30 abril 2013

Em que acredito eu?

Acredito que o avião das sete me deixa antes das nove em Madrid.

(sim, ando a ler John Le Carré...)

As manhãs da Rádio Comercial fazem-me lembrar os blogs corderosinha

Meus queridos companheiros da Comercial, gostaria que soubessem que, quando começam com aquela conversinha mole, que estão com fominha e que adoram fruta e depois vem o parceiro de programa e lembra que se calhar o que sabia mesmo bem era um iogurte líquido da marca não sei quê, ou quando um de vós começa por dizer que o fim de semana vai ser de calor e o parceiro lembra que se calhar não era má ideia comprar uns óculos de sol baratos, dois pelo preço de um, quero que saibam que, ainda a conversinha mole vai nas primeiras sílabas e já eu estou sintonizado na Antena 2, onde me mantenho até sair do carro.

29 abril 2013

Devia ser proibido...

...que as consultoras coloquem  fotografias de há 30 quilos atrás nos seus CVs de apresentação.

(é que um homem vai com expectativas altas para as reuniões de "steering" e afinal...).

Se eu não gostar de mim, quem gostará?

Se o indivíduo dos retratos-robot do reclame da Dove, aquele em que cem por cento das mulheres se descrevem como sendo menos bonitas do que na verdade são, se o indivíduo me tivesse desenhado a mim sem me ver, havia de se esfrangalhar a mensagem do reclame, aquilo havia de sair uma coisa como deve ser, no final do desenho havia de estar ali uma coisa em bom, havia de estar ali um rapaz a segurar um livro de Saramago, uns bons dentes, o cabelo farto, cuidadosamente despenteado, uma camisa branca e uma gravata azul, um sorriso permanente, uns olhos que mudam de cor quando chega o sol, barba de três dias se o retrato fosse tirado ao fim de semana, um copo de gin tónico numa das mãos e tudo isto, sendo verdade, havia de resultar num retrato completamente ao lado, capaz de envergonhar o bom indivíduo dos retratos-robot quando olhasse enfim para mim e estragar a sinopse dos criativos da Dove.

28 abril 2013

E se o Real Madrid eliminar mesmo o Dortmund?

Estava aqui a pensar se havia de me agarrar ao Ulysses e atacar aquilo de uma vez por todas mas descaíram-se-me os olhos para o canal de desporto e tresli que o Balotelli tinha dito, e cito "A Bola", "se o Real Madrid eliminar o Dortmund vou deixar que a minha namorada durma com todos os jogadores".

Havia alguma coisa em mim que me fazia apreciar Balotelli, sempre gostei de malucos, é claro que o Balotelli não é genuinamente um maluco, sendo um rapaz de posses passa imediatamente à categoria de excêntrico, mas uma declaração deste quilate, volto a citar, "se o Real Madrid eliminar o Dortmund vou deixar que a minha namorada durma com todos os jogadores" é tão absolutamente miserável que me faltam os adjectivos, é nestas alturas que eu lamento não ser o dono do clube onde joga Balotelli ou mesmo o tipo que patrocina as marcas com que Balotelli aparece em público, havia de declarar que "se o Sporting não for campeão europeu este ano preparo uma pequena surpresa e convido uns rapazes da Tanzânia para passarem um bom bocado com o Balotelli".

(até porque a miúda não é nada de especial, caramba...)

27 abril 2013

O dólar sobe e o Bangladesh

A roupinha da Zara fica-nos tão bem, duas camisolas por cinco euros, como será que eles conseguem estes preços? que gestão, senhores! O tablet novo fica-nos tão bem , com aplicações para dar um ar antigo aos retratos, tão baratos, como será que conseguem tanta tecnologia por este preço? que maravilha da logística! As sapatilhas para correr ficam-nos tão bem, tão leves e tão em conta, como conseguirão produzir por estes preços?

A morte fica-nos tão bem.

26 abril 2013

Pipoco nunca pergunta coisas

Ofereceram-me um livro de Carlos Ruiz Zafón. Não conheço o autor, mas os títulos dos livros de Zafón podiam perfeitamente ser títulos de livros de Nicholas Sparks.

