09 março 2016

Os problemas das mulheres

Quando, à terceira notícia de ausência em duas semanas para assistência a uma virose de um filho, eu pergunto se a criança não tem pai, a questão ser entendida como insensibilidade minha ao sofrimento alheio.

75 comentários:

  1. Anónimo9.3.16

    Sabe porquê que isso, muitas vezes, acontece? Porque como habitualmente os homens têm ordenados mais altos, e se não trabalharem sofrem grandes cortes, acabam por ser as mulheres a fazer essa opção.

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  2. Eu não diria insensibilidade ao sofrimento alheio. Antes uma intromissão na gestão familiar alheia. Cabe a cada família decidir quem acompanha a criança doente, não lhe parece?

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    1. Lady Kina9.3.16

      Obviamente que sim. É daquelas situações em que largaria um "hás-de ter muito a ver com isso, hás hás!"

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    2. Parece. E também me parece que a minha missão no mundo é promover a ideia de que um pai também é capaz de dar assistência a uma virose. E já se sabe que eu, no que toca a missões, sou incansável.

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    3. E não deverá ponderar, no exercício da sua missão, a hipótese de o pai também ter dispensado alguns dos seus dias a acompanhar a criança, faltas que intercalou com as da mãe?
      E quem lhe garante, por exemplo, que o pai está realmente apto a fazê-lo? Há uns tempos uma das minhas sobrinhas teve de ser operada ao coração. O meu cunhado sofre de síndrome vagal, a simples ideia de ver a pequenita entubada ou com um cateter na mão faz com que desmaie. Nas duas vezes em que tentou ficar no hospital a acompanhá-la precisou de assistência médica. É verdade que serão uma minoria as pessoas que sofrem de síndrome vagal, e uma virose não é uma cirurgia, mas não pode partir do princípio que os pais que ficam a trabalhar enquanto os filhos estão doentes se consideram menos capazes enquanto pais, se estão a demitir das suas tarefas ou simplesmente ignoram o conceito de partilha de responsabilidades.
      E diga-me uma coisa, lá no lugar onde trabalha, só a ausência das mães causa transtorno (eu sei que causa)? Faria a mesma pergunta ( desta feita se a criança não tem mãe) a um pai que por três vezes em duas semanas se ausentasse para assistir um filho doente ou ficaria feliz porque ele tomou aquela decisão?

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    4. Mirone, eu também tenho qualidades de desconversador. Podemos ir por aí, eu conto-lhe que o pai da criança está desempregado, que a mãe é uma mãe super-protectora, que aquilo era uma doença menor e a história há-de valer tanto como crianças com problemas graves e pais com síndromes vagais. Eu acho que não será pior ficarmos pela história média e pelo que eu quero realmente dizer: em caso de doença dos filhos são quase sempre (eu ia escrever "sempre" mas depois havia de me contar a história de um homem seu amigo que fica com os filhos) as mães que ficam a dar assistência. E gostam que assim seja.

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    5. Então se era para conversar porque não nos disse logo de início que o pai estava desempregado e, portanto, cheio de tempo para acompanhar a criança? Pelo post não adivinhamos.
      Pondo de parte os exemplos que conhece, para não desconversarmos, evidentemente, insisto na pergunta que deixou sem resposta. Lá no seu local de trabalho, se um pai se ausentasse três vezes para assistir um filho doente (sabendo que a mãe até está desempregada), faria a mesma pergunta que fez à mãe? E, abusando da sua boa vontade, responda-me, também em consciência, se considera mesmo que o desemprego de um dos membros do casal bule com os direitos/deveres laborais e familiares do outro?

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    6. Pipoco, parece-me que não lhe cabe a si decidir que a mãe deve ou não deve ser super-protectora (pode não concordar com a super-protecção e não ter agido assim com os seus filhos), mas cada pessoa é como é, e eu, que sou um bocadinho mãe-galinha, posso dizer-lhe que, sobretudo com o meu primeiro filho, cada ranho no nariz era uma aflição. É claro que normalmente estas coisas depois passam e amenizam-se, que deixam de ser um bicho de sete cabeças, e que as mães (é verdade que são muitas vezes as mães) acabam por aprender a lidar melhor com as situações de doença. Agora, não cabe ao superior hierárquico/chefe/ patrão fazer reparos sobre o assunto e opinar sobre qual dos pais deve dar assistência a um filho doente.

