28 fevereiro 2015

Caixa Geral dos Depósitos

Chega-me a escalfeta, Ruben Patrick. E um cobertor dos grossos, que esta friagem entranha-se-me nos ossos. Traz-me chá com mel de rosmaninho. Agora chega-te à minha beira, rapaz, que te quero falar, acerca-te mais, que eu estou aqui que mal me mexo, são muitos anos neste cadeirão, a ver as coisas do mundo, longe vai o tempo em que eu era uma ode ao viço, em que fazia com que tudo corresse cá a meu modo, as pessoas a acenar que sim senhor, que obra pia e santa aqui se fazia. Mas um homem esmorece, Ruben Patrick. E chegam os mais novos, mais capazes de arrebatar, e eu cá me vou aconchegado no meu canto, faço o que posso, cada vez com menos vigor.

Mas, Ruben Patrick, eu ainda sou do tempo em que as croissanterias eram as novas lojas de alugar vídeos, em que as lojas de cupcakes eram as novas croissanterias, em que as hamburgerias gourmet eram as novas lojas de cupcakes, não é novidade que os blogues de homem delico-cool sejam as novas hamburgerias gourmet. Por mim, cá vou fazendo as coisas à maneira de antigamente, segurando as portas, pagando o jantar, escolhendo o vinho, deixando.me conduzir no meu velho Bentley que nem mudanças automáticas tem, lendo o que posso e indo realmente aos sítios certos.

E, em verdade te digo, Ruben Patrick, eu, que apesar dos meus achaques ainda tenho boa cabeça, também me alvoroço quando os vejo chegar. E também se me aperta o coração quando os vejo ir à vida deles, que isto não é para todos.

10 comentários:

  1. Cláudia28.2.15

    Sorriso largo, de quem acabou de chegar, dizer coisas no post anterior e ainda mal refeita, aparece este. Pois é caro Pipoco, é isso, mas agora veja lá, que uma pessoa já lhe confiou grande parte do seu capital, aguente-se por favor, passe incólume por qualquer crise, seja de meia idade, seja do que for e nunca, mas nunca me dê em doidivanas inconsciente, olhe que as minhas poupanças consegui-as com o suor de meu rosto, estou a contar consigo a confiar em si.

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  2. Não percebi nada. Mas eu não vejo televisão. Nem gosto de hamburguerias gourmet, de cupcakes muito menos, aliás nem sei o que são cupcakes. Tenho talvez uma vaga saudade de alugar filmes no video clube.
    Não percebi nada, mas mesmo assim queria dizer-lhe para não esmorecer. Não esmoreça, vá lá.

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  3. O Pipoco terá sempre um lugar na história da Blogosfera, quem o afirma já anda cá há algum tempo, por isso escreva, que terá sempre alguém para o ler, os grandes são assim!

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  4. Também não percebi mas retenho que Pipoco prefereiu o 'à minha beira' ao 'ao pé de mim'...

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  5. E o video dos alemaes, viu? E o varoufakis, hein?

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  6. Anónimo1.3.15

    Meu Caro Mais Salgado,

    Vou de abalada para a Régua por uns tempos, que quem me tira o Douro, tira-me tudo, e queria deixar-lhe as minhas lembranças.
    Estranhei a sua ausência destes suas lides de escrivaninha e estive vai não vai para lhe fazer chegar uma notinha de afligimento. Preocupa-me que lhe tenham atentado à honra, alguém que ousou lambéu cobarde, na calada da noite virtual. E digo-lhe mais, na afronta de representarem o meu caro amigo como um banco oldfashion e fraco nas mais-valias, subjaz a ignóbil comparação musical erewhoneana.
    Cavalheiros que somos, ambos sabemos que a honra é o nosso bem pessoal e social mais precioso. Com a mais sincera veemência lhe afirmo, que, se necessitar de um amigo para testemunha, pode contar comigo. Aconselho-o a decidir-se por um duelo com pontaria, pois a sua condição de vetusto cavalheiro poder-lhe-á não ser favorável num duelo à voz.

    Toujours de la chance, Monsieur Mais Salgado!

    Do seu Amigo,

    Barão da Encosta

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  7. Meu caro Barão, outros compromissos me afastaram das lides de escrivaninha, como lhes chama. E estes são os tempos em que não se pode afrouxar, meu caro.

    Fico-lhe grato pela deferência e pela disponibilidade, meu caro.

    Que não lhe seja penoso o tempo no Douro é o que desejo, que bem precisado estou de ser estimulado.

    Pipoco de Mais e Salgado

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    1. Anónimo1.3.15

      Penoso, meu Caro amigo? Impossível. O Douro tem as curvas de uma mulher, das suas correntes crepitam gemidos.O Douro é prazer, meu Caro amigo.

      Se quiser aparecer, será recebido melhor do que o Ega, do nosso ilustre Rentes de Carvalho. Asseguro-lhe que, estímulos, não lhe faltarão.

      Com amizade,

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    2. Estou bem capaz de aparecer, certo que a recepção será de estalo.

      E, se me assegura estímulos, está a decisão tomada.

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    3. Anónimo1.3.15

      Faça-me chegar os seus planos, para que possa dar início aos preparativos. Não terá a planura do seu Alentejo, nem a dimensão das suas montanhas, mas, se é de estímulos que precisa, Ei-lo, chegado ao tempo de conhecer melhor as encostas do Douro.

      Amigo certo et nunc et semper,

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