17 setembro 2014

Vamos lá a isto

J. Rentes de Carvalho, na sua costumeira forma de colocar as questões, conta-nos que os escritores de agora já não agitam as águas como os de antigamente, que é tudo salamaleques, que não há quem desalinhe, que as palmadinhas nas costas de hoje terão retorno certo um destes dias, que faz falta uma boa quezília.

Sinto o mesmo com os blogues. Tirando as insufladas diatribes dos da política, quase sempre encomendadas, quase sempre previsíveis, tirando as dos blogs de cascar na casaca da parceira, que aparecem e desaparecem logo a seguir (as pessoas enjoam, fartam-se, a coisa esmorece e é lá se vai mais um blog desses irónicos), pouco resta.

Falta uma boa polémica defendida com garbo, falta quem se defenda com um bom argumentário e quem ataque com mestria, quem dispare com elegância e inteligência e quem seja capaz de responder na mesma moeda. Falta quem responda à letra a quem ataca com menoridades sobre o que fulana veste, ou quanto sicrana pesa. Falta quem não se abespinhe quando lhe fazem um reparo consistente e falta quem não se vergue, falta quem não alinhe na chacota, fazendo-se cá da malta só para não lhe zurzirem mais nas orelhas.

Falta-me ter mais tempo para isto.

20 comentários:

  1. são os tempos do politicamente correto, uma chatice.

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  2. Anónimo17.9.14

    "Falta uma boa polémica defendida com garbo, falta quem se defenda com um bom argumentário e quem ataque com mestria, quem dispare com elegância e inteligência e quem seja capaz de responder na mesma moeda. Falta quem responda à letra a quem ataca com menoridades sobre o que fulana veste, ou quanto sicrana pesa. Falta quem não se abespinhe quando lhe fazem um reparo consistente e falta quem não se vergue, falta quem não alinhe na chacota, fazendo-se cá da malta só para não lhe zurzirem mais nas orelhas."
    Seguramente também lhes falta tempo. O argumento de que se faz valer há-de ser igualmente válido para esses que faltam, não lhe parece?

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  3. Não quero nem pensar que este post está a induzir à ideia daquilo do curso dos bloggers...

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  4. queres um duelo à moda antiga?

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  5. Tal e qual o que acontece no amor.

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  6. Concordo com o retrato actual, não sei é se os escritores de antigamente agitavam assim tanto as águas. A julgar pela biografia de Luiz Pacheco, Luiz Pacheco havia um.

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  7. Anónimo17.9.14

    Sem querer abandalhar, não ouviram dizer que o livro da Pipoca Mais Doce está a agitar os ares ?
    Et pour cause...

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  8. Anónimo17.9.14

    Gaba-te cesto....

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  9. Rematou com uma sábia frase: "Falta-me ter mais tempo para isso".
    Os problemas socioeconómicos do nosso país, a necessidade que temos em trabalhar muito, ganhando pouquíssimo, porque atualmente lei é : SE queres, queres! Se não queres, à quem queira! E o povo (ao qual pertenço) vai-se sujeitando a empregos exigentes e mal remunerados.
    Assim sendo é bem mais relaxante ter blogs que falem do dia a dia, sem entrar em grandes questões ou polemicas...
    Atualmente os blogs são como os livros da M.R.P. Fast Food literário, mas de vez em quando sabem tão bem ;)

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  10. Anónimo17.9.14

    Se o tempo trouxesse o dom, mais valia ser desempregado. Deixe-se disso, meu caro, não é tempo que falta, é qualidade. A si, a mim, e à maioria.

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    1. Anónimo17.9.14

      E ao Paulo Bento! A esse sobretudo.
      Corvo.

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  11. Cláudia17.9.14

    Então Senhor Mais Salgado, este seu post já surtiu o efeito, creio, por si mais desejado, fico a aguardar a sua capacidade de responder na mesma moeda...

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  12. Anónimo18.9.14

    Gostava que escrevesse mais. Gostava que o seu dia tivesse mais horas para lhe permitirem contar mais banalidades, histórias, etc. Abro este blog várias vezes por dia. Desperta várias sensações. Merece o óscar da classe. Adoro o seu sentido de humor. Por outro lado, há também outros blogs que merecem ser lidos, este é um deles, um registo totalmente distinto, mas com uma descrição das sensações fabulosa. http://plathinmycouch.blogspot.pt/

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  13. Acabo de chegar do TEMPO CONTADO e venho então sentar-me aqui a escrever isto, Pipoco, se dá licença.

    Declaro-me uma pessoa das boazinhas, dessas que não se interessa por esgrimir afiado, é coisa que me não puxa, pode até em certos casos fazer-me bocejar. Mas tendo em conta o seu repto, por acaso sucede que arranjei o mote para me estrear por aqui, referindo um exemplo do que me enche de um certo azedume, um pequeno fruto das superficialidades dos tempos modernos e que detesto, abomino profundamente: a expressão "Gajas" ou "Coisas de gaja".

    Não há melhor palavra para nos descrever, para me descrever, do que mulher.

    Cumprimentos respeitosos a ambos, PMS e JRC.

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    1. Susana Rodrigues, estamos juntas na cruzada. Mais depressa diria um palavrão cabeludo do que "gaja". Nem todos o vêem desta forma, mas para mim, "gaja" é uma mulher vulgar, ordinária, desinteressante, mal formada, uma fulaninha. Não uso a palavra nem quando me refiro a uma pessoa assim, muito menos usaria para me referir a mim ou à minha mãe, filha, irmãs, sobrinhas.

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    2. Aqui lavro o meu protesto e de certa forma me junto à "cruzada": "Coisas de gaja" e o também usado em contextos semelhantes "mulher bem resolvida" são expressões que não me assentam.
      Agora, sento-me aqui, e com sorte assisto à reedição das Farpas

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  14. O que falta são haters. Em tantos anos no mundo do blogspot.com, só recebi uma vez um comentário anónimo a atacar a minha pessoa; e por isso nunca me irei considerar um blogger a sério.
    A comunidade fica mais espevitada quando é atacada, mesmo que injustamente, infundadamente, parvamente, estupidamente... O hater é a espécie que mantém este mundo a mexer e que dá energia ao ataque, mesmo que este seja direccionado para outra temática qualquer que não a fonte do hate.

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  15. Anónimo18.9.14

    Pipoco, há uns tempos atrás, quando ameaçaste parar de escrever, rebeliei-me.
    Hoje, respondo-te a este post dizendo: o teu silêncio faz falta.

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  16. O Tio ou apenas Pipoco Mais salgado faz sempre falta nisto dos blogs e digo isto sem qualquer interesse, mas antes com alguma certeza!

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