31 outubro 2010

Da cidade

Escolho então Paris, podia ser outra cidade mas apetece-me voltar a Paris, sempre gostei desta cidade, a primeira vez que aqui dormi, mochila às costas e o mundo por minha conta, acordei com vista directa para a Torre, por cima da relva acabada de regar do Champ de Mars, depois disso já houve uma ocasião em que conheci todos os parques infantis de Paris, outra em que fui aqui feliz com uma das mulheres da minha vida, outra em que a ensinei aos meus pais, outra ainda onde aqui vivi o Natal mais certo da minha vida, e outras ainda em que fiz de conta que era daqui. A Paris volta-se sempre.

Da genética

Quando eu penso que estou a decidir, já ela me deu três nós cegos que me fizeram decidir o que ela queria que eu decidisse, eu a resistir e ela a passar a mão dela pela minha mão, a derreter-me, eu a desatar o primeiro dos nós cegos, a fechar os olhos só para me focar absolutamente nas palavras dela, ela a acabar de dar o segundo nó cego, eu a argumentar e ela a olhar-me nos olhos, olhar doce, eu a render-me em suaves prestações, quase a achar divertido ela dar-me o tal terceiro nó cego, e no fim, quando finalmente cedo, ela a dizer-me obrigado pai, és um querido.

30 outubro 2010

Do acreditar nas coisas

Não acredito em muitas coisas mas acredito naquilo de desejar a sério uma coisa e a coisa vir-me parar às mãos e, em sendo uma pessoa, vir parar-me aos braços, uma espécie de Roberto Benigni na ópera a desejar que a Nicoletta Braschi lhe dedicasse um olhar, buon giorno principessa, acredito em poucas coisas, não sei se já tinha dito, mas acreditando nisto de eu desejar e a coisa acontecer mesmo, calhando, acredito em mais coisas do que aquelas que me apetece dizer que acredito.

Das coisas serem como são

E lá estava ela, a dizer-me coisas, e lá estava eu, a olhar para os olhos dela e para as mãos dela e para a forma como ela colocava o corpo, ela a dizer-me coisas e eu a ouvir outras coisas, que não eram as que ela me estava a dizer.

As mulheres, para eu acreditar em tudo o que me dizem, haviam de trabalhar melhor a expressão corporal.

29 outubro 2010

Eu, se fosse a vocês, começava sempre pela sobremesa. É que há sempre qualquer coisa que pode fazer o mundo acabar a qualquer momento.

A eventual reprovação do orçamento tem o mesmo efeito de bicho mau que há um ano, por esta altura, tinha a gripe das aves, que nos matava a todos se não tivéssemos cuidadinho.

Das descobertas de Pipoco

As minhas mãos tomaram finalmente contacto com isso das Melissa.


Minhas senhoras, dizendo isto de uma forma diplomática, é por estes pormenores que o meu esforço no sentido do entendimento dos meandros das motivações femininas é uma causa perdida.

28 outubro 2010

Os problemas dos homens

Escolher gravatas bonitas, mas esquecer de engraxar bem os sapatos.

Post das oito is back

Das quase nenhumas pessoas que conheci por causa dos blogs, (mais) duas resolveram terminar os blogs esta semana. Das quase nenhumas pessoas que conheci por causa dos blogs, já quase ninguém resta com os seus blogs originais, nem eu próprio, que só conheci pessoas dos blogs quando tinha outros blogs que não este.

Acho que isto é capaz de ser um sinal. Como de costume, não sei que sinal será.

Das apostas

E depois há destes dias, alguma vez havia de ser, apostar tudo no seis vermelho e sair o cinco preto, as coisas são mesmo assim, a questão é que houve quem me dissesse que se calhar era melhor escolher o cinco preto, a bola a rolar, estava mesmo a ver-se que o seis vermelho estava longe, só eu é que acreditava que a bola acabaria por escolher o meu número, afinal escolhe sempre, isto é, quase sempre, nestes dias o melhor é apanhar ar fresco, abrir as janelas do carro, que importa se estão seis graus e são duas e meia da manhã?, escolher 30 Seconds to Mars em vez de Stacey Kent para ouvir alto, ir beber um gin tónico junto ao mar, pensar na vida, principalmente naquela parte em que se pensa se vale mesmo a pena ir sempre a jogo, sentir o fresco do mar, respirar, respirar sempre e ... voltar a jogar amanhã.

(era isto ou então escrevia sobre como estou confortável a ver episódios antigos do "Allo, Allo", chinelinhos nos pés, cobertor por cima das pernas, musiquinha de Toto Cotugno em fundo, se calhar não era tão snob-chic como aquilo do apostar)

26 outubro 2010

Os problemas das mulheres

Pensar que entrar no ginásio em Janeiro significa manter-se lá em Fevereiro.

Sentai-vos aqui em redor do Tio Pipoco, vou explicar-vos como se faz um hate-blog em condições

Isto de fazer um hate-blog em condições tem os seus segredos e não é para todos, maneiras que o Tio Pipoco vai dar uma ajuda para ver se a coisa ainda vai a tempo de se compor e havemos todos de nos orgulhar de ter uns hate-blogs de categoria, como mandam as regras.

i) A problemática da Isildação dos hate-blogs.

