05 outubro 2014

Quase a maçar-me tanto quanto as dos blogues das criancinhas com lacinhos na cabecinha...

...sempre limpinhas e amiguinhas das irmãzinhas, surge,  numa escalada vertiginosa, a categoria dos blogs do querer bem para estar bem, desses que nos dizem que, se as papas de rúcula são boas para a nossa digestão, logo os nossos pulmões funcionam melhor, logo as "nossas pessoas" ficam mais bonitas e, naturalmente, a paz no mundo surge enfim, corolário das papas de rúcula comidas com regularidade.

Eu, que sei bastante de felicidade, apesar de já ter visto o Sporting perder uma final europeia em casa, sei que os momentos de felicidade aparecem sempre a seguir ao caos e nunca a seguir às cozinhas arrumadas, aparecem sempre a seguir à vida virada do avesso e nunca depois da tranquilidade de um pequeno almoço tomado tranquilamente com "as nossas pessoas", aparece sempre a seguir aos momentos em que nos entretivemos a esforçar-nos mesmo a sério em vez de olharmos à volta e pensarmos que está tudo num equilíbrio cósmico.

A verdade é que não basta uma cozinha branca, alfazema ao sair da porta, um cão cor de mel e um pequeno almoço com frutas acabadas de colher. A felicidade é outra coisa.

25 comentários:

  1. Felicidade é uma cozinha preta, a cheirar ao cão que comeu o pequeno almoço...
    às vezes.

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  2. Ainda bem que li isto, no momento em que tinha decidido lavar a louça! Não o fiz, mas não deixei de o citar lá no Mergulhos, caso a memória me falhe com o ondular do tempo.

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  3. Anónimo5.10.14

    Elas sabem que a felicidade é outra coisa. Mas é o que há, é o que têm para mostrar aos outros.

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  4. Felicidade são 15 minutos de silêncio absoluto.

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  5. Teresa6.10.14

    Muito bom!! Só não gostei de relembrar a derrota do SCP!!! Tanta bugiganga na mesa, qualquer dia com o sono ainda partem um dente!!

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  6. A felicidade até poderá não ser isso, mas há-de ser outro cliché semelhante.

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  7. "sei que os momentos de felicidade aparecem sempre a seguir ao caos e nunca a seguir às cozinhas arrumadas"

    Vê-se bem que nunca entrou na minha cozinha num domingo à noite. Depois de a minha rica santinha passar lá por casa (é hoje!, é hoje!), e por fim ao caos, aquilo que sinto é muito próximo de um intenso momento de felicidade.

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  8. Anónimo6.10.14

    E eu que seria tão feliz se tivesse "alfazema ao sair da porta". :)
    MAL

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  9. A vida enjoa quando é assim tão cheia de pormenorzinhos perfeitos.

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    1. Anónimo6.10.14

      Enjoa? Só se for a si.

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    2. Anónimo6.10.14

      Adoro pormenores perfeitos na minha vida colorida.

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    3. Anónimo6.10.14

      Invejosa dos pormenores perfeitos dos outros!

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    4. Anónimo7.10.14

      Quem me dera! Quem me dera!
      A ser verdade tanto encanto (e energia!), sou uma infeliz!
      (a anónima da gata ali abaixo)

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  10. É outra coisa, sim. Sem dúvida.

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  11. Anónimo6.10.14

    se este blog fosse americano, só faltava a cerca branca para juntar ao cenário da lavanda, perdão, alfazema, e a definição de felicidade acontecia.

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  12. Anónimo6.10.14

    Alfazema não, que me dá dor de cabeça! Mas uma cozinha arrumada, não por mim, mas para mim, oh que felicidade!

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  13. Pipocante Azevedo Delirante6.10.14

    A Felicidade compra-se, vende-se, e troca-se.

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  14. Anónimo6.10.14

    Quase a acreditar que és o Deus... das moscas. Mas ainda assim, um Deus.

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  15. Anónimo6.10.14

    Há pessoas que de uma vida que também tem chatices sabem valorizar coisas simples e serem felizes com isso. Alguém leu o seu post e respondeu-lhe que apesar de nem tudo ser cor de rosa, opta por ser feliz, sem a arrogância insuportável e pseudo-tudo que abunda por aqui.

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  16. Por acaso é a D. Felicidade que me mantem a casa e a cozinha arrumada, só não me põe alfazema ao sair da porta (seja lá o que isso for!)...

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  17. Corvo6.10.14

    Também acho que a felicidade é outra coisa, ou deve ser porque não sei qual o seu significado, mas sou e sempre fui imensamente feliz. E feliz sobremaneira porque nunca abdiquei de nada para a saborear. Devo ser o símbolo de injustiça da existência humana. Nunca apliquei o minimo esforço para a procurar, nunca fiz o menor esforço para a conhecer, só pensava em sobreviver o dia até ao seguinte, estava-me completamente nas tintas para o que me rodeava, o dia seguinte provavelmente seria melhor do que o presente, e tudo me saía bem. E continua.
    Deve ser isso a felicidade. Acordar. Pelo menos quando acordo a respirar, tomo o meu café, fumo o meu cigarro e digo à minha princesa que está bonita de arrasar, sou o homem mais feliz à face do mundo, e arredores.
    Ou então sou eu que por norma nunca compliquei o que é naturalmente fácil.
    Corvo

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  18. A felicidade lá em casa é uma cozinha acabada de aspirar há 10 minutos cheia de migalhas de bolachas e de pão acabado de trazer da rua que as pequenas de 15 meses esmigalham por todo o lado, nódoas constantes nas calças de fato de treino... e um cheiro que não se pode a fraldas porque o querido papá disse que ia ele despejar o lixo LOLOL...e ouvir a pequena de 4 anos a dizer que pivete assim que abrimos a porta... isto é que é felicidade LOLOL, casa limpa? 5 minutos no final de limpar.. e que belos 5 minutos aquilo dura :)

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  19. Cláudia6.10.14

    Tenho esta ideia, provavelmente errada, que a maioria das pessoas está mais próxima da infelicidade do que da felicidade e depois penso sempre que o principal motivo para isso acontecer, é o facto de andarem a seguir fórmulas de felicidade inventadas por outros.

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  20. O ser infeliz tem conjuntura alta e uma campanha de imagem muito forte. A ideia de infelicidade é desesperada, extrema, um tsunami que arrasta, uma via única. A infelicidade anula a escolha, desresponsabiliza e por isso é confortável. A infelicidade torna-se uma segunda pele, como o sofá e os chinelos. Há quem seja viciado no “coitadinho”, no tom expiatório da vítima. Incapaz de se desintoxicar, há quem se esqueça de viver. Ficando à espera de uma deusa celebrada e muito esquiva chamada alegria. É tramada a solidão dos infelizes.

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  21. Anónimo7.10.14

    Oh, carambas, e eu que acabei de invejar a casa branca e arrumada e a mesa posta para o café da manhã, após ter amaldiçoado o momento em que entornei a água da gata?
    Entrar em blogs assim é verdadeiro desconsolo para quem, como eu, sempre se julgou limpa e aprumada e adora uma casa cheirosa.

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