03 novembro 2014

Pipoco também quer dizer coisas acerca de piropos (ainda vai a tempo...)

Eu sou um incorrigível piropeiro. É verdade. Bem sei que custa a crer, mas as coisas são como são. A diferença para os que dão mau nome ao piropo são duas. A primeira é que não espero nada em troca do piropo. Não acredito em probabilidades estatísticas quando se trata de a resposta ao piropo poder ser "então vamos lá a isso". E essa descrença na humanidade, essa certeza do insucesso, esse desprendimento, essa inconsequência, essa ausência de esperança em receber algo em troca, confere luminosidade e autenticidade ao piropo. A destinatária sabe que eu sei que nada terei em troca. A segunda diferença - eu disse que havia duas - é que, sendo eu a dizê-lo, a coisa torna-se credível. Trata-se de cada piropo ser laboriosamente trabalhado de forma a ser adequado ao momento e a quem se destina. Irrepetível. O mesmo piropo, uma hora depois, à mesma pessoa, seria inconveniente.

Nunca tive quem reclamasse. Acredito mesmo que há quem suspire pelo momento em que será digna de um piropo meu. Estas coisas notam-se, a lenda que é ser uma sumidade na arte do piropo transmite-se de geração em geração e há alturas em que a tensão é grande. Por entre taças de champanhe e canapés de caviar pressinto que há quem se anseie por esse grande dia em que poderá contar às demais, rosto rosado, peito arquejante, que Pipoco a piropeou.

19 comentários:

  1. Eu gosto de um bom piropo :)

    ResponderEliminar
  2. Sugestão ao leitor: se substituir a palavra piropo por cunnilingus, o texto até se torna interessante. Se for uma pessoa extremamente púdica, substitua por bricolage/bricoleiro, também fica engraçado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. AHAHAHA. Muito melhor assim!

      Eliminar
    2. Izzie, sempre luminosa.

      (não admira, com uns sapatos pretos tão bonitos...)

      Eliminar
    3. Se fosse um galanteador em vez de bricoleiro, diria antes brilhante. Associar luminoso a sapatos faz-me recordar que preciso de dar mais uso à graxa, sei lá.

      Eliminar
  3. Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah!

    (voltou, o snobão voltou!)

    ResponderEliminar
  4. Presunção e água benta, cada qual toma a que quer.

    ResponderEliminar
  5. Depende do momento, do mood com que estamos. Nem interessa se és giro ou não. Se fores, é só um extra. O que interessa mesmo é o ego ser acarinhado xD

    ResponderEliminar
  6. Izzie isto foi o Pipoco a piropeala?
    Oh! Você é uma sortuda...
    Nunca tinha ouvido um piropo tão...sei lá... cheio de arte! ( ah se calhar é porque não ouvi, li)

    ResponderEliminar
  7. Caro Pipoco,
    Não me interprete mal...
    Um piropo (constato neste momento que "pipoco" e "piropo" têm quase a mesma grafia... será coincidência?) dito em determinada circunstância, dentro de um contexto (seja um jantar, uma festa, uma reunião, whatever) e que tenha bom gosto será (creio) sempre (bem) apreciado.
    Agora... as "bocas de extremo mau gosto" que perfeitos desconhecidos (muitas vezes na rua ou locais públicos) resolvem regurgitarr não são considerados piropos. Seria talvez conveniente não confundir as coisas.
    Bem sei que aprecia um bom debate e que gosta desta coisa do masculinho vs feminino. Bem sei. Mas convinha (digo eu - quem sou eu? estará a perguntar-se neste momento...) chamar as coisas pelos nomes...

