25 setembro 2013

Em verdade te digo, Ruben Patrick

Nisso de deixares de ser digno dos favores de uma mulher, meu caro Ruben Patrick, existe uma ínfima janela temporal, um momento crítico a partir do qual não há retorno, tivesses tu atenção aos pormenores e notarias um quase imperceptível pestanejar, um esgar, um meio sorriso, era o sinal de que a partir dessse momento deixaste de contar, ela até pode ser elegante e suportar-te até final do jantar, pode demorar um para de minutos antes de alegar uma inesperada indisposição de uma tia-avó que nem sabias que exista, e não existe, mas a verdade é que deixaste de contar, acabaste de te eclipsar, foste eliminado do universo dela. Nunca saberás exactamente qual foi o facto determinante, talvez fosse por tetes invocado ao de leve o quanto uma outra mulher fez por ti, talvez fosse por teres pedido o vinho errado, talvez por teres desviado o olhar por um nanosegundo quando aquela jovem vistosa entrou na sala, talvez por teres encomendado febras de porco. Mais do que teres sido apagado da vida dela, Ruben Patrick, o que te vai moer o espírito é dúvida, o facto de não te ter sido fornecida informação de gestão, o terror de poderes repetir o mesmo erro no futuro porque não sabes que erro foi aquele afinal.

30 comentários:

  1. Ou não houve erro nenhum e simplesmente não eram as pessoas, ou a altura, certas.

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  2. Anónimo25.9.13

    Ah, Ruben Patrick, este vislumbre de vulnerabilidade, este momentâneo equilibrio precário, a vaga sugestão de que pede o nosso testemunho de confiança, a proximidade tão pouco usual...comoveu-me mesmo. Não o posso ajudar, mas exclua o vinho e as febras de porco.

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  3. "em calhando", pelo meio ela conheceu o jovem Ruben Patrick...

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  4. Anónimo25.9.13

    É que o "erro" para esta senhora pode não o ser para outra. Há que avisar o jovem RP que o melhor é não pensar :D

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  5. Caro Ruben Patrick,

    Se mulher alguma o eliminar do universo dela por ter escolhido o vinho errado ou febras de porco, então respire de alívio. Essa mulher não é digna da sua atenção.
    Mulher digna da sua atenção, vai olhar dentro dos seus olhos e aí verá tudo o que há a ver. Ponto final.

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  6. E sobretudo há a química, essa ciência inexacta, não é? Há as moléculas que deixam de flutuar e as hormonas que, distraídas, se esquecem de circular. É a química, caro PMS, que no fim cerra a porta e arremessa a chave.

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  7. Não percebi aquela parte da jovem vistosa que entrou na sala e que lhe fez lembrar febras de porco. Nunca se olha para uma mulher vistosa (seja ela jovem ou menos jovem) a entrar onde quer que lhe apeteça entrar, e, de seguida, encomenda-se febras de porco. Erro fatal.

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  8. Anónimo25.9.13

    No Universo feminino, e dependendo muito da senhora, se ela deu o primeiro passo só pode haver um factor determinante. As palavras que não se disseram e as palavras que se disseram. Palpita-me que foi isso.

    Moi-même.

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  9. Anónimo25.9.13

    Acredite que quase nenhuma mulher percebe se o vinho é errado. Acredite que basta que o homem em que ela confia lhe diga que o vinho é o certo!

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    1. Se o caro Pipoco não se importa eu gostaria de responder às 'palavrasque o vento...'.

      Acredite que muitas mulheres percebem quando o vinho é errado (não que seja dramático) e não têm qualquer problema em o dizer ao homem em quem confiam. Se confiam sabem qual vai ser a reacção. Quase que aposto que será muito boa.

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    2. Anónimo25.9.13

      Sim, Maria Madeira, muitas mulheres percebem, mas quase nenhuma percebe. É pura matemática: 100 mulheres podem parecer muitas, mas são apenas 0,0001 das restantes (Inventei o número, 'tá? Não vá aparecer algum especialista em demografia). Agora se formos falar de sapatos a coisa já muda de figura...

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    3. Anónimo26.9.13

      Há duas qualidades de mulheres. As inteligentes e femininas e as embrutecidas feministas. A palavrasqueoventonãoquis porquenãopensa pertence ao restrito grupo das primeiras. Os meus respeitos.

