31 julho 2017

Ah, o Algarve em Agosto...

(Pipoco está ansioso para publicar os retratos que ilustrarão o período das suas curtas, porém bem merecidas férias, que encabeçará, conforme a tradição, com o título "Ah, o Algarve em Agosto...", vincando bem a sua preferência por lugares inóspitos e inexplorados, apenas acessíveis aos mais capazes dos machos-alfa, ao mesmo tempo que desdenha da má sorte dos desafortunados a quem não resta outra possibilidade que não seja a de rumar a sul em pleno mês de Agosto)

Começar um blog não é difícil...

..., há sempre tanta coisa para contar das nossas vidas, ele é o baton novo que parece que funciona mesmo, ele são as tropelias dos nossos petizes, sempre tão vivaços e avançados para a idade, benza-os deus, ele são os nossos estados de espírito, hoje sinto-me assim, amanhã sinto-me mais capaz de enfrentar o mundo, ele são os progressos nisso das corridas, enfim, ao princípio não há impossíveis, parece que nunca falta tema e quando nos parece que hoje não há nada para contar, podemos sempre tirar retrato aos pés enterrados na areia da praia ou publicar retratos do ano passado como se tivesse sido hoje.

 Difícil é isto.

30 julho 2017

Dunquerque

Talvez tenha que voltar a ver Dunquerque para perceber se aquela estrutura narrativa que mistura uma hora no céu, um dia no mar e uma semana no pontão me convence.

28 julho 2017

Falia num mês, mas isso não é importante agora

Tivesse eu interesse em ser dono de uma livraria, e talvez um dia aconteça, e havia de ser na minha cidade, para os lados de Alfama, metade dos livros seriam de autores portugueses, não haveria escritores de livros de cozinha nem de dietas nem de autoajuda nem de textos de blogs, teria um balcão onde se serviria vinho tinto do Dão ou do Douro e café sem ser em cápsulas, as pessoas podiam devolver os livros de que não gostassem e só teriam entrada os livros que tivessem sido editados há mais de três anos, haveria livreiros que só recomendariam os livros que já tivessem lido, e teriam lido muitos, e as pessoas podiam apaixonar-se à vontade por quem estivesse embrenhado a ler autores russos.

27 julho 2017

#parecesosvelhotes

Lembro-me bem de ver jogar Ricardo Carvalho nas suas últimas épocas de jogador da bola e fascinar-me com a pouca energia que punha nas jogadas e, mesmo assim, a bola ir parar quase sempre ao local onde estava o Ricardo Carvalho, toda a gente a correr para o sítio onde achavam que o bola iria parar e ele a dar meia dúzia de passos para o lado certo e a bola a ir parar ali e não a outro sítio qualquer, ele a resolver as situações com dois toques simples, a descomplicar, e a bola, senhores, a bola a ir para sempre ao sítio onde ele já estava.

Sinto que estou a ficar uma espécie de Ricardo Carvalho e ainda estou a decidir se estou a gostar.

(dando continuidade a este post da Susana Rodrigues)

25 julho 2017

A papa Maizena é mesmo má e só se comia daquilo porque não havia muito por onde escolher

O meu plano de férias é tão estrambólico que, se mostrasse a Salvador Dalí o esquema que desenhei num papel, havia de se virar para mim, arregalar os olhos, cofiar as pontas do bigode e, enfim dizer-me que não se percebia nada do boneco.

24 julho 2017

Post que as pessoas vão gostar muito, muito. (e talvez venham pessoas dizer que também gostavam de Enid Blyton)


Se me apetecesse invocar as minhas memórias mais distantes, e dá-se o caso de apetecer, aparece-me Enid Blyton e as aventuras dos Famosos Cinco, do Clube dos Sete, do Mistério, essa colecção que tanto fez pela autoestima dos que tinha índices de massa corporal acima do aceitável. Enid Blyton veio antes de tudo, só depois fui apresentado à grande literatura mas já era tarde de mais para me afastar dos livros (foi por pouco, o meu tio Bentley de Vasconcellos ofertou-me Eça no dia em que a minha idade passou a ter dois dígitos).

Depois foi o tempo de me ser apresentado outro conceito estranho, o dos livros que chegam a nossa casa sem termos que fazer nada por isso e nem sequer era o nosso dia de aniversário nem o Natal. Eu, que sabia que para chegar aos livros tinha que procurar bem às terças e aos sábados de manhã na Feira da Ladra, que tinha que gerir a ansiedade até Junho, que era o tempo da Feira do Livro, ou tinha que juntar as economias e ir à Bertrand ou à Barata, tudo processos que implicavam que eu fosse ter com os livros, tomei conhecimento do facto do meu vizinho da rua de cima ter um processo diferente, os livros vinham ter com ele, o processo chamava-se Círculo de Leitores. Fascinei-me até ao dia em que percebi que os meus livros eram melhores que os dele, apesar de os meus não falarem tanto de ciências da mente nem terem tantas fotografias de maravilhas do mundo.

