04 setembro 2014

Pipoco aceita o desafio de Isa para aquela situação da água fria e desafia as suas duas bloggers-fetiche

Estava aqui a pensar, entre uma baforada de um Cohiba que alguém que me quer bem me ofertou e um  Bordéus ainda em estado bastante razoável e que tinha ficado esquecido nas partes baixas da minha garrafeira, que as pessoas são estranhas com isto do Ice Bucket Challenge. Não faço ideia de como começou a história, nem me interessa, sei que há uma quantidade de associações que estão a lucrar com a coisa e sei que a as associações que lidam com a esclerose múltipla amiotrófica, doença de que, pelas melhores razões, nunca tinha ouvido falar, estão a ter dinheiro para a sua causa, muito mais do que aquele que nem nos seus melhores sonhos teriam.

Ignorando a parte importante, que é estar a entrar dinheiro a sério que será usado numa boa causa, as estranhas pessoas preocupam-se com o folclore da coisa, com o facto de a água ser um bem precioso e que é uma dor vê-la desperdiçada assim, com a preocupação que é a mão esquerda ficar a saber o que a mão direita digitou o NIB da associação e fez uma transferência para a sua conta.

Eu podia já ter escolhido entre a Cruz Vermelha, a ANIMAL, a Fundação Sporting ou  Associação APELA e ter já feito uma transferência? Podia. Mas só hoje, com o desafio da Isa, do Eça é que Essa, é que o fiz. E esse é o poder do desafio, levar-nos a fazer a coisa certa, aquela que já poderíamos, e deveríamos ter feito, mas só com este desafio concretizámos. Estou-me positivamente nas tintas para se a coisa é uma moda, para a poupança de água (eu escolhi uma modalidade em que não gastei muita água), para o potencional exibicionismo.

(Isa, a massa já está do lado de lá e isso é que é importante. O vídeo vem um destes dias)

E desafio as minhas bloggers preferidas neste momento, as que estão em melhor forma nisto de escrever:

Susana Rodrigues e Mãe Preocupada, vamos a isso. Com t-shirt branca, que é como mandam as regras.

(se a Susana e a Mãe aceitarem o desafio eu ponho aqui uma fotografia minha, na praia)

30 comentários:

  1. Grande Pipoco, espero o vídeo.

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  2. Pipoco... ainda ontem dei um sermão às minhas filhas sobre as palermices de seguir o que toda a gente faz só porque sim e não sei quê, exactamente por causa das baldadas que uma delas queria fazer.
    Depois a mais velha deu-me a mim o sermão de explicar a origem disto (eu não sabia, também pelas melhores razões, do estupor dessa doença). Vou aceitar o seu desafio e depois digo a que associação ofertei, está bem? O problema é o vídeo... pode ser sem vídeo?
    (e mais uma vez muito obrigada pelo cumprimento, ver o meu nome ao lado da Mãe Preocupada é muito bom)
    Outro abraço.

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  3. Espero que a Susana e a Mãe Preocupada leiam com muita atenção as letras pequeninas...

    (sempre me disseram que é aí que se costumam ocultar as grandes armadilhas...)

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    1. Anónimo4.9.14

      Eu interpretei assim : "uma fotografia minha" = da minha colecção ou tirada por mim. "Na praia"= numa praia do mundo.
      Oxalá eu esteja errada........

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  4. Sofro daquela coisa que se chama stress post traumático e por isso ainda não consigo falar da ELA. Conheci porque a minha Mãe ma apresentou e não há doença, psicologicamente falando, mais violenta. Brutalmente violenta.
    Agrada-me a ideia de um banho gelado, geladíssimo, associado à ELA e agradeço-lhe muito ter contribuído.

    O blog Mãe Preocupada é excepcional, o de Susana Rodrigues deve ser igualmente muito bom mas, falta minha, não o leio. Vou emendar a mão.

    Veja quanta gente importante aderiu :

    http://imgur.com/X9UEnhd

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  5. Interrogo-me se as pessoas não terão passado mais tempo nas redes sociais a ver a patetice da 'corrente humana' que a indagar acerca da tenebrosa neuropatia que me assusta desde que me conheço. Não é apenas a ELA. Há patologias neuro degenerativas tão ou mais lúgubres, mais lentas, mais rápidas, infelizmente para todos os desgostos imagináveis.

    E é triste ser necessária uma palhaçada para as pessoas embarcarem no comboio. Eficaz? Talvez. Mas triste e decadente para além daquilo que se consegue expressar por palavras. Diz demasiado acerca da infantilidade e da estupidez humana, da necessidade de mascarar a tragédia com o fragor do riso.

    Quem sabe, talvez amanhã seja um banho de leite a lavar a lepra das consciências ou uma refeição de erva para redimir o apocalipse animal. Sempre depressa, sem olhar para trás.

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    1. Anónimo5.9.14

      Tens razão, como sempre.

