A primeira coisa, a mais importante, é definir um público-alvo. Seleccionado que está, por este que vos escreve, o segmento das mulheres brilhantes, que lêem livros grossos e percebem tudo o que lá vem, que são executivas e mandam em situações variadas, que sabem de música exacta e de lugares do mundo, que não precisam que ninguém que lhes diga para onde têm que ir, resta-vos focar em segmentos menos Premium, sem esmorecer, há que assumir que no princípio há que ganhar rodagem em campeonatos menores, há que cativar as que se comovem com o nível médio, há que porfiar, cientes que um dia, lá muito à frente, o Tio Pipoco decidirá, por entre um Cohiba e um cognac dos bons, qual de vós será digno da herança.
(lição subliminar: aprender a mecânica de criação de pontos altos de audiência)
10 abril 2016
A vós, que perdeis o fulgor nisto da arte de ter um blog de homem
Rapazes, apesar dos perigos, das tormentas do caminho, da dureza da empreitada, é da vossa vontade ter um blog de homem em condições? Assim sendo, é meu dever acolher com bondade e espírito cristão todos os que se atrevem em tão nobre missão, iluminando-vos o caminho e livrando-vos dos erros próprios de quem está a dar os primeiros passos nisto dos blogs, que eu não caminho para novo e há muito anseio um sucessor digno para, enfim, me retirar, ciente de estar entregue em boas mãos o estandarte de melhor blog de homem deste país.
Chegai-vos então à beira do velho Tio Pipoco, mas não tão perto assim, que é lá isso?, e guardai silêncio que isto são saberes de valor que a todos vós, ladinos e cheios de sangue na guelra, com as vicissitudes próprias da juventude, serão úteis, assim os saibam aplicar.
Posso iniciar? Estais atentos?
Chegai-vos então à beira do velho Tio Pipoco, mas não tão perto assim, que é lá isso?, e guardai silêncio que isto são saberes de valor que a todos vós, ladinos e cheios de sangue na guelra, com as vicissitudes próprias da juventude, serão úteis, assim os saibam aplicar.
Posso iniciar? Estais atentos?
09 abril 2016
Em verdade te digo, Ruben Patrick
Só nos permitimos o silêncio genuíno quando estamos na presença daqueles que amamos.
08 abril 2016
Dos filmes e outras situações
Sentiste um friozinho no estômago quando o casalinho do"Diário da nossa paixão" se deitou na estrada a olhar para o semáforo? Suspiraste quando o Maverick, do "Top Gun" andou de mota, de cabelos ao vento? Sofreste quando o Di Caprio, acorrentado, quase se afogava dentro do Titanic? Achaste brilhante a cena dos cartões no "Love actually"? Deliraste com as habilidades que o Tom Cruise fazia com as garrafas em "Cocktail"?
E não tens vergonha?...
E não tens vergonha?...
07 abril 2016
Pipoco pergunta
E tu, a quem aplicarias um par de bofetadas?
(inspirado naquilo do filho daquele indivíduo que foi Presidente da República do meu país, evidentemente...)
(inspirado naquilo do filho daquele indivíduo que foi Presidente da República do meu país, evidentemente...)
Talvez a minha vida esteja a ficar demasiado binária...
...mas as reuniões, ou começam a horas ou com atraso e dois minutos depois da hora não é começar a horas, ou gosto das pessoas ou não gosto, e tolerar não é gostar, ou tenho atenção plena ou não tenho, e jantar com alguém que mantém o telefone em cima da mesa não é atenção plena, ou vou de férias à Escócia ou não vou, e Londres não é a Escócia.
Ou, se calhar, estou apenas a ficar velho.
Ou, se calhar, estou apenas a ficar velho.
06 abril 2016
E tu Pipoco, o que levarias na tua mochila se fosses refugiado?
Os documentos. O cartão bancário. Um saco-cama. Papel para escrever. Esferográfica. Telemóvel. Uma muda de roupa.
(sem livros nem fotografias nem objectos pessoais)
(sem livros nem fotografias nem objectos pessoais)
Isto é a gente a conversar, claro...
A acreditar em sinalizações várias, umas mais subliminares que outras, este blog é profusamente lido por mulheres, o que não é lá muito habitual, afinal este é um blog de homem e as mulheres tendem a depreciar blogs de homens, não encontram aqui o afago incondicional das amigas nem conversa sobre temas menores nem o tédio da má poesia nem partilhas de filiais habilidades. Mas percebo, afinal este é um bom blog, escorreito, magnificamente escrito, com palavras bem escolhidas para dizer as coisas, interessante, inteligente. Mas não passa de um blog de homem, ainda assim.
(houvesse um blog de mulher escrito como este e também eu seria leitor)
(houvesse um blog de mulher escrito como este e também eu seria leitor)
05 abril 2016
Post em tempo real
O Gustavo Santos está a assinar livros, ou lá o que é aquilo, na Fnac do Colombo. Que vos avisa...
(um tipo que marca sessões de autógrafos para a hora do jogo do Bayern...)
