14 novembro 2015

Antes de desatarmos todos a proclamar "je suis Paris"

Isto não aconteceu em França, aconteceu-nos a nós e à nossa maneira de viver. Isto é connosco, os que podemos escolher se nos apetece ou não crer num Deus e, escolhendo crer, podermos optar pelo Deus que mais nos convém, isto é connosco, que escolhemos gastar o nosso dinheiro em livros, em todos os livros, a conhecer outros mundos ou a dançar tango, olhando nos olhos as mulheres com quem dançamos. Isto é connosco, os que não temos medo do que ainda não conhecemos nem dos que não pensam como nós ou não fazem como nós, os que aceitamos as diferenças porque serão sempre as diferenças que nos inspiram a avançar, mais sábios e mais capazes, os que não têm medo de véus nem de barbas compridas nem de livros estranhos nem de quem nos vem tirar os trabalhos que nunca quisemos ter, os que não precisámos de Paris para saber de que fogem os refugiados.

37 comentários:

  1. Anónimo14.11.15

    "Je suis Paris" quer dizer isso mesmo!
    Isto é comigo e só me apetece chorar...

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  2. Anónimo14.11.15

    Excelente. Como sempre.

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  3. Anónimo14.11.15

    Os refugiados não fogem. Invadem e infiltram-se.

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    1. É isso. E comem criancinhas ao pequeno almoço.

      (ou isso são os ciganos?)

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    2. Teresa14.11.15

      Tristeza e ignorância a deste Corajoso!!!!

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    3. Anónimo14.11.15

      Pipoco, quem come criancinhas ao pequeno-almoço são os comunistas.

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  4. Anónimo14.11.15

    É isso mesmo, caro Pipoco. E o Hollande, um não-estadista, que recordo sempre naquela figurinha ridícula, com um capacete-ovo, numa vespa, a voar para os braços da amante, tem razão quando diz que o mundo mudou. Eu só acrescentava: outra vez.

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  5. Somos nós, sim. O que está em causa é a forma como sabemos viver.

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  6. Lady Kina14.11.15

    Sermos nós somos, como sempre somos, mas pareceu-me subentender a necessidade de sim senhor olhar de lado as barbas compridas e os véus, as culturas diferentes, a necessidade do medo como justificação para a intolerância. A maldade, ou a barbárie, a insanidade, chamem-lhe o que quiserem, não anda escondida no "diferente", muito pelo contrário, parece-me de muito boa saúde e disseminada de forma transparente entre "pares", haja para isso olhos. Se calhar não percebi este post, é muito possível, aliás, vinha já de "má vontade". Estava com alguma esperança de que o Pipoco optasse por perder (mais) esta oportunidade. Para mais um post. Já agora, gostei muito do anterior (partindo do princípio que o percebi).

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    1. Anónimo14.11.15

      "haja olhos"? Bufos, quer dizer; como aconteceu àquele actor português, a quem, alguém, olhou de lado e lá foi o actor preso. Olha que bom! Vamos desatar todos a "olhar", a "bufar", não vá ser um eles! Segurança acima da Liberdade.
      Aqui, não foi nada disso. A polícia sabe bem quem eles eram e quem eles são. Pena ter havido quem "bufasse" sobre o assunto!!!

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    2. Lady Kina14.11.15

      Calma anónimo, não me fiz entender, pelos vistos. Se há coisa que abomino sobremaneira é o bufismo. Os olhos a que me refiro é um modo de olhar para além do (i)mediato.

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    3. Lady Kina14.11.15

      http://xilre.blogspot.pt/2015/11/historia-do-futuro.html

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  7. Anónimo14.11.15


    http://www.theguardian.com/commentisfree/2015/jun/03/us-isis-syria-iraq

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  8. Gosto do que escreveu. Transcrevi as suas palavras lá no meu sítio.