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    2. Anónimo5.9.14

      Gostei tanto de ler este seu comentário, Quiescente. Penso o mesmo e não teria coragem de o escrever em nenhum dos blogs onde estão a tratar do assunto, de forma leve e brincalhona.
      Sinto-me bem por ler aqui. E decerto seremos muitos mais....( ainda)

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    3. Quiescente, meu amigo, grande pedrada no charco. Grande, como habitualmente...

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    4. Meu caro quiescente, o seu brilhantismo e assertividade quase me tornam dolorosa a discordância. No fim do folclore existirão, acredito eu, mais meios para estudar a doença e, quem sabe, torná-la menos penosa. Aqueles que usufruirem deste avanço, os que realmente contam, agradecerão cada vídeo ridículo de banho gelado. É nisto que me foco.

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    5. Anónimo5.9.14

      Um argumento a posteriori, e bastante banal, deixe-me dizer.
      Talvez o facto de desconhecerem (felizmente) a doença, possa tornar aceitáveis esses argumentos. Mas para outros, acredite que esta corrente parece tão leve e divertida como os sapatinhos de boa memória.

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    6. Que seja. Penso que neste caso os fins justificam (largamente) os meios.

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    7. Cláudia5.9.14

      Caro quiescente, a humanidade sempre mascarou a "tragédia com o fragor do riso" se tal não acontecesse, não existiam humoristas, talvez o que chama de estupidez e infantilidade humana, seja apenas uma questão de sobrevivência, a forma menos pesada de lidar com situações verdadeiramente difíceis, digo-lhe eu, que sem pressa e sem olhar para trás, por opção, tomei a meu cargo a tarefa de ser cuidadora de uma avó com Alzheimar, até ao dia em que faleceu, é horrível e doloroso, como só pode avaliar quem passa por isso, assistir impotente, à degradação irreversível de quem se ama e digo-lhe que não me importava, que uma qualquer "patetice", servisse para angariar meios para o estudo dessa doença, se isso contribuísse para que um dia, outros não viessem a passar pelo mesmo e já agora aproveito para lhe dizer, que uma coisa que me ajudou foi, às vezes, ter conseguido "mascarar a tragédia com o fragor do riso", às vezes, esse fragor é apenas um paliativo, sinceramente, não acredito que a humanidade esteja assim tão alienada, ou então, sou eu, que não consigo deixar de ver as coisas pelo seu lado melhor.

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    8. Anónimo5.9.14

      Pela leitura que faço do Quiescente, ele interroga-se, espanta-se, volta a interrogar-se, põe em causa, duvida, acredita. Tudo num registo íntimo, não agressivo, não crítico. Faz bem.
      E ainda ....achei o vídeo da Isa muito simples e sério, e achei o pipoco melodramático " o seu brilhantismo e assertividade quase me tornam dolorosa a discordância" .
      Que bom ainda termos opiniões e critica. Salva-nos, como o riso.

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    9. O quiescente é das melhores coisas deste blog,

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    10. Anónimo6.9.14

      A minha opinião é a de que o quiescente é uma das melhores coisas onde quer que escreva.

      anti.

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    11. Anónimo6.9.14

      Onde quer que escreva, o que quer que escreva e com que nome escreva.

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    12. Prometi a mim mesmo que não escreveria uma apologia ao meu próprio comentário, que, como qualquer outra opinião, é obviamente passível de ser criticado.

      Escrevo apenas para pedir desculpa às pessoas que se sentiram ofendidas pelas minhas palavras e em particular manifestar a minha solidariedade para com a Cláudia.

      Sei o que é a dor, o paroxismo que sentimos por aqueles que amamos e que lentamente nos abandonam, e o desejo egoísta de que essas pessoas partam antes de sofrer mais. E foi essa imagem que me veio à mente quando vi o balde gelado pela primeira e única vez (na abjecta comunicação social que temos, toda ela pathos precisamente doseado, tristeza e alegria meticulosamente equilibradas entre as diversas "notícias" e "reportagens")..
      Para mim é indigno de tal tragédia. Repugna-me ouvir o riso das pessoas nestas circunstâncias. Repugna-me pensar que um apelo sério por parte das organizações nunca alcançaria tanta gente viciada no imediatismo das redes sociais.

      E espero com toda a sinceridade que o caro PMS tenha razão, que algo positivo resulte de tudo isto, que não se trate de uma vaga efémera e esquecida, para alívio pueril das consciências, antes da próxima "grande novidade".

      Infelizmente não acredito na natureza humana com a mesma convicção da Cláudia.

      Não pretendo com isto contrariar o meu comentário ou qualquer outro, nem pretendo simpatia ou compreensão. Manifestei apenas a minha perspectiva, perspectiva essa que nunca poderá estar acima das críticas que lhe pretendam fazer.

