29 maio 2017

Isto da blogosfera já não é o que era (e ainda bem)

Metade do que leio nisto dos blogs manda dizer que isto é tudo muito bonito mas no tempo de antigamente é que isto era de valor, aquilo era o tempo em que nos deleitávamos com as letras uns dos outros, mal podíamos esperar pelo dia seguinte, era o tempo em que nos inspirávamos uns nos outros, era o tempo das caixas de comentários sem moderação, uma maravilha para a malandrice em tempo real, quem nos dera aqueles dias em que estávamos cá pelo convívio e nada mais que pelo convívio, uma coisa assim a modos que salutar.

Pois em verdade vos digo, o antigamente dos blogs era do piorio, aquilo eram as más poesias, os blogs colectivos em que todos se atropelavam e, se fossem blogs colectivos de mulheres, mais post menos post aquilo dava para o torto e lá se repetia a velha (velha?...) história de elas se zangarem muito umas com as outras, aquilo eram os tempos em que os bloggers se conheciam em jantares de lombo de porco assado e afinal ninguém era como as pessoas imaginavam, nem meia hora havia de convívio e já toda a gente olhava para os relógios, afinal tinham um compromisso para daí a dez minutos, ficavam as mousses de chocolate todas por comer, era o tempo das caixas de comentários maçadoras para toda a gente menos para as duas amigas para a vida que por lá andavam a entediar toda a gente (bem, disso ainda há...), graças aos céus que esta boa gente migrou para o face, como eles dizem, aquilo serve-lhes muito melhor para nos contarem a vidinha sem graça nenhuma que se vive para para os lados dos arredores e para sacarem uns likes às férias na Praia da Rocha, ou então passaram-se para o insta, como eles dizem também, aparecem-nos com os dedinhos em forma de V a comer sushi que lhes chega por um mini tapete rolante, estão lá na redes onde a gratificação é imediata e até parece mesmo que as pessoas têm uma vida em condições.

Os blogs estão como nunca estiveram, com gente que escreve mesmo a sério, quando lhes apetece, gente que não carece de mostrar pratos de má comida nem precisa dos blogs para ter amigos, isto da blogosfera está no são e os que por cá andam continuam a divertir-se com isto de fazer magia com as palavras sem ter que agradar a ninguém, a contar histórias sem precisar de validar se as histórias são boas ou não, são sempre boas, afinal são as nossas histórias.

E agora vou só ali decidir se me apetece fazer aqui uma semana à moda do antigamente, com uns recadinhos nas entrelinhas, um ou dois questionários daqueles do que está escrito na página quarenta e sete do livro que temos na mesa de cabeceira, talvez me incline para a marcação de um jantar de bloggers, os do Porto dirão que é uma pena ser tão longe, os de Lisboa dirão que nesse dia têm um casamento de um primo de França mas que ainda assim são capazes de lá dar um salto. Quereis?

(inspirado, em última análise, nisto que a Loura das bicicletas escreveu)

26 comentários:

  1. Lady Kina29.5.17

    Não obstante a contraproducência, subscreveria na íntegra este recadinho.

    ResponderEliminar
  2. Anónimo29.5.17

    Ah um jantar de bloggers é que era mesmo divertido para fazer uns abdominais de risota à antiga.

    ResponderEliminar
  3. Caramba, será do tempo? Também nostálgico sô Pipoco, ou só a preparar terreno para zarpar?
    Como disse aí em cima, e quanto a mim muito bem, bons mesmo são os blogues descomprometidos, que postam quando querem, falam do que querem, e a sua sobrevivência depende, apenas e só, da vontade do proprietário e não das audiências das massas.
    E pronto, já mandei bitaite.
    Tenha um bom dia :-))

    ResponderEliminar
  4. Anónimo29.5.17

    :))))) Adorei!!

    ResponderEliminar
  5. é verdade, apesar de ter concordado com o último parágrafo da loira, como pode constatar, este post é igualmente verdadeiro. E adorei o tom despachado e sem merdas. Mas não é 100% fiel ao que a blogosfera já foi. Isso de mandar bocas e de críticas e não sei quê é verdade. Mas escreveu-se muito mais do que se escreve, com muito mais conteúdo, deu-se muito mais de nós. E eu, que tenho tantos anos de blog quanto sua excelência, nunca pus os cotos num jantar porque nunca fui de frequentar caixas de comentários um dia inteiro. E tb separo um bocado o virtual do real. Mas adorei saber que os tão falados jantares afinal tinham esse sucesso todo. Bjos

    ResponderEliminar
  6. ?!?!?...não é o Pipoco que começa sempre P`las Mousses de Chocolate aka sobremesa?...desfaz-se um mito. :)

    ResponderEliminar
  7. Um jantar de bloggers era espetacular.
    Não sou blogger de primeira linha, bem sei, nem estou na minha melhor figura para aparecer, mas as saudades que eu tenho de um blind date, caramba!

