29 maio 2021

Havia de recordar aquela tarde remota

Estou prestes a abalar para o Sul, faço-o como as abetardas ou os flamingos, ou lá como se chama a passarada migradora que volta todos os anos, excepto nos anos de pandemia ou nos anos de viagens grandes que calham na mesma altura em que me sabe bem o Sul, um par de anos são muitos anos, bem sei que hei-de estranhar o que mudou, talvez o bar onde se via a bola esteja fechado, talvez Don Ramiro não esteja lá para me perguntar se prefiro lingueirão ou ventresca, talvez o mar não esteja tão batido pela ventania de sotavento, talvez os livros sejam mal escolhidos porque me faltará a feira de Junho, mas, em verdade vos digo, estão próximos os dias em que a melhor parte é ter demasiado tempo.

3 comentários:

  1. Vá em Paz, Caríssimo Pipoco. Desfrute, agora, de tudo o que ficou privado durante esse longo par de anos. Se puder, quiser e se lembrar, mande uns retratinhos...Bom descanso.

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  2. Cláudia Filipa29.5.21

    Pipoco, se fosse um objecto, seria um relógio suíço (não é disparatado de todo, pois não?)
    Punha este seu post no grupo dos "Nunca escrevi tão bem" (cada pessoa com as suas sensibilidades).
    (e, não parecesse mesmo que a recordação é de outro género, aguardaria pelo texto correspondente a: "Em que meu pai me levou a conhecer o gelo")

    Seja em que parte do país ou do mundo for e em quaisquer circunstâncias, tudo do bom e do melhor para si.

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  3. Anónimo29.6.21

    Desde que não sejam livros do JRS, algumas linhas se aproveitarão.

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