A seguir foi o tempo da promiscuidade, de não ter critérios de selecção definidos, de privilegiar a quantidade à qualidade. Não foi só com os livros e foi um tempo bom. Razoável, vá...

(continua mais tarde, entretanto mandaram-me desligar os equipamentos electrónicos)

Memorando para o tempo que falta até eu ter a idade para comprar um Porsche descapotável e, enfim usar uns Ray Ban Aviator

Usa o conjunto de palavras "o tipo é genial" com parcimónia e nunca antes de te munires de informação detalhada para as sustentares.

Só existe uma maneira de perderes volumetria no baixo abdómen e passa por te transformares numa pior pessoa.

O sentido de humor é um conceito de geometria variável, certifica-te que o usas com as pessoas certas no momento certo.

Não comentes quando a temática são os filhos. Ou a amamentação. Ou a vida pessoal. Ou a ideologia política. Ou a orientação religiosa. Ou livros ruins. Ou o que as pessoas vestem. 

Mima o teu pai e a tua mãe, ainda que eles contem aos teus amigos histórias da tua infância que tu preferirias que ficassem guardadas a sete chaves.

Revê aquele episódio do Black Mirror, o das avaliações das pessoas por aplicação de telemóvel.

Fala com pessoas, almoça com pessoas, convive com pessoas. Excepto nas tuas férias.

Sê mais tolerante com os menos rápidos de pensamento. E com os que gostam de gin com coisas a boiar.

Tem sempre um plano B preparado. E um plano C.

19 julho 2017

Faróis na nossa vida

Quando a situação me parece bizarra, desprovida de sentido, estatisticamente improvável, lembro-me que o Éder já uma vez marcou um golo num jogo da bola, que o Zeinal Bava já foi considerado um gestor que alto lá, que o Mickey Rourke já fez suspirar mulheres, que o Rodolfo Rodriguez já foi guarda-redes do Sporting.

18 julho 2017

Era uma vez dois posts

Um muito bom e o outro, enfim, nem por isso.

O post muito bom não merecerá grande atenção do respeitável público, o post fraquinho terá uma dinâmica de comentários que alto lá, mesmo atendendo a que estamos na segunda quinzena de Julho.

É já a seguir.

Sempre com a graça que me caracteriza, evidentemente

Muitos anos disto de circular com um flute de champagne na mão e ter a obrigação de dizer coisas de valor, noblesse oblige, ensinou-me que, mais tarde ou mais cedo, recorrei a Eça se o tema em discussão for o estado a que isto chegou, ao Principezinho se quiser mostrar que tenho sentimentos, a Jorge Jesus se quiser chalacear com categoria.

17 julho 2017

Sereis vós dignos de ler este blog?


Pergunta 1
a) Um almoço em condições deve iniciar-se com revueltos de trufas e faisão selvagem;
b) Um almoço em condições deve iniciar-se com pudim abade de priscos;


Pergunta 2
a) Nos blogues criamos amizades para a vida, tal é a sintonia que se gera entre quem escreve e quem lê, a expressão de emoções sem filtros cria ambiências tais que acabamos por empatizar e isso é uma coisa muito linda;
b) Os blogues são o que são, um sítio onde se escrevem coisas variadas;

Pergunta 3
a) Responder a comentários gera empatia e cria novas perspectivas, promovendo a sã discussão e a evolução de pensamento;
b) Responder a comentários serve, na grande maioria das vezes, para inventar um valente aborrecimento, sendo certo que a probabilidade aumenta exponencialmente se discordarmos do que a pessoa escreveu com tanto carinho;

Pergunta 4
a) Escrevemos só para nós, não nos importa o que pensa quem nos lê;
b) Escrevemos só para nós mas é o caralho.


Soluções: Se escolhesteis pelo menos uma vez a opção a), temos que falar...

É por isso que o mundo se não tomba, já dizia a minha avó

E lá estava a rapariga, muito efusiva, a falar das férias maravilhosas, um paraíso, uma semana inesquecível, destino tropical, as férias de uma vida, recomendando vivamente, que ninguém faleça sem por lá passar pelo menos uma vez, um sonho, que aquilo é que foram férias.

Demorei um minuto e meio a perceber que falava de ... Ibiza.

16 julho 2017

Isto dos blogues é coisa de inverno...