(E agora? Cedo ao preconceito, meto Zafón na reciclagem de papel e arrisco não ler um autor que se calhar até não é mau ou arrisco perder o meu tempo até descobrir que podia ter estado a comer queijo manchego com pão alentejano em vez de ler Zafón? Problemas, a minha vida é só problemas...)

25 abril 2013

Pipoco, em modo "vida real"

Tenho um pé torcido, devo ser o único tipo no mundo que se consegue lesionar aos três segundos de jogo sem ainda ter tocado na bola e sem ninguém lhe tocar.

Fui à sessão comemorativa do Vinte e Cinco do meu município. O presidente emocionou-se e eu também fiquei um bocadinho emocionado com o que disse o presidente. Mas não chorei.

A coro do município cantou o Grândola nas escadarias da Câmara Municipal. Eu vi de cima, quando as moças do coro enchiam o peito para atacar aquela parte da "terra da fraternidade" uma oitava acima do tom normal, dava um bonito efeito visto de cima.

Enterrei um bicho por baixo do sobreiro grande. Quase me emocionei de novo. Mas não chorei.

Tomei café no café novo que abriu ao pé do Cineteatro. O café é Segafredo e o jornal é o Correio da Manhã. Estamos entendidos.

Comecei a lei a biografia dos Monty Phyton escrita pelos próprios Monty Phyton. A parte mais engraçada até agora é a do John Cleese. Acho que vou acabar ainda hoje, depende de o tempo ficar tão frio que não dê para continuar a ler na rede que está esticada entre os dois pinheiros.

Almocei espargos verdes com coisas à volta. Os espargos verdes têm um efeito engraçado.

Tenho que trabalhar, preparar uns números, coisas assim. Talvez trabalhe à hora do jogo do Benfica, com o som da televisão desligado e com Maria Callas no gira-discos.

24 abril 2013

Da felicidade e outras barbaridades

Se eu mandasse, sim, sei que não mando, a primeira coisa que mandava ensinar na escola às criancinhas, ainda antes de lhes ensinar a tabuada ou de lhes ensinar a história do Sporting, era explicar-lhes que ser feliz é uma coisa que não existe, ninguém é feliz, a Kate Winslet não é feliz, o Rui Patrício não é feliz, eu próprio não sou feliz. Depois, quando as criancinhas abrissem a boca de espanto, havia de lhes explicar que o caminho é estar feliz, estar feliz já é coisa que se pode atingir, jantamos uma sopa de cação no Dom Joaquim em Évora e estamos felizes, passa-nos logo a seguir se o vinho não for um Cartuxa branco, vemos o nascer do sol enquanto corremos pelo meio dos sobreiros, o nosso cão preto com um pau na boca e estamos felizes, a felicidade acaba logo a seguir quando torcemos um pé para não pisar um ouriço que se cruzou no caminho, o que as criancinhas haviam de aprender logo era que a ciência está em esticar ao limite os momentos em que estamos felizes, que isso de se ser feliz é coisa que nunca se viu e ainda bem.

De onde podemos induzir que Ruben Patrick tem as prioridades alinhadas

Então já começou aquilo do Big Brother e ninguém me avisou?...

(o quê? Também jogámos com o Benfica e perdemos?!!! Só novidades, caramba...)

22 abril 2013

Nunca o saberemos absolutamente, Ruben Patrick, o mais que podemos fazer é acreditar é que também foi bom para elas

"Mas depois, em casa do sineiro, que desforra! Aquele rosto todo alterado, aquelas sufocações de delírio, aqueles "ais!" agonizantes, depois a imobilidade da morte, assustavam às vezes o padre. Erguia-se no cotovelo, inquieto:
- Estás incomodada?
Ela abria os olhos espantados, como ressurgindo de muito longe; e era realmente bela, cruando os braços nus sobre o peito descoberto, dizendo lentamente com a cabeça que não..."

Eça de Queirós, "O Crime do Padre Amaro"

21 abril 2013

Porque será...

