03 fevereiro 2016

Vasconcellos de Carmona

O Vasconcellos de Carmona não é mais velho que eu, mas parece. Sabíamos sempre quando o  Vasconcellos de Carmona estava para chegar, o tempo ficava igual ao da Cornualha no Inverno, cheirava a terra onde se apanham trufas e a queijo Roquefort, a vinhos de Château e a tabaco de cachimbo. O Vasconcellos de Carmona usava sempre uma boina e colete, que cobria com casacos de tweed de corte irrepreensível. Ligavam-nos os livros, o Vasconcellos de Carmona tinha a biblioteca mais fantástica que eu já vi e não se negava a emprestar-me edições antigas, demorando-se a explicar-me as diferenças entre aquela edição e as edições menores.

Hoje almocei com o Vasconcellos de Carmona e com a mulher com quem vai casar daqui a umas semanas. Chama-se Vanessa e tem unhas de várias cores.

Não antecipo nada de bom.

20 comentários:


  1. Estamos em Fevereiro, o mês do Carnaval. Abomino esta versão de tal ritual pagão, mas há quem faça por vivê-lo bem para além dos 3 dias. Talvez a Vanessa não seja, na verdade, Vanessa. Pelo menos, uma Vanessa com unhas de várias cores nos restantes 11 meses do ano.

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  2. Cláudia Filipa3.2.16

    Da verdade:
    1- Estava em modo birra por causa do post anterior (ciumeira), ai é? ai não há melhor rede social do que uma mesa com os seus amigos? então eles que lhe comentem os posts. Acontece que a birra passou-me num instante e já estava era com saudades de me pôr aqui à conversa consigo, pelo que, se o Pipoco tivesse feito um post a dizer que hoje, na dona Judite, tinha comido pataniscas de bacalhau, eu havia de vir aqui dizer qualquer coisa sobre isso.
    2- Mas não, Pipoco, fala neste post do meu preconceito: Companheiras de género com as unhas pintadas cada uma de sua cor, ou todas de verde, ou de azul, ou de roxo, ou com florzinhas ou cãezinhos ou uma porcaria qualquer desenhada que, à primeira vista, parece-me sempre que a pessoa entalou os dedos numa porta ou tem um fungo e nesse caso, a pessoa, teria toda a minha solidariedade, mas assim, assim é mais forte do que eu, a pessoa pode ser a mais simpática, a mais bondosa, a mais interessante, a mais inteligente, a mais tudo de bom que possa existir, mas eu não consigo deixar de pensar nas unhas, foco-me naquilo e penso, mas porquê? porquê? o que levará uma pessoa a fazer isto? há qualquer coisa de muito errado com esta pessoa...Perdoem-me todas as pessoas que lerem isto e que estão com as unhas no estado descrito, é um preconceito meu, e um preconceito não é motivo de orgulho para ninguém, antes pelo contrário. Portanto, neste momento, também só consigo pensar, quanto ao nome, ninguém tem culpa do nome que lhe puseram, agora as "unhas de várias cores", aiiiii, "Não antecipo nada de bom".
    Boa noite, Pipoco.

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    1. Lady Kina3.2.16

      A primeira vez que vi unhas pintadas de várias cores, passe a minha incultura, foi no filme "Babel", em 2006, e pensei de imediato: "Olha que giro! Tão original!"

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    2. Cláudia Filipa3.2.16

      Lady Kina, não consigo, há tanta coisa que acho mesmo gira e original, isso das unhas...é como disse, não consigo, é mesmo mais forte do que eu. Passe a sua "incultura", terá já ouvido, ou quem sabe até mesmo lido, que gostos não se discutem (esta última parte sou só eu a fingir que fiquei arreliada consigo)

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    3. Protesto formalmente, Cláudia. As pessoas como eu, que seriam mesmo mesmo felizes se pudessem usar uma unha de cada tom do arco-íris, vivem aprisionadas num monocromático desinteressante por causa de preconceitos como o seu.

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    4. eu já tentei, até porque o fenómeno é transversal às camadas sociais (ainda ontem, um mulherão oriental, com belos anéis - ouro branco e diamantes... quase não me contive ao furto - e um um belo relógio, roupas cuidadas, um cabelo incrível e... e depois aquelas unhas terminadas em escalenos azul brilhante (quiçá swarovski) e a minha gula visual murchou-se logo ali.
      estou com a Cláudia, bem sei que é preconceito - portanto, nada de que orgulhar - mas não há maneira, parece-me logo que as pobres entalaram os dedos numa porta. mesmo.

