14 outubro 2018

Em verdade te digo, Ruben Patrick

Talvez o problema, Ruben Patrick, seja os teus dias serem cada vez mais insossos, não digas que deve ser uma maçada a situação das setenta virgens que ofendes o nosso senhor dos muçulmanos, abstém-te de referir o ronronar do teu novo brinquedo alemão que a soberba é pecado mortal, não notes o olhar fatal da mulher que te faz o sinal outrora inequívoco de "vamos apanhar ar lá para fora, a conversa destas pessoas não se aguenta" que podes estar a ler deficientemente a situação, recusa o terceiro gin porque algum imbecil vai gravar a tua subsequente conversa filosófica e vai colocar o filme lá nos sítios onde os imbecis contam as coisas pequeninas que lhes acontecem e vai dar-lhe como título "o nosso CEO ontem à noite" com umas carinhas amarelas a sorrir, não digas que o Ribatejo é o melhor sítio deste país para se viver porque ofendes os dos direitos dos touros, não respondas com diplomacia às tonterias que às vezes te colocam nas caixas de comentários das preciosidades com que brindas os teus leitores que é insuportável o teu tom paternalista, não recomendes Bukowski que és um miserável misógino, não gabes o serviço do Aspic, ali à Rue Condorcet, que há meninos a falecer em África, não refiras os teus merecidos dias de férias na Provença que há quem não possa ir de férias senão para o parque de campismo da Costa de Caparica (há, não há?...), não queiras debater as cartas de Paulo aos Coríntios que ofendes nosso senhor mesmo nosso senhor, não digas ao miúdo que te recomendaram que o dezoito com que acabou o Técnico não esconde a ignorância que notaste à segunda pergunta que estás a destruir para sempre sonhos juvenis.

29 comentários:

  1. Anónimo14.10.18

    Que soneira....

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  2. Caramba, quase adormecia, logo eu que sou mana da insónia.

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  3. "Não comentes senão para acrescentar valor..."


    E eu lá sou dessas?

    Hoje atrasei-me...

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    1. Mirone, a menina nunca se atrasa.

      (isso foi um bocejo, ou quê?...)

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    2. (De todo. Quando tantos nos dizem o que não fazer - sobretudo porque nem todos podem fazer o que fazemos - achei por bem contribuir com o meu "não faças". Mas, nem sendo boa nem a seguir ordens disfarçadas de conselhos nem a dá-los, tentei ser o mais inócua possível)

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  4. Cláudia Filipa14.10.18

    Este é um post muito bom.

    A ditadura da política correcção, embora envolta nesse papel tão bonito e enfeitado com um grande laço de boas intenções, não deixa de ser uma ditadura. E as ditaduras costumam matar, consta até que, as boas intenções, são as que morrem primeiro.

    Este é um post mesmo muito bom.

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    1. Obrigado Cláudia Filipa.

      (ora, é apenas um post razoavelzinho...)

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    2. No fundo, Ruben, a coisa é um bocadinho mais grave do que o Tio te está a pôr, o que é natural, porque ele não te quer assustar, mas basicamente, nos dias que correm, as novas guidelines impõem-te que não entrando na corrente, não tenhas opinião. E é talvez por isso, Ruben, que cada vez mais se diga menos...

      (e pronto, assim já somos três a achar que o post se safa...)

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    3. Anónimo15.10.18

      e depois o aborrecimento que é, quando não concordam com a gente... que maçada.

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    4. Ercília Benavides Meirelles15.10.18

      Ora, toda a gente sabe que quando alguém não concorda, está obviamente em carência sexual ou resume-se a coisa à inveja. Qual é a dúvida?

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  5. Anónimo15.10.18

    Em verdade te digo, Ruben Patrick, que dentro do embrulho tão vistoso da «irreverência» e do «politicamente incorrecto» encontrarás, frequentemente, lugares-comuns bafientos e preconceitos pisados e repisados desde o início dos tempos. Mas, se quiseres viver bem em sociedade, aprenderás a disfarçar o enfado e a simular entusiasmo, sob pena de seres acusado de censor e de inimigo da liberdade de expressão.