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  10. Oh piqueno RP, vai , sai por aí e diverte- te, deixa lá, pah, diz-se que há 7 mulheres e meia para cada homem ( sempre estivemos em maioria, sabes?) , se não for esta, seguramente será outra.... O teu tio é um picuínhas nestas coisas, não ligues, é da idade....

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  11. Ah, meu caro, tivesse sido esse o problema deste seu sonhado poema...
    Ocorre-lhe em algum momento que a imagem que o meu amigo tem das Mulheres, essa objectal frivolidade semi consciente das suas recorrentes descrições daquela que é sempre a nossa mais delicada e melhor metade, ocorre-lhe, dizia aqui este seu amigo, que raia a misoginia? E que uma dama sofisticada é perfeitamente capaz de observá-la enquanto em simultâneo se interroga sobre a adequação dos tempos verbais e da intencionalidade do seu discurso? E que em todo este curioso processo o amigo Salgado apenas se interroga acerca de si próprio?

    É algo que lhes está nos genes meu caro amigo. Simplifique meu caro. A complexidade soa-lhes a logro, e com toda a justiça. E vá sozinho. A companhia do Tio estraga e espontaneidade do diálogo.

    O meu amigo já pensou em compilar todos estes seus sonhos numa única publicação? Se algum dia se decidir, chame-lhe Aquilo que um homem desconhece acerca de si próprio. Será um sucesso sem qualquer dúvida. Mas esforce-se por oferecer uma maior densidade afectiva às suas personagens femininas...
    anonimo

    ps por vezes interrogo-me se este seu séquito apenas luta por um lugarzinho à tona naquela sua listinha ali ao lado...

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  12. Anónimo26.9.13

    Caro anónimo do texto grande, O Tio Pipoco não simplifica coisa nenhuma porque isso iria descaracterizá-lo. Assim é que ele tem graça e é por isso que aqui ganhamos tempo em leituras. Posto isto, deixe-me esclarecer uma coisa sobre a sua presunção de post scriptum: Tem noção que pode traumatizar as pessoas que comentam com as suas contas, em vez de o fazerem anonimamente, e que por esse facto isto pode passar a ser um antro de anónimos que se confundem entre si? Sabe que na blogosfera nem todas as pessoas são oportunistas, não sabe? Há aquelas que estão por cá apenas pelo prazer de ler, de escrever, de comentar o que é (para elas) de comentar. Vê mal nisso?! Sou uma pessoa sensível, 'tá?

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    1. Se vejo mal nisso? De modo algum minha cara. Como poderia eu próprio, que tanto me preocupo com a antítese, deixar de aceitar as críticas que me são dirigidas? É tão lícita a sua opinião acerca do opúsculo acima quanto me parece a minha própria perspectiva aí plasmada.

      Mas, presunção minha cara? Repare na extrema subjectividade da coisa. Trata-se de uma mera lucubração nocturna, nem sequer formulada como pergunta. Se depreendeu ofensa, arrogância ou oportunismo é algo que deve questionar em si própria. Infelizmente, em qualquer discurso há sempre algo que constitui o fulcro da ambiguidade: não conseguimos partilhar contextos intencionais com clareza.

      E aproveito a ocasião para esclarecer o óbvio: aqui somos todos anónimos minha cara, quer tenhamos um blog ou um longo nome com uma imagem ou uma simples designação. A única coisa que nos caracteriza e nos distingue são as ideias e o formalismo que escolhemos para a sua transposição em palavra.

      É com imensa curiosidade que, em toda esta dialéctica com o caro Ruben, esteja sempre tão esquecida a parte da antítese.

      O padrão é simples, um texto sobre a vida sonhada dos anjos, seguido de um ramalhete de comentários de aprovação sem qualquer espírito crítico ou assertividade. Presunção da minha parte? Claro que é uma forma de ver as coisas, tão lícita quanto outra qualquer. Mas não se esqueça que é a sua forma de ver as coisas. Até porque se o próprio Ruben tivesse depreendido insulto da minha parte dificilmente o comentário teria visto a luz do dia.

