13 setembro 2014

Do Natal e outras situações

Talvez devesse ser ponderada a existência de um sniper, posicionado atrás das câmaras da Sport TV, alguém que estivesse atento ao discurso dos que perdem e que, assim que eles iniciassem a resposta à sacramental pergunta "E agora?" com a sucessão de palavras "agora temos que...", havia de se lhes lançar a luz vermelha da mira da shotgun, a luzinha vermelha na testa do jogador, só naquela de avisar, eles já sabiam o que significava a luz vermelha cravada na testa e haviam de interromper o o discurso, continuassem eles com as palavras "...levantar a cabeça", ficando a resposta completa o preguiçoso "agora temos que levantar a cabeça" e o chefe do sniper havia de fazer um sinal, assentindo que sim, que disparasse e havia de ser uma maçada para todos em geral e para os que apreciam o Nani em particular.

(porque levantar a cabeça não é nada, rapazes. espera-se é que joguem à bola, é-nos completamente indiferente para se o fazem de cabeça levantada ou não, o que se espera é que não discutam com árbitros, especialmente se já tiverem um cartão amarelo e, já agora, que esses chutões à baliza sem sentido nenhum fiquem para os jogos de veteranos, que eu sei bem como é)

1 comentário:

  1. Esférico, que no teu voo não cessas de oferecer
    o calor de duas mãos com indiferença.
    O que nos objectos não pode permanecer,
    demasiado pesado para eles, pouco mas suficiente,

    para que não possa, de repente,
    deslizar em nós, invisível, a tudo o que lá fora
    se alinha, em ti desliza, entre queda e voo,
    indecisa. Elevas-te primeiro como se

    o tivesses levado contigo, arrebatado,
    e libertado, depois inclinas-te e ficas suspensa —
    e lá do alto mostras, de súbito,
    aos jogadores uma nova jogada,
    dispondo-os, como se fossem figuras dum bailado,

    para logo a seguir, desejada e esperada por todos,
    rápida, simples, natural, sem pesar
    voltares a cair nas mãos que se elevam no ar.

    Rainer Maria Rilke, trad. Jorge Sousa Braga

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