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    7. penso inclusive que o direito a ficarem 6 meses em casa com os filhos é só delas, os pais só têm um mês. A questão é que somos diferentes, sempre seremos diferentes, a biologia não mente, e as coisas têm de ser adaptadas e não iguais para toda a gente, isso é marcar toda a gente pela mesma bitola e é das coisas menos inteligentes que se pode fazer com gente.

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    8. Anónimo9.3.16

      Tenho uma mãe dessas como colega, por mais que tente, e tento, não entendo por que razão tem de ser sempre ela a levar os miúdos ao médico.

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    9. Devolvia a primeira pergunta que fiz. Pois se as senhoras gostam que assim seja, não lhe parece uma intromissão abusiva na dinâmica familiar?

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    10. Mirone, a minha resposta é tão assustadoramente previsível que me escapou: sim, evidentemente, perguntar se a criança não tem pai podia ser substituída por perguntar se a criança não tem mãe.

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    11. Ainda sobre a ingerência familiar, há matizes. A relação de proximidade que poderei ter com a pessoa, por exemplo.

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    12. Causa transtorno, bem sei, não pense que não sei, afinal se a pessoa foi contratada o seu trabalho faz falta, mas, repito, cabe a cada família decidir quem acompanha a criança, se ambos os pais alternadamente, se sempre mesmo, se o mesmo na maioria das vezes é o outro excepcionalmente.

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    13. Continua sem resposta uma pergunta que fiz. Deve o desemprego de um dos elementos do casal determinar a extensão e/ou conteúdo dos direitos e deveres do outro, como a assistência a filho doente? É que quem diz desemprego pode dizer também emprego. Estando os dois elementos do casal a trabalhar, quem deve ficar com a criança em caso de doença? O que ganha menos ou mais? O que tem um trabalho mais qualificado ou o outro? É que falamos de assistência a um filho doente, nao falamos de trabalho que fica pendente.

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    14. Mirone, tem que ter presente que eu tenho as minhas prioridades e responder no blog nem sempre é uma delas...

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    15. Nota-se :)

      (não tem de responder, sei qual é a sua resposta em consciência e se nao se sente confortável a dá-la aqui, não devo "forçá-lo". Em verdade lhe digo, que hoje estou em modo pica-miolos, o problema das mulheres é terem chefias ou colegas que se arrogam o direito de dar palpites sobre as suas escolhas na esfera privada).

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    16. Calculo que, quando diz "sei qual é a sua resposta em consciência e se não se sente confortável a dá-la aqui" seja uma força de expressão. Uma força de expressão atrevida, mas uma força de expressão. Porque não só não sabe a minha resposta em consciência (não perca de vista que o Pipoco é um boneco que eu inventei) e sabe ainda menos do meu nível de conforto no que quer que seja. Finalmente, garanto-lhe que não me força a nada, seja em que circunstância for.

      Quanto à segunda parte da questão, persistindo a Mirone na visão do tema que escolheu ter, eu dizer seja o que for não acrescentará muito à discussão.

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    17. Lady Kina9.3.16

      Pipoco, estas são as palavras que usou para explicar o seu post, partindo do princípio de que nós lhe não tínhamos alcançado a essência :

      "(o)que eu quero realmente dizer: em caso de doença dos filhos são quase sempre (...) as mães que ficam a dar assistência. E gostam que assim seja."

      ...

      Se era isto que queria dizer, agora pergunto eu (que posso ser parva mas também não gosto que me façam de burra):

      - E??? O assunto é? ...

      (se me responder tratar-se de um não-assunto, ó pá, amigo, pra isso tamos cá todos, né? agora se é para brincar às ideias, haja o mínimo de decência)

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    18. Com certeza que é uma força de expressão. Com certeza que não o forço a nada em circunstância alguma. Com certeza que sei distinguir o boneco do seu criador.

      (Suspeito, porém, ter tocado num ponto nevrálgico de um dos dois, ou ambos - estou mesmo na dúvida - pois nunca vi nenhum dos dois responder com tanta agressividade a uma provocação em jeito de brincadeira, "hoje estou em modo pica-miolos").

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    19. Ora, Mirone, claro que sim, que tocou em vários pontos nevrálgicos, é uma suspeita perfeitamente fundada...

      (abençoado modo condescendente que nunca me deixou mal...)

      (isto sou eu também na reinação, evidentemente)

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    20. Lady Kina9.3.16

      Já me estais a irritar! QUAL é o ASSUNTO?

      1) Os motivos que levam as mães a ficar em casa a cuidar dos filhos doentes, em maior número do que os pais? ("pano para mangas", já lido por aí, e algumas razões avançadas também)

      2) Em que medida isto é um "problema das mulheres"? (ZERO points)

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    21. Lady Kina, isto é o blog do Pipoco. Esperar que aqui haja algum assunto é de optimismo assinalável...

