31 agosto 2010

Amanhã...

...troco o braço de fora da janela do carro pelo ar condicionado, os Green Day e os Muse por Haendel e Bach, as havaianas e calções pelos sapatos Armando Silva e pelo fato Zegna bem engomado, a barba de três dias pelo rosto bem escanhoado com L' Oreal Sensitive Skin, o poker jogado pela noite fora pelo Mr. Bloomberg dotcom, os mergulhos com os meus filhos na Comporta pela videoconferência, as terras do interior que não conheço pelos aeroportos que sei de cor, as esplanadas onde sou dono do tempo pela secretária em passo largo a meu lado a dizer-me de que trata a próxima reunião.

E, no entanto, adoro esta vida...

Comentário extremamente inteligente da semana is back

"Tenho curiosidade em saber o que acha desta Blogosfera Light, cor de rosa ou o que quer que lhe chamem. "

Almofariza, do Baunilha e Chocolate

Pois, Almofariza, em verdade lhe digo, a minha escala de blogs da categoria cor-de-rosa divide-se três categorais principais: os BCTC (Blogs Categoria Tony Carreira), BCMP (Blogs Categoria Marco Paulo) e os BCJC (Blogs Categoria José Cid).

Debucemo-nos hoje sobre os BCTC, aqui aplica-se a Lei de Murphy na sua plenitude, tudo o que pode correr mal à autora do blog (não há blogs masculinos nesta categoria), correrá mesmo mal, ele é o tipo má rês que lhe estraçalhou o coração em mil pedaços (Coração Perdido, tu quiseste assim), depois veio outro que além de lhe estraçalhar o coração ainda preparou um carpaccio dos sentimentos (Tu levaste a minha vida). Elas, pobrezinhas, limitam-se a navegar à vista, estão lá quietinhas, a sonhar com príncipes encantados (Sonhador, Sonhador) que chegarão montados num alazão para as tirar daquela vida tristonha (Sabes onde estou) e acabarão por fazer o mesmo que todos os anteriores (Ai destino, ai destino). Quando os desamores as atingem (outra vez) em cheio, elas voltam-se para o blog e lá vai disto, debitam todo o sofrimento e juram mudar e nunca mais ser enganadas (Depois de Ti, mais nada), mas, lá está, mais dia menos dia acabam por sucumbir e, em não aparecendo o tal príncipe, que nunca aparecerá, os príncipes, quando aparecem têm que ser bem recebidos, com um sorriso e com a certeza absoluta que elas o merecem (Quem era eu sem ti), elas acabam por escolher o tipo da TV Cabo que tem assim umas parecenças com um príncipe daqueles mais fraquinhos, mas com um ligeiro travozinho a incompreendido (Vagabundo por amor).

30 agosto 2010

Recebido por e-mail

Comente o Pipoco ... e ganhe uma nova "melhor amiga".

Pipoco, modo confuso

Eu gosto de mulheres sardentas. Eu não gosto de ver mulheres com óculos Ray-Ban, modelo aviador. Hoje almocei com uma mulher sardenta, bem bonita, e que colocou os seus óculos Ray-Ban, modelo aviador em cima da mesa. O destino faz de tudo para testar as minhas opções.

Pipoco reflecte

Das (poucas) pessoas da blogosfera que me conhecem, quase nenhuma "linka" o Pipoco, é assim uma espécie de parcimónia, um modo "eu conheço este tipo, mas não isso não quer dizer que vá contaminar a minha lista de blogs com produtos menores, aliás nem percebo porque é que o tipo foi arranjar um blog de má fama".


Parece-me bem.

29 agosto 2010

Das coisas que têm que ser como são

A rapariga experimentava uns daqueles óculos de sol enormes, ficavam-lhe mal, o rapaz incentivava-a a levar aqueles óculos enormes, que ficam mal a quase toda a gente, principalmente se tiverem um nariz comprido, o que era o caso, percebia-se que o rapaz estava desesperado, que já devia estar naquele exercício de aconselhamento de óculos de sol à rapariga há horas e que tanto lhe dava que a rapariga levasse aqueles óculos de sol enormes ou outros quaisquer.

Eu olhei para a rapariga e fiz-lhe um sinal de desaprovação quase imperceptível. Ele sorriu-me e voltou a colocar os óculos no mostruário. O rapaz suspirou. A rapariga experimentou outros óculos. Eu saí.