Figurinhas fofas e muitas imagens sacadas da net prejudicam a credibilização da coisa, hate-blog que é hate-blog quer-se com escrita incisiva, fundo preto, eventualmente com umas nuances a vermelho. O (eventual) leitor, quando vê muitas figurinhas, peluches e tal, tende a não se focar no processo de detestar com força o blogger focado e, bocejando, muda de canal e sintoniza um blog dos bons.

ii) A problemática da falta de adesão do público

Hate-blog sem público ululante que se revolte em massa contra o visado no hatebloggeriano post do dia, é coisa que me dilacera o coração. É certo que existe um esforço notório dos autores de hate-blog no sentido de promover a sua criação, na forma de comentários anónimos elaborados pelos próprios no fantástico blog dos visados, quase sempre com a fórmula "olha o que dizem de ti". Este esforço é inglório, o visado remete estes comentários para a profundeza da rejeição e a coisa não se dá. Resta a animação da caixa de comentários , promovida pelo próprio hate-blogger, respondendo a si mesmo e a coisa acaba por resultar num processo em que os leitores ocasionais acabam por ter pena do hate-blogger, o que é manifestamente contrário ao objectivo inicial.

iii) A problemática do conteúdo

Quando se deseja trucidar determinado blog, há que fazer o trabalho de casa. Um post que diga "O Pipoco é careca" esvazia-se em si mesmo, a revelação bombástica perde actualidade no preciso momento em que é publicada. Um hate-blog em condições não afirma, antes insinua, cozinhando o blogger objecto do post em lume brando. Por exemplo, insinua-se que "não há registos de Pipoco ter utilizado o barbeiro da sua rua nos últimos dois anos", criando-se assim no espírito do (eventual) leitor que temos caso, obriga-se o (eventual) leitor a pensar, a tratar a informação que lhe é fornecida e a tirar a conclusão final "Pipoco é careca", não sem antes se especular longamente, consultando vizinhos de Pipoco (que confirmam que Pipoco está em fase de tratamento capilar), bloggers que conhecem pessoalmente Pipoco (que insinuarão que é estranho Pipoco apresentar-se sempre de gorro).

iv) A problemática das ideias claras

Meus caros, um post, uma ideia-chave. Nada de misturar duas ideias num post, um hate-blog quer-se assertivo, demolidor, com um soundbite forte e inequívoco. E, por quem sois, escrevei sem erros de ortografia.

25 outubro 2010

Os problemas das mulheres

Confundir "ter uma vida boa" com "ter alguém que me paga as contas".

Breve iniciação à temática hatebloggeriana

Se aparecesse aqui e agora alguém que me perguntasse "Pipoco, o que é que te aborrece na vida?", uma só coisa, e eu responderia que é os hate-blogs não estarem a fazer o trabalho deles como deve ser, e quem vos diz esta verdade é alguém que já teve um hate-blog só para si, uma coisa em bom.

(estou capaz de fazer aqui uma formação subordinada à temática "como fazer um hate-blog em condições", uma coisa que as pessoas efectivamente leiam e acenem com a cabeça, o que será sinal de que as pessoas estão a pensar "sim senhores, aqui está um hate-blog em condições")

22 outubro 2010

Generation gap

A minha filha disse-me que eu hoje saí vestido como um velho.


O meu pai disse-me que eu hoje estava vestido com muita elegância.


Ambos tinham razão.

(A verdade é que a música que me veio à cabeça ontem foi aquela da rapariga que se veste com bifes, "Roberto", ou lá o que é)

Até onde me lembro, mesmo nas profundezas da minha infância, estou sempre a dar strokes positivos aos guarda-redes do Sporting. Eles dão um frango do tamanho do mundo e depois a cada defesa igual às das crianças de três anos, que seguram a bola redondinha, tranquila, que os babosos pais lhes chutam no jardim e logo eu, e por imitação o estádio, rompemos em aplausos, os rostos sorridentes que têm escrito "rapaz, essa até eu, mas vá lá, estamos a ganhar por três de diferença e tu precisas que nós façamos de conta que tu nos inspiras confiança".

21 outubro 2010

Veja as diferenças

Pipoco em modo "traje de trabalho", 18:15 h

Pipoco em modo "agora vou ali ver a bola", 18:19 h

Quase-pedante

Uma simpática e interventiva anónima, a quem agradeço ter participado nesta experiência sensorial que são as caixas de comentários deste blog, escreveu num desses posts que estão aí para baixo que, cito, se vê aqui um blog pretensioso, quase pedante, fim de citação.

Quase pedante. Um homem anda aqui há sete meses a trabalhar os conteúdos editoriais, a falar de charutos cubanos e de whiskeys irlandeses, de vinhos do novo mundo e restaurantes com listas de espera de três meses e, no fim deste esforço titânico de pedantismo, ainda há quem me ofenda e me diga que não passo de um quase-pedante.

(Não me sinto tão humilhado desde aquele dia em que, ao sair do Alla Scala, lembro-me que eu vestia um adequado sobretudo Prada, fui jantar ao Sadler e não havia carpaccio de lagosta).

20 outubro 2010

Quase, eu disse quase...

