03 janeiro 2021

Mas está cada vez mais difícil

 Das minhas promessas para o ano que acabou, não cumpri começar a fumar cachimbo, um Bent Bulldog que me impregne a casa de aromas que combatam o todo-poderoso incenso das horas de meditação, não cumpri pisar chão sagrado no Botswana nem nadar nas águas da cidade do Cabo, não corri meias maratonas nem esquiei na Suiça, não me tornei melhor pessoa nem me esforcei por comer mais legumes e beber dois litros de água por dia, não medi os níveis de colesterol nem os níveis do não sei quê da próstata, não consumi séries em prestações mais moderadas, só três episódios de cada vez, no máximo, nem li Ulysses de uma vez por todas.

Mantive a promessa de me manter imortal, isso sim.

3 comentários:

  1. A minha Ilíada é o se Ulysses. Também não a li, nem cumpri nenhuma das outras resoluções. Felizmente, esqueci-as. E concordo que isso da imortalidade está a dar cada vez mais trabalho.

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  2. Cláudia Filipa4.1.21

    Fiquei congelada no título.

    A forçar o descongelamento:
    Houve uma altura em que o meu pai fumou cachimbo. Ao contrário do que costumava ouvir dizer, genericamente e em outros casos, em jeito de reclamação, sobre o cheiro, aquele era um cheiro mesmo bom. Muito tempo mais tarde, num armário, encontrei uma lata bonita com qualquer coisa lá dentro, essa qualquer coisa, era o resto do que não havia sido fumado. Lá se desprendeu aquele cheiro bom, fechei-a depressa, não fosse o cheiro fugir, e guardei-a. Mantenho-a guardada, mais o seu conteúdo cheiroso, juntamente com o cachimbo.

    Ulisses (o meu é a tradução) continua em cima de uma mesa, agora na página duzentos e dois. É o único livro que tenho tapado com uma capa para livros. Comprei-a numa feira. É predominantemente cinzenta com apontamentos de preto e branco e tem desenhos de relógios antigos, acho que faz sentido. Perto de Ulisses, imagine, estão os "Contos" de Hans Christian Andersen (deve ser o resultado de uma analogia com um paciente a precisar de oxigénio: Uma página de Ulisses, "A Princesa e a ervilha", mais uma página de Ulisses, "Polegarzinha"...)

    Ainda não consegui esquecer o título. Mas, agora, estou também a pensar, se viver desgasta, cada vez mais com o passar dos anos, que esse desgaste seja mesmo o máximo possível por continuar a viver a vida como lhe der mais prazer, como lhe der na real gana, da forma que o faça mais feliz. Em jeito de "Confesso que vivi", muitas vezes, como muito bem lhe apeteceu e quis.

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  3. o não sei quê da próstata é o PSA (livre e total).
    não custa nada fazer a análise, é só uma picadinha e 46 €, e salva vidas se é que isso interessa.
    de acordo com o borda d'água deve ser feito no mês de novembro pela manhã, após alguns dias, dois pelo menos, de penosa abstinência da líbido
    de de ciclismo.

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