Inspirado no post de hoje da Mãe Preocupada
“Dá?”, pergunto eu da porta. “Dez minutos”, responde, depois de um olhar rápido por quem espera na sala, passo os olhos pelo jornal, ao fim do tempo estimado faz-me sinal com a cabeça, indicando a bacia onde me ensaboará a cabeça, nunca se esquecendo de pronunciar as palavras “está boa assim?”, eu respondo sempre “perfeito”, ele dá-me dois toques no ombro, indicando o fim do processo, sento-me na cadeira, ele pergunta “o costume?”, eu respondo “o costume “, passam quinze minutos até à próxima pergunta, que será “contribuinte?”, eu resisto sempre a responder “muitíssimo “, em vez disso digo um número, apertamos as mãos e saio.
Faz falta uma manicure aí onde vai, Sô Pipoco. Ouvir sem ter que responder pode ser muito relaxante.
ResponderEliminarComo é que eu não me lembrei disto primeiro...? :)
ResponderEliminarGostou da manicura? Eu, nem por isso.
Gosto mais da rapariga da papelaria.
Bom fim-de-semana, Mr. Pipoco!
Em verdade lhe digo, gosto a valer da sensação de identificação com, quando alguém, ao seu estilo, a falar ou a escrever, presencialmente, ou, por exemplo, num blogue, descreve, exactamente, o que eu própria sinto em relação às coisas, pessoas, ou em determinadas situações.
ResponderEliminarAbomino, mas abomino, idas a cabeleireiros, desde que comecei a ter consciência de mim. A sensação que tenho tem estado ali toda nos posts da Mãe Preocupada quando o tema é aquele, é aquilo, até me sinto também a entrar ali quando começa o post, e, durante, a sentir aquela coisa, aquela espécie de claustrofobia "cabeleireirística". Mulheres, a olharem de alto a baixo para outras mulheres, aquele escrutínio implacável de superfície, a inveja mal disfarçada para com as mulheres bonitas, aquela vontade de encontrar e denunciar defeito ou descuido. Penso que é aquele tipo de lugares nos quais se sente mais aquele que tem sido um dos enormíssimos problemas das mulheres, a rivalidade isenta de qualquer impulso construtivo, é o lugar que melhor expõe o lado mais grunho das mulheres.
Em verdade lhe digo, deveria haver cabeleireiros para mulheres que não gostam de ir a cabeleireiros, as coisas seriam exactamente assim, tal como se passam consigo, a única desvantagem, aquela coisa chata de não existir bela sem senão, é que, poderia a Mãe Preocupada resistir à tentação, que também será, da observação, mudar-se para um desses, e lá ficaríamos sem aqueles posts.
Vá ao MetroStudio na Haixa. Ambiente neutro, sem chatices e sem conversa da tanga. Os funcionários são mais queridos do que a dona (Susana), mas mesmo assim, cada um na sua, é como se eu fosse transparente, nada tivesse acontecido, ninguém me viu, mas saio de lá com um corte que dura e dura e dura.
Eliminar*Baixa (é na Rua do Crucifixo)
EliminarMuito obrigada pela sugestão. Já não é a primeira pessoa que me fala muito bem desse sítio. E, atenção, eu gosto muito de ser atendida, seja em que circunstância for, por pessoas queridas, atenciosas, gentis/amáveis, mas também, discretas, sem serem intrusivas, sem excessos de familiaridade, afinal, trata-se de uma pessoa a exercer o seu trabalho e outra a ser cliente, e eu sou mesmo uma grande adepta do "trabalho é trabalho, conhaque é conhaque". É isso, cada um na sua, a fazer o que é fundamental fazer naquele sítio, que é saber tratar mesmo muito bem do nosso cabelo, conhecer-lhe as características, darem sugestões do que nos ficará melhor, que do oficio deles sabem eles, e até podemos ir conversando sobre coisas genéricas, mas não aquela coisa que parece que está transformada em norma num cabeleireiro (e a culpa não será dos profissionais, creio que, na maioria das vezes, se limitam a oferecer o que lhes parece ser o ambiente preferido pela maioria da clientela, a tal coisa de espécie de terapia de grupo) quase toda a gente a falar da própria vida e da vida dos outros (principalmente a falar da vida dos outros), uma bisbilhotice pegada, mais aquilo que já escrevi antes.
EliminarMais uma vez, obrigada pela sugestão.
De nada, Cláudia Filipa. Acho que vai gostar, pois é isso mesmo que encontro por lá, pessoas atentas e discretas. Um bom domingo!
EliminarAcabo de constatar que essa maravilha , situada na Baixa lisboeta, é deprimente. Falta-lhe alma. Isso das pessoas «transparentes», nada tem de atendimento personalizado. Prefiro a cabeleira de bairro frequentada pela Mãe Preocupada.
