11 novembro 2012

09 novembro 2012

Os problemas das mulheres (ou como Pipoco cumpre as suas promessas)

Acreditar que "sim querida" significa concordância com o que acabaram de nos transmitir.

O post seguinte será sobre os temas do costume, não percais a fé

O problema é que a Isabel Jonet disse o que nós sabemos mas não queremos ouvir, é como falar mal da nossa equipa, nós podemos dizer que aquilo não tem ponta por onde pegar, mas tem que ser numa mesa onde só estejam dos nossos, cachecóis verdes ao pescoço e Super Bock fresca a acompanhar a mágoa, que não venham os vermelhos e os azuis dizer que é uma pena não darmos luta, que logo nos engasgamos com a bifana e lhes atiramos à cara o nosso ecletismo e que somos diferentes, é como falar mal do nosso país, nós podemos dizer que isto está como há-de ir, mas que venha o primeiro francês ou alemão a dizer que isto se calhar não tem emenda e logo caímos em cima do sacana, que não conhece a luz de Lisboa nem as sardinhas assadas nem as nossas praias e por isso não sabe do que fala.

Haverá sempre quem ache que o outro se queixa sem razão, o que se queixa por já não poder comprar o iate dos grandes, isto agora está mau e tem que se contentar com um de vinte metros (e, notem, antes podia, é claramente uma descida no nível de qualidade de vida) verá o de baixo insurgir-se, que isso não é nada, que não há direito que alguém se queixe porque não pode comprar um iate dos grandes, olhem para mim, eu sim, posso queixar-me, que ainda no ano passado podia ir para Mégeve e agora não me resta senão marcar para Andorra (e, notem, tem toda a razão, Mégeve é coisa em bom e Andorra, sendo melhor que Sierra Nevada, é fraquito) e vem o de baixo e diz, olha-me esta fascista, a queixar-se por ter que ir para Andorra, que insulto, eu sim, posso queixar-me porque agora só consigo ir jantar ao Olivier aos fins de semana, e tem muita razão, está a empobrecer, e depois vem os outros a perguntar-se como é possível queixar-se, afinal quem se pode queixar a sério são os que têm que decidir se compram carne ou pagam as propinas dos filhos e depois haverá os infelizes que já não sabem o que é comer carne há muitas semanas e os filhos estão desempregados e os medicamentos não aparecem e as crianças comem o que houver na escola e o Rendimento de Inserção quase não dá para nada, mas, mesmo para esses, ainda hoje a Fernanda Câncio o dizia no Diário de Notícias, ainda há Bancos Alimentares e almoço na escola e Rendimento de Inserção e o que há a fazer é acudir aos que já não podem mais, os que não trabalham porque trabalharam uma vida inteira, os que tiveram o azar de ficar doentes, os que já não podem, é nesses que eu, que sou dos que ainda posso, fixo o meu pensamento quando me doem os descontos sobre o meu trabalho, sem queixas, é nesses que estão as minhas forças, para que sirva de alguma coisa eu comer menos bifes, é para esses que eu continuarei a ajudar o Banco Alimentar, e este ano, se me calhar ajudar a recolher alimentos, hei-de levar um pau dos grossos, uma coisa de madeira de castanheiro, para dar umas pauladas se alguém me vier dizer que este ano não contribui por causa da Isabel Jonet ter dito que não sei quê, estou certo que estarão comigo aqueles a quem não será distribuído o arroz nem o leite porque alguns acham que os que menos têm merecem ficar sem arroz e leite por causa de uma entrevista.

Nós não vamos empobrecer, já estamos mais pobres e eu, que sou eu, aprendi que quanto mais cedo percebermos que as coisas são como são, mais cedo arregaçamos as mangas e cuidamos de fazer com que as coisas passem a ser como têm que ser.

Há um tipo de pessoas que não assinarão a petição para a demissão de Isabel Jonet

Os que tiveram a infelicidade de ser ajudados pela ideia que Isabel Jonet ajudou a desenvolver.

08 novembro 2012

Ele há altura que se me afigura...

...que venho ver os jogos só para poder dizer que tenho na minha vida um tema que me aborrece.