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    13. Anónimo6.9.14

      Caro quiescente.
      A verdade é que tanto o senhor quanto eu, e seguramente mais uns tantos outros, sabemos perfeitamente que se trata de uma palhaçada.
      A caridade, a ajuda por generosidade não se mostra e muito menos se exibe e, quanto a mim, se ridiculariza. Dá-se o nosso donativo, se se quiser ou puder dar, muito ou pouco consoante a disponibilidade financeira de cada um, uma mão não vê o que a outra dá e não se fala mais nisso.
      Agora, todo este circo o que é? Generosidade? Vão contar essa a outro que não a mim. Tudo menos solidariedade!
      Exibicionismo alicerçado na perspectiva de que o acto altruísta não passará despercebido.
      Eu molhei-me por altruísmo. Vejam! Olhem! Despejei um balde de água gelada por mim abaixo por uma causa humanitária; mas eu sabia que no fundo de mim mesmo um filantropo desconhecido existia.
      Palhaçada, circo, vaidade exibicionista e nada mais porque solidariedade para com quem precisa, vai aí tanta preocupação como a minha com o que se passa com as pedras do Marão
      Tão generosos e não dão um cêntimo a um irmão desfavorecido que vos estende a mão.
      Mas foi bonito de se ver. Uma lagrimazinha mais e até Deus fica na dúvida se não vos arranja um lugar na primeira fila.
      BFS para todos.
      anti.

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    14. Cláudia6.9.14

      Caro, Quiescente, primeiro que tudo, obrigada.
      Não pretendi criticá-lo, só dar uma visão diferente para a mesma questão, não consigo ver as coisas só de um prisma e também nunca consigo decretar os outros, todos maus rapazes, percebi perfeitamente o seu argumento, tal como o do Anti que escreveu depois de si, mas acredito, a sério que sim, que da, ("abjecta comunicação social que temos, toda ela pathos precisamente doseado, tristeza e alegria meticulosamente equilibradas entre as diversas "notícias" e "reportagens"") as pessoas saibam separar o trigo do joio, repare, se o Quiescente, se o Anti, se a Mãe Preocupada, com aquele texto, tão bom não é? então, podemos ir por aí fora, se são tantos a perceber, porque é que havemos de ter, (desculpe, sei que percebe, sem levar a mal o que vou dizer a seguir) uma certa arrogância e partir do princípio que os outros são uma cambada de cabeças ocas e tontas a rirem-se como hienas perante pessoas a serem encharcadas com baldes de água fria, sem darem valor ao que está verdadeiramente em causa?. Nunca pensei num comentário a um blog ou em qualquer outra situação deste género, pôr-me a falar da minha vida pessoal, mas penso que casos concretos, factos, ilustram melhor tudo, para além do que aconteceu com a minha avó, alguns anos antes, a minha mãe tinha morrido depois de lutar durante dez anos contra um cancro e também estive ao lado dela, já passei as passas do Algarve em momentos muito dolorosos, mas sabe, nunca perdi a capacidade de rir, de relevar e de perceber que só consegue ter a verdadeira noção da dimensão de determinadas coisas, quem passa efectivamente por elas, consigo desculpar, quem ri do que não conhece sem levar a mal, consigo não ligar à parte da fantochada e pensar só nos eventuais resultados e acredito na natureza humana, sim, porque quando passamos por coisas verdadeiramente más, descobrimos que, afinal, existem anjos da guarda e sabe, não têm asas atrás das costas, nem auréola, são de carne e osso como nós e todos os dias dão o seu melhor e fazem a diferença na vida de alguém, então, podia lá eu deixar de ter esperança na humanidade e vós, sois quê? extraterrestres, é que até os vossos comentários contribuem para a manutenção dessa esperança :)

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    15. o seu primeiro comentário diz tudo, Cláudia, não é alienação, é sobrevivência. hoje é essa doença horrorosa, todos os dias é a fome, o crime, a violência, a pobreza. Se só pensarmos nisso, não sobrevivemos.

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  6. Anónimo4.9.14

    Bom enquadramento:
    http://arstechnica.com/tech-policy/2014/08/als-group-moves-to-trademark-ice-bucket-challenge-viral-sensation/

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  7. Anónimo5.9.14

    Tio Salgado, quanto ao descrito em rodapé_em letras muito muito pequeninas_ estarei atenta. (ahahahahhaha). Bjnhs,
    VW

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  8. Tanto ensinamento sobre como tratar as mulheres e escolhe duas para o banho de gelo. Porque não dois homens ? Também segue (bons) Blogs escritos por homens.
    Será que isto é sintomático? Que é o princípio do fim do machismo encriptado?
    Bom banho para si, Senhor (mais) Salgado

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  9. Que bom é vê-lo alinhando-se assim, nesta causa.
    E confirmar que no peito deste desalinhado só pode mesmo bater um grande coração.

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  10. Anónimo6.9.14

    A mãe preocupada já cumpriu o desafio. :)

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  11. Anónimo6.9.14

    Mãe Preocupada, Ice Bucket Challenge. Que texto maravilhoso. Há quem faça o adequado, quem faça o correcto, quem faça o que (lhe) parece o melhor...e há quem tenha o dom. A Mãe preocupada tem o dom. A sabedoria e a coragem.
    E além disto escreve tão bem, mas tão bem...

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  12. Anónimo9.9.14

    Que feio isso de prometer e não cumprir.

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