28 agosto 2018

A cabana junto à praia

Nadar no Báltico, andar de bicicleta com chuva de frente, livros com histórias de criaturas míticas de bosques mágicos, conduzir em estradas com sinais de trânsito a dizer que os alces são um perigo, jantar salmão selvagem, almoçar ostras com cerveja fria, não falar português durante muitos dias, rede de dados inacessível, pensar que esta é capaz de ser a melhor viagem grande desde a das praias do desembarque.

23 agosto 2018

Uma coisa nova por dia

Beber uma cerveja em Christiania.

18 agosto 2018

E foi o dia primeiro

Há um espanta-espíritos estrategicamente pendurado na ponta da minha rede do telheiro, quando o cão grande se aproxima para me oscular e lembrar-me que a vida não são só livros lidos na rede, o espanta-espíritos dá o seu sinal metálico e o cão grande afasta-se, temeroso dos poderes mágicos do espanta-espíritos que afinal é um espanta-cães grandes.

17 agosto 2018

Da empatia e outras histórias

Durante duas ou três semanas por ano, eu sou o tipo que calcorreia as Alfamas e as Madragoas das cidades onde escolho ir acordar.

É por isso que gosto de os ver na minha cidade, afinal somos da mesma tribo, também eu os aborreço com os meus retratos, também eu lhes tiro lugar no restaurante favorito, também eu escuto histórias inventadas dos lugares que me mostram e, às vezes, acredito.

16 agosto 2018

Ah, o Algarve em Agosto...

Estatisticamente falando, a cabana de madeira com o Báltico de um lado e a floresta com um lago do outro, onde me dedicarei a leituras durante o dia e a ver o céu estrelado à noite nos próximos tempos, não deverá ser abençoada com um estabelecimento comercial nas proximidades que tenha o logotipo dos Cafés Camelo, isto digo eu, que sou pessoa de se por a adivinhar futuros e, estatisticamente, lá está, as coisas acontecerem como eu previ que acontecessem, razão pela qual dei por mim a vasculhar a parte mágica do meu sótão, a que tem as inutilidades que, nunca se sabe, talvez um dia venham a ter segunda vida, e lá descobri, por entre os esquis com correias de couro e o boneco do Naranjito, a minha fiel máquina de café individual, uma peça em ferro que se divide em duas, por baixo coloca-se a água, por cima o café moído, depois é colocar ao lume e esperar que a água suba, que se misture com o café e, finalmente, aguardar que o café desça, gota a gota, para a chávena de grés com o símbolo do Sporting e me aconchegue as noites de salmão selvagem e boa cerveja nórdica.

05 agosto 2018

Para memória futura

O dia mais quente do século passei-o eu meio submerso nas águas da ribeira de Loriga, entre cinquenta páginas de Torga e uns peixinhos do rio de escabeche.