Muitos meses depois da última vez, entrou Pipoco numa sala de cinema e constatou que "O ano da morte de Ricardo Reis" se aguenta bem, isto se descontarmos que Lídia nunca seria igual a Catarina Wallenstein e Lima Barreto é um Fernando Pessoa que não lembra a ninguém, tirando isso está como o Harry Potter dos livros está para o dos filmes, é igualzinho, parece que finalmente temos quem pegue em Saramago e faça uma coisa em condições, digo eu e dirão as mais três pessoas na sala em dia de estreia.
Hoje vou sair daqui com um determinado peso (e já bem grande) na consciência ainda maior.
ResponderEliminarHá um ponto que anda a fazer-me sentir uma péssima cidadã, tudo por estar a concentrar-me muito mais num incómodo do que no podia retirar (e dar enquanto pessoa que vai ver) de bom. O mal, por agora, necessário, que é o uso de máscara, custa-me, pesa-me, retira-me gosto por, e, por isso, tenho evitado salas de espectáculos e não me orgulho nada, mas mesmo nada disto, muito pelo contrário.
Precisamente, quando apareceu em cartaz "O ano da morte de Ricardo Reis", ainda mais culpa senti por não estar a ultrapassar esta minha grande parvoíce. É que, para além da contribuição para o nosso cinema, tenho mesmo verdadeira curiosidade para saber como se desenrascaram com aquele que é, até agora, o meu segundo livro preferido de Saramago (e acho o livro, aquela ideia de Saramago, verdadeiramente genial) sendo que o primeiro é o Ensaio sobre a cegueira.
De facto, também nunca imaginaria Catarina Wallenstein enquanto Lídia. Catarina Wallenstein é daquelas pessoas com aquele ar de habitar um qualquer Olimpo, uma outra dimensão, e que, de vez em quando, dá-nos a graça da sua presença, de facto, uma pessoa não consegue imaginá-la de pano de pó em punho.
(talvez consiga, finalmente, ultrapassar e ir, até porque, agora, Listen, está a puxar-me com uma tremenda força. Para além de valer mesmo a pena ser visto, conheço uma pessoa que tomou conhecimento e acompanhou de perto um dos casos nos quais o filme se baseia.)