Quase que me apetece que o Benfica continue na Liga dos Campeões só para continuar a ouvir o Jorge Jesus dizer Xampislig.

Post da uma da tarde (esta música diz-me tanto...)


Post das oito da manhã

Uma das coisas que me fascinam no ser humano, para além das pessoas se levantarem assim que o avião toca na pista e ficarem dez minutos em pé até se abrirem as portas, é as pessoas pensarem que alguém carrega no play e vê os filmes sacados do youtube ou as musiquinhas "ficam tão bem a acompanhar" com que as pessoas ornamentam os posts.

(ah, Pipoco, isso não é para as pessoas verem, é para o dono do blog ouvir a musiquinha)
(bem, talvez fosse mais fácil ouvir no iPod, sempre escusavam de ligar o portátil, abrir o blog, procurar o post e, por fim, embevecidos, escutar a musiquinha)
(ah, Pipoco, cada um é livre de postar o que quer!)
(está bem, ficamos assim...)

19 outubro 2010

Disso, da autoridade moral

Ruben Patrick está perdidamente apaixonado por Cátia Vanessa, que vive numa ilha vulcânica, a meia hora de viagem de barco da costa onde está a cidade que Ruben Patrick habita. Ontem, Cátia Vanessa telefonou a Ruben Patrick, chorosa, em pânico, informando que estava a fugir da lava que escorria montanha abaixo. No meio dos gritos aflitivos da população em fuga, a chamada cai, deixando Ruben Patrick em desespero. Sem perder tempo, Ruben Patrick corre para casa de Soraia Matilde, a única pessoa que conhece que tem um barco. Soraia Matilde, louca de amores por Ruben Patrick, informa-o que só lhe empresta o barco se ele fizer amor com ela. Ruben Patrick rejeita, transtornado, e tenta arranjar outro barco. Infelizmente, todos os outros barcos estão já a caminho da ilha, para as operações de salvamento, e é certo que não serão suficientes para evacuar toda a ilha. Ruben Patrick acaba por voltar a casa de Soraia Matilde e aceita a sua proposta, sentindo que ela nada significa para ele.

Já na ilha, Ruben Patrick corre ao encontro de Cátia Vanessa e encontra-a a festejar na rua, a erupção tinha parado. Ruben Patrick conta a Cátia Vanessa toda a sua saga para chegar ali, sacrificando até a sua dignidade. Cátia Vanessa fica horrorizada e diz-lhe que nunca mais o quer ver.

(se eu fosse disso das psicologias, perguntaria "Quem teve a postura moral mais elevada"?)

Que isto não são tudo flores

A maçada de se ter um blog que só dura um ano é que não se pode ir buscar material lá atrás, quando não apetece escrever, e dizer que "há três anos escrevi isto, hoje sinto-me exactamente igual, parece impossível...".


E isto, parecendo que não, é aborrecido.

18 outubro 2010

Meu bom rapaz, perguntasses ao Tio Pipoco como se fazem essas coisas...

O rapaz perguntou à rapariga se ela se queria casar com ele. Fez tudo certinho, tratou-a pelo petit nom, o que demonstra intimidade, a mim, por exemplo, só os mais íntimos me tratam por Pi, fez uma pergunta directa, "Queres casar comigo?", resulta sempre perguntar estas coisas sem rodeios, sem dar a possibilidade de ela responder ao lado, escolheu uma foto em que ambos estão muito bem, ele com uma mão no bolso, descontraído, a outra mão está por detrás dela, provavelmente a segurar-lhe a cintura, ou talvez não, ela está sorridente, não demasiado sorridente, mas ainda assim, mais sorridente que ele, que está circunspecto, afinal a ocasião assim o exige, ela também o semi-abraça, embora o facto de lhe colocar a mão na barriga dê uma sensação de evitar a proximidade, o que, parecendo que não, é um sinal, o rapaz deu-se ao trabalho de trabalhar a foto, numa suave conjugação de tons verdes, que é sempre uma boa cor para o que quer que seja, que pemite desfocar os rostos de ambos, mas não tanto que ela não perceba que o pedido lhe é dirigido e, crème de la crème, pergunta-lhe se ela se quer casar com ele com um anúncio num blog, um bom blog, tudo incrivelmente certo e adequado.

O pormenor, e sabeis como eu acho que os pormenores são mandatórios, é que há borboletas cor-de-rosa a sair da cabeça dela, e acho que foi aqui que ele deitou tudo a perder, em minha opinião foi aqui que tudo se esboroou, as borboletas estão na pessoa errada, reparem, é ele que está a pedi-la em casamento, mas é ela quem tem borboletas a sair da cabeça, nem eu, que sou eu, teria este excesso de confiança, as borboletas haviam de sair do estômago dele, toda a gente sabe isto, ninguém me tira que não foi por este pormenor que ela lhe disse que se calhar era melhor não.

A cada um o blog que merece

O que eu gostava mesmo era de ter um blog que analisasse a prestação do maestro Baremboim e relacionasse a sua direcção com o desempenho dos violinos da orquestra, um blog que entrasse pela obra do Lobo Antunes dentro e estabelecesse paralelismos com as Sagradas Escrituras, um blog que esmiuçasse as novas teorias económicas e as comparasse com o sistema organizacional grego.

