É em dias assim, em que tenho tempo para me certificar da boa saúde dos medronheiros que plantei há um par de semanas, em que me desloco até à cerejeira para lhe retirar as folhas com malina, em que subo ao sobreiro para ler com tempo as notícias dos jornais que comprei ainda cedo, em que tomo o café preparado no balão, regalando-me a ver subir a água para o patamar superior, em que as minhas mãos cheiram a uma mistura de laranjas acabadas de espremer e de alfazema que acabei de acariciar, em que fecho os olhos e tento identificar o canto de cada uma dos pássaros, em que controlo mentalmente os tempos de preparação do polvo que um amigo pescador me entregou ontem, é em dias assim, dizia eu, que me convenço de que necessito absolutamente dos outros dias, dos dias em que faltam os minutos.
Que post lindo de se ler...que coisa bela é constatar que, desse lado, há um coração que se delicia e enternece com a vida no campo. Esse " à atrasado" com pronúncia do Norte, deixou-me derretida.
ResponderEliminarPorém, oh cruel dúvida, oh espinho que se me cravou na mente. Será este homem, que sobe aos sobreiros, que retira a malina das folhas da cerejeira, que acaricia a alfazema e semicerra os olhos para melhor identificar o nome das aves canoras, aquele outro, o tal, que se assemelha a Cristo, mas assim num formato em bom?.
Quanto à necessidade dos dias em que os minutos escasseiam, digo que ainda bem que eles existem. Só assim, se podem valorizar os momentos tranquilos e deliciosos, quando, empoleirados num sobreiro, sabemos que, afinal, somos tão felizes, quando o azul do céu está mais perto...
( qualquer semelhança entre estas palavras, e outros comentários por aqui aparecidos, será pura coincidência )
Logo vi que a sede que me levou ao pote tinha de meter água.
Eliminar"há atrasado", sff...:)
Não há como negar que, sem dias com minutos a menos, não se valorizariam aqueles em que podemos sentir cada um deles como uma benção.
ResponderEliminarBom resto de Domingo, Pipoco. :)
Pipoco, caríssimo, vejo que continua um otimista de mão cheia! Que não lhe faltem os minutos para assegurar a rega dos medronheiros que plantou há duas semanas. Sendo uma espécie resistente a probabilidade de sobrevivência sem “ajudas” fica reduzida quando a plantação ocorre fora do período ideal, o outono.
ResponderEliminar(Espero que a rapaziada do financiamento não se baste com o otimismo e escolha bem a melhor época para fazer a plantação).
(Agora lembrei-me de um episódio de poda extemporânea das oliveiras.)
Digamos que foi um transplante, Mirone...
Eliminar(caramba, não há quem não saiba que os medronheiros se plantam por alturas do outono)