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    22. (Nota prévia: condescendência é outra coisa)

      Prossigamos, então, em modo pica-miolos. (Há-de dedicar um dos problemas das mulheres ao inconformismo - pode chamar-lhe teimosia, preserverança, tenacidade, olhe, o que os humores do dia lhe ditarem).
      Para não desconversarmos, diga-me então o que o habilita , além da snobeira inerente ao boneco, a julgar problemático que uma mulher queira ficar com o filho doente apesar de ter o marido desempregado em casa? O lugar de chefia que ocupa? Não vá por aí. Depressa cairá no argumento "porque posso" e isso não é coisa de líder, é coisa de ... Pois.


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    23. (nota prévia, isso não é modo pica-miolos, isso é deslumbramento com a episódica atenção que lhe estou a dar)
      Não desconversando, a Mirone não é muito familiarizada com liderança, pos não?

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    24. (Nota prévia: está habituado a que assim seja, compreendo, mas a sua "atenção" está longe de me deslumbrar. Sabe que não é assim que me deslumbro - que deslumbro, assumo)

      Familiarizada com a liderança? No modo do utilizador ou noutro?

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    25. Não imagina o que acabou de suceder, Mirone: o velho Jeremias acabou de anunciar o jantar...

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    26. (Não revire os olhos, faz-lhe mal. E fica horrível)

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    27. Uma noite descansada, Pipoco. O velho Jeremias já lhe abriu a caminha e se não beber o legítimo agora ele ganha aquela nata arrepiante)

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    28. Não tenho sorte nenhuma! Era leitinho que queria escrever, não era legítimo.
      A pessoa esforça-se para manter os mínimos no mínimo e depois é isto.

      (antes do comentário do revirar de olhos não ficou por aí um outro perdido? Estava tão giro...)

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    29. (nada, Mirone. Nem em spam...)

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    30. (nada, Mirone. Nem em spam...)

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    31. Não concordo, Mirone. O facto de ser sempre a mesma empresa/local de trabalho a ser lesada/o, é que também poderá ser visto como uma intromissão à gestão da mesma/o.

      Se há dois pais trabalhadores, porque é que não se pode dividir a responsabilidade quando o apoio a prestar se prolonga no tempo?

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    32. Maria papoila10.3.16

      Tenho a ideia, ainda que possa estar enganada, de que, quando um dos pais está desempregado, o outro não tem direito aos 31 dias de baixa por assistência à familiar previstos na lei. Digo isto por ter uma amiga, cujo marido está desempregado e a quem lhe foi dito isso. Quando quer ficar com os filhos, ou falta ou mete férias.

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    33. (Não tem importância, era só um comentário a gabar a capacidade que o velho Jeremias tem de chamar para jantar no preciso momento em que o Pipoco começa a perder as palavras. Conserve-o)

      Simplesmente Ana, eu afirmei acima que tenho noção de que estas faltas causam transtorno às empresas, eu sei que sim. Mas a falar de doença prolongada ou de viroses? São situações diferentes.
      Eu não tenho muita experiência em faltas para assistência a familiares, confesso. Além disso, a nível laboral, talvez o meu caso é o do meu marido não seja típico. Quando a minha filha fica doente (Em 6 anos de vida, tirando dois internamentos hospitalares, um de 1 mês e outro de 4 dias, só foi preciso ficar em casa com ela por duas vezes, 2 dias de cada vez), fica em casa a pessoa que é capaz de lhe proporcionar mais bem-estar, com o menor prejuízo para a família (o bem estar da família depende, entre outras coisas, de dinheiro para pagar as contas, dinheiro que só existe se ambos trabalharmos). Se essa pessoa for eu, terei de desmarcar compromissos ou encontrar quem mos assegure. O mesmo se passa com o pai. Mas, lá está, não seremos um caso típico. Não me sinto competente para julgar as decisões que os outros tomam. Ou melhor, faço juízos, é claro que faço (penso que A ou B é um trabalhador mais ou menos empenhado, penso que faria de outra forma ou de igual maneira se fosse comigo, tenho opinião, claro que tenho), mas guardo-os para mim. A partir do momento em que souber que há matéria disciplinar agirei em conformidade, até lá respeitarei a forma que a pessoa escolhe para exercer os seus direitos.