Mas não, tenho o Pipoco.

Sexo

Sexo desenfreado, selvagem, corpos quentes, o importante é segurar-vos logo na primeira linha do post, se o que lerem na primeira linha vos cativar, chegarão até aqui, caso contrário, é bocejo certo e passam a um blog melhor que este, ambos o sabemos, felizmente consegui cativar-vos com as primeiras palavras e, por hoje, eram estas as palavras que desejava partilhar com o vasto auditório.

17 outubro 2010

Grandes inícios

"As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram"


Luis Vaz de Camões, in "Os Lusíadas"

"No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã,o dia primeiro."

Moisés, in "Livro do Genesis"

"Temos então que eu, o vosso Pipoco, perdi uma aposta. Aliás, nem sei se realmente perdi a aposta, os efeitos colaterais de um bom vinho são assim mesmo, mas sou um homem que acredita nos seus amigos e. se me disseram que perdi a aposta é porque, efectivamente, perdi a aposta"


Pipoco Mais Salgado, in "Pipoco Mais Salgado"

16 outubro 2010

Das aditivações

Eu sei o que é ser aditivado em coisas, não vai longe o tempo em que eu era aditivado em pastéis de nata da pastelaria aqui da minha vila, com o primeiro café do dia, era certo, tinha que deglutir um pastel de nata e, pasmai, a acompanhar o oitavo café do dia era certo e sabido que não me podia falhar o segundo pastel de nata, era isso ou eu ficar numa ressaca inominável.

Agora, livre desse vício nauseabundo que quase me fez perder tudo o que de bonito alcancei na vida, quase têm que me segurar quando, no campo alcançavel pela minha visão periférica, deparo com pessoas a ingerir pastéis de nata, eu vocifero, eu tento chamá-las à razão para o espiral destrutiva em que se encontram, eu ofereço o meu ombro amigo para as livrar dessa aditivação que quase me desgraçou.

E por isso irmãos, em verdade vos digo, percebo perfeitamente as que já foram aditivadas em blogs e que agora sorriem, beatíficas, enfim livres desta tremenda aditivação que é escrever e, mais ainda, entendo as que perseguem agora os comentadores anónimos como os caçadores de nazis perseguiam vocês sabem quem, as aditivações são mesmo assim, digo-vos eu que agora fiquei aqui com o sabor do cheiro de um pastel de nata quentinho, quentinho.

15 outubro 2010

(se isto não for um post capaz de aborrecer toda a gente, então não percebo nada de posts que aborrecem toda a gente)

Depois de dois dias entregue aos psicólogos, que me tentam desvendar o perfil de liderança e medir as várias inteligências, acontece um lindo momento final em que cada um dos participantes escreve doze coisas que valoriza em si próprio, desde a criatividade à cor dos olhos, passando por conceitos como lealdade, foco em objectivos, e tal. O fim do exercício é distribuir strokes positivos pelos restantes participantes, andar pela sala e entregar cada um dos doze papelinhos de coisas boas que escrevemos sobre nós a outro participante a quem reconheçamos ser detentor da característica.

Acabo a sessão com quarenta e sete papelinhos com coisas bonitas escritas, verifico que o segundo com mais strokes positivos teve uns míseros oito papelinhos.

Concluo que estes tipos são bons a gerir a progressão na carreira.

Dez segundos

O convite para ir a Istambul em cima da minha mesa, com os dois bilhetes para o jogo (acho que é o Porto que lá vai jogar, ou coisa assim). A tentação do hotel, o melhorzinho da cidade. A vontade de resgatar essa visita frustrada a Istambul, há muitos anos, eu de mochila às costas a ser acompanhado por guardas fronteiriços, até à fronteira com a Bulgária. Os bilhetes do jogo, a cidade à minha espera, a vontade de ir.

Eu a entregar os bilhetes e a pedir à secretária que mude a reserva para outra pessoa, que me apececeu que fosse em meu lugar.

Eu a não falhar a promessa que fiz ao filho, de assistir ao treino de atletismo, à mesma hora do jogo lá em Istambul.

Pipoco em modo sextosentidiano

Alguma coisa me dizia que isso do facebook não era coisa para mim.

14 outubro 2010

Breve teorização sobre o facto de me ter vagamente apercebido da existência de umas pessoas que não têm pudor em exibir a sua falta de gosto

Nós, os bloggers brilhantes, possuidores de um je ne sais quoi que nos transforma em líderes espirituais de massas, sabemos que a nossa palavra é escutada atentamente e que os nossos conselhos são apreciados e colocados em prática imediatamente.

Uma forma de validarmos o nosso sucesso enquanto fazedores de opinião é sermos citados em blogs que se destinam a interpretar a nossa palavra sábia e a dar o passo seguinte, que é teorizar sobre as nossas orientações sexuais, a nossa vida afeciva e demais pormenores das nossas vidas pessoais. Esta atenção que sobre nós recai aumenta-nos a responsabilidade e coloca as luzes ainda mais em cima das nossas singelas personas, dá-nos tempo de atenção e, em última análise, engrossa o número dos que já não podem viver sem uma palavra nossa, os que bebem do nosso verbo fácil.