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    1. Cláudia Filipa16.10.18

      Em verdade lhe digo, este seu comentário também é a tradução de "um juízo pré-concebido".
      Muitas vezes, quando erguemos a nossa espada em defesa da erradicação de preconceitos, acabamos por revelar alguns cinco ou seis muito nossos, é que, todos temos. Sim, claro, podemos atribuir notas aos preconceitos, "o meu preconceito é muito melhor que o teu, o meu tem toda a razão de existir e o teu não", mas isso até nos faz dialogar, trocar ideias, até pode enriquecer-nos mutuamente, também será para isso que existem blogues, por exemplo, penso eu.

      Combato o que me é atirado em forma de pedras dando protagonismo à forma em jeito de agressão, o que castra injustificadamente a minha liberdade, aquilo que pode dar origem a atitudes criminosas, e muitas vezes resulta em, o que pretender inferiorizar-me no caso de não estar a ter nenhuma atitude que, de facto, me inferiorize. Agora, os fanatismos, matam tudo o que aparece pela frente, e, sim, também matam a troca de ideias, aliás, parece até que muita gente já não consegue discordar sem ser em modo "declaração de guerra".

      Blogues como este, "Pipoco Mais Salgado", têm de deixar de existir, são uma afronta. Os humoristas, que passam a vida a mexer o caldeirão das susceptibilidades, também desaparecerão todos, qualquer palavra em falso pode ser a morte, sem direito a qualquer réstia de memória pelo bom que foi até aí.

      Sob pena de seres acusado de alarve e de insensível a todas as causas concebidas, e pré, como mui nobres, aprenderás a não rir de coisas sérias, aprenderás sobre o caminho mais fácil, afinal, consideram-te demasiado estúpido para aprenderes sobre o respeito pela diversidade e qualquer divergente é um perigo de contaminação (agora lembrei-me de um filme), aprenderás sobre as vantagens do uniforme e etc tudo dentro do mesmo género.

      O seu comentário fez-me ter vontade de responder, troca de ideias e de preconceitos, apenas, é que, (ainda) podemos.

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    2. Anónimo17.10.18

      Olá Cláudia Filipa! Sou a anónima do comentário acima :) Se puder e quiser, gostava então que me indicasse os preconceitos que identificou no meu comentário. Não nego que os tenha (quem não?...) mas não os encontro ali. Se mos indicar, prometo reflectir sobre eles. E também, se lhe pareci «fanática», gostava de perceber porquê, e de quê. Para meu auto conhecimento.

      O que pretendia expressar é apenas isto: tornou-se muito difícil dizer coisas como «essa ideia não é muito original». Ou «essa ideia pode ter as consequências A, B ou C». Ou ainda (a suprema arrogância!) «X, Y e Z apontam para que essa ideia seja falsa». E tornou-se difícil porque isto tende cada vez mais a suscitar reacções de «Ai que me estão a censurar!». E isso também mata a troca de ideias.

      Na minha leitura, discordar é uma coisa e censurar é outra. E todos ganharemos quando nos habituarmos a lidar com vozes discordantes. Infelizmente (e aí concordo consigo), parece-me que, enquanto sociedade, não é para aí que estamos a caminhar.

      Obrigada pelo tempo que dedicou a responder ao meu comentário.

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    3. Cláudia Filipa17.10.18

      Olá Alguém! Quando li o seu comentário pensei, "Aqui está muito bem escrito e resumido um possível outro lado da questão", daí a tentar arrumar as ideias para responder-lhe foi o que viu...

