobre o assunto, porque me cruzei muitas vezes com a pessoa num tempo em que saía muito. E porque nunca gostei dela (e aqui não gostar é eufemismo).

    Seja como for, Pipoco, e se quer vestir essa pele de snob-chic, deixe que lhe diga que dizer "falecer" é tão mau como dizer "o esposo" ou "a esposa". Não se falece: morre-se. Voltando ao seu almejado padrão snob-schic (your words, not mine), é como usar um fato de Savile Row com uns sapatos por engraxar. Ou, pior ainda, com unhas de luto carregado.

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  10. Anónimo16.1.11

    A Teresa está enganada...as pessoas snob-chic dizem esposa.
    Num estrato social mais elevado, não convem perguntar pela "mulher"
    :)

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  11. Anónimo16.1.11

    eu acho que os bloggers que se auto-elogiam são os mais desagradáveis de toda a blogosfera. os bloggers que dizem aos outros como eles devem viver a sua vida tb. e os que se exibem mais ainda. só pessoas desagradáveis, c'horror

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  12. E haveria coisas muito mais interessantes para fazer atrás das moitas do que escrever num bloco de notas...

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  13. Anonimo,
    Desconfio que o (ou a) percebi. ;))))
    Pois.

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  14. Eduardo C.16.1.11

    Fanfarrões também há em todo o lado...e não vão para casa sozinhos...vão mal acompanhados. Qual é pior?

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  15. Pois é Pipoco, eu nunca diria melhor a propósito de uns e de outros que para aí andam, claro está, "eu sei que você sabe que eu sei o que você sabe" (MJNP dixit) ;-)

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  16. Pipoco, nós, os dos blogues snob-chiques, não falamos sobre essas coisas.

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  17. Anónimo18.1.11

    esposa: termo burguês

    funeral: termo burguês

    O povo diz mulher, e diz enterro, e não poderia estar mais perto do sumo da língua portuguesa. (o povo somos nós e sem povo não há nação)

    O pipoco é homem para dizer grená ;)

    Abraço de um leitor assíduo

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  18. gostei de saber dessas versões entre o chiq e o snob. Mas , verdade seja dita, isto está a ser baladado demais para a notícia que é.. nem sei como é que a propaganda eleitoral nada disse acerca!
    enfim. Já nem me dou ao trabalho de ouvir o noticiário enquanto almoço.
    carlos castro - gasolina - brasil e vira o disco e toca o mesmo.

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