São quatro da manhã, bela hora para sair e ver o nascer do sol no Pic du Midi, pelo menos ontem, depois de uma sessão de cervejas artesanais com oito graus e meio de teor alcoólico, malditos monges beneditinos ou lá de que confraria eles são, parecia uma excelente ideia, o melhor é levar os bastões de caminhada e água, comida e um impermeável, é cortar no peso, o tempo está bom, só o essencial, subimos, subimos sempre, caramba, como o tempo mudou, o impermeável afinal faz falta, logo hoje que trouxe t-shirt de algodão, o melhor é parar e comer uma barra energética, comida? ninguém trouxe?, siga, é subir, um pé a seguir ao outro, comandar a respiração e controlar o batimento, de quem foi a ideia de ver nascer o sol? não há sol mas há chuva com fartura, era para ter cortado à esquerda lá atrás e lá atrás são vinte minutos perdidos, sobe, sobe sempre, cá estamos, era aqui mas não há sol, é descer, reaperta as botas para a descida, os músculos são outros, dói? faltam só duas horas, é já ali, a rocha escorrega, foca-te, não digas palavrões, diz bonjour aos senhores que estranham ver-te descer tão cedo, não vaciles, pode ser que o homem que vende queijo de brébis no vale já esteja no seu posto, afinal não está, logo hoje que precisávamos dele, chegaste ao fim, tomas um banho quente, um café a ferver, daqui a anda estás noutra sessão de cervejas artesanais, o que vamos fazer amanhã?
Pobrezinho do nosso Tio...o que ele está a sofrer, perdido nos confins do mundo. lá onde o diabo perdeu as botas, e tudo por amor às alturas.
ResponderEliminarFosse eu que mandasse (em si) Tio Pipoco, proibia-lhe essas veleidades. Seria, aqui, no nosso belo Algarve de água tépida e areia morna, que faria as suas férias neste querido mês de Agosto... 🙄 😇
Olhe...fiquei tão compungida e preocupada consigo, que ao chegar a esta parte: " foca-te, não digas palavrões...", já não li mais nada. Desatei a desancar-lhe com o meu pesar e nem me apercebi que o percalço acabou em bem...com as bejecas artesanais e a cogitar sobre a próxima aventura.
EliminarOra, não ligue às minhas pieguices, afinal, o que seria a vida sem o sabor dos riscos e dos imprevistos?! Nada!
Amanhã cá estarei para saber mais.