      Vou então dizer-lhe o que considerei "juízo pré-concebido ou preconceito". Repare, ao escrever que o embrulho da irreverência e do politicamente incorrecto é vistoso e que, agora vou passar a utilizar também palavras minhas, depois de retirado o atraente papel da rebeldia que ofusca, encontramos, assim bem disfarçados de modo a poderem passar impunemente e perpetuarem-se, não esquecer que o embrulho produziu o seu efeito de ofuscamento e portanto roubou discernimento, os tais "lugares-comuns bafientos e preconceitos pisados e repisados desde o inicio dos tempos", e que, aqueles que não ficaram ofuscados, sob pena de serem considerados uma espécie de cobardes vendidos "a um sistema de ditadura de ideias" ou uns castradores da liberdade de expressão, simulam um entusiasmo que não sentem pondo em prática o famoso dito popular "Se não os consegues vencer, junta-te a eles", agora pergunta-me, "Cláudia, mas acha isso impossível?", respondo-lhe, possível ou não, aquilo que dizemos enquanto convicções nossas sem prova concreta, não deixam de não ser ideias genéricas baseadas no que concebemos como probabilidade, afinal, um juízo pré-concebido, um preconceito, que pode fazer todo o sentido, como também pode não ser nada assim, nem em relação às intenções e comportamento de uns, nem em relação ao comportamento dos outros face à situação. Por exemplo, tendo em conta o que referiu, há quem seja como é e pura e simplesmente reivindique o seu direito a sê-lo, sabendo que com isso não prejudica ninguém e que ache inconcebível ter de estar sistematicamente a fazer uma triagem exaustiva para não ferir susceptibilidades, para não colidir com causas, para não magoar A, B ou C, mais, pode até acontecer haver quem se dê ao trabalho de colocar as questões, o mote, de modo a, por exemplo, poder acontecer estarem agora aqui estas duas pessoas a conversar sobre isso, outras vezes apenas a brincar não sendo suposto daí resultarem consequências prejudiciais para seja o que for , e, do outro lado, quem pura e simplesmente não considere ser preciso esse tipo de simulação para viver bem em sociedade e pura e simplesmente participe relativizando o que é para ser relativizado e goste mesmo do que ali acontece. Já, "o fanatismo", não tinha nada que ver com o seu comentário, foi chamado no decurso do desenvolvimento das ideias.

      Quanto ao resto do comentário, tem toda a razão quando diz que discordar é uma coisa e censurar é outra e que todos ganharemos quando nos habituarmos a lidar com vozes discordantes. E, sabe, neste caso, ok, falo por mim, vou ter em conta o que me faz perder as estribeiras e também ser incorrecta, é a forma, a forma como se dirigem a nós quando discordam, pode não concordar, mas, mais do que o conteúdo que consubstancia a discordância, é a forma que, muitas vezes, começa logo por estragar tudo, a forma pode fechar logo a porta. E tenho sempre muita pena, e isto é absolutamente sincero, que as pessoas se vão calando por pensarem que não vale a pena, ou seja por que motivo for.

      Obrigada pela possibilidade desta troca de ideias, a si e ao dono da casa.




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    4. Anónimo18.10.18

      Oh, mas eu não acho que quem faz as piadas as faça por maldade, nem que quem se ri delas o faça por cobardia… Não julgo as intenções nem o carácter de uns nem de outros. Primeiro, porque não é isso que me interessa, depois porque (geralmente) pouco ou nada conheço desse carácter e dessas intenções.

      O que costumo fazer é uma avaliação crítica do conteúdo das mensagens, e das suas potenciais consequências. E depois respondo, ou não. Mas percebo aquilo que diz em relação às respostas que «fecham portas». E como me explicou o «seu» lado, posso tentar explicar o «meu»: Por vezes, as pessoas estão emocionalmente muito investidas naquele tema. Por vezes, as pessoas já estudaram profundamente o tema, e já reflectiram muito sobre ele (até profissionalmente) e acreditam (justificadamente) que podem acrescentar algo. Por vezes, as pessoas já perderam a paciência para se explicarem de outras formas, e entram no modo «aqui vai disto». E sim, por vezes, trata-se mesmo de arrogância e/ou condescendência (não vamos fingir que isso não existe…)