(uma coisa parecida com comprar sapatos dois números abaixo do meu, só para me poder queixar todo o santo dia que os sapatos me apertam)

(ou então é pelo regresso a casa com os vidros do carro abertos para apanhar o frio da noite, o Requiem de Mozart a sair pelas colunas e combinar jantar um pica-pau no Pinóquio)

Onde estarás hoje às oito da noite, Pipoco?

Eleições que realmente interessam

Entretanto, lá na China, Wen Jiabao, um primeiro ministro muito mais popular que o presidente, deve ser substituído por Xi Jinping, o tipo que é casado com Peng Lyuan, a famosa cantora.

Mas, comparado com o abraço do Obaba à Michelle, que interessa isso?

07 novembro 2012

O melhor ainda está para vir, promete Obama

E eu sei que sim, que o Sporting ainda vai ser campeão este ano, que as revoluções não terão nenhuma relação com a indústria de armamento americana, que os posts que terminam com um pedido descarado de comentários vão ser abolidos, que Guantanamo será transformado num parque da Disney, que Zermatt terá neve com fartura entre 16 e 24 de Dezembro, que o shale gas fará com que os americanos deixem de ser incomodar com o que se passa no Médio Oriente, que os taxistas do aeroporto descobrirão um caminho para o centro de Lisboa que não passe por Faro, que o Irão afinal também não tem armas nucleares, que os restaurantes de sushi terão o mesmo destino que as lojas de cupcakes, que os americanos que visitam a Europa aproveitarão para comer fora do Mc Donalds e dormir fora do Hilton.

E vocês, o que acham do melhor que está ainda para vir?

Ganhou Obama

O mundo vai ser tão melhor, não vai?

06 novembro 2012

De que me serve isto do ioga...

...se acabo à pressa as coisas importantes cá da minha vida, os gráficos que ficam a meio porque a aula está a começar, a segunda circular feita em ziguezagues com New Order em volume demasiado alto, caramba, a esta hora já estão nos aquecimentos com aquilo do kaoshikii, os níveis de tensão no pico máximo, uma última chamada de telemóvel e estou a estacionar, no caminho dispo o casaco e subo as escadas com a gravata na mão, já estão nos ásanas e eu ainda a despir a camisa no vestiário, o cheiro a incenso dá-me vontade de responder a uma última mensagem de correio electrónico, esqueci-me do tapete, a professora olha-me com um ar angustiado quando lhe peço um tapete de reserva, espanto-me sempre quando toda a gente menos eu consegue encostar os joelhos às orelhas, agora vocalizam aquilo do Ooooommmmm, vocalizo também, soa estranho uma voz grave no meio de catorze vozes de mulher, faço o meu melhor, faço sempre o meu melhor, agora entramos nas automassagens e relaxamento, e eu a pensar que tenho duas reuniões amanhã à mesma hora, uma em Madrid e outra no Porto, vou ter que cancelar uma delas, entretanto entra a meditação dinâmica ao som daquela musiquinha  do Buddha Bar, versão modificada e com menos batida, lembro-me que não me enviaram o cartão de embarque, será que não conseguiram reservar-me o lugar 6A?, entretanto já se apagaram as luzes, agora meditamos, tento não rir quando ela nos recomenda, em voz arrastada, que relaxemos as sobrancelhas, mais mantras, quase adormeço, toda a gente tem uma manta por cima por causa do arrefecimento, eu não tenho manta, ninguém tem uma manta a mais, acho que me castigam por ter chegado tarde, despeço-me até à próxima, cá fora está frio e eu de calções e ténis de corrida e t-shirt e um casaco de fato às riscas, as calças e uma gravata e uma camisa branca pendurada nos braços, onde terei estacionado o carro?, caramba, terei deixado o telemóvel no vestiário?, mas afinal de que me serve isto do ioga?

05 novembro 2012

Porque leio bogs?