    ResponderEliminar
  8. Cláudia3.11.14

    Pois, há o piropo agradável, giro, alguns que uma pessoa até tem de fazer um esforço enorme para não desatar a rir à gargalhada e depois há os outros, que são... uma agressão, sim aos primeiros, não aos segundos. Não confundir também piropo com assédio, porque são coisas completamente diferentes, uma coisa é passarem por nós dizerem alguma coisa e seguirem, outra coisa é continuarem ao nosso lado, já me aconteceu e isso sim dá um medo horrível, ainda mais quando por acaso, naquela altura específica, não se vê mais ninguém e parece que só estamos nós na rua com aquela pessoa e a fingir que não ouvimos nem vemos com as pernas a tremer, portanto caro Salgado, há de tudo e como em tudo depende.

    ResponderEliminar
  9. Bora Ruben Patrick, é a tua deixa!
    Conta ao mundo de tua justiça sobre a arte de piropear.

    ResponderEliminar
  10. Caro Pipoco,
    Acredite que passar na rua e ouvir um homem dizer em alto e bom som "comia-te toda" com um gesto a acompanhar (não vale a pena dizer qual) não faz nenhuma mulher feliz. Bom, pelo menos as mulheres bem resolvidas não se sentem felizes. O que se sente é uma enorme vontade de voltar para trás, tomar um banho novamente, embora tenhamos acabado de o tomar, vestir roupa lavada, embora tenhamos acabado de vestir roupa lavada, voltar a colocar perfume, porque o que acabámos de colocar parece ter um cheiro nauseabundo. Este é o tipo de coisa a que alguns teimam em chamar de piropo, que eu dispenso.

    E não, não concordo que exista uma lei que proíba os piropos nas ruas portuguesas como o Bloco de Esquerda propõe. Seria demasiado fundamentalista. Se há coisa que não sou é fundamentalista. Mas acredito que nalguns casos em que o "piropo" sai do patamar de coisa simpática e inofensiva, já agora sem qualquer tipo de insistência/perseguição, e passa a ser ofensivo, sujo, algo deveria ser feito.

    ResponderEliminar
  11. Anónimo3.11.14

    E sabe porque ninguém reclamou Tio? Porque nunca piropeou (adorei!) ninguém. Sabe lá o prazer que é ouvir: "és boa" e de seguida gritar alto e bom som "pois sou mas não é para ti"! O que me ri com este post.

    ResponderEliminar
  12. Oh, mas tenho a certeza que o Pipoco pergunta primeiro se pode piropear...

    ResponderEliminar
  13. :DDDDD
    Excelente meu caro Pipoco, fleumático segundo advento do Piropo, luz que ilumina a face da Mulher casta, poema dirigido ao coração.

    ResponderEliminar
  14. Isso do piropeou tem muito que se lhe diga ou se lha faça mas dependendo sempre da ocasião!

    ResponderEliminar
  15. Anónimo5.11.14

    Quando penso seriamente neste assunto, que infelizmente é o que poucas mulheres fazem antes de debitar umas alarvidades quaisquer, noto que me recordo mais facilmente de atitudes que podem ser lidas como «galanteios» do que de piropos furtivos na rua. Concedo que não somos todas iguais e que o que para umas é falta de respeito para outras é um elogio, um galanteio. E isto costuma começar muito cedo: o pai da amiga que nos conhece há anos e um belo dia, olhando-nos de alto a baixo, resolve dizer que estamos a ficar umas mulherzinhas; o professor do secundário que se lembra de se indignar: «como é que uma miúda tão gira ainda não tem namorado?»; o patrão que, numa saída de génio (e absolutamente corriqueira), junta a inteligência à festa: «além de bonita, parece-me uma mulher muito inteligente», etc. Convém lembrar, aos mais distraídos, que nos três casos que apontei há sempre uma relação de poder: adolescente/adulto; aluna/professor e empregada/patrão.

    Laura Diniz

    ResponderEliminar
  16. Anónimo7.11.14

    E naquele vídeo, como é que aquela senhora recebeu tantos piropos? E se fizessem uma versão como uma mais, digamos, atraente? Como seria?

    ResponderEliminar