28 agosto 2010

De como se podem fazer vários links num só post

Um homem chega, regressado de uma longa jornada, e verifica que no mundo da blogosfera tudo está como sempre esteve, a Kitty continua à espera que tudo corra pelo melhor ao seu amor, a Pipoca continua à espera dos sapatos certos para casar (este não confirmei, falo baseado em probabilidades estatísticas), o Besugo continua a escrever como eu escreverei um dia se continuar atento ao que está à minha volta e a visualizar in loco jogos do Sporting, o Maradona também continua com aquela escrita escorreita só ao alcance de uns iluminados, a Pólo continua a inventar coisas para nos entreter, às vezes acerta e outras nem tanto, temos que tomar um café um dia destes para eu a dotar dos ensinamentos necessários para acertar sempre, o Capitão continua a dar nós cegos na cabeça das mulheres e divertir-se que nem um desalmado, Mak continua a divertir-me de bem que escreve (porém, usando sempre dois parágrafos a mais para o meu requintado gosto, veja lá isso, meu caro) e, evidentemente, a Mulher Certa continua sem saber se fica com o acento circunflexo ou com o Zé, isto sem saber que nos capítulos finais acabará por descobrir que o acento circunflexo é filho de Zé e do acento agudo, que entretanto mudou de sexo e inseminou artificialmente Manel, sogro de um colega de trabalho, conhecido por Yes, mas na verdade é a sua própria mãe, maneiras que a coisa blogosferística parece que comprou toda uma das pulseiras do equilíbrio, tão equilibrada esteve a situação neste meu afastamento momentâneo das lides, saudado por uns, aclamado por outros tantos.

Eu já (upgrade férias)

...estive na aldeia onde nasceu o Tony Carreira e estava o Tony Carreira a cantar no rádio da tasca da aldeia
eu já estive em Braga no dia em que o Braga se apurou para a Liga dos Campeões e também fui festejar para o centro
eu já bebi Caipirão porque não me escapei a tempo
eu já acordei com vontade de ir a Paris e fui mesmo
eu já recebi um telefonema enquanto escalava uma parede e era alguém a oferecer-me bilhetes para os U2
eu já acabei em três dias quatro livros que estavam a meio há mais de um ano
eu já descobri que a minha cadela tem medo de atravessar pontes
eu já percebi que é delicioso andar sem destino e sem nada marcado em pleno Agosto
eu já cantei alto músicas de José Cid que não me lembrava que sabia de cor
eu já tomei banho nu por cima da aldeia de Vilarinho das Furnas numa noite de lua cheia
eu já fiz mais de duzentos quilómetros só para almoçar com um amigo meu que é cantor pimba de sucesso (e depois fui ao espectáculo dele e ele dedicou-me uma música)
eu já bebi vinho tinto frio só para não melindrar um homem bom.

27 agosto 2010

Pipoco on tour (final)

As férias não me servem para descansar do trabalho, eu gosto verdadeiramente do trabalho que faço.

Também não servem para me descansar das rotinas, eu gosto mesmo das minhas rotinas.

Não servem para ler mais ou ouvir mais música ou para estar mais perto dos que realmente interessam, não me queixo de não ter tempo para ler ou para estar com quem gosto.

As férias servem para eu descansar de mim.

Pipoco, o bom samaritano

Às vezes penso nela como aquelas velhas senhoras que perderam a aderência com a realidade, o baton muito vermelho esborratado, as raízes brancas demasiado evidentes no cabelo louro platinado, a camisa de dormir a aparecer por debaixo do vestido fora de moda, penso que ela é ridícula, consigo pensar que ela é ridícula em modo piedoso, fico com vontade de lhe tocar no ombro, ao de leve, e dizer-lhe discretamente que todos os que lhe dizem que ela está cada vez mais bonita com aquele baton se riem depois da sua passagem, que talvez eu possa ajudar, que não há necessidade de ser ridícula, talvez ela me olhasse, agradecida, eu havia de a trazer para o ar fresco, tirava-a de casa, dizia-lhe que há mais mundo para além das telenovelas e das pessoas que lhe dizem que sim, que ela faz muito bem em usar aquele baton e que fica mais quentinha com a camisa de dormir por debaixo do vestido, havia de lhe arranjar ocupação, qualquer coisa que a fizesse esquecer que a vida lhe está a fugir à velocidade da banda larga, havia de lhe explicar que o esquema da pirâmide não se aplica a pessoas, que não é boa ideia arranjar mais pessoas para substituir as pessoas que se lhe escapam, havia de lhe mostrar que, se ela não vê o problema, então o problema é ela.

