08 novembro 2015

Carta aberta a Cuca, a Pirata

Cuca, sua pirata, venho dar-te novas das minhas tentativas para tirar o Tio lá dos mambos dele, dos chás e mantas de pura lã virgem e cenas de filatelia e comprimidos de vitamina C. A cena é que o Tio anda meio taciturno, a idade pesa-lhe, o andar arrasta-se e nem aquelas músicas lá dele, o Aznavour e o Mozart o tiram daquele torpor. Tem visto filmes a preto e branco e acena a cabeça para cima e para baixo enquanto sorri um desses sorrisos beatíficos e murmura que aquilo é que eram tempos, isto até começar a correr em volta da sala, com os nervos, com as mãos nos ouvidos e a gritar "AS LUZES, AS LUZES, ALGUÉM APAGUE AS LUZES!!!".

Faço o que posso e posso pouco. Às vezes ele fala-me dos tempos de glória e mostra-me os posts dos primeiros tempos e os de agora, depois vemos o "Nove semanas e meia" e a seguir o "The Wrestler", acho que ele se revê muito no processo do Mickey Rourke, depois tenho que o acalmar e sugiro um  Hennessy e a coisa está tão perdida que o Tio me serve também uma dose só um niquinho inferior à dele.

Preciso de ajuda, de ideias. Passo aqui as noites, tentando animá-lo com Missas Solemnis e Requiems, com Lobo Antunes e Ingmar Bergman e nada, porfia naquilo, naquela penumbra. A Cátia Vanessa sente a minha falta, felizmente o Sandro Fábio, o meu melhor amigo, tem dado tamto apoio que agora a Cátia Vanessa até me incentiva a passar a noite com o Tio, diz-me lá Cuca se não tenho aqui uma miúda de valor.

Combinamos um café, ou quê?

18 comentários:

  1. Ruben, não sou a Cuca e por isso a minha opinião vale o que vale. Se o Tio está numa de filmes antigos, sugiro-lhe uma cowboyada das boas, daquela com índios muito penteadinhos e índias belíssimas. Os Cowboys safam-se sempre (porque são sempre amigos de um índio bom). Ele que agarre no comando e procure na Rpt memória que ainda hoje passou um muito bom do Jonh Ford. Vai ser o meu serão.

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    1. Mirone, o Tio manda agradecer a gentileza de colocar na mesma frase as palavras "Tio" e "cowboyada" mas diz que já lá vai esse tempo.

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    2. Anónimo8.11.15

      Loooool... Muito bom Ruben, môri!

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    3. Como já passou o tempo? Foi o meu avô que me pegou o gosto elas boas cowboyadas de domingo, quando na RTP passavam na Sessão da Tarde. Se o meu avô gostava de cowboyadas, o Tio de certeza que também.

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    4. Ah, e não é passou, é passa. O filme vai dar às 23.00.

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  2. Anónimo8.11.15

    Pirata! Tem de ir tomar esse tal café e partilhar os suculentos pormenores.

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  3. Ruben Patrick, desesperada a batalha, desesperadas as armas: mistura-lhe Bushmills no chá e opta por clássicos que lhe despertem a misoginia. O Casablanca pode funcionar.
    (Então, Ruben Patrick... Isso do café era assunto para ser tratado por mail. Não queremos desconcentrar a Cátia Vanessa...)

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  4. Maman8.11.15

    É curioso que tenho andado a pensar nisso e sabes o que resolvi?
    Levar as calças à costureira e pedir-lhe que me cosesse um elástico dentro do bolso de trás de maneira a segurar o telefone.

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    1. Anónimo9.11.15

      Maman?!?!?!

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    2. Ainda bem que vieste aqui a este blog fazer esta excelente sugestão, é sempre bom partilharmos com o maior número de pessoas possível as nossas boas ideias. Estou certa que as leitoras do Pipoco vão ficar muito agradecidas.

      (:DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD)

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    3. Senhora Dona Maman, vai certamente perdoar-me que me substitua ao rapaz Ruben, mas as grandes visitas desta casa merecem ser recebidas por alguém com outro nível de estudos.