...que as recepcionistas dos hotéis, com aquela voz quente e rouca, os olhos a fixar-me intensamente, os gestos lentos e suaves, a língua a humedecer-lhes os lábios carnudos, todas elas inclinadas para mim, atentas e prestáveis, não vá dar-se o caso de alguma coisa não ser do meu agrado, porque será, perguntava eu, que que as recepcionistas dos hotéis só me perguntam o número do quarto no preciso momento em que estou a fazer o "check-out"?

19 abril 2013

Os problemas das mulheres

Pedirem franqueza e frontalidade em relação a uma temática e depois, quando fazemos o que nos mandam, desatarem num pranto e não nos falarem durante uma semana.

Onde se explica que Pipoco aprecia deveras o dom de Gaspar, o Ministro

Tenho profunda admiração por Gaspar, o ministro. De um ponto de vista estatístico, falhar sempre é tão difícil como acertar sempre. Pessoas superiormente inteligentes falham algumas vezes e acertam outras, mas Gaspar não. Gaspar pertence a uma estirpe superior, a dos que falham sempre e isso merece o meu respeito, a minha consideração e transportando-o ao restrito patamar daquele género de homens que gosto de ter por perto, com quem me vejo a partilhar um vinho do Porto vintage do ano do meu nascimento.

Portugal deveria tratar melhor Gaspar, o ministro. Um homem com este dom, o de falhar sempre, tem que ser protegido, alimentado a ostras da Bretanha e a Kobe beef, tudo regado com Protos, com queijo de Nisa e pão alentejano a abrir as conversações. Mandasse eu nisto tudo, que não mando, e usaria a verdadeira vocação de Gaspar, perguntando-lhe como resolveria as temáticas mais intrincadas, Gaspar, lenta e pausadamente havia de me dar a sua solução e eu, aproveitando os Gasparianos dons na sua plenitude, havia de lhe agradecer e mandar fazer o contrário do aconselhado por Gaspar e havíamos de ser uma terra onde jorraria leite e mel.

18 abril 2013

Dupont e Dupond

Ambas despertam aquele sentimento "eu também podia ter feito isto", ambas têm admiradores entusiásticos e detractores corrosivos, ambas têm uma belíssima máquina de propaganda nos bastidores, ambas têm uns quilos a mais, ambas apareceram do nada e de repente já eram imagens pop, ambas vivem de serem mais criativas que a maior parte de nós, ambas nos deixam dúvidas se as marcas não pagaram para estar ali, ambas nos parecem ter uma sorte descomunal quando afinal o que ali há é muito trabalho. Tão diferentes e tão iguais, a Joana Vasconcelos e a Pipoca Mais Doce...

Aprendi isto ontem à noite

Se quiser mesmo saber a verdadeira dimensão de um homem, é dar-lhe poder.

17 abril 2013

Disclaimer

Sou responsável pelo que escrevo, não pelo que lês.

Disso dos afectos nos blogs, e não sei quê

Estava a escrever um post que terminava com um assertivo "nos blogs não há afectos", era uma espécie de aviso à navegação para a tribo das dos blogs "diário de bordo", sempre à cata de um stroke positivo para o retrato dos seus ricos filhinhos, sempre à espera da nossa aceitação quando nos comunicam que hoje comeram sushi.

Genuinamente, nunca me pareceu que isto dos blogs fosse a coisa certa para gerar afectos. Não sei quem me lê, imagino que venham cá ter por causa da colagem descarada do nome do blog, acabam por ficar para ver se também a mim hoje me deu para isto e vão à sua vida. Não devemos nada uns aos outros, eu divirto-me às vezes a escrever isto, quem lê também se diverte às vezes a ler isto, aposto que nem sequer nos divertimos nos mesmos momentos.