Ainda sobre a situação de perder tempo com coisas menores

Houve um tempo, era o tempo em que eu trocava opiniões com pessoas que escreviam em blogs, e havia alguém que se exasperava com a minha relutância em perder tempo com coisas menores, nomeadamente, era esse o caso, perder preciosos minutos da minha vida a escutar música brasileira, reparem, eu aprecio os escritores brasileiros, as pessoas brasileiras, o Brasil, tenho esta lacuna de não apreciar música brasileira, com duas suaves excepções, eu explicava à pessoa que não tenho muito tempo para perder com coisas que não aprecio, passa-se o mesmo com os blogs e até mesmo com as pessoas, não gosto, passo à frente, dedico-me a gostar mais do que já gosto, ou, melhor, a perceber se gosto do que ainda não decidi se gosto, e isso tira-me recursos para insisir em tentar gostar do que não gosto.

Sparks eu já sabia que não gostava, mesmo nunca tendo lido, o que contraria toda a tese do parágrafo anterior, mas, como sabemos, a vida é mesmo assim.

26 agosto 2010

Pipoco on Tour - No preciso momento em que tomo consciência que passámos a eliminatória, estou num conto de fadas. Isto anda tudo ligado.

Pipoco analisa os factos e toma providências

Quase me comovo com o facto de quem me lê achar impossível eu perder o meu precioso tempo a ler autores menores, sinto que as pessoas se preocupam com a qualidade da informação que me entra pelo cérebro dentro, sinto-me tocado pela honraria que é considerarem-me indigno de fracas leituras.

Eu, precavido e calculista, tomo nota mental para não escrever sobre o último zero zero sete ou a saga Missão Impossível, não vá o respeitável público perder o último pingo de respeito intelectual e relegar-me para a categoria dos blogs em penitência eterna.

25 agosto 2010

De como este blog regressa à normalidade, o que não é necessariamente uma boa coisa

Podia apostar tudo no seis preto em como a Allie, do Diário da Nossa Paixão (*), acabava por escolher o poeta com a casa na montanha e que andava de canoa à chuva e que na tal casa da montanha tinha pendurado um quadro pintado por ela, em vez do advogado bem sucedido com quem ia casar daí a umas semanas, que lhe garantia o sustento mas que chegava tarde a casa e não valorizava os quadros que ela pintava.

Podia apostar, porque é um mau livro.

(Na vida real ela adiava o casamento com o advogado por seis meses, viveria uma paixão sem limites com o poeta na tal casa da montanha durante dois meses, depois começava a sentir falta de Londres e de salmão fumado e de cabeleireiro às sextas, um dia descia à cidade, encontrava o advogado por casualidade, haviam de tomar café, a coisa acabaria por acontecer)

(*) Sim, Nicholas Sparks durante as férias, nem sequer posso dizer que li no meu barbeiro.

24 agosto 2010

Pipoco on tour (XIV)

Chove na Galiza e acordei com vontade de ir a Paris.

(haverá voos a partir do Porto?)

Adenda: sim, há voos para Paris a partir do Porto. E com lugares livres... (e assim se cumpre o que estava escrito)

23 agosto 2010

Pipoco on tour (XIII) - Chove no Gerês, siga para a Galiza




Pipoco on tour (X)

É fácil encontrar-me. Sou o tipo que, nos percursos de trekking mais exigentes deixa um suave aroma a Bulgari Aqua à sua passagem.

21 agosto 2010

Pipoco on tour (IX)

Dançar ao som da "Cabana junto à praia" e bailar ao som de músicas inimagináveis, dormir em maus hotéis de província, mas que são os melhores num raio de vinte quilómetros, não fez de mim melhor pessoa.

Comer maranho e chanfana, beber Caipirão, dividir o meu espaço vital com a comunidade emigrante, mais os seus Ruben Michaeis e Sorayas Vanessas, com quem só se comunica aos gritos, também não fez de mim melhor pessoa.

