29 setembro 2016

Vale a pena pensar nisto

Se não estás a pagar pelo produto, o produto és tu.

27 setembro 2016

Há um país...

... a menos de dez minutos de um nó da autoestrada que sai de Lisboa e chega ao Porto, ou vice-versa em sendo por volta da hora do jantar, onde há sítios que nos apresentam pão acabado de sair do forno, mas forno mesmo a sério, desses que queimam restos de madeira das obras, onde nos servem queijo sem plástico protector nem rótulo a dizer que aquilo foi convenientemente esterilizado, onde se pode escolher entre cozido com tudo aquilo a que se tem direito ou mais nada, onde a senhora que serve às mesas nos trata por menino e se ri só com dois dentes quando dizemos que o vinho da casa é um néctar melhor que muito vinho francês, e não é, onde nos servem couves com sabor a couves e batatas com sabor a batatas, onde o dono da casa nos oferece aguardente de medronho do ano passado que acompanha o café de uma marca que eu pensava que já não existia, onde as sobremesas têm nomes daquilo que realmente são, onde a conta se faz no papel da mesa e se arredonda para um valor certo.

É um país que se suporta uma vez por ano. Duas, vá...

23 setembro 2016

Muita calma

A coisa está quase a dar-se. Mais semana, menos semana. Está praticamente, está praticamente...

21 setembro 2016

Cimeira Secreta, ponto de situação actualizado

O Gabinete de Comunicação e Gestão de Crises Tremendas do Doutor Pipoco Mais Salgado vem por esta forma informar que decorrem ainda os trabalhos da Cimeira Secreta, não se antevendo neste momento qualquer desfecho favorável, ou mesmo desfavorável, relativamente ao intrincado conjunto de problemáticas subjacentes ao tema que despoletou a sua convocatória.

O Doutor Pipoco Mais Salgado, superiormente assessorado pela Doutora Palmier Encoberto e pelo Doutor Senhor Primeiro Ministro, a quem desde já agradece o espírito voluntarioso com que os referidos assessores têm providenciado os altos serviços de garantir o regular fornecimento de Old Bushmills e Cohiba Lanceros, releva o elevado sentido de responsabilidade da comunidade blogosférica, que, respeitando instruções superiores, tem permanecido sorumbática e de semblante preocupado, em linha com o atribulado momento que experienciamos.

Durante as próximas horas, ou mesmo dias, serão publicitados em blogs de referência mais informações e instruções. Alerta! Que ninguém desfaleça! Porfiemos!

Comunicado Conjunto

O Gabinete de Comunicação e Gestão de Crises Tremendas do Doutor Pipoco Mais Salgado vem por esta forma informar que, em virtude de se encontrar a participar na Cimeira Secreta, durante o dia de hoje o Doutor Pipoco não publicará nenhuma das suas didácticas e sempre magníficas prelecções.

Como é do conhecimento público, apenas circunstâncias extremas e acontecimentos de invulgar complexidade justificam que o grupo de sábios com assento na Cimeira Secreta reúna em concílio e produza doutrina apaziguadora e conclusiva sobre as temáticas que atormentam o cidadão comum.

É exactamente a superveniência de fenómenos de agitação de massas blogosféricas induzidas pelo autoproclamado Concurso Blogs do Ano que reclama a decisão douta e ponderada do Doutor Pipoco e restantes membros da Cimeira Secreta, que certamente restabelecerão uma nova ordem, agindo com pedagogia e virtude, com o único intuito de promover uma solução galvanizadora para tão atribulada e intrincada problemática.

O Gabinete de Comunicação e Gestão de Crises Tremendas do Doutor Pipoco Mais Salgado solicita a todos os bloggers de bem que se mantenham em suas casas e que, na medida do possível, se abstenham de publicar posts sobre temas que não sejam o Concurso Blogs do Ano, evitando-se desta forma uma divergência de temas essenciais, que seria nefasta, promovendo-se assim uma reflexão conjunta sobre tão crítico momento.

Em momento oportuno o Gabinete de Comunicação e Gestão de Crises Tremendas do Doutor Pipoco Mais Salgado dará novos desenvolvimentos sobre o andamento dos trabalhos da Cimeira Secreta.

20 setembro 2016

19 setembro 2016

Blog do Ano, o evento

Acabo de tomar conhecimento de que, neste preciso momento em que vos falo, está à votação o prémio de "Blog do Ano" (parece que o prémio é mesmo só isso, quem ganhar é "o Blog do Ano").