ResponderEliminarOlhe...até rimei, que giro!
Não sei se o seu comentário depreciativo vem em consequência do meu, ali em cima, mas se vem, fico triste, porque de facto sou muito grata ao MetroStudio. Sou sempre recebida com um sorriso, nunca me sinto julgada (e eu sou um bocado desleixada); quando me ponho a justificar o estado do cabelo, a cabeleireira diz "Mas o seu cabelo aguenta um bom tempo sem cortar". Gosto muito deles. Não é preciso denegrir um sítio que não conhece, para enaltecer outro, com links e tudo.
EliminarNão fique triste, Anónima, não foi minha intenção entristecê-la nem atingi-la de alguma forma. Foi mais pela referência ao facto de entrar nesse espaço e sentir-se «transparente». Há-de convir que o termo não foi o melhor. Não denegri, apenas o achei 'deprimente', sem alma...pois se me olham como se eu não existisse...:)
EliminarMaria Antonieta, nem toda a gente faz questão de ser olhada, notada nos espaços onde entra. Ou seja, "transparente" pode ser, sim, um termo adequado para adjetivar a sensação descrita pela Anónima. Uma espécie de oposto de narcisista, já que falou em deprimente.
EliminarMaria Antonieta, Se ler o meu comentario no contexto em que foi escrito, o "transparente" vem em resposta aos olhares de alto a baixo. No MetroStudo os cabeleireiros olham para si com atenção, e mais, como se fala pouco, pode crer que se é ouvido. Não é um espectáculo de falatório, mas há conversa, sim, mais baixo do que os secadores de cabelo. Posso ficar anos sem lá ir, que quem me corta o cabelo diz "Eu lembro-me de si". Pode ser porque sou um bocado peculiar, pode, mas eu acho que é mesmo competência.
EliminarSusana Rodrigues, É isso mesmo.
Para terminar, definitivamente, cara Anónima/Susana Rodrigues, saiba que gosto de entrar num local público e, quando se me dirigirem, me olhem nos olhos e não de cima a baixo. Isso não significa ser olhada de forma especial. Quanto ao narcisismo, ora...deixemo-nos de mascarar as palavras. Repito: «transparente» é o mesmo que me olhem, sem me ver. Ponto, final.
EliminarComo esta conversa toda já transbordou o motivo do tema inicial, dou por terminada a minha intervenção.
Passe bem.
Maria Antonieta, transparente (pela sua definição), sou eu para si, que venho aqui um par de vezes para esclarecer o que eu quis realmente dizer, sem servir de nada, porque a Maria Antónia preferiu amarrar-se ao que achou que leu. Bem, ao menos sabemos que no cabeleireiro nunca nos iremos cruzar.
EliminarVale que isto é um não-assunto. Bom resto de fim-de-semana.
A mim calhou a sorte de ter um cabelo tão naturalmente desorganizado, que consigo cortá-lo eu sem se notar a falta de perícia.
ResponderEliminarPoupo tempo, dinheiro e possivelmente alguns químicos.
Também não gosto muito de ir ao cabeleireiro.
Está a ver, Tio Pipoco? Não publica o meu comment por achar que se trata de publicidade negativo/destrutiva :) - provavelmente até terá alguma razão, mas não muita, afinal, a opinião é minha e responsabilizo-me por ela - e, enquanto hesita, ali, no topo dos seus 'Bons Blogs'já há alguém que pensa como eu e a Mãe Preocupada [e como o Tio, também ]: prefere uma cabeleireira de bairro, simples e despretensiosa...
ResponderEliminarOh...precipitei-me...Sorry!
ResponderEliminarCaro Dom Pipoco, sendo certo que no meio de tudo isto o que menos importa são os cabelos e os cabeleireiros, vejo-me obrigada a concordar consigo: o problema dos homens é fazerem tudo demasiado depressa e sempre da mesma maneira.
ResponderEliminarUm abraço.
Caríssima Mãe Preocupada, sempre brilhante a despachar em duas linhas o essencial, escapou-lhe o final feliz: pagar e não pensar assunto nos próximos quinze dias...
EliminarUi, um despique entre o Salgado e a Mãe Preocupada. Vou buscar pipocas.
EliminarMaria Antonieta, Maria Antonieta um dia destes perde a cabeça...
ResponderEliminarOra essa...então porquê? Eu trato bem do meu povo...
EliminarPlace de la Concorde. Tão óbvio. Maria Antonieta, Maria Antonieta...
ResponderEliminarAh, como vós, burgueses, exigis de mim
ResponderEliminartanta perspicácia, inteligência e saber!
E eu, simples proletária,[ainda haverá disto?]
embrenhada nesta minha luta diária,
tanto labuto para sobreviver…
…e pior: vos entender!
Nota final: Por favor, não me provoqueis mais.
Peace and love!! :P