Voltar ao Gerês, sim, transforma-me em melhor pessoa.

20 agosto 2010

Pipoco on tour (VIII) - O grande artista






Pipoco on tour VII

O homem fez-me sinal para parar ali no cruzamento que, em se escolhendo o lado esquerdo se vai para a Lousã e eu parei, páro sempre, já estive dezenas de vezes no lugar daquele homem, ele espreita e vê cordas e cão e crianças, tudo emaranhado e sorri, já não me pede boleia, ainda assim pergunto-lhe de onde vem, perdeu a boleia mas não perde os dois dedos de conversa, vem de Manteigas, três dias a pé, diz que em Portugal "not good luck" para boleias, e aponta para a barba comprida, sorrimos os dois, diz-me que é da Checoslováquia, eu digo-lhe que já não existe e ele responde-me que existia há vinte e um anos , quando saiu de lá para não mais voltar, acrescenta que na verdade não é de lado nenhum, há oito anos que perdeu os documentos e não consegue provar de onde é, lembro-me de filmes com homens assim, mas este homem é bem real e também me parece real a história que me conta, estendo-lhe o dinheiro suficiente para um almoço decente e para apanhar o autocarro para Coimbra. Good luck, my friend, diz-me ele. Fico a pensar quem precisará mais da sorte, se ele, se eu.

19 agosto 2010

Pipoco on tour (VI) - Priceless

E de repente, a meio de uma parede VIa toca o telemóvel, sacudo o magnésio, atendo, eram dois bilhetes para os U2, os mesmos que não me chegaram às mãos porque me aborrecem filas para comprar bilhetes ou seja lá para o que for. Aceitei, as coisas são mesmo assim.

Pipoco on tour (IV) - Gostaria de não falar nisto. Eram os Abba UK.



17 agosto 2010

Pipoco on tour (IV) - Do desordenamento



Pipoco on tour III

Informam-me que o filho de Baco se chamava Luso. Francamente, não sei o que pensar disto.

15 agosto 2010

De como este blog é capaz de se transformar num fotoblog

Há um mês eu acreditava que no dia de hoje estaria a caminho dos Alpes, mas deu-se o caso de as coisas serem como são, há uma semana eu acreditava que hoje estaria a escalar no Gerês, mas, mais uma vez, as coisas são como são e dá-se o caso de, hoje, eu ter uns dias, não sei quantos, à minha frente, sem nada marcado, sem rumo certo, não sei por onde vou, sei que não vou para o Algarve, as coisas são como são mas também não são assim tão desesperantes.

Quem me conhece, e são poucos os que me conhecem, saberão o que é para mim isto de não ter planos, de nada estar previsto. E, no entanto, parece-me que a coisa é capaz de sair bem.

14 agosto 2010

À confiança




Toda a gente sabe que sou um tipo crédulo, é perguntar, se me dizem que produzem frangos sem cabeça para uma cadeia de fast-food eu acredito, aliás, não podia ser de outra maneira, aquilo é só febra da boa, se me dizem que encontraram não sei quem numa banheira cheia de gelo com um cartaz a dizer "ligue para o cento e doze, você agora tem um rim a menos, ah, ah, ah", tambem acredito, eu sei bem como anda o mercado dos órgãos, se me dizem que ganhei cem milhões de euros numa lotaria que não joguei, só tenho que depositar cem euros numa conta por causa dos custos de transferência, eu alinho, afinal os custos da transferência bancária da Nigéria para o meu banco devem ser altos, se me dizem que eu preciso de umas embalagens de viagra e que me facilitam a vida, nem preciso de ir à farmácia passar vergonhas, mando o dinheiro e eles, os de lá do apartado, mandam-me os comprimidos, eles bem sabem que há coisas que não podem esperar.



13 agosto 2010

Os problemas dos homens

Ter um ataque de espirros fortes ao mesmo tempo que está a utilizar um urinol.

É por isso que não quero conhecer quem escreve nos blogs ali do lado (com duas excepções, evidentemente...)