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  9. Cláudia Filipa14.11.15

    E a quantidade de gente que os radicais islâmicos vêm recrutar, aqui, precisamente aqui, ao nosso modo de vida. Conseguem seduzir uma quantidade cada vez maior de gente, principalmente jovens. Tenho ouvido e lido, que esse recrutamento é feito, essencialmente, com a ajuda das redes sociais e depois através da grande ajuda das icoisas que facilitam os contactos. Que há uma quantidade enorme de ataques planeados que são descobertos e impedidos de ser concretizados, e depois verificam que muitos dos terroristas, são naturais do próprio país que iam atacar. E que, cada vez mais, quem é recrutado recebe um treinamento militar, praticamente equivalente ao que seria dado a uma tropa de elite, para que dali saia gente o mais resistente e dura possível, tendo em vista a concretização dos ataques até ao fim. Portanto, gente do nosso modo de vida, jovem, está disposta a ir dar tudo, incluindo a própria vida, para combater ao lado de um grupo de fanáticos radicais que nem sequer podemos dizer que são representativos de coisa nenhuma, não são representativos da comunidade islâmica, que acaba por sofrer por aquilo de por uns pagam os outros. Simplificando, uns quantos, idealizaram um determinado modo de vida, suportado pela interpretação tendenciosa que deram às palavras de um Deus só lá muito deles, e através da força, do que for preciso, decide impô-lo aos outros. São "uma coisa" à parte de tudo, mas que constitui, cada vez mais, um sério risco para o mundo inteiro, até pelos que estão dispostos a aumentar-lhes as fileiras. Nem sequer podemos estabelecer assim tão certas as fronteiras entre eles e nós, afinal, alguns de nós estão com eles. O que se passará para que estes de nós tenham vontade de ir combater por um modo de vida que, a nós os outros, nos parece terrível, impensável, e de um enorme atraso civilizacional?

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  10. "Isto é connosco, os que não temos medo" Não temos Medo!?! Eu tenho medo, medo também é ter consciência desta nova realidade! Tenho medo destes loucos que em nome da fé, matam inocentes, Medo dos radicais de extrema direita que vão aproveitar estes acontecimentos. Medo desta nova sociedade que está a germinar!

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  11. Qualquer acontecimento violento que colha vidas inocentes é connosco. Este calhou ser mais perto de casa, e numa nação livre, é natural que choque mais.

    (O que melhoraria um bocadinho a minha fé na espécie seria que as pessoas que coloriram os seus perfis facebookianos de vermelho azul e branco tivessem tido a sensibilidade de não o fazer sobre uma foto de cara feliz, mas pronto, c'est trop facile)

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    1. Dois dias antes houve violentas explosões eu Beirute, também reivindicadas pelo Estado Islâmico. Não vi ninguém a dizer-se de Beirute ou a mudar o perfil do FB. Bom, confesso que tenho pouco mais de 100 amigos no FB,talvez tenha sido por isso que digo que não vi ninguém. Por isso, ou porque dos meus amigos do FB ninguém foi a Beirute (e, convenhamos, partilhar uma foto da última viagem que fizemos a Paris, com a torre Eiffel em cenário e a #jesuisparisien, torna-nos automaticamente pessoas mais interessadas e sensíveis).

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    2. Estranho seria se um europeu sentisse um atentado em Beirute da mesma forma como sente um atentado em Paris.
      Alguém usava esse argumento se fosse em Lisboa?

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    3. Quanto mais perto de nós, mais sentimos, evidentemente. Por isso disse que talvez o "problema" fosse os meus amigos não conhecerem Beirut como conhecem Paris.

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    4. Atenção, nada me choca na maior consternação provocada pelos atentados de Paris. Há uma identificação pela proximidade e similitude em termos civilizacionais, ou de valores nacionais. Nada me choca nas manifestações de pesar, cada um fá-lo da forma que considera mais adequada.
      Só me choca que, com a pressa de aplicarem uma bandeira francesa em cima da foto de perfil, não tenham tido tempo de reflectir que, se calhar, aquela foto onde aparecem sorridentes, às vezes com os filhos, também tão felizes, outras vezes em férias e em sítios bonitos, é um bocadinho desajustada. Pronto. Não custava nada mudar a p#rra da foto de perfil.

      (vi muitas porque uso o face para seguir jornais/canais, ler notícias, e é impossível não reparar nas fotos de perfil dos primeiros comentadores)

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    5. Izzie, não vi pessoas a mudar a foto de perfil por causa dos atentados libaneses, mas vi em relação à França (porque, como disse, a maioria das pessoas não conhece Beirute como conhece Paris).

