28 outubro 2019

Escusais de vos deslocar a esses sítios onde se pode visualizar o Woody Allen deste ano

Pelo mesmo preço que custa um bilhete para a sessão da noite de “Um dia de chuva em Nova Iorque”, podemos comprar uma garrafa de Quinta do Gradil Chardonnay branco, um vinho honesto com notas florais, é fácil, todos os brancos têm notas florais, seja no início ou no final de boca, pelos mesmos sete euros, pode-se adquirir um Júlio Verne e meio num alfarrabista honesto ou dez cafés numa esplanada razoável em Lisboa, tudo isto sem nos aborrecermos com a sensação de dinheiro atirado ao lixo, tudo isto sem aquele travozinho a déjà vu que toma conta de nós a cada filme de Woody Allen, esse espertalhaço que conta com aqueles que compram o Expresso ao sábado, que pedem sempre uma francesinha no Capa Negra ou que não perdem nenhum livro novo de Philip Roth, enfim, Woody Allen conta com os homens de hábitos, que não perdem um novo Tarantino, um novo Bond, James Bond ou um novo  Woody Allen e intruja-nos sem piedade, contando-nos sempre a mesma história, bem sei, eu faço o mesmo, mas pelo menos eu não peço sete euros por cada post novo.

5 comentários:

  1. Desculpe-me Dom Pipoco, mas ultimamente anda um pouco amargo e rezingão, não anda? Não que não lhe dê uma certa razão, mas caramba, ninguém vai para novo e o Woody - de quem nunca fui fã - sempre foi de "olhão", não é de hoje. Ele sabe que a idade deixa as pessoas mais lamechas. Vai daí...
    Do Tarantino gosto eu muito. E de si, também, mas não pagava 7:00€ para o ler nestes postezitos... :)

    Boa semana, seja de trabalho ou descanso.

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  2. Cláudia Filipa28.10.19

    Um filme de Woody Allen e a magia dos Blogs

    Passaram alguns anos, imagine uma senhora antiga:

    - Os Blogs, eram assim um daqueles espaços de parar correrias desenfreadas, assim uma espécie de sótão onde descobrimos um baú cheio de tesouros e ficamos ali de joelhos embrenhados no prazer da descoberta, completamente esquecidos da invenção tempo. Bastava termos uma tecnologia com acesso à Internet e, pronto, podíamos entrar nesse sótão e descobrir os tesouros. Podia ficar por aqui e já seria uma coisa de considerável valor, mas, acontecia uma outra coisa extraordinária, dou-vos um exemplo, um certo domingo fui ver o Trailer de um filme de Woody Allen que tinha estreado por volta daquela altura, sim, não negamos a nossa condição de animais de hábitos, e, lembrei-me imediatamente de Meia-noite em Paris e de um Blogger que costumava ler. Ai senhores! aquele Trailer e assim! Mas como seria o filme? Tinha de ir constatar, sorriso de orelha a orelha, bem que o Blogger poderia escrever sobre aquela temática, até já estava a imaginar o teor...No outro dia, lá estava o post, dá para imaginarem o sorriso, não dá? mesmo, mesmo a rasgar. Lá está, seria o tal efeito de parar de correr e, dar, só por vontade, tempo e atenção, por isso, às vezes, até nos adivinhávamos, como acontece com as pessoas das quais gostamos muito (este Blogger diria: Ora, Cláudia Filipa, é fácil adivinhar um tipo que está sempre a escrever o mesmo post, isso não é nada de extraordinário, é apenas lógica) é não ligar a esta parte dentro de parênteses.
    Uma magia e tanto, isto dos Blogs, não é?

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    1. Cláudia Filipa, fui verificar os meus escritos sobre anteriores filmes Woody Allen. Podia fazer cópia para este filme novo.

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    2. Cláudia Filipa29.10.19

      Mas foi ver, não negou, à partida, o que ainda não conhecia, já eu, vou contar-lhe melhor aquela parte do Trailer, para além de me ter lembrado de si:
      Começou por acontecer-me exactamente essa coisa de "É um Woody Allen, quero e vou ver", mas depois fui apanhada pelo preconceito, ou apenas por uma questão de gosto pessoal, logo ali no Trailer, e perdi a vontade. Os actores principais pareceram-me demasiado imberbes e sem carisma nenhum, assim aquele tipo de actores que estou à espera de ver numa comédia-romântica que visa um público adolescente, e não aquelas presenças fortes, carismáticas, que enchem o ecrã e aguentam tudo, até um argumento repetido, ou um mau argumento, quando é o caso, e que deixam aquela sensação de que, pelo menos por eles, valeu a pena, percebe-me?.
      Não creio, não está a apetecer-me nada, ainda mais agora, mas, se, de repente, teimosamente, der-me para direccionar sete euros para maus caminhos volto aqui ao post e conto-lhe como foi para mim, mesmo que seja: "Ai, afinal, para mim, foi tão lindo e assim, Pipoco!". Prometo.

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    3. Cláudia Filipa9.11.19

      Ai, Pipoquinho, em verdade lhe digo, as coisas, às vezes, fazem-nos gaifonices. Ontem, podia e fiz por ter uma tarde livre e cumprir a promessa de ser companhia para "Maléfica" (que, diga-se de passagem, não me importava mesmo nada de ir ver, e pode muito bem ser coisa para condenar-me, mas: "Ai, tão lindo, tão lindo e assim!". Foi o resultado, para mim.). E o que estava mesmo, mas mesmo colado, mesmo na sala ao lado? Pois, "O dia de chuva". O tempo era mesmo muito apertado entre sessões, mas começou uma vontade de, a correr, ir comer qualquer coisa e saltar de uma sala para a outra, coisa que, por acaso, nunca tinha feito. Desta vez, aconteceu.
      A sala para a Maléfica era das maiores, a sala para o Woody Allen era daquelas em que se aproveita um espaço, que ainda dá, para passar filmes que se presume de fraca audiência. No meio de um dos diálogos do inicio do filme, começou a ouvir-se aquela berraria, da sala ou lado, a da Maléfica, quando avisa as pessoas que devem comportar-se como pessoas e o Exterminador Implacável diz que voltará, depois desta dispersão lá voltei ao woody e já sem gritarias da sala ao lado. Agora, pode o Pipoco não achar graça nenhuma, eu achei e quis contar-lhe, passa então uma pessoa, praticamente, da sala 5 para a sala 6, muda de século e, a actriz que tinha dado vida à Princesa Aurora, na sala ao lado, estava agora a dar vida a uma aspirante a jornalista. Eu vinha enternecida com ela e perdi o preconceito, esta perda de preconceito estendeu-se ao actor protagonista, mas, sim, Pipoco, aquele filme é um resumo suave do Woody Allen, é um Woody Allen dos últimos tempos que, penso, talvez queira "fazer-se" ao tamanho da sala da Maléfica e embrulha problemas existências tipificados numa roupagem que pisca o olho a todos os públicos, principalmente, aos que enchem, de facto, as salas, o problema é, penso, essa forte possibilidade de também poder sofrer desse outro tipo de preconceito, se é Woody Allen, é para intelectuais, e, então, um filme que podia estar cheio de adolescentes a comerem pipocas e a fazerem ooooooohhhhhhhh!!!! no final, não atinge o que, talvez eu sem perceber nada e a ser muito injusta, digo que é o objectivo, e, ao mesmo tempo, corre o risco de perder "o seu público" que quer "o seu" Woody Allen na sua melhor forma e a continuar a cativá-lo.
      Eu tinha prometido... Um excelente fim de semana para si.

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