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    34. Maria Papoila, faltas justificadas para assistência a filho doente e baixa médica para assistência a filho doente são coisas diferentes. Quem informou a sua amiga?

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    35. Estamos a falar de viroses. Faltas aqui e ali. E estou só a falar do ponto de vista do empregador,OK? Por mim, enquanto mãe, também gostava de poder ficar sempre com a minha filha nestas alturas, sem depender sequer do pai. Mas, como dizia, é legítimo que um empregador pense (ou pergunte) por que razão o pai não exerce o mesmo direito, com o objetivo de diminuir o absentismo da mulher.

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    36. Mas, já agora, Pipoco: quando fizer essa pergunta, confira primeiro se a mulher tem mesmo uma rede de apoio para estas situações. Porque há mesmo quem não tenha e se sinta pessimamente por ter que faltar. Aí roça mesmo a insensibilidade pelo sofrimento alheio.

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  3. Pipoco, se um dos meus filhos estiver doente (e não estou a falar de uma constipação ou uma virose dos três dias) eu quero estar lá. Mesmo que o pai também esteja.

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    1. Era uma virose. Se calhar vou dar essa informação no mail. Pronto, já está...

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    2. Uma virose de duas semanas...?

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    3. Sabe lá do que são capazes as viroses no dia de hoje. Aquilo é animal para ir e vir, não há aconchego de mãe que valha ao petiz.

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    4. Na verdade quando alguém me vem dizer que tem de sair porque se sente mal ou porque tem um filho doente, nunca dou "palpites". Nunca. É que às vezes as coisas podem não ser o que parecem e correr pior do que se espera e depois... bem, eu cá prefiro não carregar essa responsabilidade...)

      (isto não quer dizer que não existam pessoas que passam a vida a faltar apenas porque sim, porque não têm muita vontade de trabalhar, mas para isso há outros mecanismos...)

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    5. Palmier, ver resposta acima.

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  4. Lady Kina9.3.16

    Pipoco, admita lá: esta tentativa de pretenso feminismo saiu-lhe completamente ao lado, não foi?
    É que uma coisa é considerar que a assistência por doença a filhos menores é um direito parental (materno e paterno), podendo e devendo este ser usufruído por ambos (enquanto pais e não enquanto homem vs mulher), outra coisa completamente diferente é pôr em causa esse mesmo direito fundamental em contexto laboral, ainda por cima o mascarando de moralidade...

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    1. Lady Kina, vamos por partes. Primeiro, não se trata de pretenso feminismo, é ler o que vou escrevendo e perceber que feminismo, ainda que pretenso, não me assiste. Logo, não saiu ao lado.

      Por outro lado, interessa promover que a assistência deve ser partilhada. E não há nenhuma moralidade em promover uma sã e equitativa partilha do dever de assistência.

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    2. Lady Kina9.3.16

      Resumo a minha posição ao primeiro comentário da Mirone, parece-me bastante claro, fechando com uma frase da Palmier: "não cabe ao superior hierárquico/chefe/ patrão fazer reparos sobre o assunto e opinar sobre qual dos pais deve dar assistência a um filho doente."

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  5. Anónimo9.3.16

    a sua consideração é completamente despropositada. seja patrão ou chefe.

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  6. Anónimo9.3.16

    Quando a minha filha está doente, costumo perguntar quem ela quer que esteja ao pé dela. Invariavelmente, escolhe-me a mim. Azar o meu, digamos. Sorte do pai. :D

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  7. Mags9.3.16

    Os problemas das mulheres são? Muitos, está claro, basta ler a caixa de comentários. Tornaram o assunto num caso pessoal e perderam a objetividade. É por esta e tantas outras razões que nunca vamos conquistar o mundo.

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    1. Anónimo9.3.16

      este é o melhor comentário.

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  8. Anónimo9.3.16

    Por mais que me custe, o pai também quer e gosta de estar presente. Dividimos tudo a meias em casa. Temos bom senso. Não gostamos de faltar ao trabalho mas por vezes não temos opção e os nossos filhos são o mais importante. Eu compreendo o Pipoco, a sua posição enquanto chefe e todas as comentadoras. Mas só quem está no convento, que sabe o que vai lá dentro.
    Não julgue.

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  9. Eu percebi perfeitamente o Pipoco.