Depois lembrei-me de coisas cá minhas e fiquei de pensar melhor se haveria afectos nisto dos blogs ou não. Pensei na Pólo Norte que me ensinou onde está o terceiro melhor gin tónico da cidade e na Alexandra que me ofereceu do seu tempo e que acertou à primeira no header que eu nem sabia que queria antes de o ter. Ppensei em como desejei que a Maria fosse mesmo para Bruges, pensei no meu cd do Carlos do Carmo que já não se vende em lado nenhum e foi enviado para uma morada comercial, pensei no Ulysses esquecido, abençoadamente esquecido, no Museu d'Orsay. Pensei no livro do Corto Maltese que me foi deixado numa agência bancária em nome de Senhor Salgado e no vídeo do Von Karajan a dirigir a Leontyne Price, deixados numa bilheteira também ao cuidado do Senhor Salgado, assim mesmo, sem necessidade de saber sequer o meu verdadeiro nome. Lembrei-me de alguns comentários que me remeteram para uma dimensão diferente da que eu pretendia com o que tinha escrito e que me fizeram pensar, lembrei-me dos posts que li e que me fizeram querer saber mais do que falavam.

E talvez haja afectos nisto dos blogs. Talvez.

16 abril 2013

Em verdade te digo

Talvez já me tenhas visto a dançar ao som dos a-Ha, talvez te recordes que paguei para ver o Top Gun, talvez me tenhas visto descer a Rio em Sierra Nevada, talvez me tenhas visto com um pólo cor de rosa na Fonte da Telha, talvez saibas que já gostei de gin Gordons, talvez me tenhas visto comer com as mãos, mas, caramba, nunca me verás depilar as pernas para correr mais depressa...

Estava aqui a pensar...

...se fará algum sentido afinal haver afectos nisto dos blogs.

15 abril 2013

Acabou de acontecer

Nos primeiros minutos não percebi bem. Ela falava e eu ouvia e estava tudo muito bem porque é assim que as coisas devem ser. Porém, o meu subconsciente avisava-me, havia ali algo que estava debaixo dos meus olhos e eu devia conseguir ver, caramba, não era nada subliminar e a coisa começava a incomodar-me, o meu subconsciente em alerta máximo e eu a dar-lhe crédito mas a não perceber porque lhe dava crédito. Pelo oitavo slide de números, percebi finalmente. Ela tinha duas unhas pintadas numa mão e três noutra. Duas unhas pintadas de negro e três unhas sem pintura na mão direita e uma relação de unhas pintadas inversa na mão esquerda.

Isto deve querer transmitir alguma coisa.  Como de costume, não faço ideia do que seja...

14 abril 2013

O indivíduo que inventar um dicionário de mulherês..

...não precisa de fazer mais nada na vida. (embora as coisas passem a ter muito menos piada)

12 abril 2013

Ruben Patrick decide se dá um toque à estagiária nova do Tio Pipoco

Ao que tudo indica, a estagiária nova do Tio Pipoco acredita nas vantagens competitivas que uma impactante copa D lhe confere. Trata-se de gestão de recursos e a tal estagiária crê sinceramente que é suficiente para desbravar os caminhos de pedras, onde todas têm que penar, esforçar-se e justificar porque razão são melhores, a tal estagiária posiciona-se estrategicamente e aguarda que as coisas sejam como têm que ser, o vislumbre de uma imponente copa D vai posicioná-la em lugares cimeiros e depois é só gerir a vantagem.

Alguém explique à miúda que o Tio Pipoco não é assim grande apreciador de mamas descomunais, caramba!

11 abril 2013

Dias a seguir a ter sonhado com Lamborghinis roxos

Em dias como o de hoje, dias a seguir a ter sonhado com Lamborghinis roxos, sim, foi mais uma dessas noites em que li até tarde e sonhei com Lamborghinis roxos, em dias como o de hoje, dizia eu, ganho uma espécie de superpoder que me faz ver tudo de cima e, vendo tudo de cima, consigo visualizar o preciso ponto em que os nossos caminhos se separaram e, tendo noção do exacto ponto, não te esqueças que estou a ver tudo de cima e que tenho superpoderes, posso parar o tempo ou então posso andar um quase nada para trás e fazer um zoom ao momento crítico, ao tal momento em que os nossos caminhos se separaram, para dissecá-lo ao pormenor, como fazem nos programas de segunda feira aos fora de jogo dos jogadores do Benfica. É nestes dias, a seguir a ter sonhado com Lamborghinis roxos, que resulta claro que os nossos caminhos se separaram no preciso momento em que me viste sem a minha capa de Capitão Fantástico e eu, sem a minha capa, emociono-me em vez de decidir claramente pela coisa certa, visto t-shirts velhas em vez de camisas brancas com gravatas azuis, prefiro cerveja bebida pela garrafa a Bordéus servido em copos finos, prefiro Corto Maltese a Roth e U2 a Haydn, prefiro os Alpes a Nova Iorque, prefiro estar sozinho com o meu cão preto a canapés e champanhe e dar a minha opinião sobre se o Arabian Light é um bom indexante ou não, resumindo, sem a minha capa de Capitão Fantástico sou muito melhor pessoa mas dá-se o caso de acontecer esta situação desagradável de os nossos caminhos se terem separado e eu saber exactamente em preciso momento isso foi.