Porque, em lendo, fico a saber que há quem ande de barco a motor engravatado, que todos achamos que o Sporting faz cá muita falta, que para entrar num concurso onde talvez se ganhe uma embalagem de vitaminas é necessário ser seguidor do blogue, fazer "like" na página do blogue no Facebook, fazer "like" na página da empresa das vitaminas no Facebook, partilhar o post do passatempo no seu perfil do Facebook com configuração de privacidade pública, preencher um formulário onde temos que introduzir o nome, o nome de seguidor, o e-mail, uma frase e o link de partilha no facebook, que o sacana do cão, com tanta mantinha e brinquedinho e festinhas vai abichanar mais tarde ou mais cedo, que as crianças são capazes de dizer coisas espirituosas sobre a crise do alto das suas botinhas Hunter e vestidinhos Gap, sentadinhos no banco de trás dos Audi A6 das suas orgulhosas mãezinhas.

Ser snob-chic é...

...saber que é a Orquestra Nacional da República Checa quem faz o acompanhamento musical do novo anúncio da Calzedonia.

04 novembro 2012

Caro novo treinador do Sporting

Aquilo dos auto-golos nossos e dos golos em fora de jogo deles, das nossas bolas nos postes e da lei de Murphy? Eu avisei...

Barbosa de Benevides

O Barbosa de Benevides nunca foi um dos nossos. Não sabia que o Figo já não jogava no Sporting e ele já estava no Real Madrid, era o único que não discutia se a caixa torácica da Mary, a sueca do Erasmus, tinha algum tipo de aditivação e era o único que se apresentava com Beckett debaixo do braço nos intervalos de Análise Matemática (e pensar que me julgavam um intelectual porque lia o Jornal de Letras e o Blitz...).

O Barbosa de Benevides era, de longe, o que de nós melhor se apresentava à porta dos sítios da moda desses tempos, fossem o Frágil, o Kremlin, a Seagull ou o Green Hill e era o confidente das nossas namoradas, que lhe confiavam as dúvidas e as mágoas (e, sendo nossas namoradas, se elas tinham mágoas e dúvidas...), explicava-nos o mundo para além de Gordon's, Bombay Sapphire e Beefeater (e a minha relação com um gin tónico nunca mais foi a mesma) e, quando lhe falávamos de Londres e Paris, aconselhava-nos o que de melhor havia para ver, sempre tranquilo e sem ostentar o que todos nós sabíamos, que o Barbosa de Benevides, não sendo um dos nossos, era melhor que nós.

Ao longo destes anos, fui encontrando o Barbosa de Benevides nos eventos costumeiros, os congressos, os casamentos ou a morte de algum dos nossos, sempre com a palavra certa, impecável nos seus fatos de bom corte, dando-nos conta dos seus últimos interesses, sempre com uma palavra humorada a mudar de tema quando lhe confessávamos a nossa pouca sabedoria quando confrontada com o que nos contava.

O Barbosa de Benevides quis que eu fosse o primeiro dos nossos a saber que os seus destinos se tinham juntado com o Athayde de Vasconcellos e eu, que sempre o soube sem saber, fiquei com uma felicidade maior, um tipo de felicidade que nunca tive quando um dos nossos me vinha comunicar que tinha encontrado a mulher do resto das suas vidas.

03 novembro 2012

São estas coisas que fazem um país grande

Em Espanha não é raro comprar-se uma garrafa de vinho jeitoso por menos de cinco euros.

Política Pipoquana de Comentários (isto não é um post, é uma organização de pensamento para minha consulta)

Quase nunca comento outros blogs. Leio, gosto ou não gosto e é tudo. Se autor do post escreveu o que escreveu é porque acha que as coisas se passaram exactamente assim. A mim é-me reservado o direito de gostar ou não do que li. Depois decido se concordo e se me apetece voltar a ler aquele blog. Não preciso de dizer se gostei, basta-me voltar se tiver gostado. Comentar é acrescentar valor ao que o blogger escrever. Quase nunca acrescento valor, se o blog é de moda não tenho nada a acrescentar, visto-me sempre da mesma forma e tenho uma ideia precisa do que fica bem ou não numa mulher. Se o fashion blog acha que botas de borracha de duzentos euros com leggings e camisas com apliques metálicos é uma trend line, está certo. Nada a acrescentar. Se a blogger nos conta como passou o dia, que a criança chorou na escola e que o chefe a desconsiderou, não tenho nada a acrescentar. Além disso, o tempo é o meu bem mais escasso, os meus comentários são sempre feitos em quartos de hotel em fim de noite ou em tempos mortos do meu dia, quando estou no trânsito ou entre reuniões, sem nada mais divertido e estimulante para fazer.

