13 junho 2017

E agora vou só ali falar do que não sei

Quando cheguei ao meu destino, o Hilton de Barcelona, esta parte era escusada mas as coisas são como são e a persona faz-se de deixar estes pormenores espalhados displicentemente ao longo do texto, quando cheguei ao meu destino, dizia eu, arredondei a conta do táxi par um valor que incluía uma gorjeta generosa, tão generosa que o taxista se virou para trás, tirou os óculos escuros e agradeceu, surpreendido. Foi pela música clássica, justifiquei. E então o taxista explicou-me que ajusta a escolha musical ao que lhe parece que o passageiro está mais necessitado e que eu, engravatado com quarenta graus em Barcelona e o meu ar taciturno, lhe pareci estar precisado de música que me acalmasse durante o percurso e, acrescentou, foi também por isso que não me dirigiu a palavra, até porque notou, através dos seus óculos escuros, que eu fechava os olhos para melhor apreciar a sonata.

Depois apertámos as mãos e cada um foi à sua vida, ele divertindo-se a escolher a música que os clientes estão precisados, eu a desejar que o próximo cliente seja um casal que se adeque a uma coladera.

9 comentários:

  1. ahahahahahh

    Queria estar lá, para ver, como esse casal se descosia

    Bom almoço sô Pipoco


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  2. Anónimo13.6.17

    Gostei da sugestão de uma coladera, para um casal...
    Seja bem-vindo. Já sentia saudade...

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  3. Esta de termos um crítico musical sentado ao volante de um táxi em Barcelona faz-me transportar para a realidade do taxismo português. Chega-lhe Rádio Comercial para o lombo! Até ferve!! =P

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  4. Os taxistas são uma espécia de fluido que corre nas veias de uma cidade, transportando e disseminando uma cultura específica, local, que pode ser bastante interessante ou pode, em alguns casos, ser irritante. Mas esse é um taxista excecional.
    Ou não teria dado um post. E um tão bom.

    Só mais isto: lembro-me de em Barcelona ouvir anunciar no rádio precisamente de um taxista, tinha eu uns 19 anos, o grupo de música portuguesa "Los patadas y patadas". Creio que foi a única vez que gostei de ouvir os Xutos e Pontapés.

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  5. Anónimo13.6.17

    eu cá também foi parecido. o senhor até me perguntou como se escrevia "ilha" para poder digitar corretamente o nome da rua naquela coisa à esquerda que o colega lhe pôs ali.

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  6. Cláudia Filipa13.6.17

    Mesmo merecedor da gorjeta generosa, que ainda possibilitou ficar (e ficarmos, ainda bem) a saber essa particularidade deliciosa.

    Para a troca, não tão bonita, mas deixo-lhe a minha última conversa com um taxista: - Por favor, com toda a segurança, preciso que transforme este táxi num avião.
    - Então, está a ir de táxi, qualquer coisa culpe o taxista, diga que antes de chegar ao destino pretendido, primeiro, levei-a a dar a volta ao mundo;
    - Pois é, tem razão, e depois ainda acrescento: "Taxistas, sabem como é". Depois rimos e pronto.
    Se fosse "o seu taxista", que música teria escolhido para mim? Talvez também música clássica, na tentativa de apaziguar a aflição/enervação de quem está atrasada.

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  7. Anónimo13.6.17

    Excelente meu caro.

    Quem me dera ter tido psiquiatras com metade da perspicácia desse genial taxista.

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  8. Anónimo14.6.17

    taxista querido e profissional. parabéns!
    vw

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