18 outubro 2021

Diz que o facebook é uma má coisa

A rapariga lá do facebook, a que se teve acesso a estudos internos lá daquilo, conta-nos como grande novidade que as redes sociais vivem de as pessoas se maçarem umas às outras e eu, que sou eu, sei isso desde sempre, e sei mais, sei que o facebook e o twitter fazem de nós pior gente, transforma-nos em indignados, vicia-nos em ter opinião sobre não-coisas, põe-nos a discutir sobre o que não sabemos e ocupa-nos tempo precioso, que podíamos usar para ouvir música, para ler livros ou para essa nobre actividade que é não fazer nada.

Ainda ontem almocei com um desses zé-ninguém, o tipo mais cinzento que conheço, escriturário, mulher que lhe orienta a vida, férias no Algarve e casa na terra, mas no facebook é vê-lo feroz e indignado, se o assunto toca ser bola, ele destrata e relembra penalties perdoados no campeonato de noventa e dois, alega forte que conhece pessoas que conhecem pessoas que conhecem os podres, agiganta-se e vibra com quem se lhe alia, que lhe diz que se lembra perfeitamente do tal penalti, foi aos vinte e dois minutos da segunda parte, e eu a ver como facebook transforma aquele homem, amigo do seu amigo, apreciador de um bom bacalhau cozido, que bebe um Papa-Figos tinto nos dias de festa.

Eu, que sou mais blogs, e agora os blogs são para meninos, sei, e sei-o desde o primeiro dia, o que é preciso para gerar tráfego, não preciso de algoritmo nenhum, sabia-o eu e sabíamo-lo todos, o que atraía pessoas era o deitar abaixo, fosse uma desgraçada qualquer que dizia a coisa errada no blog errado, dizer  umas maldades sobre o que vestiam as miúdas dos globos de ouro ou outra deselegância qualquer, as visitas tomavam partido, criava-se o normal burburinho nestas situações e estava a coisa feita, as dez mil visitas do dia estavam seguras e amanhã era outro dia.

5 comentários:

  1. Mas é claro, o problema não são as redes mas as pessoas. Quanto muito estas coisas potenciam o pior...Quem quer ter êxito e muitos likes segue as regras do dizer mal ou coisas chocantes, arautos de notícias e de coisas que mais ninguém sabe. Já a Vera Lagoa sabia...quem quer vai atrás e quem não quer fica na sua.
    ~CC~

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  2. Isso, Tio Pipoco...Chegue-lhes forte e feio. :-)

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  3. Anónimo18.10.21

    Ainda bem que o Pipoco é "mais blogs". "Moi même" também.

    E é por posts como este que cá venho.

    Só acrescento que o tempo dispensado ás redes sociais podia ser empregue para um belo passeio e para brincadeiras com os nossos cães. Ou para ajudar os outros, sendo voluntário numa associação.

    Um abraço do Algarve,

    Sandra Martins

    PS - Festinhas ao cão grande.

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  4. Cláudia Filipa18.10.21

    A história do início, então no caso do Facebook, acho fabulosa. Depois assumir as proporções que assumiu. Para o bem e para o mal. Bolas, é qualquer coisa.

    Nunca me senti minimamente atraída pelas redes. E não sou nada dada a preconceitos. Acontece que, neste universo, são mesmo os blogs que me dão aquilo que gosto.
    Para mim, logo à partida, o principal problema das outras redes, é que dão também um protagonismo que não desejo e que não me faz falta nenhuma.

    No trânsito, também há ganas de matar e esfolar. O cidadão aparentemente mais pacifico, parece um assassino em série, veias a sair do pescoço, olhos a querer saltar das órbitas.
    Toda a gente sabe, há demasiada gente a viver "enjaulada" por diversos motivos. As pessoas só me têm confirmado isso. Talvez, o trânsito e as redes, evitem que mais gente pegue numa arma e desate a disparar a torto e a direito. Quando acontece "Ah e tal, que chocante, não se percebe como é possível..." O tanas! é que não se percebe.

    E o que gosto quando desata a dizer coisas, senhores!
    Ah! E, "o amigo do seu amigo", contou com a minha empatia (e é do meu clube, não é, Pipoco? Nesses despropósitos, só pode...) Piscadela de olho e muito boa noite!

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  5. Anónimo19.10.21

    E as saudades que eu tenho do Netlog...

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