    O código do trabalho é claríssimo no seu artigo 49.º quando diz que o trabalhador (mãe e pai) pode faltar ao trabalho para prestar assistência a filho menor de 12 anos [...] até 30 dias por ano.
    30 dias por ano, e já há quem não viva sem eles (tenho isso no meu escritório). 22 de férias e mais 30 dias para a assistência ao filho. Certinhos, que já os contei (sim, sou maquiavélica, mas quem fica a alombar sou eu).
    Tudo justificado lá pelo amigo do pai, que é médico.
    Diz ainda [o artigo] que a possibilidade de faltar prevista não pode ser exercida simultaneamente pelo pai e pela mãe. Hahahahaha. Isto é facílimo de fazer. Raramente são pedidas as justificações por faltinhas aqui e ali, bem estudadas, para ir assoar o ranho ao petiz. Há sítios onde o Dep. RH nem se apercebe se o trabalhador tirou férias ou assistência ao filho.
    Para efeitos de justificação da falta, o empregador pode exigir ao trabalhador uma declaração de que o outro progenitor tem atividade profissional e não falta pelo mesmo motivo ou está impossibilitado de prestar a assistência.
    Esta é boa, mas se quer arranjar confusão, armar-se ao pingarelho, é pedir a declaração ao pai.
    Esta declaração é que pode não ser verdadeira... e volta tudo ao mesmo.
    Além disso o trabalhador pode faltar, sem mais, desde que não abandone o posto de trabalho por mais de X dias consecutivos.

    Na verdade o meu conselho para estes casos de assistência descompensada da mãe em relação ao pai, é: deixem a mãe cuidar, já que o pai não está para aí virado. Se estivesse ficaria com o filho para não prejudicar a mãe no emprego. A lei aplica-se aos dois de igual maneira, pelo que não vejo mais desculpas para não ser o pai a ficar.
    Eu faltei muito menos vezes que o V. para ficar com a ML, porque V. tem mais facilidade em ficar a trabalhar em casa. Mesmo que não tivesse, ficava na mesma que até ia de bonió.
    Tudo o que se fizer para além disto já é estar a intrometer-se na dinâmica do casal, atribuindo ao membro mais desligado, ocupado, que ganha mais, que tem mais responsabilidade no trabalho, é ministro, deputado ou CEO, a assumir uma coisa que lá na cabeça dele é pura e simplesmente tarefa da mãe/pai.

    O que vos digo, como já disse em relação aos profissionais da pobreza, é que há profissionais da assistência aos filhos.
    Mas isso, em querendo, é meter os pés ao caminho e acionar os mecanismos ao dispor.

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  10. Não costumo comentar... Mas, eu, mulher, teria feito exactamente a mesma pergunta que o tio... Aliás já a fiz em variadíssimas outras circunstâncias...
    Há que saber priorizar as questões! E acredito que se por acaso fosse uma situação em que sentisse que ambos os progenitores reservassem para si deveres iguais esta questão não se justificaria... (E quer-me parecer que se colocasse essa questão a uma mulher, neste momento estaria a ser chamado de machista)
    A mudança de mentalidades só se faz por pressão social! E quando se fala da igualdade dos direitos também é preciso falar da capacidade ou não das pessoas para os reconhecerem e usufruírem...
    E deixem-me que vos diga, estas discussões só são estéreis em gente com maior índice educacional e com (crê-se) maior evolução social... Porque, infelizmente no chamado "país real" a esmagadora maioria das responsabilidades parentais cabem à mãe que encolhe os ombros e ainda se regozija com o facto de o pai, de vez em quando, "ajudar"... (Sim eu sei que também há uma minoria a quem estas responsabilidades cabem a uma qualquer empregada - também ela mulher - mas não me parece que seja o caso aqui discutido)...

    Um abraço

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  11. Anónimo9.3.16

    Ah, as minhas colegas são todas mães solteiras. Já o meu diretor é o único pai solteiro. Eu estou-me a borrifar para as faltas deles. A sério. Fico é preocupada com a quantidade de vezes que as crianças estão doentes. Desde que nascem até perfazerem 18 anos, aqueles corpos são asilos de bactérias. A minha insensibilidade passa por ouvir frases do género "o meu marido não sabe o que fazer com o filho." Sou a favor do casamento, mas convém verificar antes de assinar o papel, se o dador do espermatozoide, é capaz de cuidar de um bebé, criança, adolescente. Isto se teve uma mãe como deve ser. Ou uma mulher que o faça entender que o papel do pai e da mãe, é igual na saúde e na doença. Mas isso, sou eu que adoro irritar as mães. Venham de lá os ataques, que o dia internacional da mulher já acabou. M. Lopes

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  12. Por acaso, e numa raríssima ocasião, against all odds, como se diz lá para o estrangeiro, eu também percebi o Pipoco. O que não me deixa nada descansada... Às tantas estou com febre.

