09 abril 2019

As crianças, essas correm ligeiras

Às vezes, quase nunca, calha ir ao aeroporto sem ser eu que estou a ir nem a chegar, vou só esperar por pessoas que chegam de longe, costumo ir cedo, é um velho hábito chegar antes da hora, coisas de pessoa antiga, dá-se o caso de ter tempo para observar quem chega e quem espera, espanta-me o comedimento dos abraços, quando os há, eu a ver que a vontade de abraçar e ser abraçado é muita, mas as pessoas, talvez por estar muita gente a ver, talvez por acharem que não é próprio, controlam-se dão um beijo desses de chegar a casa ao fim do dia, não correm para o abraço, não fecham os olhos durante o beijo, não fazem de conta que nada mais existe sem ser aquele abraço.

E eu, que sou um ser influenciável, de tal maneira que, chegada a minha vez, dou um abraço de circunstância a quem chega de muito longe, afinal as pessoas estão a ver e a exuberância do abraço pode muito bem esperar por melhor altura.

6 comentários:

  1. É a perda dessa criança que corre ligeira para aquele abraço forte e bom, que nos entristece. Verdade, Tio Pipoco?
    É por isso que eu, indiferente aos olhares, às críticas e às formalidades, nunca deixarei de ser a criança que corre ligeira...ou fica muda e queda, quando chega alguém cuja vinda não me é grata...

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  2. Pois eu sou uma exagerada, abraço com todas as ganas!

    Bom dia, Pipoco :)

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  3. Se me visse chegar, agora, estaria a escrever que viu, no aeroporto, uma mulher (que de senhora perderia o título) a correr desenfreada, largando a malita de cabine ao Deus dará, a rir alto, atropelando as palavras, para um abraço quente e sincero.

    Nunca está satisfeito, sô Pipoco?

    PS: Como não dou muita bola à opinião alheia, vou continuar a correr desenfreada, a rir alto, de nervoso e saudade.

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  4. Salgadinha9.4.19

    A exuberância do abraço para quem chega de muito longe, esgota-se imediatamente na promessa de um beijo de quem chega de muito perto.
    Não ligue, hoje estou numa de loira.
    Ps: não leve a minha presença muito a mal. Por enquanto ainda existe e quando o decesso ocorrer prometo verter uma lágrimazita.

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  5. Anónimo9.4.19

    Um dos momentos mais bonitos da minha vida aconteceu nas chegadas do aeroporto de Lisboa. Ainda bem, digo eu, que o amigo que eu esperava não teve vergonha de saltar aquele ferro mesmo em frente à porta de desembarque e ainda bem que eu não tive vergonha de me atirar para os braços dele. Gosto muito de aeroportos, gosto muito das chegadas, e (ainda hoje e para sempre), gosto muito do meu amigo. Sim, bem sei, pareço uma velhinha à procura da porta 14 rumo a Palma de Maiorca, a contar histórias que não interessam nem ao Pipoco nem ao menino Jesus mas lamento: adorei lembrar-me deste meu momento tão feliz. Lindo texto tio, obrigada. Deixou-me com um sorriso de orelha a orelha.

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  6. Que giro...

    https://lindaporcaoucheirodeestrume.blogspot.com/2019/03/magro-seco-bronzeado.html

    :)

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