10 abril 2013

Mulheres inteligentes, incapazes de me ganhar ao xadrez mas, ainda assim, inteligentes

Bem sei que isto do mundo às vezes parece uma insanidade sem fundo, basta ver que é um mundo em que as pizzas circulares, cortadinhas em porções triangulares são metidas dentro de caixas quadradas, mas, caramba, chega-se a Abril e as mesmas mulheres que no ano passado gastaram um dinheirão em cremes adelgaçantes, sem resultado nenhum,  voltam a acreditar que este ano é que é, o reclame este ano diz que aquilo foi clinicamente testado, e voltam a gastar o mesmo dinheirão nos tais cremes que aquilo é só aplicar e reduz a celulite durante a noite e ainda tonifica e adelgaça e estimula e tem vitaminas,em vez de comprar um bom par de sapatilhas, ir correr para a praia, dispensar o pastelinho de nata e o sushi, caramba, mulheres inteligentes, incapazes de me ganhar ao xadrez mas, ainda assim inteligentes.

Quantas garrafas custará ir a Madrid ver o jogo da Champions?

Quando me falha o efeito de escala com o dinheiro, transformo os preços em garrafas de Old Bushmills Black Bush. Por exemplo, o menu degustação do Olivier custa três garrafas inteiras e mais o que resta de uma quando o Benoliel de Burnay e o Benevides de Lacerda vêm cá a casa jogar uma tarde de poker. Está nos limites da indiferença, portanto. Uma entrada para a exposição da Joana Vasconcelos custa o que falta numa garrafa ao fim de dez páginas de Ulysses. Vale o preço do bilhete, portanto. Uma entrada para o Cirque du Soleil em lugares decentes custa três garrafas. Vamos ver se vale a pena.

09 abril 2013

Crónica de várias coisas

Fui ver o "Tudo a Nu" no Centro Cultural da Malaposta, uma coisa adaptada do "Noises Off" do Michael Frayn. "Tudo a Nu" é claramente um exagero, apesar de a Inês Castel-Branco passar boa parte da peça em lingerie. Estava muito frio, de maneiras que não percebi se aquilo era do frio ou se a artista estava realmente contente por me ver. Há uma cervejaria junto ao Teatro, a cervejaria Primavera, que tem um bife três pimentas muito aceitável. O empregado disse "foda-se" mesmo junto a mim quando o Benfica sofreu um golo de não sei quem e eu levantei os olhos do livro que estava a ler enquanto esperava pelo tal bife três pimentas e olhei para o rapazola de tal forma que ele, de cada vez que passava por mim, repetia "Chefe, desculpe eu ter dito aquilo" e quando eu saí, o rapazola voltou a pedir desculpa por ter dito aquilo.

Fui ver o "Comboio Nocturno para Lisboa" e, quando saí do filme, fui comprar o livro. O livro ganhou por dez a três, o que não quer dizer que não tenha gostado do filme, embora eu tivesse mais cuidado com pormenores, o Jeremy Irons não pode ficar com o nariz todo estraçalhado porque partiu os óculos um dia e no dia seguinte já tem o nariz novinho em folha, toda a gente sabe que os narizes estraçalhados demoram quinze dias a ficar em condições. E aquele PIDE fofinho que a classe trabalhadora quase rebenta ao pontapé, na vida real, não tinha saído dali vivo. Aliás, nem sequer teria sido quase estraçalhado ao pontapé numa praça pública em Lisboa, que as coisas são como são.