      Antes de mais, saiba que me é muito grata a constatação da sua preocupação, ainda para mais sabendo que ocupou algum do seu tempo a pensar seriamente no tema que a todos nos tocará um dia. A premência do tema aconselha uma reflexão profunda e todos os contributos são bem-vindos.

      Finalmente, dizer-lhe que acolhi com agrado a sugestão do elástico dentro do bolso traseiro, de forma a segurar o telefone. É uma excelente forma de dar um ar mais jovial a quem já não caminha para novo e estou já a imaginar o impacto que terá sobre o target mais jovem um ancião que, em vez de fazer rodar o relógio de bolso com a corrente de ouro, bem segura nos suspensórios, tem agora à sua disposição as possibilidades fantásticas que um telemóvel preso por um elástico afigura. Construo já, mentalmente, o exercício de, com um suave movimento de anca, projectar o telemóvel para fora das calças. Porém, impedido pelo elástico, e através de novo movimento de cintura, o telemóvel regressará ao bolso traseiros de onde, aliás, nunca deveria ter saído.

      Posto isto, Minha Senhora, aceite de novo os meus agradecimentos e os respeitos daquele que, com estas singelas participações, se sente mais rejuvenescido para prosseguir com este desiderato que é manter um blog de altos parâmetros qualitativos.

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    4. Estou aqui indecisa entre soltar um jovial e insolente "LOL" seguido de "Ahahahahahah" ou sugerir de forma prosaica que esta resposta me fez soltar várias gargalhas, prontamente contidas, adequadas aos altos parâmetros qualitativos deste blog.

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    5. Acho incrível que existam bloggers que se apoderam de comentários alheios apenas e só com o intuito de fazerem boa figura face aos seus leitores.

      (Vês, Maman, como eu podia ter brilhado com o teu excelente comentário que, infelizmente, me foi subtraído à má fila?!)

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    6. Maman9.11.15

      Ex.mo Sr. PP+S
      Agradeço a sua resposta que seguramente lhe roubou muito do seu precioso tempo.
      Reconheço que talvez o meu comentário não tivesse tanto eco se tivesse ido parar ao lugar certo.
      Receio que não tenha percebido toda a profundidade da minha solução, mas não vou tomar-lhe mais tempo com minudencias.
      Digo-lhe contudo, que ainda não estou convencida de que não tenha havido furto.
      Os meus cumprimentos.

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    7. Anónimo9.11.15

      Caro Pipoco, a sua resposta ao comentário-lapso de Maman vale mil vezes mais que o post, que é um bocadinho nhec-nhec, na minha humilde opinião!

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    8. Excelentíssima Maman, minha Senhora,
      Nunca é tempo perdido aquele que dedicamos a responder a tão ilustre visita. Creia, minha Senhora, que o seu magnífico e pertinente comentário veio iluminar esta casa outrora capaz de estimular os melhores, veio dar sentido a um rumo que, a não ser alterado, levaria ao definhamento, à fatalidade.

      Quanto à sua dúvida sobre a minha capacidade de entendimento da profundidade das suas palavras, permita-me a discordância. A profundidade do que aqui deixou, proporcional à fundura do bolso traseiro das calças, foi por mim entendida na sua plenitude, aliás, só assim se entenderia este meu passo atrás na caminho para o abismo.

      Finalmente, minha Senhora, noto que desdenha das minhas capacidades e resume o meu feito de influenciar o seu pensamento, desviando para este blog quase defunto o seu comentário tão feliz, impedindo que fosse prantado num qualquer outro blog, onde jamais teríamos a certeza de que um comentário tamanho seria tratado com o carinho, a parcimónia, a ternura com que foi aqui tratado, comparando tamanha fortuna a um mero roubo de comentário.

      Aceite os respeitos deste seu criado

      PMS

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    9. Estou farta destes anónimos invejosos!

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  5. Ruben Patrick, abre o coração e conta ao Tio essa cena da Cátia Vanessa e do Sandro Fábio... tenho cá para mim, que o Tio dará um salto na cadeira, quase virará a infusão de camomila [sim, porque essas coisas de ervas que o Tio anda a beber, não são chás... e já agora, vê lá que ervas andará ele a usar...] na sua manta de pura lã virgem e talvez seja o abreólhos que ele esteja a precisar.
    Sabes, Ruben, o Tio pode estar a ficar velho mas não está tonto...

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