Estive a dar uma vista de olhos pelos nomeados em cada categoria. Acho que há ali material para me divertir com isto.

Ainda da maturidade

De que me servem os vinhos exactos, irrepreensíveis, que deixam no palato um final de frutos vermelhos e madeiras de Califórnia, de que me servem mulheres perfeitas, das que sabem de livros e de artes sábias, de que serve o carro perfeito, preto, veloz e colado à estrada nas curvas apertadas, de que me servem pistas com neve virgem, com declive acentuado e adrenalina alta, de que me serve a música tocada sem erros, de que me serve o futebol linear, eficaz, de que serve tudo isso se cada vez mais dou por mim viciado nas imperfeições, se o que realmente me capta atenção são as peculiaridades que torna humanas as grandes obras?

18 setembro 2016

Um post sério por mês

O, chamemos-lhe assim, livro do Arquitecto Saraiva vai ser apresentado um destes dias mas já está à venda a segunda edição na livraria do aeroporto e eu, que gosto de falar só depois de ter lido, caramba, já li o livro do Santana Lopes e o do tipo que escreveu coisas nefastas sobre os alentejanos só para saber do que falavam as pessoas, resisti a comprar e a contribuir para que esteja à venda a quinta edição quando o Passos Coelho, um tipo amigo dos seus amigos, apresentar a coisa.

E, mesmo não tendo lido, sempre vos digo que as pessoas que contam histórias pessoais que lhes foram confiadas a título particular estão no nível mais baixo da minha escala de classificar pessoas. Sou razoavelmente tolerante com pessoas cretinas, em dias bons suporto pessoas menos dotadas de intelecto, mas os língua comprida, os que traem a confiança de quem confiou neles, são os seres mais desprezíveis da paleta de tons de gente desprezível.

O Arquitecto Saraiva é desse estirpe de má gente que é capaz de tudo para que reparemos nele, para que o convidemos para festas bonitas, dos que se esforçam que notemos que ele não desapareceu do mapa, expondo-nos à sua pequenez intelectual, ao seu ego inexplicavelmente balofo e à sua dimensão de tipo tacanho, da categoria de gente manhosa, dos que escrevem sobre aquilo que tiveram o privilégio de assistir a título pessoal, dos que contam o que lhes foi confiado.

16 setembro 2016

Setenta e sete anos de blogs

Uma feijoada à transmontana ao jantar já não é coisa que me excite demasiado, entretanto sei onde está o melhor peixe grelhado da cidade. A ideia de dormir no chão de uma estação de comboio já não me parece coisa de valor, entretanto descobri o encanto dos hotéis onde não tenho que me aborrecer com o estacionamento do carro. Tendo em conta as novas exigências do meu sistema excretor, proibi-me ultrapassar o terceiro gin, entretanto habituei-me a saber quais os aromas que o vinho tinto deixa no palato sem precisar de ler os rótulos. Já não corro desalmadamente pelas laterais, fazendo ao mesmo tempo os lugares de defesa-esquerdo e extremo-direito, entretanto aprecio a tranquilidade de correr ao nascer do sol com um cão enorme ao lado. As noites que acabam de manhã em companhias que eu ainda há vinte e quatro horas desconhecia em absoluto já não me cativam, entretanto passei a achar um bom programa passar a noite de sexta-feira a ler e a ouvir música clássica.

O tempo tem sido generoso comigo.

15 setembro 2016

Jogámos como nunca, perdemos como sempre, episódio mil trezentos e vinte e quatro

Não olharás para os posts sobre o primeiro dia de aulas das crianças com um bocejo, afinal aquela criança e aquela mãe estão a viver a experiência pela primeira vez e é natural que estejam tensas, hão-de aborrecer a professora com minudências e a professora assentirá que sim, que tomará nota que a criança é muito nervosa e que tem as suas idiossincrasias, pensará "foda-se, mais um puto mal educado" mas sorrirá e dirá "mãe, não se preocupe, vai tudo correr bem", isto nos primeiros cinco minutos em que orgulhosamente exporeis aquilo que o vosso filho já é capaz de fazer sozinho, altura em que a professora, pensando "caralho, um puto com metade da idade faz o dobro disso" enquanto sorri e diz "mãe, não se importa que eu agora dê atenção a esta outra mãe?" e a mãe tomará nota mental de que não gosta desta professora, que é das que não quer saber das crianças, a cabra, e pensar que é ela quem lhe paga o ordenado..., pensarás que a vida é mesmo assim, os incêndios no Verão, as inundações com as primeiras chuvas grossas, os anúncios de dietas em Maio e a conversa sobre livros encadernados, choros de primeiro dia de escola e retratos deles com as fardas de colégios fraquinhos em meados de Setembro.

