10 junho 2021
Adolfo Dias
Adolfo Dias, de seu nome de baptismo Adolfo de Meirelles, renomeado pela lei da rua para lhe fazer justiça e celebrar os feitos, já que, em movimento contrário ao de Zé Alexandre, bem se podia gabar de ter alguma coisa a ver com o debute nas artes do amor das vizinhas das redondezas, era aquele género de rapaz de quem cedo soubemos que vida lhe iria calhar desde o dia em que o vimos chegar ao Charles Lepierre para jogar à bola e o vimos descalçar uns formosos sapatos castanhos com atacadores e tirar do saco de desporto uns ténis, ou sapatilhas para quem é lá de cima, da marca Le Coq Sportif, em azul, e quando comentámos que era a marca da selecção de futebol de França, Adolfo Dias nos informou que era a marca que calçava Yannick Noah, velha lenda do ténis, que só não era o meu favorito porque nesse tempo jogava ainda Ivan Lendl, um homem que chega de sapatos de atacadores, calça uns Le Coq e sabe quem é Yannick Noah tem tudo para vingar na vida, e vingou, Adolfo Dias trabalhou de barman em barcos de cruzeiros nas Caraíbas, isto no tempo em que Tom Cruise nos fazia sonhar com malabarismos de copos e cocktails tão exóticos que nem sequer se viam no Bora-Bora nem no Tangaroa, duas casas ali para os lados do Técnico onde se levavam as namoradas na primeira saída, dizia eu que Adolfo Dias cedo começou a ganhar a vida em barcos de cruzeiro, enamorando-se perdidamente por senhoras mais velhas, digamos que bastante mais velhas, dizendo a quem não lhe perguntava que amealhava para estudar nos States, como ele dizia, mas esbanjando forte e acabando como motorista de Uber em Perth, na Austrália, de onde me dá sinais pelo menos uma vez por mês, mostrando-me a boa vida que leva mas dizendo que eu é que a sei toda, que ele sempre soube a vida que me havia de calhar.
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Ivan Lendl, caramba, como não? O maior. Dava gosto vê-lo jogar. Nunca mais me esqueci da cara dele.
ResponderEliminarPrimeiro vou revelar-lhe os meus saberes: Pipoco! Pipoco! Adolfo Dias, também é o nome de uma música de Quim Barreiros!... E, agora, toda esta situação destes dois posts merece que uma pessoa puxe por ela, ora veja:
ResponderEliminarPipoco De Mais E Salgado, de seu nome de baptismo Pipoco Mais Salgado, renomeado pela lei da rua para lhe fazer justiça e celebrar os feitos, já que, ao contrário de Zé Alexandre, visionou logo que as vizinhas das redondezas a debutar nas artes do amor estando a desoras em algum lado seria num bar de praia e não junto a caixotes de fruta antes das seis da manhã, que, ao contrário de Zé Alexandre, não pensou "botas são botas", e, investiu numas botas de montanha em condições, quando decidiu debutar a valer nisso de subir e descer montanhas, afinal, o prazer de deslizar montanha abaixo era incomparavelmente melhor após ultrapassadas todas as agruras da subida e, para enfrentar tais agruras, é melhor fazê-lo com as botas certas, que, para além desse descongelador (bem, ou não, quando acaba em zaragata) chamado Futebol, também sabia, por exemplo, coisas sobre Ténis indo mais além nesse conhecimento do que Adolfo Dias, o amigo que, tal como nos dizem tantos filmes americanos, se vestia de acordo com o que queria alcançar, Pipoco De Mais E Salgado, a quem Adolfo Dias diz aquela célebre frase " tu é que a sabes toda" e uma pessoa acredita sem dificuldade nenhuma.
(espero que se divirta tanto a ler isto como eu me diverti a escrever)
Divertiu mesmo. E fique sabendo que acabei de ouvir a música de Quim Barreiros, que desconhecia até este dia, o que é indesculpável num estudioso da obra do artista como eu sou...
Eliminar(agora fiquei toda contente, claro...)
EliminarE eu que já matei o meu blog há tanto tempo, o tal do 'amanhecer tardiamente', acabo sempre por cá voltar só naquela de ler quem a sabe toda e que, para além de a saber toda, continua a escrever só daquela maneira que nos faz voltar sempre. Setenta anos despois. Continue pois, caro Pipoco, que eu cá continuarei a gostar mesmo disto de ler. De o ler.
ResponderEliminarUm abraço.
Maria (a não anónima).
Ahahah! Adolfo era o cão do meu amigo cujo último apelido é Dias. E de cada vez que chamava o cão com o nome próprio e o nome de família, era inevitável uma gargalhada das boas. Nenhum apelido combina tão bem como Dias.
ResponderEliminarVim cá espreitar ao fim de tanto tempo e oferece-me esta pérola. Obrigada.