    ResponderEliminar
  8. Cláudia Filipa29.5.17

    Olá outra vez, Pipoco. E logo assim com um post tão bom, vai sair um daqueles comentários enormes, preparado? Vamos a isso.
    Quando leio as pessoas que já cá andam há muito tempo dizerem que dantes é que era, lembro-me sempre dos velhotes de todos os tempos a dizerem que no tempo deles é que era bom.
    Irá sempre existir o entusiasmo dos que entram no processo de descoberta, a excitação do inicio, a fase da paixão que as coisas começam por despertar e depois a passagem para a velocidade de cruzeiro, este apaziguar que parece que é até necessário para que não dê uma coisa às pessoas, parece que estaríamos tramados se andássemos sempre em picos de paixão por tudo, poderíamos estar sujeitos a ter um AVC ou assim, eu por exemplo, tenho de ter cuidado, que sou uma dessas palermas com níveis exagerados de paixão pelas coisas.
    Também, do lado de fora, pela visão de quem não tem um blog, penso se, em alguns casos, o dizer-se que isto já não é o que era, não estará relacionado com os que eram "campeões" da blogosfera numa dada altura, agora terem passado um pouco para segundo plano, precisamente pelas alterações que descreve ou outras, como por exemplo o aparecimento de outras pessoas, outras escritas, outras formas de estar nisto, parece-me que também poderá ser aquela coisa de maldizer o que também já não está lá para as pessoas como já esteve ou já não ser "a turma delas", uma espécie de "se já não gostas tanto de mim, também já não gosto tanto de ti e pronto, humpf! que me importa, passaste a ser uma porcaria".
    Outro aspecto interessante, pelo menos para mim, que não frequento qualquer outra rede social e que era a primeira a dizer que era impossível sentir qualquer espécie de ligação a pessoas que não conhecíamos de lado nenhum, apenas por, "trocarmos escritas", era até bem arrogante nesta minha convicção, é ter agora de admitir que isto, no meu caso, deixou de ser verdade, acontece uma espécie de ligação sim e, pelo menos eu, sinto falta de algumas pessoas quando desaparecem e se isto não é a prova de que de facto acontece uma ligação não sei o que será, é claro que depois somos todos muito crescidos e racionais e estas coisas não se dizem, preferimos dizer que não confundimos a realidade com o virtual como se não fosse gente que é gente de carne e osso que está desse lado a dizer coisas, mais boneco menos boneco, mas não me importo de ficar nisto sozinha a dar o corpo ao manifesto, a destoar, a ser uma espécie de Idiota, aquele do Dostoievski, mas a verdade é que nunca consigo desligar-me do pensamento de que é gente como eu que está desse lado, apenas o intermediário é que uma máquina e as pessoas existem, não são virtuais.
    Também posso dizer que tenho dúvidas se o facto das pessoas, eu incluída, não quererem encontrar-se é falta de vontade ou é falta de coragem, é que se me puser a pensar mesmo bem nisso, sem desculpas, sem tretas, acho que tenho mesmo falta de coragem para isso (sim, até a mim, certa de que é impossível alguém não gostar de mim, acho que ainda não terá nascido pessoa com tão mau gosto...acontece-me uma grandessíssima cobardia nesta matéria, e sim, não sei se não teria um primo a casar-se em França, logo nesse dia, oh! Que pontaria e tal, assim mesmo, mesmo, só por estar a ser uma grande cobardolas).

    ResponderEliminar
  9. Anónimo29.5.17

    Os comentadores profissionais também estão convidados?
    (e podem levar as suas duas virtuais esposas?)

    O ar tornou-se rarefeito mas melhorou a paisagem?
    Não recordo exactamente assim, no entanto é verdade que não ando nisto há 79 anos.

    ResponderEliminar
  10. A blogosfera está incomparavelmente melhor. Mas faz-me falta o Pedro Mexia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo, Cuca Laruca, e tenho a certeza absoluta, mesmo não sendo uma assídua desta casa, que o anfitrião desejaria ter algo de Mexia, Pedro :)

      ____
      E não, os blogues não escadeleceram, estão francamente melhores e, eventualmente menos, que aquilo que dá hoje - mais ainda - às pessoas é a pressa de ir apanhar o comboio to nowhere :)

      Eliminar
    2. Lady Kina31.5.17

      quem raios é o Pedro Mexia?

      Eliminar
    3. para agradar ao anfitrião, que eu não sou tão desagradável assim, é uma espécie de alter (isso) do anfitrião desta casa :)

      Eliminar
  11. Anónimo29.5.17

    esse "antigamente" não era o irc?