Tive que voltar para trás no Ulysses. Quase trinta páginas. Aposto que a minha espécie de amiga com quem estou a competir para ver quem acaba primeiro está mais atrasada do que eu.

Os funcionários públicos são competentes e nossos amigos. Eu já sabia disto há algum tempo, mas fica aqui dito para quem ainda não sabe.

O Sporting voltou a dar-me alegrias, de maneiras que tenho que arranjar alguma coisa que me aborreça. Felizmente há o programa do Sócrates, embora aquilo passe na minha hora de ouvir Bach enquanto acabo de ler os jornais de fim de semana.

Isto dos blogs está fraco.

Em verdade te digo, Ruben Patrick

No dia em que achares que ela te pertence, perdeste-a.

07 abril 2013

Que importa...


...se já vendemos o Wolfswinkel, se este ano não vou conseguir ir à Festa da Música, se perdi as fotografias da descida ao Algar do Pena, se o Sócrates não disse "narrativa" no programa dele?

Afinal voltou a haver Toffee Crisp!

05 abril 2013

O homem perfeito, por Kátia Aveiro (o Ruben Patrick informa-me que é aparentada com Cristiano Ronaldo)

A São João, que é a terceira melhor blogger feminina do momento, deixou um acutilante e pertinente apontamento de reportagem sob a forma de comentário num post ali em baixo, referindo-se à especificação de Kátia Aveiro (o Ruben Patrick informa-me que é aparentada com Cristiano Ronaldo) para o homem perfeito, cujo caderno de encargos rezaria que

“O homem perfeito é aquele que leva a mulher a passear. Que vai buscá-la num carro topo de gama para um jantar romântico... e que pelo caminho muda de ideias e decide apanhar o avião para jantar em Veneza. (…) O homem perfeito é aquele que se deita cheiroso, acorda cheiroso e que, mesmo depois de ir embora, ainda sentes o perfume dele no ar. (…) Tem que ser ocupado, ativo, com pouco tempo disponível, para que todos os encontros sejam sempre intensos. Homem perfeito não fala de problemas, mas resolve os teus problemas. Homem perfeito só tem que te ligar para te convidar para um jantar romântico, para te levar a viajar e não para falar sobre coisas sem interesse (…) Tem que ser independente, ter casa de praia e de campo, tratar-te como uma rainha. Porque, afinal, meninas, o amor e uma cabana não existem... Abram os olhos!...”

Em verdade vos digo, o homem perfeito jamais escolheria Kátia Aveiro (o Ruben Patrick informa-me que é aparentada com Cristiano Ronaldo) para o que quer que fosse...

(a São João, que é a terceira melhor blogger feminina do momento, também escreveu que a Kátia Aveiro estaria apaixonada por mim, deixando uma mensagem subliminar que eu preencheria o tal caderno de encargos, mas, sobre isso ainda havemos de falar daqui a pouco...)

03 abril 2013

Músicas para acompanhar viagens, havemos de falar um destes dias de músicas que acompanham livros

De todas as marcas que eu gostaria de deixar no mundo, a principal é convencer os que me são próximos que nem todas as músicas servem para acompanhar todas as viagens. Aznavour pode ser ouvido quando descemos uma pista em Megève mas, para descer a Àliga em Grandvalira, é completamente desadequado, convindo neste caso ter à mão a banda sonora do Streets of Fire, com o Nowhere Fast em "loop", eventualmente entremeando Cheap Trick e alguma coisa de Doors.

Já na estrada daqui para Madrid, porque nos apeteceu ir jantar ao Asador Donostiarra, convirá ter Fausto à mão para ouvir até Estremoz, o queijo e o presunto que nos será servido na paragem obrigatória na Gadanha Mercearia sabe sempre melhor se viermos com Fausto nos ouvidos. De Estremoz até Talavera, temos que substituir Fausto por Paco de Lucia e havemos de sair da Castellana e rumar então ao Asador com Manuel de Falla nos ouvidos.

02 abril 2013

Desditosa é a mulher...

...que acredita que todos os homens são fáceis.

Adaptação às circunstâncias é...

