03 junho 2014

Contribuindo para um mundo menos perigoso e injusto (I)

Uma pessoa contava-me um deste dias que foi chamada à escola (primária) porque a sua filha tinha batido a um miúdo e os pais do miúdo tinham-se queixado à directora. Sala com as mães do miúdo e da miúda, a directora, as duas crianças. A miúda confirmou que sim, que lhe tinha batido. Porquê? "Porque ele levantou-me as saias". Mãe do miúdo levanta-se, olha para a miúda e diz "Minha querida, nesse caso só se perderam as bofetadas que tu não lhe deste".

Fim de cena.

(mas, Pipoco, a agressão física justifica-se? Justifica, neste caso justifica-se, sem sombra de dúvida)

(mas, Pipoco, e se fosse o pai do miúdo a estar presente na reunião, o desfecho seria o mesmo? Na verdade era o pai do rapaz quem estava na reunião, falei em duas mães para seguir o estereótipo e não vos distrair do essencial da história)

(mas, Pipoco, achas que o miúdo aprendeu alguma coisa com a cena e vai ficar respeitar as mulheres para a vida ou vai associar a cena a um episódio traumático, com mulheres sempre do lado do inimigo? Não me fodam...)

(mas, Pipoco, achas que esta cena se poderia passar no Paquistão? Não, no Paquistão as escolas não são mistas e as mulheres vão pouco à escola. Não me fodam, uma vez mais.)

(mas, Pipoco, podíamos estar aqui a desconversar o resto do dia e analisar as trezentas nuances da coisa, não podíamos? Não, já perdi um avião hoje e estou sem paciência)

(mas, Pipoco, este post não aceita comentários, que injustiça, isto é mesmo o tipo de posts para muitos comentários, eu queria tanto dar aqui a minha opinião e dar graus de liberdade à tua leitura. É verdade, não aceita, as coisas são como são, o mundo é injusto. E perigoso.)