Se gosto que comentem o que escrevo? Sim, gosto, continuo a espantar-me que algumas pessoas sejam suficientemente generosas ao ponto de partilharem comigo o que pensam sobre o que escrevi. Já me perguntaram porque aceito comentários anónimos e eu fico a pensar que será porque há quem precise de desabafar. Aceitar comentários anónimos é a minha forma de ajudar as pessoas, fico sempre a pensar que depois de desabafarem as pessoas sentem-se melhor e isso quer dizer que espalhei o bem. Não aceito todos os comentários. Rejeito liminarmente os que tratam mal outros comentadores os bloggers. Não quer dizer que eu trate bem todos os comentadores ou bloggers, mas eu sou eu e os comentadores são os comentadores. Este blog não é uma democracia. Antes de comentar ou de escrever um post, devíamos fazer um rascunho e pensar se a nossa mãe ou os nossos filhos gostariam de ler o que escrevemos. Em caso de dúvida, não deveríamos publicar. Já publiquei posts que não gostaria que a minha mãe ou os meus filhos lessem, mas, mais uma vez, eu sou eu. Não me lembro de nenhum comentário que tenha publicado que a minha mãe ou os meus filhos não pudessem ler.

Aprendi que não vale a pena debater ideias, não nos blogs. A experiência ensinou-me que as pessoas não estão preparadas para que não concordem com elas e eu tendo a não concordar demasiadas vezes. Gostava de ter mais pessoas que aguentassem uma boa discussão nas caixas de comentários, mas talvez seja porque eu acabo por não responder, afinal os posts escrevem-se e raramente surgem bons comentários na janela temporal em que estou disponível para responder.

Gosto de pessoas, sempre gostei. Às vezes não tenho razão e há alturas em que mudo de ideias porque alguém me mostrou uma perspectiva melhor que a minha. É raro, não gosto de mudar, muito menos as minhas ideias e sei que há alturas em que não tenho razão e continuo a discussão só pelo gozo de defender um ponto de vista diferente, ainda que já não seja meu.

Divirto-me a escrever estes posts compridos, sei que quase ninguém chega ao fim, as pessoas não são diferentes de mim e não têm tempo para ler posts grandes, ainda para mais quando são escritos à meia noite e meia de um sábado, quando todos se estão a divertir e eu não consigo decidir-me entre Bach e Mozart para me acompanhar na leitura que vem a seguir.

02 novembro 2012

Ainda Skyfall

O que diferencia este Bond, o que deixa o género feminino em hiperventilação é que este Bond tem sentimentos, duvida das suas capacidades, enfim, é falível. E parece que isso é arrebatador, um homem  assumir das suas fragilidades e o convívio fácil com a sua falibilidade é coisa boa, torna-o um de nós, humano e sensível.

Ora dá-se o caso dea  mim me parecer que este convívio fácil com a normalidade, a consciência que afinal falhamos, todos falham, é uma belíssima desculpa para não nos superarmos, é o assumir que não podemos ser mais que os outros, que é normal não fazermos o que fazíamos, se antes falhávamos por falta de experiência, agora falhamos porque afinal não caminhamos para novos.

Um Bond tem que ser mais que os outros, tem que sobreviver à explosão de dez petroleiros, megulhar no fundo do mar e, regressado à tona, deve preocupar-se apenas em ajeitar o nó da gravata, não tem que pensar que desta vez quase lá ficava, que pode acontecer a qualquer um. A um Bond assim, sensível e pouco crente nas suas capacidades, acaba por lhe tremer a mão na hora de carregar no gatilho e a um homem a quem tremem as mãos na hora de decidir não deve merecer os nossos favores.

Que mundo é este onde os Bond tremem e se interrogam sobre se estão ou não a fazer a coisa certa, que mensagem podemos deixar às gerações seguintes quando Bond precisa de partilhar as suas origens e a fragilidade da sua condição de órfão (caramba, quando Bond se assemelha a Harry Potter alguma coisa não está certa) para justificar os seus medos?

01 novembro 2012

Skyfall

Não é um filme de Bond, é um filme de M..