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    1. NM, eu sempre a achei ligeiramente acima da média, como sabe...

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    2. "ligeiramente"???!!! Que atrevimento!

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    3. Deslumbro-me sempre com quem tem um conhecimento (ainda que vago, no seu caso...) da maravilha dos números.

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    4. "Vago"??!! Quer levar um estalo?

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    5. Nota-se que tem competências. Periféricas. Mas competências.

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    6. Periféricas??!!!... Havia de ir ver isso dos óculos. Diz que há uma óptica que faz desconto igual à idade, às tantas era de aproveitar.

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  13. Pipoco, independentemente de a criança ter pai e da aptidão deste para lidar com viroses e bichezas de várias estirpes, há uma coisa de que ninguém consegue livrar as mães: a CULPA!!! Uma criança doente, por melhor entregue que esteja, causa nas mães uma queimação e inquietude insuportáveis, originada ideia de que "eu devia estar lá com ele!"
    Mas do sentimento de culpa das mães, ninguém fala!!!

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  14. Anónimo9.3.16

    Quando muito pode formar uma opinião e guardá-la só para si relativamente ao empenho profissional da mulher em causa, mas nada legítima que lhe pergunte pelo pai da criança? Mas mesmo em relação à opinião sobre o empenho profissional isso dá pano para mangas. Perante um conflito entre interesses laborais e familiares qual deles deve ceder o lugar a outro? Deve o trabalhador, pai ou mãe, não interessa, pôr o trabalho acima do filho ou o filho acima do trabalho? Porquê? Percebe agora porque é que os chefes se devem abster de fazer certas perguntas?

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  15. Anónimo9.3.16

    E os problemas dos homens?
    Agradecida
    Ana Silba

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  16. Cláudia Filipa9.3.16

    Não sei se isto já foi dito, ainda não li os comentários, mas esse é de facto um enorme problema das mulheres, nomeadamente no que toca ao acesso ao mercado de trabalho, porque é precisamente um dos factores que tem vindo a ser referido como de extrema importância na opção de contratação quando uma mulher e um homem se apresentam em igualdade de circunstância em termos de currículo e de competências ambos com filhos ainda em idade de precisar da assistência dos pais. Muitas vezes, quem contrata toma a decisão de desempate escolhendo o que pela vou chamar-lhe normalidade instituída, faltará menos. Claro que nunca será isto que será dito, o que será dito é isto: cá está!, mais um caso de clara discriminação. De facto, este é mesmo um enorme problema para nós, pelo menos no mercado de trabalho e uma das grandes desigualdades que ainda enfrentamos e que começa nas nossas casas.

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  17. Anónimo9.3.16

    Achava eu que o clichè dos óculos de massa preta era um tédio. Afinal esta caixa de comentários é que é um autêntico bocejo. Pipoco, Pipoco, que falta de categoria perguntar a um subordinado se a criança não tem pai. Não é uma atitude elegante e é até abusiva. Havia de lhe ensinar umas tantas coisas sobre elegância e categoria em cargos de chefia.

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  18. Cláudia Filipa10.3.16

    Depois do que li em alguns comentários. Era o que faltava, mas era mesmo o que faltava...ai... se um funcionário, perdão, colaborador, que depois de se fartar de faltar, precisando-se dele, se não não teria sido contratado, tivesse a grandessíssima lata, a falta de vergonha na cara, perdão, tivesse o requinte, a elegância, a categoria, de me vir dizer que não tinha nada que me meter na sua vida privada, quando a tal vida privada está, claramente, a afetar aquilo que me diz todo o respeito e a todas as outras pessoas que também dependem dele ou dela que é o desempenho da sua atividade profissional desequilibrando a equipa, como se estivesse a perguntar-lhe o que anda a fazer ao fim de semana ou nas férias.
    Nota pessoal (só por achar importante, às vezes, não falar só por falar): Numa determinada altura da minha vida, fiz a opção pela família, quis ser, primeiro do que qualquer outra coisa, cuidadora. Quando tomei essa decisão, falei com as pessoas que precisavam do meu trabalho, disse-lhes que ia perder metade da disponibilidade, não ia conseguir corresponder, e isso não era minimamente aceitável para quem estava a contar comigo em pleno. A decisão de querer continuar comigo, mesmo tendo em conta as limitações que iam ser inevitáveis, é coisa que me faz ficar eternamente grata, mas se a decisão tivesse sido outra, era mais do que compreensível, teria sido perfeitamente razoável. Digo mais, justa.
    Claro que temos toda a legitimidade de optar por ser as principais cuidadoras dos que amamos, mas então, talvez, também devêssemos pensar que não será só por discriminação de género que são maioritariamente homens a ocupar cargos de chefia e a exercerem as funções que dão acesso a uma maior remuneração. Círculo vicioso, talvez, não? Mas, pelos vistos, também não passo de uma besta insensível e sem classe nenhuma, estranhamente, sinto-me muito orgulhosa disso e também muito feliz com as pessoas com as quais tenho a sorte de lidar.