      Mas agradeço a sua preocupação e procurarei emendar a minha atitude anónima e presunçosa, especialmente nos ps.
      Assim sendo, porque não sou isento de mácula, deixo-lhe as minhas sinceras desculpas, pela ofensa que depreendeu e pelo absoluto fracasso da minha hipótese com laivos universalistas.
      Deste seu,
      anonimo

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    2. Anónimo26.9.13

      Pessoalmente já aprendi mais e melhor português com o meu caro anónimo do que numa vida inteira a consultar dicionários, o que, reconheça-se, é obra.
      A jeito de corolário: o seu PS não só é despropositado, como ofensivo tanto para o proprietário do espaço como para as suas leitoras.

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    3. Anónimo26.9.13

      Caro anónimo dos textos grandes, verifico que não me entendeu. Quiçá porque eu sou mais pragmática, menos rebuscada. Eu esclareço em poucas linhas:
      1 - Presunção por presumir que... No seu post scriptum presume que... blá blá, o que faz de si presunçoso, mas por presumir e não por ser arrogante.
      2 - Como anónimo ninguém vai espreitar o seu blogue. Com conta de blogue podem ir. E o caríssimo sabe bem disso, caso contrário não teria feito o comentário que fez! É dessa anonimidade que falo e não daquela sobre a qual escreve, neste seu último comentário.
      Quanto ao resto, peço desculpa mas não alimento. Apenas lhe digo que não tem de mudar padrão rigorosamente nenhum. Não tem por mim, que sou uma anónima à solta pela blogosfera. E fique ciente, para seu descanso, que não me ofendeu, de todo! Apenas quis mostrar-lhe o poder das palavras simples.
      Despeço-me sem grandes vénias, apenas com um singelo e saudável sorriso,

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    4. Os meus caros vêem como a oposição é necessária?! Todos nós presumimos tudo. A nossa mera visão do mundo mais não é que uma simples presunção no sentido que lhe atribuem, apenas um modelo continuamente actualizado da realidade.
      Assim também a minha cara amiga presume que tenho algum blog que aqui possa apresentar ou promover. Engana-se, o meu saudosismo leva-me à intimidade do papel. O blog que um dia foi já não mais o é.

      A crítica é válida apenas se proveniente de autores de blogs (e a propósito porque não apenas daqueles com nome verdadeiro, telefone e morada)? Teria a minha cara sentido menos aversão nessa eventualidade? E no cinema, futebol e política, apenas de cineastas, treinadores e políticos poderão criticar com propriedade? As palavras estão mais acima, tão expostas como quaisquer outras. A diferença reside apenas no meu heterónimo 'anonimo/nasa.org'? Em que aspecto é que isso me torna diferente de si neste espaço?
      'Rebuscado', 'presunçoso', está bem patente nas suas palavras, visível para todos. Em que medida difere essa atitude daquela minha 'despropositada' e 'ofensiva' cogitação? E qual o motivo para depreender ofensa se a considera sem qualquer fundamentação?
      Não pense nisto como percepção de ofensa da minha parte. Felizmente sou suficientemente imune a essa sensação. Encare-o antes como uma interrogação filosófica acerca da natureza destas nossas interacções.
      anonimo

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    5. zorro, o aprovador.26.9.13

      Melhorou por um lado, piorou por outro.
      Menos contundência agressiva e maior comedimento, o que se saúda; e menor dicção gramatical; o que se lamenta.
      Em todo o caso e numa apreciação meramente subjectiva; não esteve mal.

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    6. eheheheheh, uma alma caridosa, e, melhor ainda, irónica! Agradecido, camarada :D
      anonimo

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    7. Anónimo26.9.13

      Caríssimo anónimo dos textos grandes e já meu de estimação,
      Vamos lá ver se a minha parca prosa o faz entender o meu ponto de vista (esta coisa não dá a hipótese a desenhos): Anónimo escreveu em p.s. "ps por vezes interrogo-me se este seu séquito apenas luta por um lugarzinho à tona naquela sua listinha ali ao lado...". É a isto que chamo a presunção de achar que quem comenta se está a pôr a jeito a um lugarzinho, não ao sol, mas ali ao lado. Ora para se ter um lugar ali ao lado há que ter um blogue. Se não se comentar com conta de blogue e sim como anonimo, que é aquilo que aparece quando o caríssimo anónimo dos textos grandes e já meu de estimação comenta, não se poderá candidatar a tal. Certo? Estou certa? Chamei-lhe arrogante? Não! Chamei-lhe presunçoso? Sim, porque presume muito! Ao contrário eu não presumi nada, nem sequer que o excelso, meu de estimação, tem um blogue! Quanto a ofensas, não vejo nada de ofensivo em lado nenhum. Apenas lhe disse que sou sensível. Sou sensível ao sol, o seu excesso causa-me urticária; sou sensível à maldade, acho-a desnecessária; sou sensível às tempestades, adoro-as; sou sensível às palavras; às atitudes; aos cheiros. Enfim, sou sensível. Podemos trocar mais impressões outros textos de D. Pipoco se prometer que não se apaixona por mim. Desta sua, sempre do contra, para si apenas Palavras.