Neste contexto, é inquestionavelmente relevante o papel destes blogs interpretativos da nossa mensagem, para além da já referenciada validação do nosso papel na educação da sociedade, uma vez que, é bom de ver, os bloggers com menor protagonismo no avanço civilizacional não rendem tanto enquanto objecto de citação.

O nosso papel é sorrir, magnânimos, sempre sem retorquir, esperando que a ausência da nossa reacção potencie o efeito de lenda e que seja transformado em mito urbano esse tema tão determinante para a evolução do género que é discussão sobre a quantidade e a qualidade das nossas parceiras sexuais.

(e, já agora, esperar que as nossas amigas blogosféricas, sempre prontas a defender-nos com todas as suas forças, sempre esforçadas em que o mundo dê por elas, sempre sedentas de se alinharem na defesa de causas justas, não estraguem a coisa indo comentar em nosso nome...)

Pipoco em modo parco de ideias (é aproveitar...)

Não ter uma ideia que seja, ainda que não fosse uma boa ideia, bastava apenas uma ideia, podia até ser uma ideia ruim, nunca me impediu de escrever o post das oito da manhã.

Até hoje.

13 outubro 2010

A tristeza não é uma coisa com glamour, meninas.

Algumas lembram-me Damocles, a espada por cima da cabeça a cortar o prazer da felicidade, outras lembram-me Aracne, tecendo uma teia sem fim, a felicidade tem que ser tecida, um tecido sem fim, qua nunca está completo, outras ainda lembram-me Hércules, a felicidade só se alcança com esforço, com trabalhos árduos e sofrimentos a condizer, as últimas lembram-me Sísifo, a felicidade parece que está já ali no cimo do monte, mas afinal não, falta sempre um bocadinho assim.

Pipoco também sabe criar vagas de fundo

Um blog tão lindo, uma ode ao snob-chic, as letras tão bem arrumadinhas, as palavras tão certinhas, a fazer pendant umas com as outras, as ideias tão estruturadinhas, um dia aborrecemos as bloggers cor-de-rosa, no outro mostramos fotos de copos de vinho nos restaurantes da moda e aborrecemos meio mundo, para a seguir prantar aqui umas ideias sobre os problemas das mulheres e aborrecer a metade que faltava, pensar que um blog assim vai acabar daqui a cinco meses, é uma pena, uma perda para a humanidade em geral e para todos em particular.

(e agora o respeitável público deixa uns comentários subjacentes à ideia de lhes ser dolorosa a ideia de um mundo sem Pipoco, alternativamente questionam a razão de viver sem o post das oito da manhã)

12 outubro 2010

Sou eu quem te diz, Ruben Patrick...

Se não a desejares com todas as tuas forças, se o cheiro dela não teimar em permanecer no teu cérebro, se não deres por ti perdido no caminho porque estavas a pensar nela e nem reparaste que a saída da autoestrada era lá atrás, se não te imaginares a tocá-la ao mesmo tempo que tentas negociar o melhor spread com os tipos do banco, se não se te afigurar que não há outra igual no mundo, se não te questionares sobre o que andavas cá a fazer antes de ela existir, se não te sentires insignificante quando ela fala, se não te deslumbrares, se não te parecer sublime a forma como ela se move, se não te perturbares porque o telemóvel está silencioso e já passaram dez segundos desde que lhe mandaste a mensagem, se não te afogueares só porque ela sorriu para o empregado do restaurante quando encomendou o jantar, então, meu caro, é porque não estás apaixonado coisa nenhuma.

11 outubro 2010

A fama que me precede, da minha excentricidade, também ajuda, é claro...

Dos meus saberes empíricos variados, o que mais aplicabilidade tem na vida real é aquele que eu aprendi que as pessoas tendem a acalmar-se deveras quando têm que me dizer as coisas nos olhos, as pessoas tendem a ser uns exemplares da raça humana extremamente perigosos e ameaçadores em estando longe, em escrevendo mails e às vezes em falando ao telefone, mas basta ir ao encontro do indivíduo, olhá-lo nos olhos ao mesmo tempo que exibo a minha expressão facial de indivíduo extremamente cooperante e com vontade de fazer parte da solução e as situações tendem a distender-se e afinal a problemática não era assim tão complexa e aquele tom agressivo do indivíduo afinal fui eu que contextualizei mal.

Pipoco em modo magnânimo

Eu, a quem causam taquicardia os blogs com musiquinhas do you-tube a acompanhar o sentimento do dia, sim é poético e artístico e sensível e tal, a quem causam taquicardia os blogs com poesias daquelas em que dor rima sempre com amor, a quem causam taquicardia os blogs que partilham a estado de alma, sempre sofrida, os homens são todos iguais, uns especialistas em centrifugar corações puros no liquefador, a quem causam taquicardia os blogs de pessoas sem gosto para se vestir que insistem em dizer-nos que hoje "foram assim", saia do Continente e botas do Mundo do Calçado, apesar de me causarem taquicardia todas estas categorias e ainda mais algumas que agora não me lembro, a verdade é que os deixo estar muito sossegadinhos lá nas vidinhas deles, a trocar selinhos uns com os outros, a adivinhar as caixas de comentários, metade lol, metade "sei exactamente como te sentes". Mas isso sou eu, que sou um tipo com uma maturidade bastante aceitável.

