Sempre que vou a tribunal, e agora tomei-lhe o gosto, viciei-me naquilo de entrar na sala de audiência e estar ali à conversa com os Senhores Doutores que daí a pouco me vão fazer perguntas completamente inesperadas, eles vestidos com umas coisas pretas, depois a Doutora Juíza entra e eu levanto-me, para ela me voltar a dizer para eu me sentar outra vez, penso sempre no que aconteceria se eu não me levantasse, não arrisco porque nunca se sabe, era coisa para parar o processo por uma temporada, mas sempre que vou a tribunal penso sempre que seria divertido se a Senhora Doutora que me faz perguntas fosse a Doutora Rachel, não é, sei que não é porque as Senhoras Doutoras que me fazem perguntas são sempre umas mal-arranjadas, se fosse a Rachel era outra coisa, começava a fazer-me perguntas e eu ali, fascinado, a balbuciar respostas, a hesitar, a prolongar a audiência só para a Doutora Rachel me perguntar mais coisas, "Engenheiro Pipoco, podemos então deduzir que coisa e tal, e assim e assado", eu pedia para consultar o processo só para me aproximar da Doutora Rachel, depois contradizia-me só para que a Doutora Juíza concluir que era capaz de ser preciso uma nova audiência.
Rachel, a si que me acompanha as escritas há tanto ano, sempre paciente, não podia oferecer-lhe senão o óbvio e previsível Kafka. "O processo".
Credo Pipopo, Kafka é absolutamente intragável. E "O Processo" é do mais irritante que já li. Juro que se pudesse teria entrado no livro e abanado violentamente Josef por todas as não perguntas. Fiquei com nervoso miudinho, nunca um livro me irritou tão violentamente.
ResponderEliminarSuponho que, para ser ouvido, lhe serem feitas perguntas, ter que se levantar quando entra a Juiz, e estando envolvido no processo, é arguido.
ResponderEliminarCom que então metido no mundo do crime?
]:-)
Agradeço, mas o processo? kafka?
ResponderEliminarbom, mas de qualquer forma confesso: sou mal ajeitada, mal arranjada e feia. uma mente brilhante, mas muita muita feia.