13 setembro 2013

Em verdade te digo, Ruben Patrick

O que é surpreendente, meu caro Ruben Patrick, é que o custo do sublime é residual. Fazer bem, com elegância, com um toque pessoal, custa tão pouco que não se percebe porque não o fazes sempre.

Podes servir um vinho apenas razoável aos teus convidados, mas que custo tem abrir o vinho antes meia hora antes de o servir, usar um decantador em vez de o verter da garrafa, servi-lo em copos de vinho em vez de o servir em copos de água?

Podes sempre apresentar salada de atum para um jantar de amigos mas, caramba, podes sempre trabalhar o prato, preparar uma maionese com ervas aromáticas, pensar que aquele é um prato de salada de atum, isso é certo, mas é uma salada de atum que servirás aos teus amigos, terás que ser sublime, fazer daquela salada de atum a mais vistosa salada de atum que eles jamais degustaram.

É a mesma coisa com a forma como tratas uma mulher, é certo que ela está ali porque não deseja outra coisa senão estar contigo, mas, Ruben Patrick, escolhe a tua melhor roupa, deixa as pulseiras étnicas em casa, desfaz a barba, desliga o telemóvel, olha-a nos olhos, senta-te em condições, a mulher que está diante de ti merece o sublime e, em verdade te digo, Ruben Patrick, o custo do sublime é residual.

12 comentários:

  1. As vezes preocupamo-nos mais com as pessoas que tentamos impressionar do que com os nossos amigos, do que com quem amamos. Foi isto que este post me fez pensar...

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  2. Anónimo13.9.13

    Com mil milhões de coriscos caro Sally, se segue por esse caminho de ególatra bajulação, misoginia, a mulher sempre como coisa logo ali sentada no divã, em silenciosa solicitude, perdoe-me aliterar quando apenas procuro palíndromos, e cultivavado langor típico classe-média, não me será permitido, por força deontológica, aqui plasmar apologias à sua caríssima cosmética.

    Confiando que decerto compreenderá as limitações dos meus préstimos, deixo-me aqui, lúbrico.

    Deste sempre seu,

    Bat'uma
    (o cruzado capado)

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  3. Anónimo13.9.13

    considera-te avisado, piroco :D
    Δ

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  4. Correndo o risco deste comentário levar o mesmo caminho do anterior, quero deixar um pensamento : o Senhor sabe que é muito mais do que estas parábolas secas, não sabe? A sério ? Depois de nos dar a provar as ambrósias de Agosto?

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  5. Anónimo14.9.13

    Estas suas Pipoquetes são danadas, pobres/ricas e mal-agradecidas. Exigem do meu amigo aquilo que não dão de si, Originalidade.
    Não lhe espero outra coisa senão uma despreocupação sincera a esta classe média do comentário.

    Um abraço rijo de alguém que o estima, seja em Agosto, seja noutro mês qualquer. Se é que me entende.

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  6. Os cães ladram, a caravana passa e o homem escreve. E escreve bem. Aliás, escreve muitíssimo bem. Basta querer. Todos os dias.

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  7. Anónimo14.9.13

    Ruben, talvez seja a primeira vez que eu e o Tio Pipoco não concordemos a 100%, repara que isso não é mau de todo, ouves duas perspetivas diferentes, e depois fazes como todos, acabas por fazer algo intermédio, julgando que no meio é que está a virtude porque é isso que lês nos blogues, mas não Ruben, retém o facto de as mulheres apreciarem homens que não se ficam pelo mediano. Isto para te dizer que compreendo o que o Tio Pipoco quer dizer com isso do ser residual o custo do sublime. É verdade, comparando com o prazer que proporcionas ao outro, efetivamente é residual. Mas o que o Tio Pipoco não te está a dizer é que é residual mas não e fácil, ou seria atingível a todos, e não é, caro, muitos almejam, poucos atingem e precisas de estar predisposto a dar mais do que o essencial, a queres fazer o outro feliz e a estar atento a todos os pormenores.
    De que te serve fazeres a maionese temperada com ervas aromáticas que o Tio Pipoco falou, se fazes duas ou três referências a jantares absolutamente fantásticos, maravilhosos e inesquecíveis em que a tua companhia não esteve presente? De que te serve ires ao Ikea comprares uns copos de vinho para seguires o conselho do Tio Pipoco ,se antes do jantar entregas aos teus convidados garrafas de Sagres acabadas de sair do frigorífico? E de que te serve fazeres o esforço de não adoçares o café porque o Tio Pipoco te disse que assim é que é, se consegues servir o dito de uma máquina comercial diretamente para um copo de plástico?

    Por isso, Ruben, ouve este outro conselho, é residual mas não é fácil. E não está acessível a todos. Mas se conseguires ser diferente, fazer sublime, estarás apto para construir relações num outro campeonato. Até lá, estás e andas. Não constróis.

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    1. Anónimo14.9.13

      Ricardo Reis ? Alvaro de Campos ? ... Alberto Caeiro não, porque era o " Mestre"...

      http://www.youtube.com/watch?v=J4TCHr2Wv8c

      Os meus mais sinceros respeitos

      Anónima de primeira vez

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    2. As minhas desculpas ao amigo que partilha a minha progénie, mas o caro amigo Salgado não compre copos de cerimónia no IKEA se quiser uma madrugada aprazível com uma Dama sofisticada.

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  8. Anónimo14.9.13

    Que enjoo, Pipoco! Estes seus homens e mulheres ideais são todos cópias uns dos outros. Falta-lhes a personalidade e as imperfeições que tornam as pessoas mais interessantes.

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  9. Caro amigo Salgado,

    Felicito-o desde a primeira letra do seu formalmente aprazível, benévolo e delicado poema. E igualmente congratulo o meu caro amigo pela memorável iniciativa pedagógica que perpassa esta obra. Se há povo necessitado de bons costumes é certamente este nosso.

    Perturba-me no entanto a sua linha argumentativa, naquele pequeno simbolismo que outorga valor à beleza da palavra.

    É cousa de pouca monta, mais próximo de uma pequena dermatite cortical, difícil de aliviar portanto, que de uma dolorosa equimose, áspera e túrgida. E apenas lhe trago o assunto à consideração por ser mal que com tanta frequência me aflige.

    Perturba-me de facto o seguinte: o meu amigo, bravo maratonista da linguística e manifesto paladino da etiqueta, nao deve argumentar adónis pela via do corcunda. É demasiado notório se o seu público, nós pretendo eu, se encontrar acordado.

    Repare o meu amigo que utilizou o 'comportamento pouco civilizado' como norma e a norma como 'sublime'.

    Bem sei que prima pela ironia das pequenas diferenças, e daí interrogar-me se será possível que o meu amigo alguma vez tenha sequer contemplado a possibilidade de servir um vinho elegante ou uma delicada Mulher em condições que não aquelas que denomina 'sublimes'.

    Na sincera crença que o meu caro amigo apela à nossa sensibilidade por via desta interpretação, e na esperanca do meu próprio esclarecimento caso tal se venha a infirmar, congratulo-me.

    Deste, que o acompanha,
    (ainda que com vaga dificuldade)

    anonimo

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