Isto é como na telefonia, ouvimos as vozes, quem não estudou ao som do Oceano Pacífico?, ouvia-se o João Chaves, aquela voz calma, pausada, imaginava-se um homem alto, bem-parecido, escutava-se o Passageiro da Noite, com o Fernando Alves, o silêncio às vezes era cortado pelo acender do isqueiro, imaginávamos um Zippo, aquele era o som de um Zippo, era o tempo em que se podia fumar em estúdio, a Olga Cardoso só podia ser uma mulher mal chegada aos trinta anos, não podia ter mais, aquela gargalhada não enganava, afinal veio um concurso da TVI e ela já podia ser avó, o António Macedo, a surpresa que tive quando vi o António Macedo mais os seus óculos muito graduados e aquele cabelo demasiado comprido num concurso do Carlos Cruz.

12 agosto 2010

Dos dias em que não tenho nada de interessante para dizer

A Senhora Feiticeira diz, e as comentadoras da Senhora Feiticeira concordam, é sempre assim, às vezes parece-me que eu tenho o único blog do mundo em que os comentadores não concordam com o autor, mas, dizia eu, a Senhora Feiticeira diz que não tem paciência para blogs de homens, que, à medida que vão ficando mais populares ficam arrogantes, de um snobismo insuportável.

Naturalmente, eu estou fora deste grupo de blogs masculinos que desencantam a Senhora Feiticeira, eu já era arrogante e snob antes de ser popular.

(está calor, aqui na Castellana)

A minha fé na evolução da raça humana em geral sofre um abalo de cada vez que percebo que até um tipo como o Cristiano Ronaldo consegue arranjar uma namorada.

E vocês?

Gostam mais da persona que inventaram para o blog ou de quem são realmente?

11 agosto 2010

Da vida

O Senhor Mercado pode coincidir com as minhas profecias, a boazona do marketing pode insinuar-se, o Sporting pode contratar o Messi à troca com o Djaló, os head-hunters podem finalmente trazer-me uma proposta que não me faça bocejar, mas o que realmente faz o meu dia é sacar umas gargalhadas à minha avó.

Qual é minha praia?...






10 agosto 2010

À atenção dele

Vai buscá-la à porta de casa, abre-lhe a porta do carro para ela entrar. Diz-lhe com os teus olhos que ela está bonita, a sério que ela vai perceber. Diz só o essencial. Fá-la sentir-se única, mas sem lhe dizeres que ela é única. Fala num tom de voz grave e baixo. Ouve-a, ainda que ela te fale de malas e de como a amiga se apaixonou por um facínora. Não comeces as frases por "é assim...". Surpreende-a. Mantém-te atento aos sinais, não dês nada por ganho, mesmo que te pareça que está ganho. Não digas palavrões nem uses palavras que não sabes o que significam. Não sejas exuberante a fazer sinal ao empregado para pedir a conta. Desliga o telemóvel, que deixarás no bolso do casaco e não em cima da mesa. Mantém-te confiante, mesmo que ela seja três campeonatos acima do teu. Não digas que és do Benfica. Não adoces o café. Não bebas mais do que um quarto do teu limite. Toca-lhe ao de leve no braço nu enquanto a olhas nos olhos. Faz poucas perguntas, ela dir-te-á o que achar necessário. Quando não souberes, pergunta e surpreende-te com a delicadeza com que ela te explicará. Se ela te elogiar faz aquele ar a meio caminho entre o confiante e o surpreendido por ela ter notado. Se ela te falar de Paris ou de Londres não lhe cortes a palavra para falar de Nova Iorque e do Rio. Sugere em vez de impor. Nunca digas "sei exactamente o que está a sentir". Não te esqueças de descalçar também as meias. Não lhe perguntes se foi bom.

À atenção dela

Sorri-lhe, não ponhas os cotovelos em cima da mesa, deixa-o escolher o vinho, não te queixes de dores de cabeça, não uses lingerie que não seja preta ou branca, deixa-o conduzir-te no carro e na dança, interessa-te por diferenciar o defesa-central do avançado-centro, prefere Saramago a Paulo Coelho e Tchaikovsy a Bublé, não escrevas "lol", não tenhas uma voz demasiado estridente, não uses ambientador no carro, não sejas histriónica quando os amigos dele estiverem presentes, escreve sem erros, aprende a jogar xadrez.

(a seguir, e com eventual contributo de última hora da caixa de comentários deste post, será emitido o post "À atenção dele".)

Adenda: Ou a minha velha sensibilidade para estas coisas me está a atraiçoar ou ficará lendária a caixa de comentários deste post, tal a qualidade de contributos.

