18 agosto 2020
A viagem grande possível
Viajar só por estradas nacionais, ligar para uma rádio local, dizer a frase, pedir uma música de Augusto Canário e eles passarem mesmo a música, ficar num turismo rural com a pior decoração de sempre mas com uma proprietária tão simpática que nem apetece dizer nada sobre as senhoras de Fátima e as colchas padrão tigre, verificar que o Audi Q7 é o novo Opel Calibra dos nossos emigrantes, não saber os números do Covid de ontem nem os do Brent de hoje, não fazer ideia de onde vou dormir amanhã, adormecer cansado, deliciar-me com os emigrantes que falam francês entre si quando não querem que se perceba o que dizem, como se usassem um dialeto das tribos perdidas do Borundi, cumprimentar as pessoas na rua e elas responderem.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Pelo menos, seria uma viagem grande diferente e à portuguesa, com certeza. Se calhar até ia gostar...
ResponderEliminarTudo isso é tão bom, não é?
ResponderEliminarNoa noite, sô Pipoco
Mas...mas...mas...então, neste blog, os comments desaparecem ao invés de se multiplicarem? Há um bocadinho havia dois e agora só está um?
ResponderEliminarOlhe que sorte a sua não ser o meu a desaparecer?... ahahahaha
Comentador/a arrependido, foi??
Sei que já aqui contei, mas conto-lhe outra vez mais um bocadinho. Não imagina (bem, até acho que imagina perfeitamente) o quanto estou agradecida aos meus pais por terem sido os primeiros a mostrar-me, várias fatias do país, nas férias, assim. Um país por episódios, durante vários anos. Com a ajuda de um mapa e os, já na altura, cadernos do Expresso (sem qualquer intenção de publicidade, apenas facto). Ainda a ideia do aproveitamento turístico não era tão abrangente (há sítios que, em relativamente pouco tempo, ficaram com uma data de infraestruturas que não tinham) e aconteciam assim coisas como chegarmos a um sítio, onde só existia um ou dois cafés, perguntarmos por um restaurante e, como não havia, as pessoas oferecerem-se, e não deixavam não aceitar, para arranjar-nos ali uma refeição com a comida que tinham, não para comercializar, mas, da gestão normal da sua própria casa (e, depois, pediam uma pechincha). E também era assim, dormir onde estivéssemos a horas de tratar da questão da dormida (e essa parte de não se saber onde se vai dormir amanhã só acrescenta magia à coisa, eu acho), quando não ficávamos mais do que um dia no mesmo sítio, claro.
ResponderEliminarPlantaram-me a semente do gosto por viagens grandes pelo meu país, que fui repetindo, e, depois, toda maravilhada...baralhando os sítios todos...
(consigo perfeitamente imaginá-lo todo divertido com essa situação gira e completamente inócua de pôr-se a ligar para rádios locais a pedir músicas...)
Sim, então, particularmente nesta altura, essa é uma viagem grande possível. Que esteja a ser tão feliz a fazê-la como eu, fui/tenho sido, a fazer as minhas.
Ah, e, gostei tanto deste post.