      De qualquer forma, olhe: estivemos aqui duas estranhas, com pontos de vista diferentes, numa caixa de comentários, a trocar ideias de forma civilizada… Parecendo que não, ainda vai sendo possível ;)

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    5. ladykina18.10.18

      E agora apetece-me dizer que às vezes as pessoas atiram muitas pedras, porque as carregam no coração. E só conseguem livrar-se delas quando alguém do outro lado, às vezes, faz de conta que não sabe de onde essas pedras vêm e não se desvia delas nem dá a outra face. Acho que pode a isso chamar-se tacto, sensibilidade, quando às vezes alguém diz, sem dizer - olha que belas eram as pedras de que te livraste. Só acontece às vezes, bem sei, mas "parecendo que não, ainda vai sendo possível."

      (and now ladies and gents :

      https://www.youtube.com/watch?v=PgKPVqulyZU )

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    6. Anónimo18.10.18

      E uma teoria interessante, ladykina. Mas, da minha parte, não se aplica. Zero pedras no coração. Espero que o seu também esteja leve ;)

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    7. Cláudia Filipa18.10.18

      Alguém, continuará a ser possível. Continuará.

      LadyKina, e agora apeteceu-me contar-lhe que acabo de dançar ouvindo Tactless, mesmo.

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  6. Anónimo15.10.18

    Então, meu caro?
    Aumenta a idade e diminui a paciência?!
    Não deveria ser o inverso?
    (não, não pretendo dizer "aumenta a paciência e diminui a idade", poças)

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  7. Anónimo15.10.18

    (isto anda aqui alguém muito doeeennnnteee...)

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  8. Anónimo16.10.18

    tio, aconselho a fazer shinrin-yoku. vai ver que irá se sentir-se melhor.
    vw

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  9. Anónimo17.10.18

    ofensa muçulmana,
    "ofensa" é redundante, tudo ofende o profeta

    soberba alemã,
    também redundante, todos os bólides teutónicos despertam soberba, afinal é povo exímio na construção de automóveis e início de grandes guerras, que acabam por perder

    receio de acusação de assédio,
    ahhh, a era exígua a que chegamos, já nem podemos perguntar a uma rapariga se quer vir a nossa casa jogar xadrez ao som de Bach, beber uma limonada e ser sodomizada

    o martírio das redes sociais,
    aquelas malditas fotos ao alto, minha nossa Senhora, ao alto

    os direitos dos dos direitos do animais

    o necessário paternalismo na face da tonteria blogo esférica

    a vã glória dos sítios que nos escolhem para férias

    o dogma da escritura da casa.


    meu caro, este mundo está tão para lá de f..... que o rapazinho do técnico já sabe que pouco sabe, mas não lho diga, ficararia a sensação de o meu caro constatar o óbvio, e isso sim, acima de tudo, é coisa que não queremos colada ao nosso perfil.

    F......, vamos morrer todos..., p... de sorte madrasta...

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  10. Anónimo18.10.18

    a claudia está a meta-dialogar?

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    1. Cláudia Filipa18.10.18

      Ai, que quando dialogo, muitas vezes, é assim ao metro, isso é inegável, todos podemos constatar, agora não me diga que, para além de dialogar ao metro, também faço isso de meta-dialogar, bem, pelo menos, espero que isso seja uma coisa em condições...

      (e agora vou-me embora antes que Pipoco me expulse, e seria muito bem expulsa)

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    2. Cláudia Filipa19.10.18

      * "a metro", "a metro"...

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  11. Anónimo19.10.18

    Valha-me a Santa!! Muito se fala por aqui e tão pouco se diz...

    Ó Pipoco, mude lá isto para uma coisa que se veja que, por aqui, há gente de verdade. Parecem todos bonecos articulados...
    Ainda quem se vai aproveitando é a lady kina e o onónimo, mesmo assim, isso lá são nomes de gente?

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  12. Ontem, perante o porco preto que comi ao jantar, fiquei a pensar se não seria melhor ter antes comido porco de cor. Ou vá, negro.

    Um bom domingo, amigo Pipoco.

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