26 janeiro 2018

Tivesses estudado

De todas as coisas divertidas que se cruzaram com a minha vida nos últimos dias, e foram algumas, a mais divertida de todas foi a daquela miúda, vivaça, dessa estirpe de miúdas que sabem viver a vida sem grande esforço, afinal é uma influenciadora social, uma coisa em bom, nem é preciso grandes esforço, é prantar um retratos de comida nisso das redes e a coisa dá-se, a jogada da miúda era sacar umas noites à borla em Dublin, e logo cinco noites, senhores, em troca de dizer que ali estava um bom hotel, recomendava-se, fossem as noites boas ou más, estivessem ou não os bacon and eggs no ponto certo, cheirasse ou não a alfazema o sabonete, a tal da influenciadora social havia de dizer que tudo tinha sido muito aprazível, isto porque, lá está, em sendo à borla as coisas até parece que têm mais valor.

O problema, nestas situações há quase sempre um problema, além da rapaziada que já esteve nos hotéis, pagando, serem uns inconvenientes e dizerem que a experiência não tinha sido assim tão superlativa, o problema, dizia eu, é o que o dono do tal hotel perguntou, e bem, como é que, oferecendo noites à borla, conseguiria ele pagar as contas, ou seja, o tal dono, não sendo um influenciador social, faz parte dessa massa de gente que tem que pagar as contas, nem sequer lhe ocorre dizer ao tipo que lhe entrega os croissants que lá deixe uma carga de croissants por conta de uns retratos bem esgalhados na página do hotel a dizer que aquilo é que são uns croissants, já não se faz disto, a farinha moída por técnicas ancestrais, o trigo balançando ao vento, feliz, a manteiga proveniente de leite retirado de vacas que pastam livremente nos campos verdes.

Felizmente que nós cá no nosso cantinho não temos disso das influenciadoras sociais. Pois não?

20 comentários:

  1. "Influenciadora"...

    Em inglês ainda vai, mas em português...

    "In-flu-en-ci-a-do-ra"

    Não pode ser, carai...

    Temos de ter uma palavra melhor.

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    1. Manipuladora de otários?

      (são três...)

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    2. Encantadora de unicórnios?

      (Agora de repente, e não sei porquê, veio-me à lembrança um tio meu que se entretinha a hipnotizar galinhas quando era novo... Se fosse hoje ainda se havia de desenrascar como influenciador ou lá o que é...)
      (Blhac, palavrota estranha...)

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    3. O nome certo não sei qual é, mas hoje o DN tem uma chamada de capa a dizer que já é profissão.

      Nê, em que CAE cabe o encantamento de unicórnios? Queria registar-me!

      :DDD

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    4. Eu diria que em "Outras actividades", Mi. Que eu não sei, mas diria que existe.

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  2. Eu acho isto hilariante:

    "Elle Darby fala de como aos 22 anos encontrou o seu sentido para a vida ao tornar-se uma “influenciadora de redes sociais” e das “oportunidades incríveis” que isso lhe tem trazido nos últimos três anos: "roupa à borla das marcas favoritas, comida preferida à borla, viagens, hotéis …”. Elle sabe que a “vida real” é assim e por vida real refere-se especificamente à de “influenciadora de redes sociais”, mas ficou chocada com a quantidade de comentários negativos que leu ao seu email, enviado, sublinha, “com a mais pura das intenções”. E tudo isto porque “pessoas que não percebem o mundo de social media” fizeram um post “malicioso”. Os comentários negativos vinham, diz Elle, sobretudo de pessoas com mais de 30 anos … que não percebem o mundo de social media.

    “Como é que as crianças vão aprender a ser pessoas boas e decentes sendo educadas por pessoas tão amargas em relação aos seus empregos?”, pergunta-se. Seguem-se longos minutos de incentivo à carreira de influenciador de redes sociais e sobretudo de ânimo para que outros como ela não se deixem abater por "pessoas com empregos das 9 às 5".

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  3. Temos. A PMD que não influenciando quem tiver dois dedos de testa, consegue influenciar alguns papalvos e lá vai fazendo uns trocos e umas viagenzitas à borla. Aliás, quer-me parecer que é a ela que o Pipoco se refere, eu também vi e ouvi...

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    1. Anónimo28.1.18

      Viu e ouviu o quê? Parece-lhe? Basta escrever no Google: blogger hotel Dublin e fica devidamente informada. Então de nada, foi um gosto.

