01 novembro 2020

‘Filosofia para Exploradores Polares’

Em menos tempo do que demora o concerto para piano de Grieg, descubro que Erling Kagge tem muito mais habilidade para ser o primeiro a chegar a pé ao Polo Norte, Polo Sul e Everest do que para a nobre arte da escrita.

5 comentários:

  1. Resta saber o que será mais importante, não para si, mas para esse homem dos sete ofícios...Se, mandar-se por essas montanhas geladas acima, a penantes, ou sentar o cu numa secretária e martelar as teclas em bonitas prosas, né, Tio Pipoco? 😎

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  2. Ora, ora, ora ora...
    Don Pipoco, outro que tal,
    torce o nariz à verdade
    não sai o que lhe cai mal... :P

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  3. Ehehehehehehe....Modéstia à parte, quando leio alguns dos comentários que faço, rio mais (de mim) do que me diverti ao escrevê-los.
    Não leve a mal, eu sou gente boa! :-)

    [mal educada, sem traquejo social, mas de bem]

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  4. Cláudia Filipa1.11.20

    Levou-me a um artigo do Observador que fiquei a ler. Interessou-me.
    Logo no inicio o artigo diz, que enquanto atravessava a Antártida, sozinho, descobriu o silêncio, e, passados vinte anos, decidiu tentar descrevê-lo com palavras.
    "Tentar".
    "A nobre arte da escrita", por isso existe uma grande diferença entre ser-se Escritor ou apenas escrever.
    Ainda assim, há experiências sobre as quais valerá a pena escrever, pelo menos tentar.
    Sabe o que também pensei? Com o que também fiz um paralelismo? Que talvez não seja pedido possível de atender, pelo menos não como essa vivência merecerá, "a explicação das montanhas". Será coisa para uma pessoa fazer, isso de explicar, apenas, se sentir vontade de tentar. Será uma vivência tão pessoal, tão íntima, que talvez as palavras apenas consigam reduzir a dimensão da experiência, talvez só vivendo, só sentindo.
    Sabe, tenho esta ideia de que a principal magia estará na capacidade de superação. No que permite em termos de desligar para melhor recarregar baterias, ver-se capaz de bastar-se superando limites, para, depois, voltar à vida normal com uma consciência maior quanto ao leque de possibilidades que encontrou em si, que tem em si.
    Também pensei coisas sobre mim, quanto à questão do silêncio. O facto de ser filha única levou-me a conhecê-lo bem cedo num lugar bem mais corriqueiro, o meu quarto, quando esse espaço era o meu resumo preferido do Mundo. E conhecê-lo foi amá-lo. Aprendi a amar o silêncio, e, hoje, é-me vital, principalmente depois de muito ruído, preciso dele para desintoxicar. E também teve uma enorme contribuição a ensinar-me coisas, o silêncio, coisas sobre mim e sobre todos os meus defeitos e sobre as minhas qualidades, e, muitíssimo importante, a aprender a estar comigo, e, mais, a gostar (aliás, não aguento estar chateada comigo, vou logo a correr fazer as pazes...). Afinal, contou-me o silêncio, bem cedo, esse grande segredo, ser, a nossa própria, a companhia totalmente e completamente constante, até falecermos.
    Sabe, também tenho a ideia de que o ruído é uma arma, uma arma que foi descoberta logo que a humanidade começou a tomar mais consciência de si e a organizar-se da forma como se organizou. O ruído é uma arma de destruição bem perigosa para o pensamento, para a profundidade do pensamento. O ruído distrai, dispersa, faz não ir ao fundo das questões, contribui para ficarmos pela superfície, desconcentrados e a querer despachar, e, quando ficamos apenas pela superfície, somos muito mais precipitados e muito mais facilmente manipulados. Creio que o excesso de ruído é um excelente truque para entontecer e criar carneiros, desde há muito, muito, agora "apenas" existem mais meios e cada vez mais sofisticados "de implementação de ruído", isso, aliado a essa dificuldade que tanta gente tem para conseguir estar um pouco consigo própria e em silêncio, é terreno tão fértil...

    Agora vou publicar o comentário e, quando escrevo muito, sempre com a aquela antiga preocupação, que aquilo que para mim foi um prazer, possa ter sido, para si, uma chatice de ler, e, ao mesmo tempo, a desejar muito que tenha sido, pelo menos, um prazer pequenino, vá, é que só assim faz sentido. Apetece-me também, sempre, agradecer-lhe, e, já que aqui estamos, desejo também uma muito boa noite.

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