O Senhor Dionísio não sabe tirar um café em condições, o que é uma maçada quando se é o proprietário de um estabelecimento que se chama Café Dionísio, mas sabe tudo o que há para saber sobre enxertos de árvores e qual a melhor altura para semear tomilho ou para que ponto cardeal se deve virar o arbusto de louro, é por isso que o meu segundo café do dia, cinco minutos depois do primeiro, é tomado no café do Senhor Hugo, homem de poucas palavras mas que sabe tanto da nobre arte de extrair o melhor da mistura de arábica e robusta como eu sei das artes de distinguir se há mais Malvasia ou Touriga Nacional num bom vinho tinto.
Realmente, se eu pensar nisso, no café que fui bebendo "no/nos café/s" ao longo da vida, raramente aconteceu "hum, que café tão bom!", foram muito mais as vezes que bebi um café com vontade de fazer as caretas que aparecem nos filmes quando alguém, que nunca bebe, ou mesmo bebendo, põe-se a beber um bagaço assim como se fosse um comprimido, e, tantas vezes, mas tantas vezes, sabem a queimado, mas isto do queimado acontece mesmo muito, que, realmente, "tirar um bom café", é mesmo uma arte só ao alcance de alguns, até vou escrever, muitos parabéns, Senhor Hugo. De facto, fosse apenas pelo café que "vamos ao café", não fosse pelo hábito, por todo um ritual associado, pela simpatia dos donos ou de quem nos serve, pelas conversas, pelo convívio, lá está, estariam tramados todos os Senhores Dionísio.
ResponderEliminarNosso Pipoco, a saber retirar o melhor de dois (ou quantos forem) mundos
desde mil novecentos e algo!
(quanto ao dia quatro, paciência vá, um dia, se muito bem lhe apetecer, voltará a poder voar ao encontro do inesperado, voltará a sentir tudo do avesso, de uma forma boa, e que está tudo muito bem assim, vai ver)