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    2. Parece-me, claro que me parece, respondi à pergunta de PMS.
      Se eu disse/escrevi, que vi e ouvi, é porque vi e ouvi. Quer saber mais do que eu?
      Já agora, por acaso é representante da figura em questão?
      Que figura? Pois a A.G.M., autora do blog a PMD, quem mais?
      Portuguesinha da silva...ora essa!

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    3. Anónimo29.1.18

      Giro isso da realidade paralela.

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  4. Anónimo27.1.18

    Então não temos? Isso era o que faltava! Cá já há tudo como no estrangeiro! A Pipoca que vende todas as tralhas e mais algumas, a do bom aspecto que vender Summer e Winter Market, a do blog da filha que vende mercaditos, a que vende sapatos ou lá o que é aquilo, o arrumadíssimo que vende o que calha, a Palmier que tem uma obra (linda!) que nunca mais acaba e nós ali a viver aquilo como se fosse nosso e umas a quererem vender aquilo à Pipoca, uma confusão que é preciso ler todos os dias senão perde-se o fio à meada num instante. Ah e o Pipoco que vende vinhos e queijos como ninguém. Ah e Lounges de aeroporto. E janelas! Quase me esquecia das janelas. Se não fosse o cerebrum ou lá como se chamam as cápsulas para a memória que me foram recomendadas num blog qualquer.

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  5. Pipocante Irrelevante Delirante27.1.18

    O mais "divertido" é esta gentalha por trás de si um exército de acéfalos disposto a f... lixar o negócio ao senhor, e por consequência a vida a umas quantas famílias cujo sustento depende do mesmo. Só porque sim.

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  6. Mais do que haver uma série de carneiros que engolem a conversa dos influenciadores digitais, gente que é paga para dizer bem de coisas que não consome mas quer que os outros consumam, são os influenciadores digitais que me fazem confusão. Não me deslumbro com coisas à borla por serem de borla, por um lado, por outro gosto de ser eu a decidir onde vou, quando, com quem e como. A desonestidade parece ser coisa que não perturba este povo, como no caso da moça do Hotel de que fala. Desde que venha a guita, eu posso inclusive dizer que vender a mãe é uma boa opção. Ou os filhos... oh wait... Deus deu-nos um cérebro para pensar, nos EUA pessoas andam a pagar 40 dólares por água que diz que vem dos rios, sabe deus em que condições. Otários indeed. Tivesse eu jeito para o negócio e importava daqui meia dúzia de garrafões de água do luso, despejava-os em garrafas de 33 e vendia cada uma a uma fortuna. Lamentavelmente, deus nosso senhor abençoou-me com outros não tão rentáveis talentos. O sistema não te protege, o sistema controla-te. E a mim tinham de me pagar muito bem para aceitá-lo. Ao ponto de ser apenas uma vez, pagavam-me o suficiente para não mais ter de me sujeitar a tal. Era esta a minha proposta de influência para o mundo. Independência para toda a gente decidir em liberdade o que quer fazer no seu tempo e com o seu estômago e pele. E tal... Beijos

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. já percebi a polémica...

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  9. A jovem sentiu-se humilhada porque o dono do hotel lhe sugeriu pagar por um serviço que ela queria contratar, o que é extraordinário e algo a que estes jovens habituados a ter tudo demão beijada desde que digam umas merdas aos gritos no youtube não estão acostumados. Imagine-se, pagar por alguma coisa...

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  10. Anónimo27.1.18

    Quanto tempo dão a que este tipo de bloggers consigam viver à custa dos blogs?

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  11. Anónimo28.1.18

    Aqui na terra do carrapau chama-se a isso andar à babuge ;)

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  12. Anónimo28.1.18

    O tio tinha para ali arrumado um blog chamado "vendo-me", mas já desapareceu da lista, que ilumina esta celeuma:

    - é "vendo-me" e não "ofereçam-me", "paguem-me" e não "troco-me".

    Ainda chamam a isto fazer negócio, não admira que isto ande tudo de pantanas. Só confusão naquelas cabecinhas.

    Social influencers (socorro) título de quem não tem a especialidade de Spin Doctor e arranjou a imitação barata.

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  13. Infuenciadora faz-me lembrar encantadores de serpentes. Alimentar as serpentes não deveria ser suficiente para as encantar.

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