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    5. Cláudia Filipa4.2.16

      Cuca, uma das minhas colegas que, para além de colega é uma amiga que eu adoro, e que nem costumava pintar as unhas de cor nenhuma, apareceu há pouco tempo com as unhas qual arco-íris e algumas com uns desenhos, ela não sabia desta minha coisa,(é tal qual o que me acontece a mim, Flor, é exatamente isso)nunca tinha calhado em conversa. Mais tarde, nesse mesmo dia, tivemos de reunir para debater um assunto, ela começou a falar (e tal como eu, também fala com as mãos) e eu disse-lhe já quase a rir, vais fazer-me um favor, se queres que te preste atenção, que ache relevante aquilo que estás a dizer, ou mesmo que concorde contigo em algum ponto, esconde-me essas mãos debaixo da mesa". Foi assim que ela ficou a saber desta minha coisa com as unhas, e o que aconteceu é que acabámos as duas a rir e a reunião para além de produtiva foi divertida. Claro que não deixou de ter as unhas como bem lhe apetece e atualmente, quando vem com as unhas "naquele estado", ou noutro dentro do mesmo género, passamos o dia a brincar, ela vem falar comigo com as mãos atrás das costas, ou então diz, olha, Cláudia, o que trago hoje, e eu digo "uiiii, tira-me isso da frente" e rimos. Da mesma forma que quer esta minha colega quer as outras de quem eu também gosto muito, e falo do ambiente de trabalho por ser um dos que nos exige um maior formalismo diário, ou andam de saia e casaco ou de calças e casaco, cinzento, ou preto, preto ou cinzento, e de camisas brancas, e eu nunca andei "espartilhada" naquilo e visto-me como muito bem me apetece, obviamente tendo em conta os vários sítios para onde vou, mas como me apetece, sem a "obrigatoriedade do traje convencional mais comum".
      Finalmente, Cuca, também eu protesto formalmente. Acho inconcebível, para além de lhe confessar que por aquilo que vou lendo de si, nem estava nada à espera, que não tenha as suas unhas como muito bem lhe apetece, por causa de gostos alheios, de preconceitos alheios. Mas que raio, Cuca, então onde anda essa pirata quando é preciso? Havia de ser comigo :)(feche os olhos a este sorriso, Pipoco, é para a Cuca).

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  3. Lady Kina3.2.16

    Se aquilo que vos ligava (já não liga? e já não tem a biblioteca?) eram os livros e não as mulheres, nem os homens, por suposto, a que propósito haveria o Pipoco de antecipar seja o que for?... O que faz falta a muitos homens com primeiras edições de livros é, não raras vezes, Vanessas com unhas de várias cores.

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  4. "Não antecipo nada de bom"... ahahahahah.

    Valeu muito a pena ler todo o texto para terminar numas unhas de várias cores e nada de bom. Não gosto lá muito de sofrer por antecipação, mas este final deixa uma pessoa a sofrer. Muito. Ou a rir. Mais ainda.

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  5. Anónimo3.2.16

    E tem um dragão tatuado na... barriga. Para condizer com as unhas, está claro.

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    1. Anónimo4.2.16

      o dragão tatuado...não augura nada de mau ...agora um leão...

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    2. Ahahahah! Estes anónimos são fantásticos!

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  6. Fosse eu dada a psicologias, sabe o que lhe perguntaria, Caro Pipoco?

    Se esta coisa de os seus alter-egos terem sempre qualquer coisa de dissonante (ou tão duvidosa pontaria na escolha das mulheres, como é agora o caso) não lhe faz tocar alguma campainha.

    Mas não sou dada a psicologias. Portanto, não pergunto.

    Uma boa noite.

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  7. Nada tema. As Vanessas de unhas multicolores, de certo desinibidas e provavelmente alegres, costumam fazer muito felizes rapazes com tendências de inverno de cornalhuda e ar antecipadamente envelhecido. A boa notícia é que, dos dois, quem não muda é a Vanessa das unhas coloridas.

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  8. Anónimo4.2.16

    Tio, coitado do Carmona de Vasconcelos, ou Vasconcellos de Carmona...(mas ...ele é crescidinho, certo?)
    vw

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  9. Ó Pipoco, eu nao lhe queria dizer nada, que isto de uma pessoa não ter nada de bom para dizer, mais vale estar calado, não é?
    Mas depois ponho a rever mentalmente os seus posts antigos, ainda com os mais recentes bem presentes na memória, e fico aqui a pensar coisas (o Pipoco sabe bem que quando uma mulher se põe a pensar coisas, bom... Não preciso de lhe dizer, pois não?). Adiante, ponho-me a pensar coisas, na quantidade de amigos de longa data cujos relacionamentos amorosos o deixam de pé atrás (o "casador" compulsivo, o que se vestia de acoro com as namoradas, o que que se deixou cair nos encantos de uma espécie de Barbie Piroseira, agora este, enfim, mas dupla consoante, menos apóstrofe no nome, é claramente a prova de que não mente quando diz que escreve sempre o mesmo post)... Está a acompanhar-me? Pois, é para uma pessoa ficar a pensar coisas, nao é?

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  10. Não tema por eles. Se a teoria de que os opostos se atraem funcionar, claro.

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  11. Obrigada pela primeira gargalhada do dia. Eros acerta com as flechas em pessoas que até Deus duvida, meu caro, é o diabo...

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  12. Anónimo4.2.16

    "A boa notícia é que, dos dois, quem não muda é a Vanessa das unhas coloridas." Grande Cuca, cá beijinho que me leu o pensamento.

    Agora pergunto: onde anda a Pipoca Arrumadinha quando se precisa dela?

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  13. Deus a testar as leis da física e da química... e do bom senso.
    Aposto que hoje ele é feliz, por isso daqui a uns anos quando a voz da Vanessa e as unhas coloridas o irritarem logo vai pensar nos caminhos sinuosos e obscuros de uma coisa chamada amor.

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