Disso, da tal felicidade

Estender-me na relva, afastar as pernas, esticar os braços e olhar para os rebentos novos da azinheira e ficar contente porque o pinheiro novo afinal se safou, receber telefonemas dos sobrinhos para me pedir conselho sobre livros para levarem de férias, rir-me com a minha avó, andar na camioneta "da carreira" porque não me apeteceu ir buscar a "viatura de substituição" e perceber que se pode ir "na carreira" para o aeroporto, jogar futebol com a minha cadela, rebolar com os meus filhos com a rega ligada e perceber que se calhar acabei de foder um fato com a brincadeira, ir "à terra" e receber aquele abraço forte dos homens que se estão cagando para os meus Cartuxa e Pêra Manca e o caralho e me espetam com um tintol lá da produção deles, que me arranha a garganta mas que, em vindo acompanhado com bola de pão e chouriça até bebo dois copos, quase me emocionar (eu disse "quase") porque o tipo a quem dei os rands que ganhei no casino de Durban (porque o tipo ia ficar sem emprego depois do Mundial) me mandou uma mensagem a dizer que a filha já tinha nascido, comer pêssegos dos meus, ficar a ler até tarde com música de discos de vinil em fundo e toda a gente em casa a dormir, ajudar a senhora que não sabia de onde saía a "carreira" e ela sorrir para mim e dizer-me "obrigado, menino".

09 agosto 2010

(Ok, ok, um post fácil...)

Imitações de malas Prada é assim como ir ver uma banda daquelas de "Tributo aos Queen" ou namorar com um tipo "bué da parecido com o Javier Bardém, tipo igualzinho, tázaver?".

Das coisas que eu sei

A Pólo Norte, em dizendo isto, e isto é um link, dantes eu nunca colocava links mas o meu assessor de marketing disse-me que eu tinha um blog pouco interactivo, vai daí, agora eu coloco links, mas, dizia eu, a Pólo Norte, em dizendo isto, labora no mais terrífico e tenebroso erro das mulheres em geral e da Pólo Norte em particular, que é a ideia de os homens, pensando que são eles que comandam os timings de interacção com o sexo oposto, não o comandam de facto.

Eu, que sou eu, sei que, nos tempos em que eu ainda estava no mercado, a coisa acabava sempre por se dar quando eu o determinava, isto numa base estatística absolutamente empírica e com uma margem de precisão de, digamos, noventa e cinco por cento das ocorrências, e a coisa dava-se quando, cumulativamente e no mesmo alinhamento astral, eu o decidia e ela achava que era ela quem o tinha acabado de decidir.

Mas isto era comigo e acontecia nesses tempos em que eu estava no mercado, admito que a coisa agora seja diferente e eu, não estando no mercado, perdi aderência com a realidade, mas, em calhando, ainda aqui sou capaz de deixar uma meia dúzia de sugestões daquelas que, em as dominando em absoluto, ainda são capazes de garantir que a coisa se dê exactamente na tal percentagem em que se dava nos tempos em que eu sabia destas coisas.

Problemas das mulheres

Fazer de conta que "teremos sempre Paris" é uma coisa fantástica

08 agosto 2010

Dos blogs cor-de-rosa

No sábado o meu carro avariou, aliás, a minha carrinha, esqueço-me sempre que agora tenho uma carrinha, ia eu a caminho de um jantar a trezentos quilómetros daqui, onde quer que seja "aqui", e não havia viaturas de substituição, e eu acabei por ir de táxi para casa e já não fui ao tal jantar a que me apetecia mesmo ir, no domingo o carro que eu usei, que não era a minha carrinha, essa está avariada, não sei se já tinha dito, o carro ficou sem gasolina, eu fiei-me que a reserva era generosa, como a da minha carrinha, e não era, fiquei a cinco quilómetros da única gasolineira em que abasteço, e o tipo da assistência demorou hora e meia para me trazer cinco litros de gasolina a troco de trinta e um euros e meio, acontece que essa hora e meia de atraso fez com que eu não estivesse à hora certa onde tinha que estar, a duzentos e cinquenta quilómetros daqui, e os trezentos quilómetros de sábado eram em sentido contrário aos duzentos e cinquenta quilómetros de domingo, e amanhã já eu devia estar, pelo menos, em Paris, a gozar férias, acontece que às vezes o mundo não gira se eu não estiver no sítio errado e, caramba, se há sítio errado para estar amanhã é Lisboa, mas a vida é assim mesmo e as férias podem esperar, ou então não podem e sou eu que faço de conta que podem, mas a vida é mesmo assim, e isto é só um blog, ainda para mais é um blog cor-de-rosa, e nos blogs assim as pessoas são todas muito felizes e a vida corre-lhes bem e vão para Paris quanto têm que ir e jantam com os amigos a trezentos quilómetros daqui, e os carros nunca avariam nem ficam sem gasolina, e, sendo isto apenas um blog, e logo um dos da pior espécie, os cor-de-rosa, façam-me o favor de esquecer o que leram aqui e eu, para compensar, meto já um post sobre os problemas das mulheres e ninguém fica prejudicado.