E agora, falo de quê?

Mais um domingo que passou, mais um domingo em que não vi os Ídolos e o Quarto dos Segredos.

10 outubro 2010

Das noites de chuva

Podia ser por causa da melhor vista de Lisboa, assim uma coisa panorâmica a duzentos e setenta graus, podia ser pelo ritual de encomendar as lascas de bacalhau e o empregado nos lembrar que encomendámos, não as lascas de bacalhau, mas as "lascas de bacalhau da Islândia em suave cama de puré de grão da Macedónia, acompanhadas por espuma de salsa da Capadócia e servidas com azeite manchego com fio de liquefacção de frutos silvestres caramelizados e batata nova das terras altas, colhidas em noite de tempestade por uma mulher oitenta e dois anos, virgem", toda esta ladaínha repetida quando efectivamente o prato nos chega à mesa, podia ser pelo serviço atento, podia ser porque quase nunca encontro quem cumprimentar duas mesas ao lado, mas o que realmente aprecio no restaurante do Sheraton é eles servirem vinho aceitável a copo.

08 outubro 2010

Suave vislumbre de Pipoquiano sapato

Os problemas das mulheres

Tomar como verdades o que lhes dizem quando o interlocutor está em modo "vou dizer-lhe o que ela quer ouvir".

Problemas, a minha vida é só problemas.

Verifico afinal que Renoir só estará disponível no Prado na próxima semana, o que resolve este dilema existencial que me atormentava, esta angústia em que me encontrava, é fazer-me ao caminho para o Porto, com a finalidade de visualizar o jogo e já está.


Mas eis que outra problemática se coloca perante mim, decidirei ficar o fim de semana no Porto e aproveito para ver a exposição da Grazia Toderi em Serralves, ou faço a viagem de regresso para Lisboa e vou ao S. Carlos ouvir Mendelssohn?

Pipoco em modo indeciso

Acordei sem saber se me apetecerá mais ir ver o jogo da selecção ao Porto ou dar um saltinho ao Prado e ver a colecção de Renoir que os tipos de um banco qualquer me disseram que valia a pena.

07 outubro 2010

Da literatura

E temos então toda a blogosfera a cantar hossanas a Vargas Llosa, esse expoente das letras de Espanha, filho dilecto desse lugar mítico que é Barranquilla, braço-direito de Salvador Allende, autor dessa obra incontornável que é "Confieso que he vivido".

A minha vida é isto, falhar.

O facebook que criei e nunca usarei diz-me que tenho 139 amigos à espera da minha resposta.


A minha memória diz-me que tenho seis amigos com quem não pode passar desta semana ir almoçar.

Uma espécie de Isilda, mas em gajo, by Pipoco Tabasco

Oh que caralho, então não é que eu descobri um Isildo e o Mais Salgado não me deixa dizer nada, diz que brincar com blogs foleiros não é coisa que caiba na linha editorial snob-chic?...

06 outubro 2010

E pronto, descansai, voltamos ao registo snob-chic

Ela joga segura, há mulheres que se sentem seguras em cima de saltos altos, ela acha que o decote de um Thierry Mugler tem um efeito mais espetacular, eu acho que ela é bem capaz de segurar nas mãos um straight-flush, parece coisa imbatível, acontece que eu, que não tenho saltos altos nem visto Thierry Mugler tenho um full-house, normalmente chega-me para ir a jogo e ganhar, ela sabe que eu raramente faço bluff, mas e se eu, com a meu ar de quem não tem nada a perder, estiver a fazer bluff? e se as minhas cartas não forem as que ela acha que são? e se eu for melhor jogador que ela? e se eu me tiver esforçado para parecer desastrado quando jogávamos a feijões e agora, que é hora de jogar forte, mudar o estilo?

(talvez ela tenha melhor jogo que eu, mas eu posso sempre escolher não ir a jogo. e ela não)

Pipoco fala (outra vez) de anónimos - segunda entrega

Estas coisas, em um homem se querendo explicar, e eu tenho sempre tantas dificuldades em explicar-me, têm que ser explicadas com exemplos simples e de fácil entendimento.

Mas, Pipoco, você não se chama realmente Pipoco, pois não? Logo, também é anónimo.

É certo, não me chamo realmente Pipoco, nem me vou preocupar a investigar como terão chegado a esta conclusão. Pipoco é um pseudónimo, podia ter sido uma escolha mais feliz, é certo, mas a verdade é que me deu muito jeito para aquilo da aposta. Acontece que, quando comento, utilizo este pseudónimo, quem quiser pode seguir o perfil e chegar aqui ao blog, pode ler o que escrevo, pode concluir que sou um tipo genial ou uma perfeita nulidade, pode avaliar o que escrevo e pode comentar, pode fazer um link chamando a atenção do público em geral para uma qualquer barbaridade que eu tenha escrito. Exponho-me e respondo pelo que escrevo, há uma caixa de mail para onde podem enviar a sua crítica e podem ter a certeza que quem responde ao correio sou mesmo eu, o tipo que se diverte com a fazer de Pipoco (eu sei, eu sei, não sou nada sexy a responder a correio electrónico...).