...dizer que estamos em oitavo lugar e ter consciência que isso é uma boa coisa.

01 abril 2013

Pipoco tem dó dos leitores que não lêem posts grandes como o que está ali em baixo e oferece-lhes um post curtinho

Ela é fabulosa. Óculos de massa pretos, não adoça o café, tom de voz a meio caminho entre voz de cama e voz de locutora da Rádio Oxigénio, de vez em quando falamos de teatro, tem Mahler no Ipod, quase me ganhou a jogar xadrez.

Hoje enviou-me uma mensagem profissional que terminava com um "smile". Era fabulosa, não sei se já tinha dito.

Como ter duzentos e cinquenta posts assegurados

Começar com a lista das resoluções de ano novo, ou então fazer post a dizer que as listas de ano novo são uma bizarria, os ciclos iniciam-se quando quando cada um de nós quiser, sem amarras a datas, somos livres, depois fazer post sobre o sítio onde se fez a passagem do ano, dizendo que já se está com saudades do sol, que horror, aqui faz tanto frio, ou então escrever post a dizer que o ano novo foi passado em solidão, a dormir, sem ligar a festas, afinal ano novo é um estado de espírito, depois post sobre o dia dos namorados, ele foi um amor (incluir fotografia do ursinho de peluche com coração a dizer "amo-te"), ou então post a dizer que o dia dos namorados é todos os dias, que coisa mais sem jeito, depois os saldos, a Zara que tem uns saldos de espantar, mas credo, tudo tão desarrumado e já não havia o número delas, mas a menina quer, quer muito, a seguir post sobre o Carnaval, coitadas das miúdas, tão gordas e a dançar à chuva, o Carnaval é uma festa do piorio, uma vergonha, que horror, dias de alegria a pedido, depois o dia do pai, pode escolher-se entre post a dizer que temos o melhor pai do mundo, que tão bem guiou nos caminhos da vida, que ensinou a ser mais fortes/ler livros grandes/andar de bicicleta/fazer puzzles com duas mil e setecentas peças ou então post a zurzir na peste de pai que tiveram, quase sempre com um final a galvanizar o verdadeiro modelo de pai, o que escolheram para pai dos filhos, depois o dia da mulher, pode-se escolher entre o tradicional post que conta o início da coisa, as mulheres que morreram no incêndio lá na fábrica, post com com ode às mulheres, galvanizando o quão especiais são ou o clássico post em que se insurgem contra a imbecilidade que é a necessidade de existir um dia das mulheres, depois chega a primavera e, em estando frio e chuva, fazer série de post dizendo que isto não é primavera, defender a tese introduzindo o conceito de temperatura aparente (por causa daquilo dos ventos), a seguir chegam as férias, escrever posts a dizer onde se foi, que tal estava a praia ou, em alternativa, posts a perguntar se está cá alguém, que maçada, todos na praia e eu aqui no trabalho a escrever posts, prolongar a coisa para o pós-férias, com posta a dizer que tudo o que é bom acaba, ainda ontem estava com os pés na água e agora estou aqui a preencher papéis, o chefe é um bruto e eu esforço-me tanto, só interrompi o trabalho para vir aqui escrever este post a dizer que ninguém valoriza o meu trabalho, depois chega o outono, escrever posts bucólicos sobre lenha a arder e castanhas assadas, num instantinho está aí o Natal, é um manancial de posts, uns a dizer o que queremos receber, outros a dizer que é um exagero o que as crianças recebem, depois mais uns posts a dizer que só falta um dia e ainda não compraram nada, finalmente os posts sobre a reunião da família, o verdadeiro espírito do Natal é isto, bacalhau com batatas e as primas lá da terra, ou então posts a dizer que o Natal é quando se quiser, é uma festa sem sentido nenhum, as famílias a rebentar de raiva e a fazer de conta que está tudo na paz do Senhor, pelos intervalos é escrever posts a dizer onde se come o melhor sushi do mundo ou então post a dar cabo de alguém da blogosfera, primeiro malha-se forte e feio, depois uma série de posts sob o tema "Coitada da miúda, se calhar já chega".

É tão fácil ter um post por dia...