06 agosto 2010

Dos lemas de vida

Já tive a minha fase "quero tudo, agora", depois passei para a fase "se não vês o problema, o problema és tu", isto referindo-me a ela, é bom de ver.

Estabilizei definitivamente na fase "mais vale bonita e rica do que feia e pobre".

"Para casar" vs "Outras situações excepto casar"





Da maturidade

Cada vez me é mais fácil saber com certeza que mulheres colocaria na categoria "era para casar".

Pipoco, em modo "levanta-te e anda"

Hoje uma mulher levou-me ao tapete, não em sentido literal, evidentemente, mas a verdade é que foi mais inteligente que eu, deu-me dois nós cegos, quando eu pensava que estava a ir já ela estava de regresso, e, limpinho, limpinho, fez-me tropeçar em mim próprio, xeque-mate em meia dúzia de movimentos.

Há muitos anos que não acontecia. Mas, em acontecendo, não me resta mais nada senão aprender e aplaudir o mérito.

05 agosto 2010

Hoje fui asssim


Do regresso dos posts longos

Estava aqui a ler a Clara, o que eu aprecio ler a Clara, caramba, e, a meio do meu processo de ler a Clara, ocorre-me que nisto dos blogs, e isto é só um blog, nada mais que isso, diverte-me sempre pensar que há quem não evite o exercício de confundir o que as pessoas escrevem ao que as pessoas são, reparai, eu tenho ali ao lado uma lista de blogs que leio diariamente, não confundais com a lista que o Pipoco lê, isso é outra matéria, chamemos-lhe material de trabalho, mas, pelo facto de lhes admirar a escrita e a forma como expressam coisas, reparai, eu não digo "expressam o que lhes vai na alma", ou "expressam o que lhes aconteceu", não tenho como saber se aquilo lhes aconteceu mesmo ou se pensam realmente assim, ainda agora estava aqui a escrever um post que é capaz de ver a luz quando me apetecer e que fala de como uma mulher me levou ao tapete, sabe-se lá se aquilo foi mesmo assim ou nem por isso, por exemplo, o post começa com "hoje uma mulher levou-me ao tapete", o que seria válido na altura em que o escrevi, mas não terá aderência com a realidade no tal dia em que o post vir a luz, isto se me apetecer que se saiba que uma mulher me levou ao tapete, mas, em me apetecendo, podereis ser levados a pensar que uma mulher me levou ao tapete no dia em que lerdes o post e imaginar-me-ais combalido e a recuperar da coisa, isto estando eu a caminho de Londres, se o post sair amanhã, ou de férias a meio de uma parede de rocha, isto a dar-se o caso de o post sair lá mais para um destes dias, as coisas são mesmo assim e o que na verdade vos desejava dizer é que não me apeteceria ir tomar um café com grande parte das pessoas que escrevem em blogs que eu leio (e como é precioso o tempo que eu selecciono para ler blogs, senhores...), isto se se desse o caso de também essas pessoas apreciarem a minha companhia e, cumulativamente, eu tivesse um tal coeficiente de disponibilidade que alterasse este meu desígnio que é ter decidido, em tempo, não querer conhecer quem escreve em blogs, isto com duas excepções, bem entendido.

Das psicólogas tenrinhas

Faz agora um ano, diziam-me que tenho um estilo de liderança manipulador.

Hoje dizem-me que tenho uma inteligência emocional muito acima da média.

Se não fosse considerado manipulação, eu era capaz de lhes dizer, a uns e a outros, que nada é o que parece.