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    1. Anónimo10.3.16

      É por acharem sempre o trabalho mais importante do que realmente é que se estragam ou desperdiçam vidas inteiras. Os dias têm 24 horas. 8 para dormir, 8 para trabalhar e 8 para lazer. É saudável e equilibrado. Se precisasse de faltar para cuidar de um familiar, fá-lo-ía sem pestanejar. Quando morrer não me vou lembrar do trabalho. Vou lembrar-me do amor.

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    2. Anónimo10.3.16

      Claudia Filipa, Claudia Filipa, está baralhada, não está? Pense lá bem no que disse.
      Por um lado diz que é um problema das mulheres, que, por optarem por ser elas as cuidadoras, são muitas vezes preteridas quando chega a hora da contratação. O empregador, prevendo que a mulher vai faltar mais, contrata o homem. Isso, Clsudia Filipa, não é nem pode ser nunca um problema das mulheres, é um problema dos empregadores (partindo do princípio que se trata, como disse, de discriminação, porque se é uma situação legítima, não é problema de ninguém, nem das mulheres nem dos empregadores).
      Depois conta-nos que um dia decidiu ser cuidadora, informou a entidade empregadora da sua futura falta de disponibilidade, agradece que tenham querido manter o seu posto de trabalho e diz que percebe que a opção da empresa podia ter sido outra. Onde está o problema da mulher, Claudia Filipa? A empresa teve em conta o seu caso específico, ponderou perdas e ganhos, teve em conta a legislação laboral vigente, e optou por mantê-la. Isso é um problema? Depois fala em discriminação, que o acesso aos cargos de chefia e melhores retribuições continua maioritariamente na mão de homens. Se fossem os homens a optar por ficar como cuidador na maioria dos casos, deixava de ser problema para S empresa? É isso? A cadeia produtiva não ficava afectada? A opção de quem cuida nunca pode ser um problema de género, ou de quem escolhe cuidar, será um problema para a empresa que se vê privada de um elemento essencial, seja a pessoa um alto quadro, seja um trabalhador indiferenciado. Senão, diga-me uma coisa, optou por ser cuidadora porque ganhava menos e não ocupava um cargo de chefia ou optou por ser cuidadora porque a pessoa em causa estava melhor consigo do que com outro cuidador? Se ocupasse um cargo de chefia e tivesse um salário alto teriam escolhido outro cuidador? Se ocupasse um cargo de chefia e optasse por ser cuidadora a sua ausência não causaria impacto na empresa?O ciclo vicioso aqui está apenas na sua argumentação.
      Claudia Filipa, partir do princípio que a generalidade as pessoas se "fartam de faltar" só porque sim faz de si, como diz, uma besta insensível, não tenha dúvidas. Para essas pessoas, as que se fartam de faltar só porque sim, há mecanismos legais ao dispor do empregador.
      Seria também conveniente que não confundisse a falta mais ou menos esporádica para acompanhar um familiar com uma virose, como o pipoco fez questão de esclarecer, com a falta de disponibilidade prolongada causada pela assistência a familiar enfado de doença prolongada, por exemplo doença oncológica.

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    3. Well, that escalated fast...
      Besta insensível? Também nao é para tanto. Concordo com a necessidade de distinguir viroses e doença prolongada. Se para assistir um familiar numa diença pontual há quem falte com alguma "ligeireza", questão fundamentalmente ético-moral que nao me cabe julgar com a mesma "ligeireza", acompanhar um familiar em caso de doença prolongada sao outros quinhentos. Mas que causa um grande transtorno à empresa, isso causa, já disse acima. Como um outro anónimo disse acima, se formos esmiuçar os critérios de escolha do melhor elemento para acompanhar um filho doente corremos o risco de entrar no campo da violação de direitos fundamentais e nao me apetece ir por aí. Se, por exemplo, perceber que um empregado falta "só porque pode", mais depressa deixo de lhe dar um prémio no im o ano, ou outra regalia, do que lhe pergunto se tem mesmo de faltar. No fundo, o que quero dizer é que se trata de uma questao de consciência, de quem falta e de quem vê faltar. As consequências da consciência ficarão no plano da consciência, opto por não julgar. As que se refletem no plano laboral, pois para elas há mecanismos legais ao dispôr dos lesados.