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    8. Minha cara amiga, penso finalmente compreender a natureza destes nossos pequenos libelos, nova e aparentemente radicados na ambiguidade da palavra.

      Ora se bem compreendo, nas suas palavras 'presumi' na acepção de conjecturar. Ergo sou presunçoso por temperamento, pela conjectura em excesso. Na verdade é uma agradável evolução para quem se julgava apenas pateta.

      Tenho sérias dúvidas acerca da lógica desta associação, mas podemos sempre deixar o assunto entregue à ambivalência das palavras e evitar justificações forçadas. Sempre relacionei 'presunção' com vaidade ou afectação. Mas é largamente reconhecida a minha propensão para o erro.

      E é absolutamente correcto que a nada me candidato, e que infelizmente mantenho a minha 'presunçosa' conjectura, sempre desapaixonadamente.
      Apresento os meus cumprimentos pela sua argumentação, quando utiliza o meu próprio 'anonimato' para procurar invalidar a minha conjectura. Embora em rigor este seu não pertença ao séquito mas à oposição.

      Sempre no prazer da argumentação,
      anonimo

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    9. Anónimo27.9.13

      eheheheh
      Putz... fiz uma chalaça, um trocadilho, mas sou uma incompreendida!
      Presunçoso = Pessoa que presume.
      do mesmo modo que um idiota é uma pessoa que tem ideias.
      Quanto ao séquito lamento desiludi-lo mas... também faz parte. Tem seguido, e muito. Pelo menos hoje. e, tanto faz que seja contra ou a favor, o importante aqui é que segue!
      Despeço-me com os meus cordiais cumprimentos e respeito.

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    10. zorro, o aprovador27.9.13

      Está visto, sai casamento!
      Quem diria, hem! Blog do Pipoco casamenteiro.
      Agora sim! Posso morrer que já vi tudo que havia para ver neste mundo.
      Eheh...

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    11. Anónimo27.9.13

      eheheheheheheheh

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    12. Pois, e eu é que sou o comediante...
      ;)

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    13. zorro, o aprovador.27.9.13

      Ó pá ó pá! Tudo tem um princípio e em abono da verdade, não acredito que o caro amigo só perceba de gramática e não saiba que todos os relacionamentos que começam por se esgadanharem como leões, são os que realmente prosperam

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    14. ah, meu amigo, é a sua espada que o leva a essa conclusão!

      no entanto, nesse sentido, apelo aqui ao caro amigo Salgado, actualmente tão sorumbático na busca de uma temática, que considere este promissor assunto do casamento entre pólos opostos para um futuro texto.

      talvez tenha razão, se funciona no magnetismo porque não entre bloguinhos?

      (e continuo a carpir pelos meus pecados...)

      ps (não se assustem!) só para esclarecer o meu amigo da longa espada que agradeço a lisonja. mas, em boa verdade, nada percebo de gramática. limito-me a juntar palavras na esperança que disso resulte algo inteligível. ainda que não seja aquilo que pretendia inicialmente manifestar, que também nunca sei bem o que é.
      rorschach em acção, nada mais.

      ...e aproveito para esclarecer que sou virgem de blogo.
      obrigados

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  13. Anónimo26.9.13

    Talvez não tenha dito o que deveria dizer, talvez não tenha expressado a importância dessa mulher, talvez tenha desvalorizado uma pessoa que realmente gosta de si, mas que não percebeu o que significava para si. Talvez pense que para si, ela não existe. Para não ter dúvidas, talvez fosse bom, não ser orgulhoso e questioná-la porquê...

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