04 agosto 2010

Das coisas que não podem acontecer

Que sim senhores, ela tem um perfume dos bons, caramba, reconheceria este perfume a milhas, e, evidentemente, tem uma mala que condiz com os sapatos, e são de boas marcas, a mala e os sapatos, certamente que sim, ela sabe fazer aquele sorriso a meio caminho entre o enigmático e o esfíngico, ela sabe cruzar com elegância as pernas bem tonificadas, ela veste com bom gosto e até um leve requinte um saia-casaco imaculado e que lhe assenta perfeitamente, cabelo cuidadosamente apanhado, e, para finalizar, ela é bonita, mesmo muito bonita, daquela beleza rara, rosto simétrico, pele absolutamente bem tratada.

Porque carga de água é que ela haveria de ter aquele toque de telemóvel?...

Facto

Cem por cento das pessoas que sugerem a terceiros "get a life" estão defronte de um computador, a escrever "get a life", quando podiam estar a ler um livro dos bons ou a beber uma cerveja gelada na esplanada lá em baixo.

(comigo é diferente, eu gosto de escrever e, além disso, fiz uma aposta, para além de ainda não estar de férias e não me ficar mal escrever posts com conteúdo pedagógico como este, enquanto decido se é bom ou mau o Brent estar como está e que é capaz de não ser má ideia acreditar por uma vez no mercado de futuros, tudo isto enquanto decido se faz algum sentido ir à reunião das três e penso que já não falta muito tempo para eu próprio ir beber a tal cerveja gelada, nó da gravata desapertado, aliás, sem gravata de todo)
Ficava a noite inteira a ouvi-la, a sério que sim, duas semanas é muito tempo e ela vem diferente no final destas duas semanas, ouço-lhe as histórias de pessoas com nomes estranhos, ouço-a falar de sítios onde eu não estive, e também é estranho ela ter estado em sítios onde eu nunca estive, é estranho e deliciosamente bom, vejo as fotografias e lá está ela a sorrir, a jogar ténis, a ler, fico a pensar que, de repente ficou crescida, a mulher da minha vida.

03 agosto 2010

(Um dia, este blog vai voltar a ter posts com muitas letras)

Na mesma semana em que a Iberia me enviou o cartão Clássico que substitui o Ouro, a British enviou-me o cartão Silver que subsititui o Blue.

(é isto a minha vida, substituições em que fico a ganhar)

Não se morre de amor

Nem Florentino Ariza, mesmo esperando 53 anos, 7 meses e 11 dias.

Pipoco em modo "estado de choque"

Ontem disseram-me que este blog não é fútil.

02 agosto 2010

Todos os sapatos necessários, isto excluindo botas de esqui



Em cima, sapatos pretos para o dia-a-dia. Sapatos castanhos quando o dress-code é fato castanho.

Em baixo, botas de montanha, gore-tex. Sapatos desportivos, para correr. Sapatos desportivos para jogar futebol de salão. Botas de mergulho.

E é isto, não é preciso mais nada, para além dos sapatos que tenho calçados e das botas de esqui que estão na prateleira de cima.

Não é preciso mais nada, a sério.

Das coisas grandes

Um dos meus medos era, chegado aquele momento em que dizem que vemos a nossa vida toda a passar-nos diante dos olhos, num segundo, não sei se de trás para a frente, começando no exacto momento em que começamos a ver a nossa vida a andar de trás para a frente até áquele outro em nascemos, ou, pelo contrário, iniciando-se no momento zero e acabando no momento em que vemos a nossa vida a andar de trás para a frente, o meu medo era que, nesse filme, não estivesse nenhum momento em que eu me visse de pé, a dançar músicas do Fisherman's Blues, os Waterboys a tocar para mim, o relógio a passar de dia um para dia dois e eles a tocar "The whole of the moon".


Em verdade vos digo, esse momento lá estará, no tal filme.

01 agosto 2010

Serviço Público

"O que diz Molero", das coisas mais geniais que já se fizeram em teatro, com o grande António Feio, passa hoje às dez e meia da noite, na RTP2.

(é capaz de coincidir com aquilo do "Não sei quê Dançar", mas vale mesmo a pena trocar de canal, por uma vez acreditem no que vos digo)

Teaser

Amanhã ponho aqui um retrato onde caibam todos os meus sapatos.