    ResponderEliminar
  12. Anónimo29.5.17

    Será que o tio enlouqueceu ou vai enlouquecer a blogosfera? Descubra aqui, tio, responda a estas simples perguntas, assinalando V(verdadeiro) ou F(falso):

    1. "Vou adoptar um gato."
    2. "Começo sempre pela sobremesa."
    3. "Eu gosto é do Verão!"
    4. "Sou fã secreto do meu Anónimo Mauzão, que é meu, todo meu e só meu até ao fim."
    5. "Não respondi à pergunta n.º4."

    Soluções depois das respostas.

    Obrigado!

    p.s. - Para bónus, convidar todos os anónimos para o dito evento.

    ResponderEliminar
  13. Anónimo30.5.17

    Na expectativa de outro diagnóstico de psicose, desta vez gratuito, e porque verdadeiro ou falso se encerra numa caixinha demasiado pequena, e porque estou cansado de ler o jornal aqui no escritório, e já fiz a sesta:

    1. num. dois adoptados patifes em casa já me fazem a vida negra.
    2. num. mesmo que começasse chamar-se-ia entradas e não sobremesa.
    3. num. meia estação, temperatura amena e ondas grandes.
    4. num. mito urbano, não há mauzão, mas se houvesse seria certamente o melhor do mundo, na opinião do Tio Marcelo. e já estou virtualmente comprometido.
    5. num. e a pergunta não é mutuamente exclusiva, não acrescenta informação não comportamental.
    0. tupelo. actualmente a minha música preferida.

    Anónimos e Comentadores profissionais com as suas duas belas esposas!

    Terá o nosso caro Pipoco adquirido a garrafa de barca velha para O Acontecimento?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lady Kina30.5.17

      "a garrafa de barca velha para O Acontecimento"

      como assim, não era para temperar as febras?!

      Eliminar
    2. Anónimo30.5.17

      :DDDDD

      As minhas desculpas Bela e Assombrosa Esposa! Esqueci, por momentos, que falávamos de D. Pipoco de Albuquerque.

      Eliminar
    3. Anónimo30.5.17

      Respostas, Soluções & Interpretações (também me podem contar os vossos sonhos):

      - o tio é dog person;
      - só começa pela sobremesa ou café quem já vai de saída;
      - "Já irão ver! Já vos mostro!";
      - Não existem anónimos numa matilha, todos são conhecidos;
      - Nem a nenhuma das anteriores, mas "perdi tempo para mostrar o meu desprezo por perguntinhas de testes".

      - Onónimo, seu patife!
      - Onónimo nunca começa pela sobremesa, mesmo que a entrada seja mousse de chocolate;
      - Nómada sem se afastar muito de casa;
      - Sem problemas de hierarquia e ou autoridade, simplesmente porque a qualquer momento pode sempre deixar de lhes atribuir qualquer importância;
      - Nem a nenhuma das anteriores, mas "perdi tempo para mostrar o meu desprezo por uma pergunta entediante quando já estava entediado".

      Já se jantava.

      Eliminar
    4. Anónimo30.5.17

      :DDDDD
      Delicioso caro/a anónimo/a!

      (por breves instantes cheguei a sentir-me assustado)

      Eliminar
  14. Anónimo30.5.17

    Caraças!!!

    ESTÁ AÍ ALGUÉM???

    Posso apresentar-me ao reconhecimento com as minhas duas jóias florais Lady Kina e Cuca Pirata???

    POSSO???



    ...


    ó! Ferida minha que dói sem se ver.
    ó! Fogo nosso que arde e não se sente;
    ó! Miasma que desatina sem [coff, coff] ...der...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Jóia floral??
      Uma intrépida e atemorizadora pirata?

      Eliminar
    2. Anónimo31.5.17

      Um pequena cedência, só por três dias,
      Magnífica Cuca, Terror dos Oceanos.

      Eliminar
  15. Folgo em saber que há alguns bons que ainda resistem.

    ResponderEliminar
  16. Gostei do seu texto. Uma boa análise deste fenómeno na blogosfera e das redes sociais.

    Também acredito que o formato blog permite a qualquer pessoa um bom meio de expressar as suas ideias, os seus gostos e a sua criatividade. Creio até que os blogs podem ser um bom exercício de cidadania já que o aqui se escreve é público.

    É verdade que a maioria desandou para o facebook, pois é um formato mais acessível. Não tem que se escrever textos, nem dar opiniões. Aquilo é publicar umas fotos, partilhar uns vídeos, dar muitos likes, mandar "Jinhos" e andor que se faz tarde.

    Escrever ou comentar um blog implica um esforço maior, mas creio que a experiência é muito engraçada.

    Um abraço

    ResponderEliminar