03 maio 2015

O estranho caso do livro que lia o leitor (capítulo IX)

Luisinho, o leitor de Moscavide, sente-se gelar. Reflectido no espelho está a sua face, isso é certo, lá estão as suas orelhas gigantescas, a tia costuma chamar-lhe carinhosamente Dumbinho enquanto lhe serve bolachas Maria barradas com manteiga, mas, o horror, há um monóculo no reflexo da sua cara no espelho. Luisinho fecha bruscamente o baú e cai para trás, surge-lhe agora o Penguin a assombrar-lhe os sonhos, onde estará o Batman quando precisamos dele?, há uma caveira, a de Hirst, que lê a Monocle, Eça almoça no Martinho da Arcada e Pessoa está a caminho de Sintra, umas coisas com umas espanholas, Spínola recita Karl Marx e o Conde dos Marretas está à conversa com Chamberlain.

A tia bate à porta para lhe trazer o leitinho da noite. Felizmente a tia não usa monóculo, é um bom sinal, mas Luisinho lembra-se agora da terrível frase, questionando-se se não teria sido um pesadelo, jamais autor algum ousaria chegar tão longe na escala do horror, não, não era possível, a frase seguinte não podia ser a que ainda deixava as suas têmporas latejantes, Luisinho questionava-se agora se a frase horripilante, a que lhe gelava o sangue, poderia mesmo ser "O segredo da caveira é      "


Capítulo I: Palmier Encoberto

20 comentários:

  1. Caro Pipoco Mais Salgado,
    Que belas associações e bem-humorada escrita. Só falta que as iniciais da palavra ilegível sejam des para termos um eterno retorno.
    Boa noite,
    Outro Ente.

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  2. Cláudia4.5.15

    Savora & Dijon, obviamente.

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    1. Obviamente...

      (obviamente?)

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    2. Cláudia4.5.15

      Então?...obviamente que não é o segredo da caveira, obviamente que é...
      (consigo tudo melhora) & (consigo é sempre em bom)

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  3. Ah, o velho Luisinho regressou! (E os homens, sempre preocupados com o seu território, zás! aplicam-lhe umas orelhas de Dumbo e obrigam-no a comer as bolachas barradas da tia...)
    Fartei-me de rir, Pipoco, mas ainda assim, o mistério persiste. Há uma caveira (repleta de diamantes, segundo as suas fontes) e isso não pode ser ignorado. Sugiro que se regresse ao local do crime, a Palmier há-de ter alguma coisa que ver com isto. Ela tem de terminar o ciclo.

    Abraço.

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    1. Eu já não sugiro nada. Mas que isto está de difícil resolução, isso está...

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  4. Hum... então o segredo estava escrito a tinta invisível...?!

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    1. Ou foi faltando a força a Luisinho. Nunca o saberemos...

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  5. Nunca o saberemos, não pode ser! Vá lá, o Senhor sabe, que eu sei que sabe... só mais umas letrinhas, que à falta de unhas já roo bolacha Maria.

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    1. Maria, obviamente eu sei. Mas estará a Maria preparada para saber? Pois...

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  6. Talvez o Luisinho de Moscavide estivesse a morrer...

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    1. Moscavide. Os ares não são os melhores...

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    2. Anónimo4.5.15

      Da meada e do fio achou-se, em filigrana letra, a ligação entre um leão, um burro e uma caveira.
      Canta -sim, tudo tem sido cantado- a lenda, que do mosteiro havido em Moscavide se acharia solução em Xabregas e um burro, um leão e uma caveira se haveriam da pedraria com os olhos do Luisinho que, afinal, tinha ficado com as lentes de uns tantos bloggers enquanto o leão fazia o turno que cabia ao burro.
      Com o monóculo escondido atrás da caixa dos espelhos, o espinho da pata do leão foi retirado e o leitor com a garganta arranhada pelo Daniel's levou o Luisinho para junto da caveira e tocando, ao de leve, na esmeralda rodeada de diamantes, recordou aquele vestido ataviado de rendas de Bruges e encontrou as pérolas junto da chave do baú, mesmo ao lado.
      Estranho pareceu ao leitor que algumas pérolas lhe figurassem bácoros, sem brilho.
      Conta, não, não canta, que o burro e o leão ficaram amigos para sempre.

      MH

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  7. Últimas do estranho caso: o Lourenço da Julinha, detective particular de renome internacional, irá, segundo tudo indica, pegar no caso bicudo ainda hoje.

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  8. Esse leitinho da noite trazido pela tia deixa-me desconfiada...

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  9. Anónimo4.5.15

    "O segredo da caveira é..."
    hm ema ps skm cc

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    1. Anónimo4.5.15

      lampedusa?

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    2. Anónimo4.5.15

      São coordenadas? ao menos podia dizer "quente", "frio", "gelado"...

      Será um mapa de viagens por onde o tio já andou, tipo Nova Iorque, Londres, Lisboa, Sintra, Porto, Alemanha, Roménia e de volta a Inglaterra?

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