03 julho 2015

Retomando

Quando não chego a ter uma coisa que estive prestes a ter, fico mais atento aos pormenores. Uma camisa sem vincos passa a ter uma importância quase igual a calçar uns sapatos confortáveis, o tipo do café que me serve sem eu pedir nada e sem acrescentar o dispensável pacote de açucar tem o mesmo valor que ainda haver bilhetes para o teatro e só faltarem dez minutos para começar a peça.

O pior é o outro lado, quando dou por mim a reparar que os que me parecem ter menos posses são exactamente os que não dispensam garrafas grandes de refrigerantes de má qualidade em vez da água da torneira ou que os mais trôpegos são exactamente aqueles que atravessam sempre fora da passadeira.

9 comentários:

  1. E eu que sem estar prestes a ter uma coisa que não cheguei a ter, já vi uma cigana a lavar-se com a água do Luso que eu lhe paguei, e um velho trôpego a bater com uma bengala no carro que lhe dava passagem na passadeira, e quase vesti umas calças brancas com um cocó de pássaro passado a ferro pela empregada, e deixei passar o dia dos bilhetes para o teatro comprados com antecedência, e bebi um café sem açúcar
    que vinha com um pacote que dizia, "um dia, ele ainda lhe responde, mas hoje não é o dia", e...
    Bom fim-de-semana, tio, comece pela sobremesa.

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  2. Anónimo3.7.15

    Que teté tão inspirada!

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  3. Anónimo3.7.15

    É, as coxas gostam de passar fora da passadeira.

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  4. Anónimo4.7.15

    Bom dia, tio! Não existe regra sem excepção à regra, mas aqui vai. Pobre que trabalha não é dono do seu tempo (nem de muitas outras coisas ou quase nenhumas). Entre o mimo e o sentido de posse, tudo ajuda, mas deixe-me apontar o dedo à educação. Requer muito menos tempo preparar um bolicao para o lanche do que fazer uma sandes. Além de ser perfidamente mais barato o bolicao.

    Este é só um dos problemas com consequências horrendas a curto prazo (digamos 10 anos?). A força de trabalho não vai ter saúde para trabalhar ou para viver longos anos. E a saúde começa no ar que respiramos, na água que bebemos e na comida que ingerimos.

    E assim somos muitos e por isso que somos muitos. Acontece o mesmo noutras espécies: os de prole imensa sacrificam ou perdem muitos dos seus, e os menos numerosos vivem mais e com mais qualidade.

    Vamos ao norte da europa onde o desemprego é de mais coisa menos coisa de 3%. Cada vez se registam por lá mais casos de pessoas que não trabalham por invalidez (estou a falar de gente jovem). Dos que trabalham é uma minoria os que chegam a lugares técnicos - não sei por dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento, imagine e pasme-se, com correlação positiva em relação a contaminantes na alimentação. Mas uma coca-cola é mais barata do que um sumo daqueles com mais de 25% de polpa de fruta.

    Os imigrantes maioritariamente do médio-oriente que perfazem mais de metade da população de Oslo, não trabalham, não querem trabalhar e não querem a cultura do país que lhes enche a barriga. Mas são muitos. Têm muitos filhos que estão a ser educados para não trabalhar.

    Poderia falar do Japão, mas penso que o norte da europa é mais exemplificativo e culturalmente percetível aqui para nós.

    E que fazem os nossos amigos norte-europeus? Massacram os pobres do sul da europa que foram criados numa cultura de trabalho e de querer constituir família.

    E quais são os exemplos que a comunicação social louva? "Debaixo do meu guarda-chuva", "malas chanel", "cr" como se fosse tudo uma brincadeira que não requer esforço, trabalho ou talento.

    Os que não forem nesses embrulhos (e serão alguns desses daqui a 10 anos) darão muitas dores de cabeça e por outros motivos.

    A minha bola de cristal está a norte e a sua? O futuro é negro.

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  5. Anónimo5.7.15

    Pipoco, ó Pipocozinho, Tio, o que é feito de si ?
    Pode mandar foto que ninguém comenta.
    São só saudades.

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  6. "Refrigerantes de má qualidade" parece-me redundante...uma espécie de pleonasmo vicioso...

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