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    4. Cláudia Filipa10.3.16

      Anónima, só as ideias principais, não me apetece pensar mais:
      - Se tanto homens como mulheres faltassem o mesmo número de vezes para assistência à família, se fosse essa a situação normal, já não era possível utilizar o argumento de que em igualdade de circunstâncias se contratam homens porque, à partida, faltarão menos, isto é dito e acontece, é de facto muito bonito dizer-se que o problema é de quem contrata, eu digo-lhe que o problema, em termos objectivos, passa a ser das mulheres que não são contratadas com base neste tipo de argumentos.
      -O que queria que tivesse concluído do caso pessoal é que, apesar de termos consciência de que, por vezes, até estamos numa posição confortável e sabemos que, à partida, até nos facilitam a vida por tudo o que fomos fazendo, mesmo passando para metade ou menos de metade do rendimento do costume, ou mesmo faltando tudo o que em termos legais nos é permitido faltar, acho que temos de ter consciência de que fazemos parte de uma estrutura que conta connosco dentro de determinados pressupostos, uma questão de responsabilidade e não única e exclusivamente de direitos (isto veio na sequência dos comentários que li sobre a culpa que as mulheres sentem se não forem elas a ficar em casa e por aí fora. Esses problemas de consciência não deixam de não ser mais um problema das mulheres, não são seguramente de quem as contrata nem são tidos em conta quando forem postos em prática os "mecanismos legais ao dispor do empregador).
      Os direitos existem e ainda bem, a situação ideal, acho eu, é a de concorrência leal entre direitos e deveres. Ah! E não me importo nada que me ache uma besta, mas que seja pelo que disse, é que não parti do princípio que a generalidade das pessoas se farta de faltar porque sim.

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  19. Lady Kina10.3.16

    "Direito à protecção na gravidez e parentalidade(...): A maternidade e a paternidade constituem valores sociais importantes e o Código do Trabalho prevê uma série de direitos que salvaguardam a família"



    "Direito a férias, feriados e faltas: (...) O Código do Trabalho prevê também situações em que os trabalhadores possam faltar. O número de faltas permitido depende da natureza do motivo que leva o trabalhador a ausentar-se. Como faltas justificadas compreende-se aquelas que são dadas por altura do casamento (15 dias seguidos), por falecimento de cônjuge, parente ou afim, pela prestação de provas em estabelecimento de ensino, para prestação de assistência ao filho, entre outras"



    Considerar que o exercício destes direitos põe em causa a concretização dos deveres de um trabalhador... é pôr em causa esses mesmos direitos.

    Abrindo caminho para demagogias várias, entram as histórias pessoais das carochinhas em cada um e, aproveitando a maré que parece de feição, põe-se em causa também outros direitos, como os da igualdade e não discriminação.

    Assim não vamos lá (àquele patamar civilizacional que - ainda não - conquistámos).

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  20. Anónimo10.3.16

    Uma pessoa chega aqui, vê um post com 70 comentários, e tem que comentar também, para manter aquela questão da inclusão social e tal…

    Rapidamente:

    1. (ainda) é muito comum que sejam as mulheres a ficar em casa com os filhos doentes (vamos assumir, para a discussão, que é uma doença "real")
    2. muitas vezes, por opção própria, seja pelo gosto em cuidar, seja pela culpa associada a não ficar
    3. se as mulheres ficam (por opção própria ou por culpa), os homens podem não ficar (agradecendo, ou invejando, não sei, dependerá)
    4. ficar ou não ficar não faz de uns melhores pais/mães que outros, nem melhores companheiro/as
    5. cumprindo-se a lei, nada há a dizer

    6. só há a dizer se quem fica (homem/mulher) fique por obrigação, porque o outro (homem/mulher/chefia) não admite que ele/a próprio/a fique

    7. Neste caso, não é intromissão na vida familiar de cada um, mas discussão de uma questão social relevante.

    Tenho dito.

    PC


    Ps. "Essa criança também tinha dois pais!" Muuuahahahaha

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  21. Anónimo10.3.16

    Caro Pipoco, nada como acicatar as profissionais das criancinhas com viroses e eis que lhes salta o pé para o chinelo, perdão, as teclas para os direitos e tal e coise ...

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