Mas, Pipoco, há comentários anónimos que você publica. Qual é o critério?


Já aqui expliquei que este blog não é uma democracia. Publico o que me apetece e selecciono os comentários que entendo. Mas a verdade é que, mesmo não publicando, não deixo de ler comentários ofensivos, desagradáveis e que implicam com a minha vida pessoal. Os anónimos que desprezo são estes, pensei que não era preciso explicar que comentários anónimos construtivos, ainda que manifestando discordância com o que escrevo são sempre publicados. Aliás, é normal publicar comentários acintosos de bloggers identificados e rejeitar comentários anónimos que ofendem o blogger que escreve o comentário acintoso.


Mas, Pipoco, há uma opção que é não aceitar comentários anónimos


Sim, existe essa opção. Acontece que não desejo utilizá-la, tão só isso.


Mas, Pipoco, você não é superior a essas coisas?



Não se trata de ser superior ou não. Trata-se de tolerância zero para com a cobardia, hoje serei eu, um dia destes poderá ser um de vós a ser alvo de um ser abjecto (normalmente alguém que nos/vos conhece bem) a tratar de fazer assassinatos de carácter, na sombra. E, caramba, a blogosfera é tão pequena, qualquer um é capaz de reunir meia dúzia de informações pessoais sobre pessoas que não conhece e infernizar-lhe a vida, qualquer um com tempo livre consegue a confiança de alguém que conhece alguém que me conhece a mim ou a vós, é facílimo. Trata-se de vincar bem o desprezo, de deixar claro quer esta gente que faz pela calada, não tem cabimento na blogosfera, trata-se de deixar claro que eu, o tipo que escreve o Pipoco, acha que a cobardia e a incapacidade de se dizer sem rodeios o que nos vai na alma, é deplorável, acho que é coisa capaz de matar os blogs, já vi blogs acabaram por causa disto.

Ajude o Pipoco

Depois dos cup-cakes, das leggins, do Michael Bublé e dos óculos "Aviator", da exclusividade das peças de roupa da Zara e da H&M e das pulseiras do equilíbrio, falta-me embirrar com o quê?

Pipoco também fala dos anónimos

Com meia blogosfera a queixar-se dos anónimos e outra meia a concordar que sim, que não há direito, eu também quero dizer coisas sobre os anónimos, das poucas coisas capazes de me aborrecer, para além do Sporting, são os comentários anónimos, lembro-me sempre da Miss Marple a investigar aquele caso de blackmail lá na aldeia onde ela vivia e por isso as minhas anónimas de estimação serão sempre velhas senhoras sem muito que fazer, a ver a vidinha a passar-lhes por cima e isso apazigua-me deveras.

Como não poderia deixar de ser, a minha visão sobre os anónimos (vá lá, todos sabemos que na verdade são quase sempre anónimas...) é bastante espectacular e merece ser partilhada, na verdade não é o teor do comentário que me agasta, o que me deixa incomodado é o que está por detrás do anonimato, quase sempre é gente que amocha na vida real, que não consegue dizer olhos nos olhos o que lhe vai na alma, é gente que não reclama quando lhe passam à frente na caixa do supermercado mas depois fica ali a remoer e em vez de um natural "desculpe, não se importa de ir para o fim da fila?" fica ali a engendrar planos e acaba por esvaziar o pneu do carro do tipo que passou à frente que, se calhar até estava distraído, é gente que é servil para o chefe merdoso, mas que depois põe a circular que "disseram-me, eu não sei de nada, mas parece que viram o chefe a fazer de drag queen ontem à noite, de facto ele hoje está cá com uma olheiras...". É isto que me agasta, esta cobardia, esta opção por ser rasteiro, por ficar escondido atrás das moitas, estes seres, nas suas vidas reais, são viscosos, moem o sistema.

Percebo perfeitamente que haja quem não se identifique com aquilo que escrevo ou que me cole um determinado rótulo de personalidade, afinal quem anda à chuva molha-se, percebo perfeitamente que as pessoas se sintam tão agastadas com o que aqui lêem, que sintam necessidade de o verbalizar, seja na forma de mail, na caixa de comentários ou ainda no seu próprio blog. A estes respondo quase sempre, explico o contexto se achar que o devo fazer e sinto que no final ganhámos todos.

E por hoje é tudo, não penso voltar à temática. A não ser que me volte a apetecer, lá está.

05 outubro 2010

Acentuado arrefecimento nocturno

O meu amigo Cajó, o do BMW, queria saltar para cima da Rita, a do A3, que queria chamar a atenção do Meirelles, o da Ducati, que estava com vontade de levar a dar uma voltinha a Joana, a que tinha chegado de autocarro, que estava desejosa de reatar amores antigos com o Cajó, e eu, que só estava ali porque sou um tipo que aprecia uma cerveja em final de tarde com os amigos, tomara eu que ninguém queira saltar-me para cima, que estou fora do mercado, eu estava capaz de apostar que ontem ninguém se orientou depois de eu me levantar da mesa, dizer que tinha que ir à minha vida e meter-me no carro que tem a cadeira de criança no banco de trás.