13 setembro 2016

As coisas são como são

Não há muita coisa que tivesse como consequência última o meu lugar ficar vazio amanhã no Santiago Bernabéu.

Mas há.

09 setembro 2016

Os problemas das mulheres (edição especial Sr. José Carlos)

Acreditarem em tudo o que lhes dizem, desde que a argumentação tenha uns termos técnicos aleatoriamente espalhados.

07 setembro 2016

Continuamos a ser Charlie, ou já podemos dizer que se morássemos em Amatrice já estávamos a caminho de Paris e da redacção lá daquilo?


Ceci n' est pas un post

(Cláudia Filipa, não a quero pressionar, mas tenho aqui um post nostálgico sobre a interessante temática dos registos dos blogs já não serem como eram e estas coisas ficam fora de prazo de um dia para o outro...)

05 setembro 2016

Nunca expliques um (post) blog

Ando aqui atormentado, isto de não conseguir decidir se o livro que acabei de ler é um bom livro ou é só um livro médio está a tirar-me anos de vida, a ideia de partida é uma boa ideia, as várias acções a decorrer em simultâneo até se juntarem as peças todas no fim é uma boa técnica mas até o Dan Brown sabe como é que se faz, a escrita é uma boa escrita, o início ("Ainda hoje, trinta anos depois, centenas de caixas de comprimidos depois, seis internamentos depois, sessões de psicanálise, mesas de pé-de-galo, sanatórios, termas, casas de repouso, choques eléctricos, dou por mim de olhos pregados no tecto, a pensar nesses dois pobres maquinistas frente a frente…") é um bom início mas Garcia Marquez tem um quase igual.

E desde "Os Cinco no Lago Negro" que não me apetece ler o mesmo livro duas vezes seguidas.

Quem quer ser Hemingway?

Durante muito tempo pensei que, escrevesse eu livros, havia de me apetecer ser como Hemingway. Bellinis no Harry's em Veneza, mojitos na Bodeguita del Medio em Havana, crónicas de guerra, tertúlias de escritores graúdos, mulheres, pesca em alto mar e, enfim, bons livros.

Até ler "Paris é uma festa".

04 setembro 2016

Estava aqui a pensar...

...fitando o horizonte, olhos semicerrados, os meus Fisherman's Friend ao alcance de uma mão, dois dedos de Nikka from the barrel ao alcance da outra (tenho duas), descansando os olhos do livro que estou a ler e que ainda não decidi se é um grande livro ou nem por isso, estava aqui a pensar, dizia eu, que ainda não me apareceu vilão da literatura que me assustasse mais que o Índio Joe, de Mark Twain.

02 setembro 2016

Feliz ano novo

Vão-se os dias em que corremos num sítio diferente e lá à frente está o Arco do Triunfo num dia e Utah Beach no outro, em que se acompanham com Leffe as moules marinière, dias em que o plano muda e ainda não são dez da manhã, dias de ler dois livros por semana, dias de ter tempo para escutar até ao fim e de tomar (ainda mais) atenção aos pormenores, dias de conversar noite dentro com um copo de vinho na mão.

Que venham os fatos e as gravatas e os sapatos pretos bem engraxados. Que se coloque de novo um relógio no pulso.

01 setembro 2016

Porque lês blogs, Pipoco?

Porque os blogs são como o Excel, aguentam todos os números que cá se queiram colocar.

(e nós a ver que nada bate certo...)

Talvez a maturidade seja isto

Pouco a pouco, chego ao ponto em que, para além de um Citroën DS descapotável e uma casa pequena na Ilha das Flores, não desejo ter mais coisas.

Basta-me a frugalidade, viajar para onde me apetece três vezes por ano, desde que uma das viagens seja para esquiar de manhã até à noite, bastam-me os livros que me apetecer ler e a música que me apetecer ouvir, basta-me um bom vinho, nem precisa de ser desses de quatrocentos euros por garrafa, com queijo de Azeitão e pão alentejano, bastam-me os museus e um relógio não muito caro, até posso ficar só com o Omega Seamaster, basta-me saber que posso jantar fora se me apetecer, nem é preciso que seja em Nova Iorque.