..., a lareira a crepitar, o vento a dobrar-me os pinheiros, eu a fartar-me do binómio livros de Hemingway-sessões contínuas de Black Mirror e a decidir-me por escrever um post, talvez dois, a coisa a sair-me bem e eu a produzir para conserva, ele há escritos que ficam bem em qualquer altura, no inverno há sempre quem leia, pessoas de bem enroscadas em mantas de lã, entediadas, deixa lá ver se o Pipoco tem um post novo, e tem, a pessoa a desentorpecer, a animar-se com o que lê, a desenroscar-se lentamente, o sangue a afluir-lhe ao cérebro, a pensar que podia ter sido ela a escrever aquilo, mas não foi, a ter vontade de comentar, ansiando uma resposta do autor.

(no verão as pessoas escolhem ir apanhar ar lá fora, beber cerveja fresca, abraçar os amigos, mergulhar em ondas daquelas enormes, ouvir músicas antigas em carros sem ar condicionado, enfim, as pessoas fazem muito bem em cá não estar)

15 julho 2017

A minha vida é muito melhor que a do boneco do blog (II)

Nikka from the barrel depois de queijo manchego e presunto pata negra. Nabokov. Jantar no restaurante bom de Serpa. Paixão segundo São Mateus muito alto no carro. Duas da madrugada e ainda faltam muitas horas para chegar a casa. Cohiba Lanceros enquanto afago o meu cão, aliás, a minha cadela. Eu, ainda agora.

14 julho 2017

A minha vida é muito melhor que a do boneco do blog

Cheguei ao Cafeína às onze da noite e serviram-me um bife à pimenta que me soube pela vida. Acompanhei com gin tónico.

Dormi seis horas. Seguidas.

Não consigo negar por muito mais tempo que já não consigo ler as letras muito pequeninas. Arial catorze são letras pequeninas.

Vou ter seis dias seguidos de jantares de aniversário de amigos meus. Seis.

Ao sétimo dia será o meu aniversário. Almoço, só por causa das coisas.

Já despachei os livros que comprei na Feira do Livro. A de há dois anos.

12 julho 2017

Uma coisa nova por dia

Porto tónico.

(não façam isso...)

10 julho 2017

Sonhei que estava num jantarinho de bloggers

E eu chegava e lá estava a Capitã Cuca, cimitarra na mão, disfarçada de coelho de Alice a dizer-me que eu estava atrasado, muito atrasado, quem havia de dizer, no blog parece tão cumpridor de horários e afinal..., inquirindo-me se eu sabia o que Borges pensa dos que chegam atrasados aos jantares, e lá estava a Pipoca Mais Doce a sorrir para mim, eu a pensar que era o meu dia de sorte, afinal era só um sorriso em parceria com, e lá estava a Palmier, eu a querer impressioná-la com as minhas opiniões sobre literatura russa, Madame Palmier a contar-me o pormenor dos veios do mármore do sétimo quarto de banho da Grande Obra, e lá estava Don Xilre encomendando cafés, mas tinham que ser dos que atravessaram o equador e servidos em chávena fria por J. Eustáquio de Andrada, e lá estava a Mãe Preocupada, acabadinha de arrumar o carro sem ter dado uma moeda ao arrumador, eu a querer cair nas boas graças da Mãe Preocupada e a dizer-lhe que gostava muito do trabalho dela, a Mãe Preocupada a ignorar-me e a ser toda atenções para o Senhor Pereira, a Susana Rodrigues, que tinha chegado de comboio, a dançar valsas e tangos por entre as mesas, e mais, muito mais, é perguntarem-se que bloggers lá estavam também que, em me apetecendo, logo contarei como foi que tudo se passou.

05 julho 2017

Focando-me

Se algum valor ainda tiverem as minhas recomendações, Ruben Patrick, eu sei que têm, era apenas um exercício de redução ao absurdo, evita as mulheres da tipologia "From Dusk Till Dawn", para ti é o "Aberto até de madrugada", a coisa começa de maneira favorável, há ali coerência e uma narrativa alinhada, um esboço de perfeição, o problema é que a partir de determinado momento crítico, sem que ninguém entenda exactamente porquê nem onde, a coisa perde o rumo, de um momento para o outro as mulheres semi-nuas e de generosas curvas lá do bar transformam-se em monstros desfigurados, bem sei que Tarantino aviou vinte shots de absinto e outros tantos de grappa e a seguir foi gravar a segunda metade da película, mas foca-se no essencial, e toda a gente sabe que o essencial é invisível aos nossos olhos, é Saint-Exupery quem o diz, não sou eu, para mim e para todos os homens de bem o essencial é precisamente o que está defronte dos nossos olhos, olhos que não vêem coração que não sente, lá diz o povo e o povo é sábio, as coisas são como são, podes não crer no que te digo, mas ainda agora estava a pensar nos cheiros da minha vida, nada dessas bizarrias de relva acabada de cortar ou da terra acabada de receber uma chuvada das antigas e afinal...