25 junho 2015

O bairro dos blogues (uma rubrica de divulgação das nossas letras)

"As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente."

Eça de Queirós, in "A Ilustre Casa de Ramires"

13 comentários:

  1. Anónimo25.6.15

    Eh,eh, o Tio vai por toda a gente a procurar excertos para o atacar.

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  2. Continuo confrangida, Pipoco (muito mais desde que me censurou o comentário de ontem).

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    1. Não censurei nenhum comentário seu, Mirone.

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    2. No post do avião? Um que dizia "Sinto-me... confrangida."?
      Sendo assim estou um nadinha mais aliviada, ainda que confrangida.

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    3. Não. E, se tivesse rejeitado, dir-lhe-ia que tinha rejeitado.

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  3. Anónimo25.6.15

    Tão bem dito.
    Ás vezes uma pessoa até se sente mal a ler aquelas coisas...

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  4. Anónimo25.6.15

    Não tarda e terá o General Lousada, o bispo e os confrades do Senhor dos Passos da Penha à perna? Sabe disso meu caro Salgado? Pois sabe?

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  5. Anónimo25.6.15

    Este post trouxe-me à memória as personagens masculinas d'O Primo Basílio.

    Basílio: o conquistador e irresponsável, "bom vivant" pedante e cínico. Personagem desprovido de qualquer senso moral. Joga com o sentimento alheio. Não tem compromisso com nada nem com ninguém. É o protótipo do filho pródigo, do janota, do "almofadinha". É ele quem serve de elo na medição de forças entre duas mulheres tão diferentes: a frágil Luísa e a obstinada Juliana.

    Jorge: Personagem caracterizada por certa hipocrisia masculina aliada à sua tranqüilidade, à sua capacidade de ponderação. Achava que tinha o direito de julgar as mulheres que tinham amantes, chamando-as de promíscuas, devassas, mas ele próprio teve um caso passageiro em Alentejo do qual apenas o amigo Sebastião tinha conhecimento.

    Conselheiro Acácio: Homem de palavratório complicado e inútil. Tipifica o formalismo próprio da época, o falso moralismo, o apego às aparências. Amigo do pai de Jorge e padrinho do casamento, gosta de frases feitas e citações morais, mas, na vida privada, lê poemas obscenos de Bocage e mantém como amante a empregada, Adelaide, a qual, por sua vez, o trai com um caixeiro. É um dos tipos mais famosos da galeria queirosiana, e responsável pelos adjetivos "acaciano" e "conselheiral", usados quando se deseja aludir ao falso padrão moral de alguém.

    Ernestinho Ledesma: primo de Jorge, é um escritor vazio, preocupado com dramalhões românticos, os quais escreve para o teatro.

    Juntamos Dâmaso, d'Os Mais, mesquinho e presunçoso, tacanho e mentiroso, convencido e desprovido de dignidade, novo-rico exibicionista, et voilá!, Dom Pipoco Cândido de Salcede, o Mais Salgado, faz o pleno, não é para todos. Parabéns!

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  6. Anónimo25.6.15

    (aplausos)

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  7. Anónimo25.6.15

    Ás vezes pergunto se são mesmo duas? Parece que são a mesma pessoa... Será?

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