Pudesse eu escolher
Pudesse eu escolher, que não posso, e não haveria maneira de me impressionares, escolherias outfits iguais aos das raparigas dos blogs, também comprados em lojas mal afamadas, terias estudado psicologia ou relações internacionais numa universidade privada, escreverias "fize-se" e "lol", não ambicionarias mais do que ter todos os carimbos necessários para um pyrex grátis na promoção do Continente e um jantar de sushi por mês, sonharias com uma férias na República Dominicana, regime de "tudo incluído", terias uma tatuagem em forma de borboleta e perfil de facebook onde colocarias cada segundo da tua vida, incluindo retratos com momentos imaginários nas praias da República Dominicana, lerias Nicholas Sparks e Chagas Freitas, comprarias livros de dietas em Maio e livros de receitas de bacalhau em Dezembro, usarias pijamas com ursinhos e pintarias uma unha de cor diferente das outras.
É uma maçada, isso de me impressionares.
É uma maçada, isso de me impressionares.
04 abril 2016
E tu, de que sons tens saudades?
Jogos a entrarem no ZX Spectrum, mudança de linha na máquina de escrever, final de emissão na RTP1, mota dos gelados na praia da Figueira, a abertura de pista na Seagull e no Green Hill, motor da Citroen Dyane, enrolar da fita das cassetes no walkman, o chamar do telefone fixo de casa dos meus pais.
03 abril 2016
Permacultura
O rocambolesco em Batman vs Super-Homem é a realização optar por uma colagem ao neo-realismo dos musicais de Lloyd-Weber, que assenta bem em personagens como Old Deuteronomy, em Cats, mas não resulta quando em planos mais fechados, à maneira de Godfather, quando Marlon Brando fita o horizonte para não olhar de frente Bonasera, numa ode às amizades forçadas. Em Batman vs Superhomem é todo um futuro do cinema que se desmorona, de tal forma o realiador insiste em remeter-nos para uma atmosfera Felliniana, com contínuas piscadelas de olho ao universo paralelo dos livros de Verne, um homem de antes do seu tempo, um mestre na arte de prever futuros longínquos, um visionário como Da Vinci, que Dan Brown tão bem retratou, no seu estilo particular de detalhar os conteúdos, sempre de um ponto de vista impressionista, manipulando-nos a percepção da escola flamenga e substituindo-a por uma linguagem medieval, quase romanesca, conduzindo-nos para o paradigma da escola Tolstoiniana
(baseado nas crítica de cinema e num comentário da sempre estimulante Mirone no post ali em baixo)
(baseado nas crítica de cinema e num comentário da sempre estimulante Mirone no post ali em baixo)
Em verdade te digo, Ruben Patrick
Querendo electrizá-la, Ruben Patrick, terás que provar que és dono de uma inteligência feroz, não se trata de coisa livresca, elas agora socorrem-se do Google e também já sabem coisas variadas, falo-te de raciocínio rápido, de seres capaz de dizer a coisa certa na altura certa, de relacionares uma cantata de Bach com a pequena aldeia no sopé dos Himalaias onde compraste um livro de Kafka, e fazer sentido, a seguir, Ruben Patrick, convirá saberes tomar conta de ti, não há mulher que suporte tomar conta de um homem para além de um par de horas, depois, Ruben Patrick, tudo o que se diz sobre o sentido de humor é rigorosamente verdade, um valor seguro, não há mulher que resista a um homem que a faz rir, de preferência no dia seguinte, finalmente, Ruben Patrick, aprende a escrever em condições, domina a técnica de usar as palavras essenciais, e apenas essas, escreve de forma escorreita e sem erros, aprende a contar uma história em condições.
Porque, em verdade te digo, Ruben Patrick, há muito que elas não escolhem homens musculados e bronzeados, bem parecidos e fatais.
02 abril 2016
Chove
Durante muito tempo, escolhi sítios bonitos sempre que me apetecia ler um livro. A poltrona junto à janela da sala, o banco por baixo do sobreiro grande, a rede do telheiro.
Com os anos aprendi que um bom livro deve ser lido em desconforto, sem distracções. O sótão, à noite, só com um candeeiro de pé é o sítio certo.
Com os anos aprendi que um bom livro deve ser lido em desconforto, sem distracções. O sótão, à noite, só com um candeeiro de pé é o sítio certo.
01 abril 2016
Post em tempo (mesmo) real
Estou aqui a agendar posts, um velho hábito para fazer de conta que escrevo todos os dias. De cada vez que termino um post, vou ver o resultado do Benfica, de cada vez que vou ver o resultado do Benfica, o Benfica marcou mais um golo.
Vou parar com isto.
(se chegarmos a terça feira e não houver posts novos já sabem a razão...)
Vou parar com isto.
(se chegarmos a terça feira e não houver posts novos já sabem a razão...)
Post em tempo (quase) real
Por razões cá da minha logística dos sentimentos, deu-se o caso de almoçar hoje com um personagem, desses que, quando se referem a pessoas vagamente conhecidas, dessas que aparecem nas revistas, acrescenta sempre, depois de dizer o nome da tal pessoa vagamente conhecida e fazendo uma pausa para aumentar o efeito, "que faz o favor de ser minha amiga" e eu, que sou eu, não demorei muito para perceber que aquilo era mesmo capaz de ser verdade, aquilo de ser amigo do tal personagem é capaz de ser mesmo um favor.
O vinho era de valor.
O vinho era de valor.
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