09 novembro 2018

Se a vida te der limões, faz uma feijoada de chocos

Com esta idade de quem já se preocupa com o colesterol mau, mas que ainda aguenta descer duas pistas pretas na mesma hora, fiz três novos amigos, o Senhor Maciel, o Senhor Ventura e o Senhor Alípio, companheiros de mesa da tasca do Zé, ali para os lados do Continente da Terceira, na rua que sobe, embora possa também descer, isto dependendo de estarmos a ir ou a vir, onde me diziam que se comiam os melhores pregos do mundo, e que, vendo-me chegar molhado da chuva e pressentindo-me forasteiro, logo se aconchegaram melhor na mesa e me deixaram livre o lugar que melhor permitia visualizar o Arsenal-Sporting, adaptando-me como um dos seus e permitindo-me mesmo tecer comentários sobre o cepo que é o Gudelj e a benção que era o Petrovic não jogar de início, considerandos que só verbalizei após cada um deles o ter feito, que isto um forasteiro quer-se respeitoso, e este respeito valeu-me a primeira rodada ser por conta deles, e ainda mandaram vir um prato de favas, disto o amigo nunca comeu em Lisboa, que devorei tranquilamente, favas é dos poucos alimentos que me perturbam ao nível da intolerância, imediatamente a seguir a pezinhos de coentrada e a tripas à moda do Porto, mas isto de ter amigos que nos orientam um lugar à mesa, que nos permitem discutir a tática deste novo Sporting e que ainda nos convidam para uma almoçarada de peixe galo no fim-de-semana, e nós a ter que passar o fim-de-semana a imaginar como estará o preços das utilities em dois mil e vinte e dois, não é coisa pouca.

Todas as bloggers felizes se parecem, as bloggers infelizes são infelizes à sua maneira

(era só, concebi este pensamento profundo, vagamente influenciado por um livro, digamos, bastante razoável, depois de fazer o exercício, que não fazia há um par de semestres, e que foi aproveitar o atraso do voo de Orly, lamentamos informar os senhores passageiros que por motivos de chegada tardia da aeronave, para me inteirar das palavras que uma trintena de bloggers escreveram nas últimas semanas, incluindo as que vestem as crianças com roupas que ninguém deseja para os seus, as dos conselhos para uma vida mais feliz, as que nos dizem que regressaram e nós nem tínhamos notado que se tinham ido, as das letras escorreitas e bem alinhadas, as eternas insatisfeitas, as que não se percebe nada daquilo que nos querem dizer)