04 outubro 2010

Não se preocupem, eu estou bem, sou o Pipoco

Que sim, afinal talvez eu não seja de ferro e me angustie enquanto não tenho a certeza que a bola pára no seis preto em que apostei, talvez me faça falta uma vez por outra ter alguém à minha espera no aeroporto, talvez devesse parar antes de arriscar sem rede, talvez me deixe um nó na garganta ter pessoas à espera de uma palavra de confiança minha e eu sem nada para dizer, talvez devesse passar menos tempo em hotéis, talvez não me fizesse mal chorar, talvez isto às vezes não devesse ser apenas um blog.

Da previsibilidade

Eu, que nem sou dessas coisas de me exasperar muito, tive um dia destes que deixar uma mulher a falar sozinha, não sem antes explicar, pedagogicamente, que não podia falar comigo nos modos em que a mim se dirigia, e isto incluía o tom de voz e a rudeza, que ninguém o fazia e este "ninguém" incluía-me a mim próprio, eu que sou eu, e a mulher que ficou a falar sozinha hoje entrou nos meus domínios e anunciou que se vinha reconciliar, isto sem cuidar de saber se era isso que eu próprio tinha decidido. Não sei o que pensar disto, a sério que não.

Do concerto de ontem

Temos então os Interpol, honestos, qualquer coisa a meio caminho entre os The Cure early years e Joy Division, mas em melhor vestidos, dispensava-se o facto de Paul Banks ter aquela cara que teria o vocalista dos A-Ha caso tivesse envelhecido, também dispensaria aquele gesto da mão direita levantada e os dedinhos a marcar o compasso do tipo do baixo, o qualquer coisa Kessler, o que tinha o símbolo do euro estampado na guitarra, uma alusão clara aos malefícios do grande capital, isto segundo o meu entendimento, lá está, agora o que me atormentou durante a actuação dos Interpol foi esta angústia de não saber se os Interpol serão a next big thing do pós-punk ou se vão acabar os dias com aquela musiquinha deles certinha, redondinha, a ser usada num anúncio de operadora de telemóveis.

03 outubro 2010

Longa se torna a espera

Palavra do Senhor

Se pensares não digas, se disseres não escrevas, se escreveres não assines.

02 outubro 2010

Das longas noites de amigos

Há ali por alturas do oitavo gin, da décima sétima imperial ou do nono copo de vinho uma hormona que se liberta do hipotálamo, vai por ali acima do esófago e transmite um sinal ao lado direito do cérebro que, basicamente, é entendido como "se calhar já chega, pá".



E é por esta ordem de factores que escapam ao meu domínio que os meus amigos quase nunca podem dizer "este gajo bebeu demais, pá".



(Se não fosse aquele "quase" este blog era capaz de nunca ter visto a luz)

Rejubilemos

Tomei um cabrão de um café duplo ao jantar mas em compensação tenho aqui posts em rascunho que dão até ao Natal.

Se eu fosse mulher...

...que não sou, mas, não sendo, sou capaz de pensar como uma, e aqui noto o esgar do respeitável público, afrontado, caramba, o tipo diz que, em querendo, pensa como uma mulher e eu, em verdade vos digo que não há melhor coisa para isso da vantagem competitiva que saber pensar como o outro, se alguma coisa vos posso legar é que não há como pensar como o outro, como o que tem menos, o que tem mais, o que é preto, o que que manda, o que é mandado, ao princípio dá trabalho, capacitamo-nos que não somos o centro do mundo, nunca somos, depois a coisa interioriza-se e damos por nós a saber plasmar o pensamento do outro e isso inclui pensar como uma mulher, dito isto, dizia eu que se eu fosse uma mulher achava muito mais piada ao Zé Luís Peixoto que ao João Tordo, nem é por coisas extravagantes, é que o tal Zé Luís tem um ar mais apresentável, mais de quem teve que vergar a mola e, não tendo isto que digo a seguir uma relevância por aí além, é certo que escreve melhores livros e tudo, pronto, agora já posso ir dormir, já disse o que queria dizer.

01 outubro 2010

Das coisas que realmente interessam

Já alguém leu a crónica de hoje da Margarida Rebelo Pinto no "Sol"?...

Sábado passado no casamento de um amigo comum

O tipo ficou ao meu lado e, com os vapores do álcool, foi-se libertando e contando que um carro descapotável fazia milagres pela vida sexual de um homem, e ele, o tipo que se sentou ao meu lado, tinha um carro descapotável, e continuou a dizer-me, enquanto utilizava apenas o garfo para comer, que sabia de cor os restaurantes que deixavam as mulheres impressionadas, e falou-me de coisas caras a que as mulheres não resistem e que, obviamente, ele, o tipo que se sentou ao meu lado, ofertava sem parcimónia, ele, o tipo que se sentou ao meu meu lado no casamento de um amigo comum, no sábado passado, não tinha nenhuma mulher a seu lado durante o jantar e não dançou com o corpo colado a nenhuma mulher e eu, enquanto olhava para o tipo que se sentou ao meu lado e ele me dirigia um brinde imaginário, pensei para comigo que o tipo que se sentou ao meu lado não percebia nada de mulheres.