12 novembro 2015

As coisas são como são

Houve um tempo em que podíamos escrever num blog, no nosso blog, a tristeza que é já não podermos ir correr com o nosso cão, podíamos abrir o coração e dizer exactamente isso, que sentimos a falta do nosso cão correndo ao lado, língua de fora, orelhas contra o vento, fizesse chuva ou fizesse sol. Nesse tempo, em que podíamos escrever sobre o desânimo que é ter que enterrar outro cão por baixo do sobreiro grande, podíamos contar com o respeito de quem nos lia, uns seriam tranquilamente silenciosos, outros seriam solidários com a nossa tristeza, outros ainda, diriam que também já passaram pela tristeza de não ter um cão a saltar à sua volta quando chegavam a casa, eu havia de lhes dizer que o meu cão sabia que só podia saltar-me para o peito à chegada a casa, quando já não fazia diferença sujar-me a camisa branca.

Este é o tempo em que pensamos duas vezes antes de baixar a guarda e dizer coisas cá nossas.