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    6. Também não vi. E? Como já disse, não me choca. Choca-me mais o facto de, nos canais noticiosos, se ter dito de nada a pouquíssimo sobre os acontecimentos em Beirute. Os jornalistas e opinion makers têm a obrigação de ser imparciais e abrangentes; já o cidadão comum, não.

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    7. Era suposto chocar?

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    8. Gostei desta crónica:
      http://observador.pt/opiniao/nos-todos-somos-os-relacoes-publicas-dos-terroristas/

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    9. Mirone, deve ter-me falhado qualquer coisa neste thread, que não percebo onde queres chegar. Não critiquei quem colocou a bandeira, ou quem pediu uma oração por Paris, embora não o tenha feito. Não critico quem não sabe de Beirute ou se importa mais com Paris. Das suas reacções sabe cada um. O meu ponto era somente o de apontar a insensibilidade de não bater a sensibilidade da homenagem com a foto de perfil que se vê por baixo. Só.

      Ah, e não leio o Observador. Nem o i, nem o Correio da Manhã, nem o Sol, nem o Post, nem o Sun, nem o Daily Mirror.

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    10. Izzie e Mirone. a mim o que me choca é que alguém possa ficar chocado com aqueles que mudaram a foto de perfil no FB horas depois dos atentados terroristas em Paris. É uma homenagem. É uma forma de dizer: podia ter sido eu! - podia ter sido eu com um grupo de amigos, a ver um concerto...a ter ido jantar fora...ter ido ao futebol...Podia ter sido qualquer um de nós. E podia!

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    11. Té, não disse o contrário.

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    12. Té, não me choquei, repara que nem usei a palavra nos meus comentários. Constatei apenas que as pessoas estão mais sensíveis aos ataques em Paris, porque é uma cidade mais próxima, que conhecem, onde foram felizes (ainda no último mês de maio lá estive e "fui muito feliz") do que em relação a outros atentados. Por exemplo, chocou-me ver as torres gémeas cair porque tinha estado lá um ano antes.

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    13. Izzie, terá escapado a uma das duas, porque eu também não critiquei, muito menos disse que tu criticaste.

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    14. Mirone, eu que nem nunca tinha ido às Torres Gémeas...Chocou-me, aterrorizou-me, e muito.

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  12. Anónimo15.11.15

    Boa noite, tio. Curioso ainda ontem num pequeno frente-a-frente um homem de seus 30 anos, talvez um consultor do secretário da defesa ou algo do género, fato cinza claro, camisa azul cobalto, olhar assertivo, usou essas mesmas palavras para mencionar as pessoas de quem fogem os refugiados.

    Não quero conhecer as pessoas de quem fogem os refugiados, não preciso, basta-me imaginar todos os riscos que correram e o de perder a vida também no mar a ser preferível a perder a vida às mãos de tais pessoas, para imaginar o resto.

    Isto não é sobre religião. Isto não é sobre relações internacionais e fronteiras geopolíticas. Isto é sobre homicídio em massa seja em Paris, Beirute, Taiwan, Marte ou Plutão, condenável seja onde for.

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  13. Poker alho mais essa gente que a mim só se me apanharem à má fila! Pessoal que nem sequer armado estava como eles! Cobardolas de mèrde

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  14. Gosta-se de si quando não se mascara. :)

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  15. Pipoco, a sua primeira frase é a súmula perfeita que procurava. Ainda bem que o leio, para poder apreciar e desfrutar textos que gostaria de ter escrito...

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  16. Anónimo19.11.15

    Caro tio, partilhei o link deste seu texto no meu facebook privado. Tive de o fazer, porque resume na perfeição o que sinto. Os créditos são seus, naturalmente, mas comungamos do mesmo sentimento. Não precisa de publicar este comentário, porque apenas queria que soubesse. Entretanto se quiser posso retirar a publicação, basta que mo indique.

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  17. Lady Kina20.11.15

    http://xilre.blogspot.pt/2015/11/a-protecao-do-modo-de-vida-ocidental.html

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